Ao som de músicas animadas, com movimentos rápidos e coordenados por setas piscantes numa espécie de tapete, os praticantes do Pump - ou Pump it Up - chamam a atenção em fliperamas e casas de jogos eletrônicos. Alguns tentam arriscar uns passos, mas muitos demonstram timidez em um primeiro contato. "Nunca tinha dançado nessa máquina, mas é legal. Agora o perigo é viciar nela", diz a auxiliar de escritório Denise, de 19 anos, ao experimentar o simulador pela primeira vez. A máquina atrai a moçada, que se diverte tentando não errar os movimentos enquanto se arrisca num passo mais elaborado. O pumper deve ficar sobre uma plataforma, pisar sobre as setas que acendem e ficar de olho no monitor, que indica movimentos e mostra a pontuação. E seguir a música, claro. "Já praticava em um outro simulador de dança, o DDR. A diferença entre os dois está na jogabilidade. O Pump tem 5 botões e o DDR, 4. Considero o Pump bem mais desafiador", afirma o estudante Rodrigo Ayzava Schneider, de 16 anos, pumper desde 2002. Speed e Freestyle No Pump básico, o pumper deve acompanhar as setas e não errar os passos, que acompanham o ritmo da música. O ritmo pode ser lento, ideal para iniciantes, no modo easy. Na medida que a velocidade aumenta o jogador estará no estilo chamado Speed, onde o desafio é acertar os movimentos em alta velocidade. Mas tem também o estilo Freestyle, com coreografias e movimentos elaborados, manobras e até algumas acrobacias. Seguir as setas à risca não é o principal, o que vale é a criatividade. Nesse estilo, não é preciso seguir o monitor. O jogador pode ficar de costas para a tela e quem dá a pontuação aos pumpers é um júri formado ali no encontro da moçada. Conhecer gente Quem pratica o Pump afirma que o melhor da coisa é trocar experiências com outros pumpers, que costumam se reunir em vários grupos. "É difícil uma pessoa dançar sozinha. É boa a interação com as pessoas, você conhece muita gente de vários Estados. Eu conheço gente desde o Nordeste até o Sul de São Paulo, só dançando Pump", comenta o estudante Fabrício Rangel, de 20 anos. O Pump Dance é um grupo formado há cinco anos pelo webdesigner Claudio Antonio Silva, de 25 anos, mais conhecido como Neo. "Juntei um pessoal que dançava e formei o grupo. Na época, várias máquinas estavam chegando ao País e o grupo era convidado para fazer demonstrações. O número de componentes foi crescendo e atualmente são 75 pessoas de São Paulo, outros Estados, México, Argentina e Coréia." Atividade física Além de fazer amizades, o jogo é uma excelente atividade física. "O grande barato é que é um jogo que você dança, se diverte, faz bem para a saúde e é diferente daqueles jogos violentos em que você fica sentado o tempo todo e compete com os outros para ver quem mata mais ou quem corre mais", destaca Neo. "É um esporte que me atrai por ser diferente de todos os outros que eu já treinei, além de possibilitar o contato com muita gente nova", conclui Janaína Juchem, de 19 anos, que já praticou capoeira e ginástica olímpica e é uma pumper há cinco anos. Janaína se destaca no Pump Dance, grupo em que 80% são meninos e 20%, meninas. "O número de mulheres ainda é bem menor em relação ao número de homens, mas acho que a tendência é que esse número cresça. O campeonato feminino com maior número de participantes reuniu 16 meninas". Como começar O Pump não tem contra-indicações. Basta disposição e um pouco de coordenação e já é possível arriscar alguns passos. Para os iniciantes o ideal é começar pelo modo normal ou easy. Nele as músicas são mais fáceis e mais lentas. É um modo onde o jogador começa a se familiarizar com os controles. Quem quiser se dedicar precisa treinar algumas horas para dominar as manobras mais complicadas. Os pumpers mais escolados treinam quatro vezes por semana. Para jogar o Pump, é preciso comprar créditos (uma ficha que dá direito a 4 músicas, o que geralmente dura 10 a 12 minutos) que custam de R$ 0,50 a R$ 1,75, variando de acordo com o local: fliperama ou shopping. Competições O simulador de dança chegou ao Brasil há sete anos. O jogo surgiu em 1999, quando a Andamiro, empresa coreana especializada na produção de videogames e hardware, lançou o simulador de dança PIU ou Pump it Up, baseando-se em um outro simulador, o japonês DDR (Dance Dance Revolution). Nesse mesmo ano, após uma feira de tecnologia no País, o Brasil passou a importar máquinas de Pump. O que foi lançado como um jogo acabou tornando-se um desafio para muitos. "O primeiro campeonato no Brasil foi organizado por uma loja de fliperama em 2001. Desde então, vários eventos que abrem espaço para a cultura oriental, promovem competições", explica o estudante de Educação Física Lucas Barros, o Legal, de 22 anos, pumper há cinco anos. Em 2005, Legal foi um dos três brasileiros selecionados para participar do primeiro Campeonato Mundial de Pump It Up, disputado em novembro na Coréia do Sul, que reuniu 11 países. O estudante voltou para casa com o segundo lugar na classificação geral e uma premiação de US$ 4 mil. O primeiro lugar ficou com o México, o país que mais importa máquinas de Pump no mundo e que, ao lado do Brasil e da Coréia do Sul, é uma potência no jogo. Papo de atleta Legal vê o Pump com tanta seriedade que até faz o discurso típico do atleta amador brasileiro, que reclama da falta de apoio à modalidade. "O problema no Brasil é que não há muito apoio. Em outros lugares do mundo é possível ganhar dinheiro com o Pump. Ficamos super bem colocados no mundial e quando chegamos aqui não temos patrocinador". O estudante universitário Thiago Ferreira de Campos, o Black, de 22 anos, também destaca a falta de apoio ao Pump. Black voltou do mundial com o quarto lugar e participou do campeonato sul-americano na Argentina, em fevereiro de 2006, onde conquistou o primeiro lugar. "Não recebi nenhum apoio para disputar o sul-americano. Tive que bancar tudo. Ganho algum dinheiro com apresentações e em campeonatos, mas não dá para viver de Pump no Brasil."
COM 86% OFF