Os semáforos inteligentes desafogam o trânsito, reduzem gastos com combustíveis, diminuem a emissão de poluentes. Foi o que mostrou um programa piloto realizado em São Bernardo do Campo com o software alemão Lisa +. Usado em 54 semáforos de 60 cruzamentos por 12 dias, entre 13 de abril e sexta-feira passada, ele diminuiu em 50% o tempo parado nos cruzamentos - de 192 segundos para 96. Pela área testada, que serve de passagem entre São Paulo e cidades do ABC, circulam diariamente 100 mil veículos - metade de fora de São Bernardo. A prefeitura calculou que a reprogramação nesse trecho diminuiu a emissão de monóxido de carbono na atmosfera em cerca de 1,5 tonelada por dia, além de economizar 2,5 mil litros de combustíveis a cada 24 horas. Também permitiu maior fluidez na Avenida Brigadeiro Faria Lima, uma das principais da cidade, do terminal rodoviário de Ferrazópolis, ao lado da Rodovia Anchieta, até o Paço Municipal. O trecho tem 2,6 quilômetros de extensão. A otimização funciona também em três vias paralelas e suas interseções, formando uma malha de dez quilômetros. O programa calcula os tempos de abertura e fechamento nos cruzamentos, produzindo uma onda verde, explica o engenheiro de tráfego Alexandre Zum Winkel, ex-funcionário da CET de São Paulo. Apesar de os semáforos serem de última geração, funcionam de forma precária, sem sincronia. O tempo de percurso nos 2,6 quilômetros da Faria Lima baixou 27%, de 547 segundos para 431 segundos (cerca de 7 minutos), segundo a secretária de Transportes de São Bernardo, Patrícia Veras. "A velocidade passou de 19 km/h para 24 km/h", afirma. A diarista Iraci da Silva, que percorre de ônibus todo o trecho da Faria Lima, disse que já sentiu melhora no trânsito, pois está chegando mais cedo ao trabalho. A administradora de empresas Filomena Benevides também sentiu melhora, mas diz que no horário do almoço a situação ainda não é boa. "Acho que é por causa do horário da saída das escolas." Já Gleyton Cagni diz não ter sentido melhora. "Fica mais rápido no sentido do Terminal Ferrazópolis ao Paço Municipal. Mas na volta, pela Rua Jurubatuba, ainda está complicado, principalmente no cruzamento com a Rua Príncipe Humberto." POLUIÇÃO Luz Delicia Castillo Vilalobos, do Centro Federal de Educação Tecnológico do Paraná, em estudo sobre poluição atmosférica na otimização de semáforos, concluiu que um semáforo normal "produz mais do que o dobro da poluição, medida em concentrações de CO2, que o semáforo otimizado". Vladimir Coelho, da Faculdade de Engenharia da Unesp, especialista em projetos semafóricos, diz que a utilização de programas para otimizar equipamentos de trânsito é a saída ao atual estágio do trânsito nas grandes cidades, mas quando a capacidade de vazão das vias fica extrapolada pelo excesso de veículos não há software capaz de dar resultado. A ampliação da otimização depende de convênios com prefeituras vizinhas a São Bernardo, para que a onda verde não seja interrompida quando o motorista cruza o limite das cidades. "A sincronização com os semáforos de Santo André pode ser acertada em reunião que propomos", adianta Adriano Roberto Silva, diretor do Departamento de Transportes da Prefeitura de Santo André. A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), gerenciadora do corredor de trólebus que cruza São Bernardo e Santo André, informou que para "colaborar com as melhorias viárias e a segurança dos usuários, foram interligados em rede 26 controladores semafóricos de responsabilidade da EMTU com 28 controladores do município responsáveis por coordenar as vias paralelas (Ruas Jurubatuba e Marechal Deodoro)".