Superlotação das emergências do Grande Recife, carência de médicos, falta de condições de trabalho e médicos plantonistas em estado de greve. O atual quadro do sistema público estadual de saúde de Pernambuco levou o secretário estadual de Saúde, João Lyra Neto, a reconhecer hoje que o setor está em crise. "A crise na saúde é mais profunda do que a sociedade percebe", afirmou, em entrevista a rádios locais, admitindo dificuldade de financiamento e de gestão. A situação, que o Sindicato dos Médicos do Estado, classifica de "caótica", voltou a desenhar-se no Estado há cerca de um mês, com dez de 11 clínicas particulares conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) suspendendo o atendimento ortopédico e traumatológico. As clínicas querem reajuste de 100% da tabela do SUS. O fato ajudou a superlotar as emergências dos grandes hospitais, onde pacientes aguardam atendimento nos corredores - em macas e até no chão. Não há leitos disponíveis, nem número suficiente de profissionais. Paralelamente, os médicos que trabalham nas emergências dos hospitais estaduais da região metropolitana decidiram, em assembléia realizada na noite de ontem, manter-se em estado de greve até o dia 10, prazo dado para o governo de Pernambuco apresentar uma proposta para a categoria. Se a proposta não atender à classe, os médicos podem paralisar as atividades ou pedir demissão. De acordo com o sindicato dos médicos, 1,6 mil médicos trabalham nas emergências. A carência é de 1,4 mil profissionais. Os plantonistas das diferentes especialidades - de clínico-geral a cardiologista - têm salário de R$ 2,9 mil e querem equiparação salarial aos neurocirurgiões - que recebem R$ 5 mil. Eles também reivindicam o cumprimento de um acordo firmado em 2007 com o governo do Estado - depois de outro momento de caos nas emergências que culminou com paralisação de médicos. O entendimento previa realização de concurso público, abastecimento dos hospitais e melhoria das condições de trabalho, o que não ocorreu. De um total de 12, apenas quatro itens foram atendidos. Sindicato O Sindicato dos Médicos, com o apoio do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e do Ministério Público (MP), pretende entrar - até o início da próxima semana - com uma ação civil pública contra o governo estadual, acusando-o de omissão diante da situação dos hospitais, que consideram de calamidade pública.
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