Chuva extrema em Petrópolis foi motivada por massa de ar frio e relevo serrano


Em parte do município do Rio, precipitação registrada foi 40% acima do esperado para todo o mês; 122 pessoas morreram

Por Priscila Mengue

A chuva extrema que atingiu a serra do Rio, especialmente Petrópolis, na terça-feira, 15, foi motivada pela formação de áreas de instabilidade a partir da passagem de uma massa de ar fria pelo Estado e as características do relevo da região, segundo meteorologistas ouvidas pelo Estadão.

O elevado volume de chuva, concentrada em quatro horas e acima do esperado para todo o mês, causou dezenas de deslizamentos e ao menos 122 mortes até o final da manhã desta sexta-feira, 18. Também influenciam neste cenário de impactos outros fatores, como o histórico recente de chuvas, as mudanças climáticas, a urbanização desordenada e a ocupação do solo, por exemplo.

Chuva extrema causou deslizamentos e mortes em Petrópolis, na serra do Rio de Janeiro Foto: Carl de Souza/AFP - 16/02/2022
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Ao chegar na região de Petrópolis, a massa de ar frio resultou na chamada “chuva orográfica” ou “chuva de relevo”, na qual as características de serra forçam uma elevação dos ventos úmidos, o que gera um encontro com temperaturas mais baixas e a consequente precipitação. “O relevo obriga a umidade a subir na atmosfera e formar nuvens que devolvem a umidade na forma de chuva”, explica Estael Sias, meteorologista da MetSul. 

“Primeiro, a passagem da frente fria e, depois, a chuva orográfica elevaram os acumulados de precipitação”, pontua. Petrópolis fica a pouco mais de 800 metros acima do nível do mar. “O relevo teve papel importante tanto na formação da chuva quanto na ampliação do desastre ao acelerar a descida da água.”

Antes de se aproximar da serra, a passagem da frente fria já havia entrado em contato com o ar quente e úmido, o que resultou na formação de nuvens carregadas, de acordo com a MetSul. Além disso, o fluxo de ar frio vindo do oceano pela tarde também influenciou na formação de áreas de instabilidade mais localizadas. 

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“Na história, tem outros eventos que a chuva orográfica provocou grandes acumulados. Esse fluxo contínuo encontrando a serra forma nuvens carregadas e muitas vezes acaba gerando esses grandes, excessivos, acumulados de precipitação", destaca. O principal exemplo seriam as chuvas que deixaram mais de 900 mortos na região serrana do Rio em 2011. Ainda de acordo com informações da MetSul, os pequenos rios no território receberam uma grande carga de chuva, que avança em velocidade excessiva, potencializando os danos da precipitação.

Ela destacou que o verão chuvoso deste ano na serra fluminense também influenciou nos deslizamentos. "O solo já estava encharcado ou tinha na 'memória' os outros eventos de chuva na região. Aí vem esse excessivo volume de precipitação, que por si só já causaria grandes transtornos", afirma. 

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Chuvas volumosas eram esperadas para o Rio de Janeiro, especialmente para o norte do Estado. Mas, pelo relevo, o volume de precipitação acabou se concentrando na região serrana. Meteorologista da Climatempo, Daniela Freitas destaca que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) chegou a registrar 260 milímetros em quatro horas, enquanto a média histórica do mês é de 185 milímetros. Ou seja, o volume foi cerca de 40% acima do normal para todo fevereiro em parte do município, porém os registros variam em cada área.

Para o restante da semana, Daniela aponta que o céu segue bastante encoberto na região, com a possibilidade chuva de fraca e média intensidade ao longo do dia. “Não deve ser tão intensa quanto a que foi ontem (terça-feira). Mesmo assim, vale o alerta máximo porque o solo está extremamente encharcado.” A partir da manhã de quinta-feira, 17, e na sexta-feira, 18, a previsão é que a chuva volte a ser forte. “Não se descarta ter novamente um grande volume de chuva”, ressalta Daniela.

Em 24 horas, os maiores acumulados registrados pelo Cemaden foram nas estações de monitoramento de São Sebastião (272,6 mm) — principalmente entre as 18 e as 22 horas —, Dr. Thouzet (245,6 mm) e Quitandinha (182,4 mm).

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Na manhã desta quarta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de “perigo” para “chuvas intensas” na região serrana do Rio, além de partes de Minas, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Maranhão. “Chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h). Risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas”, destaca. Após a forte chuva, vários pontos de Petrópolis estão bloqueados e as aulas da rede pública foram suspensas. A prefeitura orienta que os moradores evitem sair de casa. 

Cientistas alertam para a alta de eventos extremos

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Segundo o relatório divulgado em 2021 pelo Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU (IPCC), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), eventos climáricos extremos devem ficar mais frequentes e intensos nas próximas décadas. O Brasil, segundo especialistas, deve sofrer com estiagens no Nordeste e no Centro-Oeste e enchentes em cidades do Sudeste.  O documento descreve cenários para o caso de as metas do Acordo de Paris (pacto ambiental que quase todos os países assumiram em 2015 para conter o aquecimento global) não sejam cumpridas e o planeta atinja 2ºC acima dos níveis pré-industriais ainda neste século. 

A chuva extrema que atingiu a serra do Rio, especialmente Petrópolis, na terça-feira, 15, foi motivada pela formação de áreas de instabilidade a partir da passagem de uma massa de ar fria pelo Estado e as características do relevo da região, segundo meteorologistas ouvidas pelo Estadão.

O elevado volume de chuva, concentrada em quatro horas e acima do esperado para todo o mês, causou dezenas de deslizamentos e ao menos 122 mortes até o final da manhã desta sexta-feira, 18. Também influenciam neste cenário de impactos outros fatores, como o histórico recente de chuvas, as mudanças climáticas, a urbanização desordenada e a ocupação do solo, por exemplo.

Chuva extrema causou deslizamentos e mortes em Petrópolis, na serra do Rio de Janeiro Foto: Carl de Souza/AFP - 16/02/2022

Ao chegar na região de Petrópolis, a massa de ar frio resultou na chamada “chuva orográfica” ou “chuva de relevo”, na qual as características de serra forçam uma elevação dos ventos úmidos, o que gera um encontro com temperaturas mais baixas e a consequente precipitação. “O relevo obriga a umidade a subir na atmosfera e formar nuvens que devolvem a umidade na forma de chuva”, explica Estael Sias, meteorologista da MetSul. 

“Primeiro, a passagem da frente fria e, depois, a chuva orográfica elevaram os acumulados de precipitação”, pontua. Petrópolis fica a pouco mais de 800 metros acima do nível do mar. “O relevo teve papel importante tanto na formação da chuva quanto na ampliação do desastre ao acelerar a descida da água.”

Antes de se aproximar da serra, a passagem da frente fria já havia entrado em contato com o ar quente e úmido, o que resultou na formação de nuvens carregadas, de acordo com a MetSul. Além disso, o fluxo de ar frio vindo do oceano pela tarde também influenciou na formação de áreas de instabilidade mais localizadas. 

“Na história, tem outros eventos que a chuva orográfica provocou grandes acumulados. Esse fluxo contínuo encontrando a serra forma nuvens carregadas e muitas vezes acaba gerando esses grandes, excessivos, acumulados de precipitação", destaca. O principal exemplo seriam as chuvas que deixaram mais de 900 mortos na região serrana do Rio em 2011. Ainda de acordo com informações da MetSul, os pequenos rios no território receberam uma grande carga de chuva, que avança em velocidade excessiva, potencializando os danos da precipitação.

Ela destacou que o verão chuvoso deste ano na serra fluminense também influenciou nos deslizamentos. "O solo já estava encharcado ou tinha na 'memória' os outros eventos de chuva na região. Aí vem esse excessivo volume de precipitação, que por si só já causaria grandes transtornos", afirma. 

Chuvas volumosas eram esperadas para o Rio de Janeiro, especialmente para o norte do Estado. Mas, pelo relevo, o volume de precipitação acabou se concentrando na região serrana. Meteorologista da Climatempo, Daniela Freitas destaca que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) chegou a registrar 260 milímetros em quatro horas, enquanto a média histórica do mês é de 185 milímetros. Ou seja, o volume foi cerca de 40% acima do normal para todo fevereiro em parte do município, porém os registros variam em cada área.

Para o restante da semana, Daniela aponta que o céu segue bastante encoberto na região, com a possibilidade chuva de fraca e média intensidade ao longo do dia. “Não deve ser tão intensa quanto a que foi ontem (terça-feira). Mesmo assim, vale o alerta máximo porque o solo está extremamente encharcado.” A partir da manhã de quinta-feira, 17, e na sexta-feira, 18, a previsão é que a chuva volte a ser forte. “Não se descarta ter novamente um grande volume de chuva”, ressalta Daniela.

Em 24 horas, os maiores acumulados registrados pelo Cemaden foram nas estações de monitoramento de São Sebastião (272,6 mm) — principalmente entre as 18 e as 22 horas —, Dr. Thouzet (245,6 mm) e Quitandinha (182,4 mm).

Na manhã desta quarta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de “perigo” para “chuvas intensas” na região serrana do Rio, além de partes de Minas, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Maranhão. “Chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h). Risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas”, destaca. Após a forte chuva, vários pontos de Petrópolis estão bloqueados e as aulas da rede pública foram suspensas. A prefeitura orienta que os moradores evitem sair de casa. 

Cientistas alertam para a alta de eventos extremos

Segundo o relatório divulgado em 2021 pelo Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU (IPCC), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), eventos climáricos extremos devem ficar mais frequentes e intensos nas próximas décadas. O Brasil, segundo especialistas, deve sofrer com estiagens no Nordeste e no Centro-Oeste e enchentes em cidades do Sudeste.  O documento descreve cenários para o caso de as metas do Acordo de Paris (pacto ambiental que quase todos os países assumiram em 2015 para conter o aquecimento global) não sejam cumpridas e o planeta atinja 2ºC acima dos níveis pré-industriais ainda neste século. 

A chuva extrema que atingiu a serra do Rio, especialmente Petrópolis, na terça-feira, 15, foi motivada pela formação de áreas de instabilidade a partir da passagem de uma massa de ar fria pelo Estado e as características do relevo da região, segundo meteorologistas ouvidas pelo Estadão.

O elevado volume de chuva, concentrada em quatro horas e acima do esperado para todo o mês, causou dezenas de deslizamentos e ao menos 122 mortes até o final da manhã desta sexta-feira, 18. Também influenciam neste cenário de impactos outros fatores, como o histórico recente de chuvas, as mudanças climáticas, a urbanização desordenada e a ocupação do solo, por exemplo.

Chuva extrema causou deslizamentos e mortes em Petrópolis, na serra do Rio de Janeiro Foto: Carl de Souza/AFP - 16/02/2022

Ao chegar na região de Petrópolis, a massa de ar frio resultou na chamada “chuva orográfica” ou “chuva de relevo”, na qual as características de serra forçam uma elevação dos ventos úmidos, o que gera um encontro com temperaturas mais baixas e a consequente precipitação. “O relevo obriga a umidade a subir na atmosfera e formar nuvens que devolvem a umidade na forma de chuva”, explica Estael Sias, meteorologista da MetSul. 

“Primeiro, a passagem da frente fria e, depois, a chuva orográfica elevaram os acumulados de precipitação”, pontua. Petrópolis fica a pouco mais de 800 metros acima do nível do mar. “O relevo teve papel importante tanto na formação da chuva quanto na ampliação do desastre ao acelerar a descida da água.”

Antes de se aproximar da serra, a passagem da frente fria já havia entrado em contato com o ar quente e úmido, o que resultou na formação de nuvens carregadas, de acordo com a MetSul. Além disso, o fluxo de ar frio vindo do oceano pela tarde também influenciou na formação de áreas de instabilidade mais localizadas. 

“Na história, tem outros eventos que a chuva orográfica provocou grandes acumulados. Esse fluxo contínuo encontrando a serra forma nuvens carregadas e muitas vezes acaba gerando esses grandes, excessivos, acumulados de precipitação", destaca. O principal exemplo seriam as chuvas que deixaram mais de 900 mortos na região serrana do Rio em 2011. Ainda de acordo com informações da MetSul, os pequenos rios no território receberam uma grande carga de chuva, que avança em velocidade excessiva, potencializando os danos da precipitação.

Ela destacou que o verão chuvoso deste ano na serra fluminense também influenciou nos deslizamentos. "O solo já estava encharcado ou tinha na 'memória' os outros eventos de chuva na região. Aí vem esse excessivo volume de precipitação, que por si só já causaria grandes transtornos", afirma. 

Chuvas volumosas eram esperadas para o Rio de Janeiro, especialmente para o norte do Estado. Mas, pelo relevo, o volume de precipitação acabou se concentrando na região serrana. Meteorologista da Climatempo, Daniela Freitas destaca que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) chegou a registrar 260 milímetros em quatro horas, enquanto a média histórica do mês é de 185 milímetros. Ou seja, o volume foi cerca de 40% acima do normal para todo fevereiro em parte do município, porém os registros variam em cada área.

Para o restante da semana, Daniela aponta que o céu segue bastante encoberto na região, com a possibilidade chuva de fraca e média intensidade ao longo do dia. “Não deve ser tão intensa quanto a que foi ontem (terça-feira). Mesmo assim, vale o alerta máximo porque o solo está extremamente encharcado.” A partir da manhã de quinta-feira, 17, e na sexta-feira, 18, a previsão é que a chuva volte a ser forte. “Não se descarta ter novamente um grande volume de chuva”, ressalta Daniela.

Em 24 horas, os maiores acumulados registrados pelo Cemaden foram nas estações de monitoramento de São Sebastião (272,6 mm) — principalmente entre as 18 e as 22 horas —, Dr. Thouzet (245,6 mm) e Quitandinha (182,4 mm).

Na manhã desta quarta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de “perigo” para “chuvas intensas” na região serrana do Rio, além de partes de Minas, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Maranhão. “Chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h). Risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas”, destaca. Após a forte chuva, vários pontos de Petrópolis estão bloqueados e as aulas da rede pública foram suspensas. A prefeitura orienta que os moradores evitem sair de casa. 

Cientistas alertam para a alta de eventos extremos

Segundo o relatório divulgado em 2021 pelo Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU (IPCC), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), eventos climáricos extremos devem ficar mais frequentes e intensos nas próximas décadas. O Brasil, segundo especialistas, deve sofrer com estiagens no Nordeste e no Centro-Oeste e enchentes em cidades do Sudeste.  O documento descreve cenários para o caso de as metas do Acordo de Paris (pacto ambiental que quase todos os países assumiram em 2015 para conter o aquecimento global) não sejam cumpridas e o planeta atinja 2ºC acima dos níveis pré-industriais ainda neste século. 

A chuva extrema que atingiu a serra do Rio, especialmente Petrópolis, na terça-feira, 15, foi motivada pela formação de áreas de instabilidade a partir da passagem de uma massa de ar fria pelo Estado e as características do relevo da região, segundo meteorologistas ouvidas pelo Estadão.

O elevado volume de chuva, concentrada em quatro horas e acima do esperado para todo o mês, causou dezenas de deslizamentos e ao menos 122 mortes até o final da manhã desta sexta-feira, 18. Também influenciam neste cenário de impactos outros fatores, como o histórico recente de chuvas, as mudanças climáticas, a urbanização desordenada e a ocupação do solo, por exemplo.

Chuva extrema causou deslizamentos e mortes em Petrópolis, na serra do Rio de Janeiro Foto: Carl de Souza/AFP - 16/02/2022

Ao chegar na região de Petrópolis, a massa de ar frio resultou na chamada “chuva orográfica” ou “chuva de relevo”, na qual as características de serra forçam uma elevação dos ventos úmidos, o que gera um encontro com temperaturas mais baixas e a consequente precipitação. “O relevo obriga a umidade a subir na atmosfera e formar nuvens que devolvem a umidade na forma de chuva”, explica Estael Sias, meteorologista da MetSul. 

“Primeiro, a passagem da frente fria e, depois, a chuva orográfica elevaram os acumulados de precipitação”, pontua. Petrópolis fica a pouco mais de 800 metros acima do nível do mar. “O relevo teve papel importante tanto na formação da chuva quanto na ampliação do desastre ao acelerar a descida da água.”

Antes de se aproximar da serra, a passagem da frente fria já havia entrado em contato com o ar quente e úmido, o que resultou na formação de nuvens carregadas, de acordo com a MetSul. Além disso, o fluxo de ar frio vindo do oceano pela tarde também influenciou na formação de áreas de instabilidade mais localizadas. 

“Na história, tem outros eventos que a chuva orográfica provocou grandes acumulados. Esse fluxo contínuo encontrando a serra forma nuvens carregadas e muitas vezes acaba gerando esses grandes, excessivos, acumulados de precipitação", destaca. O principal exemplo seriam as chuvas que deixaram mais de 900 mortos na região serrana do Rio em 2011. Ainda de acordo com informações da MetSul, os pequenos rios no território receberam uma grande carga de chuva, que avança em velocidade excessiva, potencializando os danos da precipitação.

Ela destacou que o verão chuvoso deste ano na serra fluminense também influenciou nos deslizamentos. "O solo já estava encharcado ou tinha na 'memória' os outros eventos de chuva na região. Aí vem esse excessivo volume de precipitação, que por si só já causaria grandes transtornos", afirma. 

Chuvas volumosas eram esperadas para o Rio de Janeiro, especialmente para o norte do Estado. Mas, pelo relevo, o volume de precipitação acabou se concentrando na região serrana. Meteorologista da Climatempo, Daniela Freitas destaca que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) chegou a registrar 260 milímetros em quatro horas, enquanto a média histórica do mês é de 185 milímetros. Ou seja, o volume foi cerca de 40% acima do normal para todo fevereiro em parte do município, porém os registros variam em cada área.

Para o restante da semana, Daniela aponta que o céu segue bastante encoberto na região, com a possibilidade chuva de fraca e média intensidade ao longo do dia. “Não deve ser tão intensa quanto a que foi ontem (terça-feira). Mesmo assim, vale o alerta máximo porque o solo está extremamente encharcado.” A partir da manhã de quinta-feira, 17, e na sexta-feira, 18, a previsão é que a chuva volte a ser forte. “Não se descarta ter novamente um grande volume de chuva”, ressalta Daniela.

Em 24 horas, os maiores acumulados registrados pelo Cemaden foram nas estações de monitoramento de São Sebastião (272,6 mm) — principalmente entre as 18 e as 22 horas —, Dr. Thouzet (245,6 mm) e Quitandinha (182,4 mm).

Na manhã desta quarta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de “perigo” para “chuvas intensas” na região serrana do Rio, além de partes de Minas, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Maranhão. “Chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h). Risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas”, destaca. Após a forte chuva, vários pontos de Petrópolis estão bloqueados e as aulas da rede pública foram suspensas. A prefeitura orienta que os moradores evitem sair de casa. 

Cientistas alertam para a alta de eventos extremos

Segundo o relatório divulgado em 2021 pelo Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU (IPCC), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), eventos climáricos extremos devem ficar mais frequentes e intensos nas próximas décadas. O Brasil, segundo especialistas, deve sofrer com estiagens no Nordeste e no Centro-Oeste e enchentes em cidades do Sudeste.  O documento descreve cenários para o caso de as metas do Acordo de Paris (pacto ambiental que quase todos os países assumiram em 2015 para conter o aquecimento global) não sejam cumpridas e o planeta atinja 2ºC acima dos níveis pré-industriais ainda neste século. 

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