Prédios precários são regra na Muzema


Na comunidade onde edifícios desabaram no Rio, obras rápidas e baratas proliferam

Por Marcio Dolzan

RIO - Prédios sendo erguidos em tempo recorde junto a encostas, imóveis sendo ocupados ainda em obras e precária infraestrutura são a regra no condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema, zona oeste do Rio, onde na sexta-feira, 12,  dois edifícios ruíram, matando pelo menos nove pessoas. O baixo custo dos imóveis em comparação à média no mercado imobiliário, e a falsa promessa de segurança prometida por milicianos que dominam a região, acabam levando pessoas de baixa renda a adquirirem apartamentos no condomínio, que não tem autorização da Prefeitura do Rio.

Os moradores mais antigos dizem que, há menos de 20 anos, apenas casas com até dois andares eram permitidas no local. Hoje, elas são poucas em meio a dezenas de prédios erguidos em poucos meses, a maioria com o mesmo padrão. As edificações têm entre seis e sete andares, com quatro apartamentos por andar.

Corpo de Bombeiros vai passar a madrugada tentando localizar pessoas entre os escombros Foto: FERNANDO FRAZAO/AGENCIA BRASIL
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Os apartamentos de dois quartos, com cerca de 50 metros quadrados, são vendidos em média por R$ 60 mil. Nesse caso, as condições de compra são convidativas: entrada de R$ 15 mil e o restante financiado em parcelas mensais de R$ 1 mil, sem juros. Os imóveis maiores, na cobertura dos edifícios, chegam a custar R$ 200 mil – e, também podem ser financiados sem juros.

Os prédios são construídos em questão de meses, a maioria deles sem nenhum tipo de laudo técnico. E o novo morador recebe o imóvel pronto apenas do lado de fora. “Cada um é responsável por fazer a parte elétrica e hidráulica dentro de casa”, contou ao Estado um comprador, que pediu para não ser identificado. Natural da Baixada Fluminense, mas atualmente morando na Paraíba, ele adquiriu um apartamento em um edifício que fica a poucos metros de um dos dois que desabaram. Agora, está com medo que o imóvel seja demolido.

“Paguei R$ 18 mil de entrada, parcelado. Depois, já tinha pagado mais seis parcelas. Quando soube do desabamento, vim pro Rio no mesmo dia”, narrou, explicando que conseguiu comprar uma passagem aérea em promoção. “Vou voltar de carona com um tio, que é caminhoneiro.”

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Ele disse que as condições de compra do imóvel “eram muito vantajosas, que não se encontra no mercado imobiliário”. O acordo foi feito diretamente com uma imobiliária da região. “Ela faz esse serviço para todo mundo aqui do condomínio”, assegurou.

O comprador falou ao Estado em uma das ruas do Figueiras do Itanhangá. A via é uma das muitas que ruíram no local devido às chuvas que caíram no início da semana. O tráfego de veículos por lá é praticamente inviável.

Mesmo se dizendo “conhecedor na construção civil”, o homem disse que não viu problemas quando resolveu adquirir o apartamento, em meados do ano passado. “Vim visitar e parecia que estava tudo em ordem. Olhei os prédios do lado e eram bonitos, pareciam seguros. Só que se fazem as coisas por osmose, né? Um cara constrói e parece que deu certo, aí o vizinho vai lá e faz a mesma coisa, e assim prossegue”, considerou.

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Ele disse que também sabia que a área é controlada por milícias e que “tem uma taxa ‘de condomínio’ de R$ 50 por mês”, mas não viu problema nisso. “A gente sabe que tem, mas não é aquele miliciano que anda de fuzil pra cima e pra baixo”, minimizou. “Aqui os moradores dormem de janela aberta, então e daí se é milícia. Eu quero segurança pra minha filha.”

A advogada e professora universitária Maíra Lima Vieira, de 36 anos, mora no condomínio há oito meses. Ela diz que está pagando R$ 200 mil por um apartamento de três quartos, sendo que metade ela deu de entrada e o restante foi financiado em parcelas mensais de R$ 2 mil.

No sábado, 13, de manhã Maíra foi ao apartamento retirar algumas roupas. O prédio em que ela mora fica na mesma rua dos dois que ruíram e está interditado, mas por ora não há previsão de que seja demolido – três prédios do entorno deverão ser derrubados pela Prefeitura  quando terminar o trabalho de resgate.

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De acordo com Maíra, o edifício onde mora e outros logo abaixo são seguros. “Eles têm colunas, têm fundação, foram feitos por engenheiros, têm laudo. Os de cima que são mais precários”, pontuou.

Ela defendeu o condomínio e criticou a atuação do Poder Público na região. “Existem construções irregulares no Rio na cidade inteira, no estado todo. E alguns prédios aqui são legais, nem tudo é irregular”, afirmou. “Aqui não vem Poder Público, não vem Defesa Civil, só às vezes vem Comlurb (limpeza urbana). Qualquer trabalho que é feito aqui é feito pelos moradores.”

RIO - Prédios sendo erguidos em tempo recorde junto a encostas, imóveis sendo ocupados ainda em obras e precária infraestrutura são a regra no condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema, zona oeste do Rio, onde na sexta-feira, 12,  dois edifícios ruíram, matando pelo menos nove pessoas. O baixo custo dos imóveis em comparação à média no mercado imobiliário, e a falsa promessa de segurança prometida por milicianos que dominam a região, acabam levando pessoas de baixa renda a adquirirem apartamentos no condomínio, que não tem autorização da Prefeitura do Rio.

Os moradores mais antigos dizem que, há menos de 20 anos, apenas casas com até dois andares eram permitidas no local. Hoje, elas são poucas em meio a dezenas de prédios erguidos em poucos meses, a maioria com o mesmo padrão. As edificações têm entre seis e sete andares, com quatro apartamentos por andar.

Corpo de Bombeiros vai passar a madrugada tentando localizar pessoas entre os escombros Foto: FERNANDO FRAZAO/AGENCIA BRASIL

Os apartamentos de dois quartos, com cerca de 50 metros quadrados, são vendidos em média por R$ 60 mil. Nesse caso, as condições de compra são convidativas: entrada de R$ 15 mil e o restante financiado em parcelas mensais de R$ 1 mil, sem juros. Os imóveis maiores, na cobertura dos edifícios, chegam a custar R$ 200 mil – e, também podem ser financiados sem juros.

Os prédios são construídos em questão de meses, a maioria deles sem nenhum tipo de laudo técnico. E o novo morador recebe o imóvel pronto apenas do lado de fora. “Cada um é responsável por fazer a parte elétrica e hidráulica dentro de casa”, contou ao Estado um comprador, que pediu para não ser identificado. Natural da Baixada Fluminense, mas atualmente morando na Paraíba, ele adquiriu um apartamento em um edifício que fica a poucos metros de um dos dois que desabaram. Agora, está com medo que o imóvel seja demolido.

“Paguei R$ 18 mil de entrada, parcelado. Depois, já tinha pagado mais seis parcelas. Quando soube do desabamento, vim pro Rio no mesmo dia”, narrou, explicando que conseguiu comprar uma passagem aérea em promoção. “Vou voltar de carona com um tio, que é caminhoneiro.”

Ele disse que as condições de compra do imóvel “eram muito vantajosas, que não se encontra no mercado imobiliário”. O acordo foi feito diretamente com uma imobiliária da região. “Ela faz esse serviço para todo mundo aqui do condomínio”, assegurou.

O comprador falou ao Estado em uma das ruas do Figueiras do Itanhangá. A via é uma das muitas que ruíram no local devido às chuvas que caíram no início da semana. O tráfego de veículos por lá é praticamente inviável.

Mesmo se dizendo “conhecedor na construção civil”, o homem disse que não viu problemas quando resolveu adquirir o apartamento, em meados do ano passado. “Vim visitar e parecia que estava tudo em ordem. Olhei os prédios do lado e eram bonitos, pareciam seguros. Só que se fazem as coisas por osmose, né? Um cara constrói e parece que deu certo, aí o vizinho vai lá e faz a mesma coisa, e assim prossegue”, considerou.

Ele disse que também sabia que a área é controlada por milícias e que “tem uma taxa ‘de condomínio’ de R$ 50 por mês”, mas não viu problema nisso. “A gente sabe que tem, mas não é aquele miliciano que anda de fuzil pra cima e pra baixo”, minimizou. “Aqui os moradores dormem de janela aberta, então e daí se é milícia. Eu quero segurança pra minha filha.”

A advogada e professora universitária Maíra Lima Vieira, de 36 anos, mora no condomínio há oito meses. Ela diz que está pagando R$ 200 mil por um apartamento de três quartos, sendo que metade ela deu de entrada e o restante foi financiado em parcelas mensais de R$ 2 mil.

No sábado, 13, de manhã Maíra foi ao apartamento retirar algumas roupas. O prédio em que ela mora fica na mesma rua dos dois que ruíram e está interditado, mas por ora não há previsão de que seja demolido – três prédios do entorno deverão ser derrubados pela Prefeitura  quando terminar o trabalho de resgate.

De acordo com Maíra, o edifício onde mora e outros logo abaixo são seguros. “Eles têm colunas, têm fundação, foram feitos por engenheiros, têm laudo. Os de cima que são mais precários”, pontuou.

Ela defendeu o condomínio e criticou a atuação do Poder Público na região. “Existem construções irregulares no Rio na cidade inteira, no estado todo. E alguns prédios aqui são legais, nem tudo é irregular”, afirmou. “Aqui não vem Poder Público, não vem Defesa Civil, só às vezes vem Comlurb (limpeza urbana). Qualquer trabalho que é feito aqui é feito pelos moradores.”

RIO - Prédios sendo erguidos em tempo recorde junto a encostas, imóveis sendo ocupados ainda em obras e precária infraestrutura são a regra no condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema, zona oeste do Rio, onde na sexta-feira, 12,  dois edifícios ruíram, matando pelo menos nove pessoas. O baixo custo dos imóveis em comparação à média no mercado imobiliário, e a falsa promessa de segurança prometida por milicianos que dominam a região, acabam levando pessoas de baixa renda a adquirirem apartamentos no condomínio, que não tem autorização da Prefeitura do Rio.

Os moradores mais antigos dizem que, há menos de 20 anos, apenas casas com até dois andares eram permitidas no local. Hoje, elas são poucas em meio a dezenas de prédios erguidos em poucos meses, a maioria com o mesmo padrão. As edificações têm entre seis e sete andares, com quatro apartamentos por andar.

Corpo de Bombeiros vai passar a madrugada tentando localizar pessoas entre os escombros Foto: FERNANDO FRAZAO/AGENCIA BRASIL

Os apartamentos de dois quartos, com cerca de 50 metros quadrados, são vendidos em média por R$ 60 mil. Nesse caso, as condições de compra são convidativas: entrada de R$ 15 mil e o restante financiado em parcelas mensais de R$ 1 mil, sem juros. Os imóveis maiores, na cobertura dos edifícios, chegam a custar R$ 200 mil – e, também podem ser financiados sem juros.

Os prédios são construídos em questão de meses, a maioria deles sem nenhum tipo de laudo técnico. E o novo morador recebe o imóvel pronto apenas do lado de fora. “Cada um é responsável por fazer a parte elétrica e hidráulica dentro de casa”, contou ao Estado um comprador, que pediu para não ser identificado. Natural da Baixada Fluminense, mas atualmente morando na Paraíba, ele adquiriu um apartamento em um edifício que fica a poucos metros de um dos dois que desabaram. Agora, está com medo que o imóvel seja demolido.

“Paguei R$ 18 mil de entrada, parcelado. Depois, já tinha pagado mais seis parcelas. Quando soube do desabamento, vim pro Rio no mesmo dia”, narrou, explicando que conseguiu comprar uma passagem aérea em promoção. “Vou voltar de carona com um tio, que é caminhoneiro.”

Ele disse que as condições de compra do imóvel “eram muito vantajosas, que não se encontra no mercado imobiliário”. O acordo foi feito diretamente com uma imobiliária da região. “Ela faz esse serviço para todo mundo aqui do condomínio”, assegurou.

O comprador falou ao Estado em uma das ruas do Figueiras do Itanhangá. A via é uma das muitas que ruíram no local devido às chuvas que caíram no início da semana. O tráfego de veículos por lá é praticamente inviável.

Mesmo se dizendo “conhecedor na construção civil”, o homem disse que não viu problemas quando resolveu adquirir o apartamento, em meados do ano passado. “Vim visitar e parecia que estava tudo em ordem. Olhei os prédios do lado e eram bonitos, pareciam seguros. Só que se fazem as coisas por osmose, né? Um cara constrói e parece que deu certo, aí o vizinho vai lá e faz a mesma coisa, e assim prossegue”, considerou.

Ele disse que também sabia que a área é controlada por milícias e que “tem uma taxa ‘de condomínio’ de R$ 50 por mês”, mas não viu problema nisso. “A gente sabe que tem, mas não é aquele miliciano que anda de fuzil pra cima e pra baixo”, minimizou. “Aqui os moradores dormem de janela aberta, então e daí se é milícia. Eu quero segurança pra minha filha.”

A advogada e professora universitária Maíra Lima Vieira, de 36 anos, mora no condomínio há oito meses. Ela diz que está pagando R$ 200 mil por um apartamento de três quartos, sendo que metade ela deu de entrada e o restante foi financiado em parcelas mensais de R$ 2 mil.

No sábado, 13, de manhã Maíra foi ao apartamento retirar algumas roupas. O prédio em que ela mora fica na mesma rua dos dois que ruíram e está interditado, mas por ora não há previsão de que seja demolido – três prédios do entorno deverão ser derrubados pela Prefeitura  quando terminar o trabalho de resgate.

De acordo com Maíra, o edifício onde mora e outros logo abaixo são seguros. “Eles têm colunas, têm fundação, foram feitos por engenheiros, têm laudo. Os de cima que são mais precários”, pontuou.

Ela defendeu o condomínio e criticou a atuação do Poder Público na região. “Existem construções irregulares no Rio na cidade inteira, no estado todo. E alguns prédios aqui são legais, nem tudo é irregular”, afirmou. “Aqui não vem Poder Público, não vem Defesa Civil, só às vezes vem Comlurb (limpeza urbana). Qualquer trabalho que é feito aqui é feito pelos moradores.”

RIO - Prédios sendo erguidos em tempo recorde junto a encostas, imóveis sendo ocupados ainda em obras e precária infraestrutura são a regra no condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema, zona oeste do Rio, onde na sexta-feira, 12,  dois edifícios ruíram, matando pelo menos nove pessoas. O baixo custo dos imóveis em comparação à média no mercado imobiliário, e a falsa promessa de segurança prometida por milicianos que dominam a região, acabam levando pessoas de baixa renda a adquirirem apartamentos no condomínio, que não tem autorização da Prefeitura do Rio.

Os moradores mais antigos dizem que, há menos de 20 anos, apenas casas com até dois andares eram permitidas no local. Hoje, elas são poucas em meio a dezenas de prédios erguidos em poucos meses, a maioria com o mesmo padrão. As edificações têm entre seis e sete andares, com quatro apartamentos por andar.

Corpo de Bombeiros vai passar a madrugada tentando localizar pessoas entre os escombros Foto: FERNANDO FRAZAO/AGENCIA BRASIL

Os apartamentos de dois quartos, com cerca de 50 metros quadrados, são vendidos em média por R$ 60 mil. Nesse caso, as condições de compra são convidativas: entrada de R$ 15 mil e o restante financiado em parcelas mensais de R$ 1 mil, sem juros. Os imóveis maiores, na cobertura dos edifícios, chegam a custar R$ 200 mil – e, também podem ser financiados sem juros.

Os prédios são construídos em questão de meses, a maioria deles sem nenhum tipo de laudo técnico. E o novo morador recebe o imóvel pronto apenas do lado de fora. “Cada um é responsável por fazer a parte elétrica e hidráulica dentro de casa”, contou ao Estado um comprador, que pediu para não ser identificado. Natural da Baixada Fluminense, mas atualmente morando na Paraíba, ele adquiriu um apartamento em um edifício que fica a poucos metros de um dos dois que desabaram. Agora, está com medo que o imóvel seja demolido.

“Paguei R$ 18 mil de entrada, parcelado. Depois, já tinha pagado mais seis parcelas. Quando soube do desabamento, vim pro Rio no mesmo dia”, narrou, explicando que conseguiu comprar uma passagem aérea em promoção. “Vou voltar de carona com um tio, que é caminhoneiro.”

Ele disse que as condições de compra do imóvel “eram muito vantajosas, que não se encontra no mercado imobiliário”. O acordo foi feito diretamente com uma imobiliária da região. “Ela faz esse serviço para todo mundo aqui do condomínio”, assegurou.

O comprador falou ao Estado em uma das ruas do Figueiras do Itanhangá. A via é uma das muitas que ruíram no local devido às chuvas que caíram no início da semana. O tráfego de veículos por lá é praticamente inviável.

Mesmo se dizendo “conhecedor na construção civil”, o homem disse que não viu problemas quando resolveu adquirir o apartamento, em meados do ano passado. “Vim visitar e parecia que estava tudo em ordem. Olhei os prédios do lado e eram bonitos, pareciam seguros. Só que se fazem as coisas por osmose, né? Um cara constrói e parece que deu certo, aí o vizinho vai lá e faz a mesma coisa, e assim prossegue”, considerou.

Ele disse que também sabia que a área é controlada por milícias e que “tem uma taxa ‘de condomínio’ de R$ 50 por mês”, mas não viu problema nisso. “A gente sabe que tem, mas não é aquele miliciano que anda de fuzil pra cima e pra baixo”, minimizou. “Aqui os moradores dormem de janela aberta, então e daí se é milícia. Eu quero segurança pra minha filha.”

A advogada e professora universitária Maíra Lima Vieira, de 36 anos, mora no condomínio há oito meses. Ela diz que está pagando R$ 200 mil por um apartamento de três quartos, sendo que metade ela deu de entrada e o restante foi financiado em parcelas mensais de R$ 2 mil.

No sábado, 13, de manhã Maíra foi ao apartamento retirar algumas roupas. O prédio em que ela mora fica na mesma rua dos dois que ruíram e está interditado, mas por ora não há previsão de que seja demolido – três prédios do entorno deverão ser derrubados pela Prefeitura  quando terminar o trabalho de resgate.

De acordo com Maíra, o edifício onde mora e outros logo abaixo são seguros. “Eles têm colunas, têm fundação, foram feitos por engenheiros, têm laudo. Os de cima que são mais precários”, pontuou.

Ela defendeu o condomínio e criticou a atuação do Poder Público na região. “Existem construções irregulares no Rio na cidade inteira, no estado todo. E alguns prédios aqui são legais, nem tudo é irregular”, afirmou. “Aqui não vem Poder Público, não vem Defesa Civil, só às vezes vem Comlurb (limpeza urbana). Qualquer trabalho que é feito aqui é feito pelos moradores.”

RIO - Prédios sendo erguidos em tempo recorde junto a encostas, imóveis sendo ocupados ainda em obras e precária infraestrutura são a regra no condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema, zona oeste do Rio, onde na sexta-feira, 12,  dois edifícios ruíram, matando pelo menos nove pessoas. O baixo custo dos imóveis em comparação à média no mercado imobiliário, e a falsa promessa de segurança prometida por milicianos que dominam a região, acabam levando pessoas de baixa renda a adquirirem apartamentos no condomínio, que não tem autorização da Prefeitura do Rio.

Os moradores mais antigos dizem que, há menos de 20 anos, apenas casas com até dois andares eram permitidas no local. Hoje, elas são poucas em meio a dezenas de prédios erguidos em poucos meses, a maioria com o mesmo padrão. As edificações têm entre seis e sete andares, com quatro apartamentos por andar.

Corpo de Bombeiros vai passar a madrugada tentando localizar pessoas entre os escombros Foto: FERNANDO FRAZAO/AGENCIA BRASIL

Os apartamentos de dois quartos, com cerca de 50 metros quadrados, são vendidos em média por R$ 60 mil. Nesse caso, as condições de compra são convidativas: entrada de R$ 15 mil e o restante financiado em parcelas mensais de R$ 1 mil, sem juros. Os imóveis maiores, na cobertura dos edifícios, chegam a custar R$ 200 mil – e, também podem ser financiados sem juros.

Os prédios são construídos em questão de meses, a maioria deles sem nenhum tipo de laudo técnico. E o novo morador recebe o imóvel pronto apenas do lado de fora. “Cada um é responsável por fazer a parte elétrica e hidráulica dentro de casa”, contou ao Estado um comprador, que pediu para não ser identificado. Natural da Baixada Fluminense, mas atualmente morando na Paraíba, ele adquiriu um apartamento em um edifício que fica a poucos metros de um dos dois que desabaram. Agora, está com medo que o imóvel seja demolido.

“Paguei R$ 18 mil de entrada, parcelado. Depois, já tinha pagado mais seis parcelas. Quando soube do desabamento, vim pro Rio no mesmo dia”, narrou, explicando que conseguiu comprar uma passagem aérea em promoção. “Vou voltar de carona com um tio, que é caminhoneiro.”

Ele disse que as condições de compra do imóvel “eram muito vantajosas, que não se encontra no mercado imobiliário”. O acordo foi feito diretamente com uma imobiliária da região. “Ela faz esse serviço para todo mundo aqui do condomínio”, assegurou.

O comprador falou ao Estado em uma das ruas do Figueiras do Itanhangá. A via é uma das muitas que ruíram no local devido às chuvas que caíram no início da semana. O tráfego de veículos por lá é praticamente inviável.

Mesmo se dizendo “conhecedor na construção civil”, o homem disse que não viu problemas quando resolveu adquirir o apartamento, em meados do ano passado. “Vim visitar e parecia que estava tudo em ordem. Olhei os prédios do lado e eram bonitos, pareciam seguros. Só que se fazem as coisas por osmose, né? Um cara constrói e parece que deu certo, aí o vizinho vai lá e faz a mesma coisa, e assim prossegue”, considerou.

Ele disse que também sabia que a área é controlada por milícias e que “tem uma taxa ‘de condomínio’ de R$ 50 por mês”, mas não viu problema nisso. “A gente sabe que tem, mas não é aquele miliciano que anda de fuzil pra cima e pra baixo”, minimizou. “Aqui os moradores dormem de janela aberta, então e daí se é milícia. Eu quero segurança pra minha filha.”

A advogada e professora universitária Maíra Lima Vieira, de 36 anos, mora no condomínio há oito meses. Ela diz que está pagando R$ 200 mil por um apartamento de três quartos, sendo que metade ela deu de entrada e o restante foi financiado em parcelas mensais de R$ 2 mil.

No sábado, 13, de manhã Maíra foi ao apartamento retirar algumas roupas. O prédio em que ela mora fica na mesma rua dos dois que ruíram e está interditado, mas por ora não há previsão de que seja demolido – três prédios do entorno deverão ser derrubados pela Prefeitura  quando terminar o trabalho de resgate.

De acordo com Maíra, o edifício onde mora e outros logo abaixo são seguros. “Eles têm colunas, têm fundação, foram feitos por engenheiros, têm laudo. Os de cima que são mais precários”, pontuou.

Ela defendeu o condomínio e criticou a atuação do Poder Público na região. “Existem construções irregulares no Rio na cidade inteira, no estado todo. E alguns prédios aqui são legais, nem tudo é irregular”, afirmou. “Aqui não vem Poder Público, não vem Defesa Civil, só às vezes vem Comlurb (limpeza urbana). Qualquer trabalho que é feito aqui é feito pelos moradores.”

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