Rio e SP esperam dezenas de blocos não oficiais no ‘carnabril’


Onze organizações e 130 blocos cariocas anunciaram apoio aos que vão às ruas, enquanto mais de 40 paulistas se organizam

Por Priscila Mengue

Mesmo sem apoio do poder público, a mobilização por um carnaval de rua “extraoficial” no feriado prolongado de Tiradentes tem crescido no Rio e em São Paulo, com um volume de adesões superior ao de fevereiro. Onze organizações e 130 blocos cariocas, incluindo alguns dos mais tradicionais, anunciaram apoio aos que vão às ruas, enquanto mais de 40 agremiações paulistas se organizaram para o “carnabril”.Em manifestos publicados nesta e na semana passada, organizações têm pedido que o poder público não coíba a festa e apoie os que precisam de infraestrutura. Também argumentam pela livre manifestação popular e que os desfiles serão sem trio elétrico, e, portanto, não teriam impacto tão significativo na cidade.

'BlocAto' no Rio defendeu carnaval de rua nestasemana na capital fluminense Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Parte dos blocos que desfilaram com outro (ou nenhum) nome em fevereiro agora tem declarado que irão às ruas, enquanto outros que não aderiram na época sairão. Em São Paulo, por exemplo, tanto grupos com uma década ou mais de carnaval, como a Espetacular Charanga do França e o Bloco Fuá, quanto estreantes, como o Bloco Feminista, decidiram ir às ruas, sem divulgar publicamente o trajeto. No Rio, a adesão inclui agremiações que costumam arrastar milhares de foliões, como o Cordão do Boi Tolo, quanto de menor porte, como o Bloco das Tubas. Um “BlocAto” pelo evento também foi realizado no Rio na quarta-feira, 13, pela rede Ocupa Carnaval. “(Os apoiadores) acreditam que as pessoas têm o direito de bater o tambor na praça, e que a prefeitura não pode inibir”, diz Tomas Ramos, membro da rede. Em São Paulo, o coletivo Arrastão dos Blocos mapeou que serão de 10 a 12 desfiles não oficiais por dia. De acordo com Lira Alli, do coletivo, as agremiações estão se organizando diante da falta de apoio municipal. Como exemplo, grande parte estaria firmando parceria com catadores de produtos recicláveis, enquanto alguns pretendem firmar um esquema de segurança e até contratar banheiros químicos. Além disso, discute-se a realização de uma campanha pelo consumo exclusivamente de bebidas em lata e garrafas plásticas, a fim de evitar acidentes com vidro. “Todo mundo está saindo com estruturas mais simples. A maior parte decidiu recentemente sair, quando as curvas baixaram, e boa parte não está divulgando”, diz. “Ninguém vai sair com trio, até porque isso também aumenta a possibilidade de judicialização.” Diferentes critérios têm sido discutidos entre quem irá desfilar. De São Paulo, o Bloco do Fuá, por exemplo, vai passar por ruas pequenas e de mão única. Segundo Marco Ribeiro, um dos integrantes, a data, a hora e o local de saída são de conhecimento daqueles que frequentam os ensaios. “Eles não interferindo, não tendo violência (policial), a gente tem capacidade de fazer o nosso carnaval.” Já o Bloco Feminista, também paulistano, lançou uma campanha para arrecadar os R$ 7,5 mil estimados para o desfile. “A gente vai fazer um cortejo andando, com a bateria de chão e um carrinho de mão com som. A ideia é andar pelo bairro”, conta Juliana Matheus, uma das fundadoras. Um dos blocos não oficiais mais conhecidos do Rio, o Cordão do Boi Tolo também decidiu ir às ruas, o que não fez em fevereiro. “Acho que vai ter bastante gente fazendo. Agora a gente vê as condições ideais”, comenta Luis Otavio Almeida, um dos fundadores. “Vai se aproximar um pouco (do que é um carnaval tradicional), mas não vai ser igual.” Na quarta-feira, 13, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), voltou a dizer que são necessários mais de 30 dias para organizar um carnaval de rua. “A gente não tem a mínima ideia do que seja, do tamanho que seja, de onde vai ser (no Tiradentes). Por isso, o nosso apelo para que a gente possa fazer mais pra frente.” Procurada, a RioTur não se manifestou até 20 horas de quarta-feira.

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Sem diálogo Pesquisadores do tema avaliam que o carnaval de rua deste ano tem evidenciado a dificuldade do poder público em dialogar com os blocos. Também comentam que a demanda pelos desfiles no feriadão de Tiradentes estava evidente ao menos desde o início de março, com a realização de alguns desfiles não oficiais em fevereiro. Vinicius Ribeiro Teixeira, doutorando em Sociologia na USP comenta que, diferentemente das escolas de samba, não foi discutida uma alternativa para os desfiles de rua, o que motivou que os desfiles extraoficiais sejam vistos pelos organizadores e participantes como um ato de resistência. “Quando sentem que estão perdendo o direito de ocupar os espaços públicos, é natural que se organizem.”

Efeitos de fevereiro Já Tiago Ribeiro, doutorando em Artes na UERJ, avalia que a experiência de fevereiro fortaleceu o carnaval fora de época. “Estava todo mundo na dúvida se iria acontecer. Na sexta, foram pequenos blocos tentando desfilar. No sábado, a prefeitura tentou dispersar. A partir de domingo, explodiu. Um bloco tomou as escadarias da Alerj. As pessoas foram sentindo que dava pra sair”, comenta. Ela também ressalta o papel que grupos de troca de mensagem tiveram na divulgação dos circuitos.

Mesmo sem apoio do poder público, a mobilização por um carnaval de rua “extraoficial” no feriado prolongado de Tiradentes tem crescido no Rio e em São Paulo, com um volume de adesões superior ao de fevereiro. Onze organizações e 130 blocos cariocas, incluindo alguns dos mais tradicionais, anunciaram apoio aos que vão às ruas, enquanto mais de 40 agremiações paulistas se organizaram para o “carnabril”.Em manifestos publicados nesta e na semana passada, organizações têm pedido que o poder público não coíba a festa e apoie os que precisam de infraestrutura. Também argumentam pela livre manifestação popular e que os desfiles serão sem trio elétrico, e, portanto, não teriam impacto tão significativo na cidade.

'BlocAto' no Rio defendeu carnaval de rua nestasemana na capital fluminense Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Parte dos blocos que desfilaram com outro (ou nenhum) nome em fevereiro agora tem declarado que irão às ruas, enquanto outros que não aderiram na época sairão. Em São Paulo, por exemplo, tanto grupos com uma década ou mais de carnaval, como a Espetacular Charanga do França e o Bloco Fuá, quanto estreantes, como o Bloco Feminista, decidiram ir às ruas, sem divulgar publicamente o trajeto. No Rio, a adesão inclui agremiações que costumam arrastar milhares de foliões, como o Cordão do Boi Tolo, quanto de menor porte, como o Bloco das Tubas. Um “BlocAto” pelo evento também foi realizado no Rio na quarta-feira, 13, pela rede Ocupa Carnaval. “(Os apoiadores) acreditam que as pessoas têm o direito de bater o tambor na praça, e que a prefeitura não pode inibir”, diz Tomas Ramos, membro da rede. Em São Paulo, o coletivo Arrastão dos Blocos mapeou que serão de 10 a 12 desfiles não oficiais por dia. De acordo com Lira Alli, do coletivo, as agremiações estão se organizando diante da falta de apoio municipal. Como exemplo, grande parte estaria firmando parceria com catadores de produtos recicláveis, enquanto alguns pretendem firmar um esquema de segurança e até contratar banheiros químicos. Além disso, discute-se a realização de uma campanha pelo consumo exclusivamente de bebidas em lata e garrafas plásticas, a fim de evitar acidentes com vidro. “Todo mundo está saindo com estruturas mais simples. A maior parte decidiu recentemente sair, quando as curvas baixaram, e boa parte não está divulgando”, diz. “Ninguém vai sair com trio, até porque isso também aumenta a possibilidade de judicialização.” Diferentes critérios têm sido discutidos entre quem irá desfilar. De São Paulo, o Bloco do Fuá, por exemplo, vai passar por ruas pequenas e de mão única. Segundo Marco Ribeiro, um dos integrantes, a data, a hora e o local de saída são de conhecimento daqueles que frequentam os ensaios. “Eles não interferindo, não tendo violência (policial), a gente tem capacidade de fazer o nosso carnaval.” Já o Bloco Feminista, também paulistano, lançou uma campanha para arrecadar os R$ 7,5 mil estimados para o desfile. “A gente vai fazer um cortejo andando, com a bateria de chão e um carrinho de mão com som. A ideia é andar pelo bairro”, conta Juliana Matheus, uma das fundadoras. Um dos blocos não oficiais mais conhecidos do Rio, o Cordão do Boi Tolo também decidiu ir às ruas, o que não fez em fevereiro. “Acho que vai ter bastante gente fazendo. Agora a gente vê as condições ideais”, comenta Luis Otavio Almeida, um dos fundadores. “Vai se aproximar um pouco (do que é um carnaval tradicional), mas não vai ser igual.” Na quarta-feira, 13, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), voltou a dizer que são necessários mais de 30 dias para organizar um carnaval de rua. “A gente não tem a mínima ideia do que seja, do tamanho que seja, de onde vai ser (no Tiradentes). Por isso, o nosso apelo para que a gente possa fazer mais pra frente.” Procurada, a RioTur não se manifestou até 20 horas de quarta-feira.

Sem diálogo Pesquisadores do tema avaliam que o carnaval de rua deste ano tem evidenciado a dificuldade do poder público em dialogar com os blocos. Também comentam que a demanda pelos desfiles no feriadão de Tiradentes estava evidente ao menos desde o início de março, com a realização de alguns desfiles não oficiais em fevereiro. Vinicius Ribeiro Teixeira, doutorando em Sociologia na USP comenta que, diferentemente das escolas de samba, não foi discutida uma alternativa para os desfiles de rua, o que motivou que os desfiles extraoficiais sejam vistos pelos organizadores e participantes como um ato de resistência. “Quando sentem que estão perdendo o direito de ocupar os espaços públicos, é natural que se organizem.”

Efeitos de fevereiro Já Tiago Ribeiro, doutorando em Artes na UERJ, avalia que a experiência de fevereiro fortaleceu o carnaval fora de época. “Estava todo mundo na dúvida se iria acontecer. Na sexta, foram pequenos blocos tentando desfilar. No sábado, a prefeitura tentou dispersar. A partir de domingo, explodiu. Um bloco tomou as escadarias da Alerj. As pessoas foram sentindo que dava pra sair”, comenta. Ela também ressalta o papel que grupos de troca de mensagem tiveram na divulgação dos circuitos.

Mesmo sem apoio do poder público, a mobilização por um carnaval de rua “extraoficial” no feriado prolongado de Tiradentes tem crescido no Rio e em São Paulo, com um volume de adesões superior ao de fevereiro. Onze organizações e 130 blocos cariocas, incluindo alguns dos mais tradicionais, anunciaram apoio aos que vão às ruas, enquanto mais de 40 agremiações paulistas se organizaram para o “carnabril”.Em manifestos publicados nesta e na semana passada, organizações têm pedido que o poder público não coíba a festa e apoie os que precisam de infraestrutura. Também argumentam pela livre manifestação popular e que os desfiles serão sem trio elétrico, e, portanto, não teriam impacto tão significativo na cidade.

'BlocAto' no Rio defendeu carnaval de rua nestasemana na capital fluminense Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Parte dos blocos que desfilaram com outro (ou nenhum) nome em fevereiro agora tem declarado que irão às ruas, enquanto outros que não aderiram na época sairão. Em São Paulo, por exemplo, tanto grupos com uma década ou mais de carnaval, como a Espetacular Charanga do França e o Bloco Fuá, quanto estreantes, como o Bloco Feminista, decidiram ir às ruas, sem divulgar publicamente o trajeto. No Rio, a adesão inclui agremiações que costumam arrastar milhares de foliões, como o Cordão do Boi Tolo, quanto de menor porte, como o Bloco das Tubas. Um “BlocAto” pelo evento também foi realizado no Rio na quarta-feira, 13, pela rede Ocupa Carnaval. “(Os apoiadores) acreditam que as pessoas têm o direito de bater o tambor na praça, e que a prefeitura não pode inibir”, diz Tomas Ramos, membro da rede. Em São Paulo, o coletivo Arrastão dos Blocos mapeou que serão de 10 a 12 desfiles não oficiais por dia. De acordo com Lira Alli, do coletivo, as agremiações estão se organizando diante da falta de apoio municipal. Como exemplo, grande parte estaria firmando parceria com catadores de produtos recicláveis, enquanto alguns pretendem firmar um esquema de segurança e até contratar banheiros químicos. Além disso, discute-se a realização de uma campanha pelo consumo exclusivamente de bebidas em lata e garrafas plásticas, a fim de evitar acidentes com vidro. “Todo mundo está saindo com estruturas mais simples. A maior parte decidiu recentemente sair, quando as curvas baixaram, e boa parte não está divulgando”, diz. “Ninguém vai sair com trio, até porque isso também aumenta a possibilidade de judicialização.” Diferentes critérios têm sido discutidos entre quem irá desfilar. De São Paulo, o Bloco do Fuá, por exemplo, vai passar por ruas pequenas e de mão única. Segundo Marco Ribeiro, um dos integrantes, a data, a hora e o local de saída são de conhecimento daqueles que frequentam os ensaios. “Eles não interferindo, não tendo violência (policial), a gente tem capacidade de fazer o nosso carnaval.” Já o Bloco Feminista, também paulistano, lançou uma campanha para arrecadar os R$ 7,5 mil estimados para o desfile. “A gente vai fazer um cortejo andando, com a bateria de chão e um carrinho de mão com som. A ideia é andar pelo bairro”, conta Juliana Matheus, uma das fundadoras. Um dos blocos não oficiais mais conhecidos do Rio, o Cordão do Boi Tolo também decidiu ir às ruas, o que não fez em fevereiro. “Acho que vai ter bastante gente fazendo. Agora a gente vê as condições ideais”, comenta Luis Otavio Almeida, um dos fundadores. “Vai se aproximar um pouco (do que é um carnaval tradicional), mas não vai ser igual.” Na quarta-feira, 13, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), voltou a dizer que são necessários mais de 30 dias para organizar um carnaval de rua. “A gente não tem a mínima ideia do que seja, do tamanho que seja, de onde vai ser (no Tiradentes). Por isso, o nosso apelo para que a gente possa fazer mais pra frente.” Procurada, a RioTur não se manifestou até 20 horas de quarta-feira.

Sem diálogo Pesquisadores do tema avaliam que o carnaval de rua deste ano tem evidenciado a dificuldade do poder público em dialogar com os blocos. Também comentam que a demanda pelos desfiles no feriadão de Tiradentes estava evidente ao menos desde o início de março, com a realização de alguns desfiles não oficiais em fevereiro. Vinicius Ribeiro Teixeira, doutorando em Sociologia na USP comenta que, diferentemente das escolas de samba, não foi discutida uma alternativa para os desfiles de rua, o que motivou que os desfiles extraoficiais sejam vistos pelos organizadores e participantes como um ato de resistência. “Quando sentem que estão perdendo o direito de ocupar os espaços públicos, é natural que se organizem.”

Efeitos de fevereiro Já Tiago Ribeiro, doutorando em Artes na UERJ, avalia que a experiência de fevereiro fortaleceu o carnaval fora de época. “Estava todo mundo na dúvida se iria acontecer. Na sexta, foram pequenos blocos tentando desfilar. No sábado, a prefeitura tentou dispersar. A partir de domingo, explodiu. Um bloco tomou as escadarias da Alerj. As pessoas foram sentindo que dava pra sair”, comenta. Ela também ressalta o papel que grupos de troca de mensagem tiveram na divulgação dos circuitos.

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