Depois de elogiar, por seguidos anos, as realizações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a revista The Economist afirmou ontem, em editorial, que o tucano José Serra "seria um presidente melhor que Dilma Rousseff". Na véspera, o diário Financial Times - também especializado em economia - avaliou que Serra seria mais recomendável porque o Brasil precisa controlar suas contas públicas e ele teria mais competência para isso.Depois de relatar o clima da disputa eleitoral no Brasil - com o debate sobre religião e a virada final que levou ao segundo turno -, a Economist acredita que Dilma "talvez seja ainda a favorita", mas Serra reagiu "e a eleição está em aberto". Pergunta, a seguir: "Qual dos dois merece mais a Presidência?" O próprio editorial responde: "Ambos podem ser descritos como social-democratas. Ambos concordam nas linhas gerais da economia e das políticas sociais. Nenhum deles prenuncia um desastre para o Brasil. Isto posto, nas questões em que se diferenciam, Serra parece mais convincente."Para a revista, Dilma e o PT "defendem um maior papel do Estado na economia" e os dois admitem "grande investimento público para grandes empresas, para criar líderes nacionais". Pondera, também, que "é arriscado imaginá-los contendo os altos gastos de custeio (...) ou os altos impostos necessários para pagá-los".Ritmos. A Economist põe o dedo, em seguida, na "notável e incômoda tendência de Serra para manejar tudo" - mas acrescenta que o tucano "avançaria mais rapidamente no corte de despesas e do déficit fiscal" e teria mais sucesso em "mobilizar o investimento privado" para financiar a infraestrutura. Dilma até poderia fazer isso também, destaca a revista, "porém mais lentamente".Por fim, depois de mencionar o envolvimento do PT com seguidos episódios de corrupção, a revista conclui afirmando que, "após oito anos sob o PT, o Brasil se beneficiaria de uma mudança no topo do poder".No Financial Times da quarta-feira, a seção Lex Column faz uma avaliação para o mercado: "A melhora da intenção de voto em Serra tem sido seguida de menores taxas de juros futuros para papéis brasileiros". O texto defende a tese de que a melhor maneira de o Brasil evitar a alta do real seria implementando uma política de austeridade fiscal. E conclui: "Se os brasileiros acham que estão prontos para viver sob um governo mais austero, podem votar a favor disso."