Opinião|‘Representatividade negra nas mídias avança, mas continua tímida e centrada em poucos rostos’


Pesquisadora do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas (GEMAA), da UERJ, afirma que diversidade deve chegar também ao comando das empresas de comunicação

Por Marcelle Felix

Basta bater o olho em qualquer meio de comunicação para notar que pessoas negras ainda são minoritárias na publicidade, no cinema, nas novelas. Além disso, mesmo quando presentes, é difícil que elas escapem de estereótipos. É claro que há alguma melhora na representatividade e na representação de pessoas negras apontada por alguns estudos, mas na maioria dos casos ela continua tímida.

Há pouco tempo, gerou repercussão internacional o fato de a Rede Globo de Televisão lançar ao mesmo tempo três novelas com protagonistas negros em 2023 (as novelas Amor Perfeito, Vai na Fé, e Terra e Paixão). Dez anos antes, o levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) sobre raça e gênero nas novelas indicava que, em média, apenas 10% dos personagens eram negros, além de serem colocados em papeis secundários e associados a imagens caricaturais ligadas à criminalidade ou à pobreza.

A socióloga Marcelle Félix, pesquisadora do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas (GEMAA), afirma que a representatividade negra na mídia ainda é restrita Foto: Natália Felix
continua após a publicidade

As três novelas não apenas conferiram protagonismo a atores negros, mas também continham personagens mais diversos e complexos. Contudo, esses avanços recentes possuem, eles próprios, os seus limites. Há, por exemplo, concentração de papéis em poucas celebridades negras. Levantamento recente do GEMAA indica que nomes como Taís Araújo, Lázaro Ramos e Camila Pitanga concentram grande parte dos papéis históricos. Ademais, a trajetória desses atores e atrizes negros ainda é marcada por dificuldades.

Reportagem da Revista Piauí sobre a trajetória de Taís Araújo no mundo artístico, em 2023, mostrou como ser uma das poucas atrizes negras com acúmulo de papeis de protagonista não a isentou de sofrer diversas violências no caminho.

Em outros meios, como na publicidade, também detectamos avanços, mas modestos. No artigo Branquitude e Publicidade em Cinco Décadas (1968-2017), escrito em parceria com Luiz Augusto Campos e João Feres Junior, vemos que além de continuarem aparecendo de modo estereotipado, o número de modelos negros e negras representados avança a passos lentos.

continua após a publicidade

Em 2017, o percentual de modelos negros em peças publicitárias na revista Veja chegou a somente cerca de 18%, quase o dobro da média histórica de cerca de 10%, mas aquém dos 56% da presença desse grupo na população.

Vale notar que esses modelos negros aparecem muito mais na publicidade governamental e do terceiro setor do que na publicidade tradicional (enquanto anúncios de instituições públicas e do terceiro setor apresentam 33% e 23% de pessoas negras, respectivamente, as peças de empresa privada somam apenas 9% de modelos negros).

Isso mostra que mesmo a inclusão negra na publicidade pode estar se dando de modo distorcido, reforçando estereótipos, o que provavelmente reflete quem tem poder de decisão e criação nesses espaços. Estudo realizado pela Gestão Kairós em 2023 apontou que cerca de 68% dos publicitários das agências são brancos, enquanto 30% são negros. Esse número é reduzido quando chegamos à liderança dessas agências, que soma em torno de 10% de profissionais negros (a amostra abrange empresas localizadas sobretudo em São Paulo e no eixo Sudeste do Brasil).

continua após a publicidade

O tema da desigualdade racial e seus impactos em diferentes meios cresce desde a década de 1970 e está ganhando cada vez mais relevo nos meios de comunicação. Como espaços de mediação de valores culturais e construção de referências, é fundamental que haja menor disparidade não só na representação, mas também nas posições de comando e criação.

Basta bater o olho em qualquer meio de comunicação para notar que pessoas negras ainda são minoritárias na publicidade, no cinema, nas novelas. Além disso, mesmo quando presentes, é difícil que elas escapem de estereótipos. É claro que há alguma melhora na representatividade e na representação de pessoas negras apontada por alguns estudos, mas na maioria dos casos ela continua tímida.

Há pouco tempo, gerou repercussão internacional o fato de a Rede Globo de Televisão lançar ao mesmo tempo três novelas com protagonistas negros em 2023 (as novelas Amor Perfeito, Vai na Fé, e Terra e Paixão). Dez anos antes, o levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) sobre raça e gênero nas novelas indicava que, em média, apenas 10% dos personagens eram negros, além de serem colocados em papeis secundários e associados a imagens caricaturais ligadas à criminalidade ou à pobreza.

A socióloga Marcelle Félix, pesquisadora do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas (GEMAA), afirma que a representatividade negra na mídia ainda é restrita Foto: Natália Felix

As três novelas não apenas conferiram protagonismo a atores negros, mas também continham personagens mais diversos e complexos. Contudo, esses avanços recentes possuem, eles próprios, os seus limites. Há, por exemplo, concentração de papéis em poucas celebridades negras. Levantamento recente do GEMAA indica que nomes como Taís Araújo, Lázaro Ramos e Camila Pitanga concentram grande parte dos papéis históricos. Ademais, a trajetória desses atores e atrizes negros ainda é marcada por dificuldades.

Reportagem da Revista Piauí sobre a trajetória de Taís Araújo no mundo artístico, em 2023, mostrou como ser uma das poucas atrizes negras com acúmulo de papeis de protagonista não a isentou de sofrer diversas violências no caminho.

Em outros meios, como na publicidade, também detectamos avanços, mas modestos. No artigo Branquitude e Publicidade em Cinco Décadas (1968-2017), escrito em parceria com Luiz Augusto Campos e João Feres Junior, vemos que além de continuarem aparecendo de modo estereotipado, o número de modelos negros e negras representados avança a passos lentos.

Em 2017, o percentual de modelos negros em peças publicitárias na revista Veja chegou a somente cerca de 18%, quase o dobro da média histórica de cerca de 10%, mas aquém dos 56% da presença desse grupo na população.

Vale notar que esses modelos negros aparecem muito mais na publicidade governamental e do terceiro setor do que na publicidade tradicional (enquanto anúncios de instituições públicas e do terceiro setor apresentam 33% e 23% de pessoas negras, respectivamente, as peças de empresa privada somam apenas 9% de modelos negros).

Isso mostra que mesmo a inclusão negra na publicidade pode estar se dando de modo distorcido, reforçando estereótipos, o que provavelmente reflete quem tem poder de decisão e criação nesses espaços. Estudo realizado pela Gestão Kairós em 2023 apontou que cerca de 68% dos publicitários das agências são brancos, enquanto 30% são negros. Esse número é reduzido quando chegamos à liderança dessas agências, que soma em torno de 10% de profissionais negros (a amostra abrange empresas localizadas sobretudo em São Paulo e no eixo Sudeste do Brasil).

O tema da desigualdade racial e seus impactos em diferentes meios cresce desde a década de 1970 e está ganhando cada vez mais relevo nos meios de comunicação. Como espaços de mediação de valores culturais e construção de referências, é fundamental que haja menor disparidade não só na representação, mas também nas posições de comando e criação.

Basta bater o olho em qualquer meio de comunicação para notar que pessoas negras ainda são minoritárias na publicidade, no cinema, nas novelas. Além disso, mesmo quando presentes, é difícil que elas escapem de estereótipos. É claro que há alguma melhora na representatividade e na representação de pessoas negras apontada por alguns estudos, mas na maioria dos casos ela continua tímida.

Há pouco tempo, gerou repercussão internacional o fato de a Rede Globo de Televisão lançar ao mesmo tempo três novelas com protagonistas negros em 2023 (as novelas Amor Perfeito, Vai na Fé, e Terra e Paixão). Dez anos antes, o levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) sobre raça e gênero nas novelas indicava que, em média, apenas 10% dos personagens eram negros, além de serem colocados em papeis secundários e associados a imagens caricaturais ligadas à criminalidade ou à pobreza.

A socióloga Marcelle Félix, pesquisadora do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas (GEMAA), afirma que a representatividade negra na mídia ainda é restrita Foto: Natália Felix

As três novelas não apenas conferiram protagonismo a atores negros, mas também continham personagens mais diversos e complexos. Contudo, esses avanços recentes possuem, eles próprios, os seus limites. Há, por exemplo, concentração de papéis em poucas celebridades negras. Levantamento recente do GEMAA indica que nomes como Taís Araújo, Lázaro Ramos e Camila Pitanga concentram grande parte dos papéis históricos. Ademais, a trajetória desses atores e atrizes negros ainda é marcada por dificuldades.

Reportagem da Revista Piauí sobre a trajetória de Taís Araújo no mundo artístico, em 2023, mostrou como ser uma das poucas atrizes negras com acúmulo de papeis de protagonista não a isentou de sofrer diversas violências no caminho.

Em outros meios, como na publicidade, também detectamos avanços, mas modestos. No artigo Branquitude e Publicidade em Cinco Décadas (1968-2017), escrito em parceria com Luiz Augusto Campos e João Feres Junior, vemos que além de continuarem aparecendo de modo estereotipado, o número de modelos negros e negras representados avança a passos lentos.

Em 2017, o percentual de modelos negros em peças publicitárias na revista Veja chegou a somente cerca de 18%, quase o dobro da média histórica de cerca de 10%, mas aquém dos 56% da presença desse grupo na população.

Vale notar que esses modelos negros aparecem muito mais na publicidade governamental e do terceiro setor do que na publicidade tradicional (enquanto anúncios de instituições públicas e do terceiro setor apresentam 33% e 23% de pessoas negras, respectivamente, as peças de empresa privada somam apenas 9% de modelos negros).

Isso mostra que mesmo a inclusão negra na publicidade pode estar se dando de modo distorcido, reforçando estereótipos, o que provavelmente reflete quem tem poder de decisão e criação nesses espaços. Estudo realizado pela Gestão Kairós em 2023 apontou que cerca de 68% dos publicitários das agências são brancos, enquanto 30% são negros. Esse número é reduzido quando chegamos à liderança dessas agências, que soma em torno de 10% de profissionais negros (a amostra abrange empresas localizadas sobretudo em São Paulo e no eixo Sudeste do Brasil).

O tema da desigualdade racial e seus impactos em diferentes meios cresce desde a década de 1970 e está ganhando cada vez mais relevo nos meios de comunicação. Como espaços de mediação de valores culturais e construção de referências, é fundamental que haja menor disparidade não só na representação, mas também nas posições de comando e criação.

Basta bater o olho em qualquer meio de comunicação para notar que pessoas negras ainda são minoritárias na publicidade, no cinema, nas novelas. Além disso, mesmo quando presentes, é difícil que elas escapem de estereótipos. É claro que há alguma melhora na representatividade e na representação de pessoas negras apontada por alguns estudos, mas na maioria dos casos ela continua tímida.

Há pouco tempo, gerou repercussão internacional o fato de a Rede Globo de Televisão lançar ao mesmo tempo três novelas com protagonistas negros em 2023 (as novelas Amor Perfeito, Vai na Fé, e Terra e Paixão). Dez anos antes, o levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) sobre raça e gênero nas novelas indicava que, em média, apenas 10% dos personagens eram negros, além de serem colocados em papeis secundários e associados a imagens caricaturais ligadas à criminalidade ou à pobreza.

A socióloga Marcelle Félix, pesquisadora do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas (GEMAA), afirma que a representatividade negra na mídia ainda é restrita Foto: Natália Felix

As três novelas não apenas conferiram protagonismo a atores negros, mas também continham personagens mais diversos e complexos. Contudo, esses avanços recentes possuem, eles próprios, os seus limites. Há, por exemplo, concentração de papéis em poucas celebridades negras. Levantamento recente do GEMAA indica que nomes como Taís Araújo, Lázaro Ramos e Camila Pitanga concentram grande parte dos papéis históricos. Ademais, a trajetória desses atores e atrizes negros ainda é marcada por dificuldades.

Reportagem da Revista Piauí sobre a trajetória de Taís Araújo no mundo artístico, em 2023, mostrou como ser uma das poucas atrizes negras com acúmulo de papeis de protagonista não a isentou de sofrer diversas violências no caminho.

Em outros meios, como na publicidade, também detectamos avanços, mas modestos. No artigo Branquitude e Publicidade em Cinco Décadas (1968-2017), escrito em parceria com Luiz Augusto Campos e João Feres Junior, vemos que além de continuarem aparecendo de modo estereotipado, o número de modelos negros e negras representados avança a passos lentos.

Em 2017, o percentual de modelos negros em peças publicitárias na revista Veja chegou a somente cerca de 18%, quase o dobro da média histórica de cerca de 10%, mas aquém dos 56% da presença desse grupo na população.

Vale notar que esses modelos negros aparecem muito mais na publicidade governamental e do terceiro setor do que na publicidade tradicional (enquanto anúncios de instituições públicas e do terceiro setor apresentam 33% e 23% de pessoas negras, respectivamente, as peças de empresa privada somam apenas 9% de modelos negros).

Isso mostra que mesmo a inclusão negra na publicidade pode estar se dando de modo distorcido, reforçando estereótipos, o que provavelmente reflete quem tem poder de decisão e criação nesses espaços. Estudo realizado pela Gestão Kairós em 2023 apontou que cerca de 68% dos publicitários das agências são brancos, enquanto 30% são negros. Esse número é reduzido quando chegamos à liderança dessas agências, que soma em torno de 10% de profissionais negros (a amostra abrange empresas localizadas sobretudo em São Paulo e no eixo Sudeste do Brasil).

O tema da desigualdade racial e seus impactos em diferentes meios cresce desde a década de 1970 e está ganhando cada vez mais relevo nos meios de comunicação. Como espaços de mediação de valores culturais e construção de referências, é fundamental que haja menor disparidade não só na representação, mas também nas posições de comando e criação.

Opinião por Marcelle Felix

Doutoranda em Sociologia pelo (IESP-UERJ), jornalista, pesquisadora do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas (GEMAA) e autora da tese "Representatividade negociada: imagens de mulheres pretas e pardas na publicidade"

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.