Sindicato do Crime ofereceu R$ 5 mil por ataque no RN e pregou união de facções, aponta ‘salve’


Recado do crime organizado desencadeou onda de ataques em cidades potiguares. Governo federal enviou reforço da Força Nacional

Por Ítalo Lo Re e Ricardo Araújo
Atualização:

O Sindicato do Crime (SDC), grupo suspeito de estar por trás do caos que se instaurou no Rio Grande do Norte nos últimos dias, teria oferecido R$ 5 mil por pessoa para incentivar os ataques que ocorrem de forma simultânea em quase 30 cidades do Estado. O grupo, criado há dez anos para fazer frente ao Primeiro Comando da Capital (PCC), teria pregado ainda a união de facções para reivindicar melhorias nas condições carcerárias. Isso é o que diz um “salve”, nome dado a mensagens disparadas pelas organizações, obtido pelo Estadão.

Autoridades investigam se as orientações para os ataques, vinculadas ao Sindicato do Crime, foram transmitidas por advogados do grupo. Ao mesmo tempo, pesquisadores apontam que os padrões dos episódios violentos observados no Rio Grande do Norte são característicos da organização criminosa, hegemônica no Estado.

“Tem ‘salves’ que estão circulando e que dizem claramente que é o Sindicato do Crime convocando esse movimento, para que se tenha esse ataque, orientando determinadas condutas”, diz a antropóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Juliana Melo, que estuda sistemas carcerários no Estado há mais de dez anos.

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Pesquisadores apontam que ataques observados no Rio Grande do Norte são característicos do Sindicato do Crime, hegemônico no Estado  Foto: Ney Douglas/EFE

“Nos ‘salves’ de agora, o que é surpreendente é que eles falam: ‘Vamos deixar as rivalidades de lado’. A relação que se tem com o PCC no RN é muito tensa, sobretudo depois do massacre que aconteceu na prisão de Alcaçuz, em 2017″, continua. Na ocasião, 27 detentos, associados ao Sindicato do Crime, foram assassinados por membros do PCC enquanto estavam dentro de um pavilhão. O episódio elevou as tensões entre as facções ao longo não só daquele ano, como nos períodos seguintes.

“O Estado chegou ao auge dos assassinatos na época, porque essa guerra que começa na prisão, em 2017, com esse massacre, acaba transbordando para as ruas e há todo um movimento de reterritorialização da cidade. Algumas favelas tinham maioria do Sindicato, outras, maioria do PCC. A partir daí, muitos soldados entram nessa guerra”, afirma Juliana. Nos últimos anos, o Sindicato do Crime avançou na cooptação de novos membros e reforçou a hegemonia no Rio Grande do Norte.

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A pesquisadora afirma que, com o resposta ao avanço da violência, nos presídios e nas ruas, o governo estadual implantou um regime disciplinar mais “duro” dentro dos presídios, limitando a entrada de alimentos e de visitas íntimas. A busca pela melhoria nas condições nos presídios, em meio a isso, tornou-se uma demanda ainda mais urgente do Sindicato. “A principal pauta que estão colocando são as reivindicações de melhores condições carcerárias”, disse a pesquisadora.

No salve obtido pela reportagem, o Sindicato do Crime afirma que a população carcerária do Estado “vem passando por opressões, humilhação, desrespeito vivendo em uma situação degradante a qual o crime vem sofrendo”. Os erros gramaticais foram mantidos para preservar o teor da mensagem. “Então chegou a hora de darmos a resposta em cima de todo esse sofrimento, e lutarmos pela mesma causa que todas as indiferenças seja apaziguada durante essa luta”, diz a mensagem.

A organização criminosa pede que as discordâncias sejam superadas “principalmente entre as siglas”, como o PCC. “E que todo o confronto e o (crime) seja contra o (Estado)”, afirma a mensagem. Um valor de R$ 5 mil por pessoa é oferecido para incentivar os ataques. “A família SDC-RN está determinando a todos irmãos e companheiros, que para atacar todos tipos de órgão público o que for para toca o caos geral no Estado.”

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A mensagem, segundo Juliana, pode simbolizar um novo momento no crime organizado do Rio Grande do Norte. “O que é inédito – e isso ainda vai ser melhor analisado, só o tempo vai dizer – é que nesse salve atual estão dizendo que é para esquecer as rivalidades, inclusive com o PCC”, diz a pesquisadora. “Se isso vai se sustentar, se vai ser duradouro, se é efetivo, se foi um convite, se foi uma aposta – no sentido de que o PCC vai mandar arma, vai mandar soldado –, ainda é muito cedo para afirmar.”

O Ministério Público do Rio Grande do Norte investiga se as ordens dos ataques partiram de líderes da facção que estão presos e foram transmitidas pelos advogados da organização (os “gravatas”, no jargão do crime organizado).

Segundo o governo, houve endurecimento das medidas de controle no sistema carcerário e agora os detentos reivindicam TVs e visitas íntimas, entre outras medidas. Por outro lado, prisões potiguares já foram alvo de denúncias de maus tratos contra os internos. Diante dos ataques, a administração penitenciária suspendeu as visitas de familiares aos presos.

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Um dos principais suspeitos de ser mandante dos ataques é José Kemps Pereira de Araújo, que estava em uma penitenciária da Grande Natal desde janeiro e foi transferido para um presídio federal nesta terça-feira, 14, sob forte escolta policial. Ele é considerado um dos fundadores do Sindicato do Crime.

Outros dois líderes vinculados ao SDC morreram em confronto com policiais nos últimos dias, segundo autoridades do Estado. No total, 69 suspeitos foram presos até agora. O Ministério da Justiça enviou a Força Nacional ao Estado após pedido da governadora Fátima Bezerra (PT).

O Sindicato do Crime (SDC), grupo suspeito de estar por trás do caos que se instaurou no Rio Grande do Norte nos últimos dias, teria oferecido R$ 5 mil por pessoa para incentivar os ataques que ocorrem de forma simultânea em quase 30 cidades do Estado. O grupo, criado há dez anos para fazer frente ao Primeiro Comando da Capital (PCC), teria pregado ainda a união de facções para reivindicar melhorias nas condições carcerárias. Isso é o que diz um “salve”, nome dado a mensagens disparadas pelas organizações, obtido pelo Estadão.

Autoridades investigam se as orientações para os ataques, vinculadas ao Sindicato do Crime, foram transmitidas por advogados do grupo. Ao mesmo tempo, pesquisadores apontam que os padrões dos episódios violentos observados no Rio Grande do Norte são característicos da organização criminosa, hegemônica no Estado.

“Tem ‘salves’ que estão circulando e que dizem claramente que é o Sindicato do Crime convocando esse movimento, para que se tenha esse ataque, orientando determinadas condutas”, diz a antropóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Juliana Melo, que estuda sistemas carcerários no Estado há mais de dez anos.

Pesquisadores apontam que ataques observados no Rio Grande do Norte são característicos do Sindicato do Crime, hegemônico no Estado  Foto: Ney Douglas/EFE

“Nos ‘salves’ de agora, o que é surpreendente é que eles falam: ‘Vamos deixar as rivalidades de lado’. A relação que se tem com o PCC no RN é muito tensa, sobretudo depois do massacre que aconteceu na prisão de Alcaçuz, em 2017″, continua. Na ocasião, 27 detentos, associados ao Sindicato do Crime, foram assassinados por membros do PCC enquanto estavam dentro de um pavilhão. O episódio elevou as tensões entre as facções ao longo não só daquele ano, como nos períodos seguintes.

“O Estado chegou ao auge dos assassinatos na época, porque essa guerra que começa na prisão, em 2017, com esse massacre, acaba transbordando para as ruas e há todo um movimento de reterritorialização da cidade. Algumas favelas tinham maioria do Sindicato, outras, maioria do PCC. A partir daí, muitos soldados entram nessa guerra”, afirma Juliana. Nos últimos anos, o Sindicato do Crime avançou na cooptação de novos membros e reforçou a hegemonia no Rio Grande do Norte.

A pesquisadora afirma que, com o resposta ao avanço da violência, nos presídios e nas ruas, o governo estadual implantou um regime disciplinar mais “duro” dentro dos presídios, limitando a entrada de alimentos e de visitas íntimas. A busca pela melhoria nas condições nos presídios, em meio a isso, tornou-se uma demanda ainda mais urgente do Sindicato. “A principal pauta que estão colocando são as reivindicações de melhores condições carcerárias”, disse a pesquisadora.

No salve obtido pela reportagem, o Sindicato do Crime afirma que a população carcerária do Estado “vem passando por opressões, humilhação, desrespeito vivendo em uma situação degradante a qual o crime vem sofrendo”. Os erros gramaticais foram mantidos para preservar o teor da mensagem. “Então chegou a hora de darmos a resposta em cima de todo esse sofrimento, e lutarmos pela mesma causa que todas as indiferenças seja apaziguada durante essa luta”, diz a mensagem.

A organização criminosa pede que as discordâncias sejam superadas “principalmente entre as siglas”, como o PCC. “E que todo o confronto e o (crime) seja contra o (Estado)”, afirma a mensagem. Um valor de R$ 5 mil por pessoa é oferecido para incentivar os ataques. “A família SDC-RN está determinando a todos irmãos e companheiros, que para atacar todos tipos de órgão público o que for para toca o caos geral no Estado.”

A mensagem, segundo Juliana, pode simbolizar um novo momento no crime organizado do Rio Grande do Norte. “O que é inédito – e isso ainda vai ser melhor analisado, só o tempo vai dizer – é que nesse salve atual estão dizendo que é para esquecer as rivalidades, inclusive com o PCC”, diz a pesquisadora. “Se isso vai se sustentar, se vai ser duradouro, se é efetivo, se foi um convite, se foi uma aposta – no sentido de que o PCC vai mandar arma, vai mandar soldado –, ainda é muito cedo para afirmar.”

O Ministério Público do Rio Grande do Norte investiga se as ordens dos ataques partiram de líderes da facção que estão presos e foram transmitidas pelos advogados da organização (os “gravatas”, no jargão do crime organizado).

Segundo o governo, houve endurecimento das medidas de controle no sistema carcerário e agora os detentos reivindicam TVs e visitas íntimas, entre outras medidas. Por outro lado, prisões potiguares já foram alvo de denúncias de maus tratos contra os internos. Diante dos ataques, a administração penitenciária suspendeu as visitas de familiares aos presos.

Um dos principais suspeitos de ser mandante dos ataques é José Kemps Pereira de Araújo, que estava em uma penitenciária da Grande Natal desde janeiro e foi transferido para um presídio federal nesta terça-feira, 14, sob forte escolta policial. Ele é considerado um dos fundadores do Sindicato do Crime.

Outros dois líderes vinculados ao SDC morreram em confronto com policiais nos últimos dias, segundo autoridades do Estado. No total, 69 suspeitos foram presos até agora. O Ministério da Justiça enviou a Força Nacional ao Estado após pedido da governadora Fátima Bezerra (PT).

O Sindicato do Crime (SDC), grupo suspeito de estar por trás do caos que se instaurou no Rio Grande do Norte nos últimos dias, teria oferecido R$ 5 mil por pessoa para incentivar os ataques que ocorrem de forma simultânea em quase 30 cidades do Estado. O grupo, criado há dez anos para fazer frente ao Primeiro Comando da Capital (PCC), teria pregado ainda a união de facções para reivindicar melhorias nas condições carcerárias. Isso é o que diz um “salve”, nome dado a mensagens disparadas pelas organizações, obtido pelo Estadão.

Autoridades investigam se as orientações para os ataques, vinculadas ao Sindicato do Crime, foram transmitidas por advogados do grupo. Ao mesmo tempo, pesquisadores apontam que os padrões dos episódios violentos observados no Rio Grande do Norte são característicos da organização criminosa, hegemônica no Estado.

“Tem ‘salves’ que estão circulando e que dizem claramente que é o Sindicato do Crime convocando esse movimento, para que se tenha esse ataque, orientando determinadas condutas”, diz a antropóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Juliana Melo, que estuda sistemas carcerários no Estado há mais de dez anos.

Pesquisadores apontam que ataques observados no Rio Grande do Norte são característicos do Sindicato do Crime, hegemônico no Estado  Foto: Ney Douglas/EFE

“Nos ‘salves’ de agora, o que é surpreendente é que eles falam: ‘Vamos deixar as rivalidades de lado’. A relação que se tem com o PCC no RN é muito tensa, sobretudo depois do massacre que aconteceu na prisão de Alcaçuz, em 2017″, continua. Na ocasião, 27 detentos, associados ao Sindicato do Crime, foram assassinados por membros do PCC enquanto estavam dentro de um pavilhão. O episódio elevou as tensões entre as facções ao longo não só daquele ano, como nos períodos seguintes.

“O Estado chegou ao auge dos assassinatos na época, porque essa guerra que começa na prisão, em 2017, com esse massacre, acaba transbordando para as ruas e há todo um movimento de reterritorialização da cidade. Algumas favelas tinham maioria do Sindicato, outras, maioria do PCC. A partir daí, muitos soldados entram nessa guerra”, afirma Juliana. Nos últimos anos, o Sindicato do Crime avançou na cooptação de novos membros e reforçou a hegemonia no Rio Grande do Norte.

A pesquisadora afirma que, com o resposta ao avanço da violência, nos presídios e nas ruas, o governo estadual implantou um regime disciplinar mais “duro” dentro dos presídios, limitando a entrada de alimentos e de visitas íntimas. A busca pela melhoria nas condições nos presídios, em meio a isso, tornou-se uma demanda ainda mais urgente do Sindicato. “A principal pauta que estão colocando são as reivindicações de melhores condições carcerárias”, disse a pesquisadora.

No salve obtido pela reportagem, o Sindicato do Crime afirma que a população carcerária do Estado “vem passando por opressões, humilhação, desrespeito vivendo em uma situação degradante a qual o crime vem sofrendo”. Os erros gramaticais foram mantidos para preservar o teor da mensagem. “Então chegou a hora de darmos a resposta em cima de todo esse sofrimento, e lutarmos pela mesma causa que todas as indiferenças seja apaziguada durante essa luta”, diz a mensagem.

A organização criminosa pede que as discordâncias sejam superadas “principalmente entre as siglas”, como o PCC. “E que todo o confronto e o (crime) seja contra o (Estado)”, afirma a mensagem. Um valor de R$ 5 mil por pessoa é oferecido para incentivar os ataques. “A família SDC-RN está determinando a todos irmãos e companheiros, que para atacar todos tipos de órgão público o que for para toca o caos geral no Estado.”

A mensagem, segundo Juliana, pode simbolizar um novo momento no crime organizado do Rio Grande do Norte. “O que é inédito – e isso ainda vai ser melhor analisado, só o tempo vai dizer – é que nesse salve atual estão dizendo que é para esquecer as rivalidades, inclusive com o PCC”, diz a pesquisadora. “Se isso vai se sustentar, se vai ser duradouro, se é efetivo, se foi um convite, se foi uma aposta – no sentido de que o PCC vai mandar arma, vai mandar soldado –, ainda é muito cedo para afirmar.”

O Ministério Público do Rio Grande do Norte investiga se as ordens dos ataques partiram de líderes da facção que estão presos e foram transmitidas pelos advogados da organização (os “gravatas”, no jargão do crime organizado).

Segundo o governo, houve endurecimento das medidas de controle no sistema carcerário e agora os detentos reivindicam TVs e visitas íntimas, entre outras medidas. Por outro lado, prisões potiguares já foram alvo de denúncias de maus tratos contra os internos. Diante dos ataques, a administração penitenciária suspendeu as visitas de familiares aos presos.

Um dos principais suspeitos de ser mandante dos ataques é José Kemps Pereira de Araújo, que estava em uma penitenciária da Grande Natal desde janeiro e foi transferido para um presídio federal nesta terça-feira, 14, sob forte escolta policial. Ele é considerado um dos fundadores do Sindicato do Crime.

Outros dois líderes vinculados ao SDC morreram em confronto com policiais nos últimos dias, segundo autoridades do Estado. No total, 69 suspeitos foram presos até agora. O Ministério da Justiça enviou a Força Nacional ao Estado após pedido da governadora Fátima Bezerra (PT).

O Sindicato do Crime (SDC), grupo suspeito de estar por trás do caos que se instaurou no Rio Grande do Norte nos últimos dias, teria oferecido R$ 5 mil por pessoa para incentivar os ataques que ocorrem de forma simultânea em quase 30 cidades do Estado. O grupo, criado há dez anos para fazer frente ao Primeiro Comando da Capital (PCC), teria pregado ainda a união de facções para reivindicar melhorias nas condições carcerárias. Isso é o que diz um “salve”, nome dado a mensagens disparadas pelas organizações, obtido pelo Estadão.

Autoridades investigam se as orientações para os ataques, vinculadas ao Sindicato do Crime, foram transmitidas por advogados do grupo. Ao mesmo tempo, pesquisadores apontam que os padrões dos episódios violentos observados no Rio Grande do Norte são característicos da organização criminosa, hegemônica no Estado.

“Tem ‘salves’ que estão circulando e que dizem claramente que é o Sindicato do Crime convocando esse movimento, para que se tenha esse ataque, orientando determinadas condutas”, diz a antropóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Juliana Melo, que estuda sistemas carcerários no Estado há mais de dez anos.

Pesquisadores apontam que ataques observados no Rio Grande do Norte são característicos do Sindicato do Crime, hegemônico no Estado  Foto: Ney Douglas/EFE

“Nos ‘salves’ de agora, o que é surpreendente é que eles falam: ‘Vamos deixar as rivalidades de lado’. A relação que se tem com o PCC no RN é muito tensa, sobretudo depois do massacre que aconteceu na prisão de Alcaçuz, em 2017″, continua. Na ocasião, 27 detentos, associados ao Sindicato do Crime, foram assassinados por membros do PCC enquanto estavam dentro de um pavilhão. O episódio elevou as tensões entre as facções ao longo não só daquele ano, como nos períodos seguintes.

“O Estado chegou ao auge dos assassinatos na época, porque essa guerra que começa na prisão, em 2017, com esse massacre, acaba transbordando para as ruas e há todo um movimento de reterritorialização da cidade. Algumas favelas tinham maioria do Sindicato, outras, maioria do PCC. A partir daí, muitos soldados entram nessa guerra”, afirma Juliana. Nos últimos anos, o Sindicato do Crime avançou na cooptação de novos membros e reforçou a hegemonia no Rio Grande do Norte.

A pesquisadora afirma que, com o resposta ao avanço da violência, nos presídios e nas ruas, o governo estadual implantou um regime disciplinar mais “duro” dentro dos presídios, limitando a entrada de alimentos e de visitas íntimas. A busca pela melhoria nas condições nos presídios, em meio a isso, tornou-se uma demanda ainda mais urgente do Sindicato. “A principal pauta que estão colocando são as reivindicações de melhores condições carcerárias”, disse a pesquisadora.

No salve obtido pela reportagem, o Sindicato do Crime afirma que a população carcerária do Estado “vem passando por opressões, humilhação, desrespeito vivendo em uma situação degradante a qual o crime vem sofrendo”. Os erros gramaticais foram mantidos para preservar o teor da mensagem. “Então chegou a hora de darmos a resposta em cima de todo esse sofrimento, e lutarmos pela mesma causa que todas as indiferenças seja apaziguada durante essa luta”, diz a mensagem.

A organização criminosa pede que as discordâncias sejam superadas “principalmente entre as siglas”, como o PCC. “E que todo o confronto e o (crime) seja contra o (Estado)”, afirma a mensagem. Um valor de R$ 5 mil por pessoa é oferecido para incentivar os ataques. “A família SDC-RN está determinando a todos irmãos e companheiros, que para atacar todos tipos de órgão público o que for para toca o caos geral no Estado.”

A mensagem, segundo Juliana, pode simbolizar um novo momento no crime organizado do Rio Grande do Norte. “O que é inédito – e isso ainda vai ser melhor analisado, só o tempo vai dizer – é que nesse salve atual estão dizendo que é para esquecer as rivalidades, inclusive com o PCC”, diz a pesquisadora. “Se isso vai se sustentar, se vai ser duradouro, se é efetivo, se foi um convite, se foi uma aposta – no sentido de que o PCC vai mandar arma, vai mandar soldado –, ainda é muito cedo para afirmar.”

O Ministério Público do Rio Grande do Norte investiga se as ordens dos ataques partiram de líderes da facção que estão presos e foram transmitidas pelos advogados da organização (os “gravatas”, no jargão do crime organizado).

Segundo o governo, houve endurecimento das medidas de controle no sistema carcerário e agora os detentos reivindicam TVs e visitas íntimas, entre outras medidas. Por outro lado, prisões potiguares já foram alvo de denúncias de maus tratos contra os internos. Diante dos ataques, a administração penitenciária suspendeu as visitas de familiares aos presos.

Um dos principais suspeitos de ser mandante dos ataques é José Kemps Pereira de Araújo, que estava em uma penitenciária da Grande Natal desde janeiro e foi transferido para um presídio federal nesta terça-feira, 14, sob forte escolta policial. Ele é considerado um dos fundadores do Sindicato do Crime.

Outros dois líderes vinculados ao SDC morreram em confronto com policiais nos últimos dias, segundo autoridades do Estado. No total, 69 suspeitos foram presos até agora. O Ministério da Justiça enviou a Força Nacional ao Estado após pedido da governadora Fátima Bezerra (PT).

O Sindicato do Crime (SDC), grupo suspeito de estar por trás do caos que se instaurou no Rio Grande do Norte nos últimos dias, teria oferecido R$ 5 mil por pessoa para incentivar os ataques que ocorrem de forma simultânea em quase 30 cidades do Estado. O grupo, criado há dez anos para fazer frente ao Primeiro Comando da Capital (PCC), teria pregado ainda a união de facções para reivindicar melhorias nas condições carcerárias. Isso é o que diz um “salve”, nome dado a mensagens disparadas pelas organizações, obtido pelo Estadão.

Autoridades investigam se as orientações para os ataques, vinculadas ao Sindicato do Crime, foram transmitidas por advogados do grupo. Ao mesmo tempo, pesquisadores apontam que os padrões dos episódios violentos observados no Rio Grande do Norte são característicos da organização criminosa, hegemônica no Estado.

“Tem ‘salves’ que estão circulando e que dizem claramente que é o Sindicato do Crime convocando esse movimento, para que se tenha esse ataque, orientando determinadas condutas”, diz a antropóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Juliana Melo, que estuda sistemas carcerários no Estado há mais de dez anos.

Pesquisadores apontam que ataques observados no Rio Grande do Norte são característicos do Sindicato do Crime, hegemônico no Estado  Foto: Ney Douglas/EFE

“Nos ‘salves’ de agora, o que é surpreendente é que eles falam: ‘Vamos deixar as rivalidades de lado’. A relação que se tem com o PCC no RN é muito tensa, sobretudo depois do massacre que aconteceu na prisão de Alcaçuz, em 2017″, continua. Na ocasião, 27 detentos, associados ao Sindicato do Crime, foram assassinados por membros do PCC enquanto estavam dentro de um pavilhão. O episódio elevou as tensões entre as facções ao longo não só daquele ano, como nos períodos seguintes.

“O Estado chegou ao auge dos assassinatos na época, porque essa guerra que começa na prisão, em 2017, com esse massacre, acaba transbordando para as ruas e há todo um movimento de reterritorialização da cidade. Algumas favelas tinham maioria do Sindicato, outras, maioria do PCC. A partir daí, muitos soldados entram nessa guerra”, afirma Juliana. Nos últimos anos, o Sindicato do Crime avançou na cooptação de novos membros e reforçou a hegemonia no Rio Grande do Norte.

A pesquisadora afirma que, com o resposta ao avanço da violência, nos presídios e nas ruas, o governo estadual implantou um regime disciplinar mais “duro” dentro dos presídios, limitando a entrada de alimentos e de visitas íntimas. A busca pela melhoria nas condições nos presídios, em meio a isso, tornou-se uma demanda ainda mais urgente do Sindicato. “A principal pauta que estão colocando são as reivindicações de melhores condições carcerárias”, disse a pesquisadora.

No salve obtido pela reportagem, o Sindicato do Crime afirma que a população carcerária do Estado “vem passando por opressões, humilhação, desrespeito vivendo em uma situação degradante a qual o crime vem sofrendo”. Os erros gramaticais foram mantidos para preservar o teor da mensagem. “Então chegou a hora de darmos a resposta em cima de todo esse sofrimento, e lutarmos pela mesma causa que todas as indiferenças seja apaziguada durante essa luta”, diz a mensagem.

A organização criminosa pede que as discordâncias sejam superadas “principalmente entre as siglas”, como o PCC. “E que todo o confronto e o (crime) seja contra o (Estado)”, afirma a mensagem. Um valor de R$ 5 mil por pessoa é oferecido para incentivar os ataques. “A família SDC-RN está determinando a todos irmãos e companheiros, que para atacar todos tipos de órgão público o que for para toca o caos geral no Estado.”

A mensagem, segundo Juliana, pode simbolizar um novo momento no crime organizado do Rio Grande do Norte. “O que é inédito – e isso ainda vai ser melhor analisado, só o tempo vai dizer – é que nesse salve atual estão dizendo que é para esquecer as rivalidades, inclusive com o PCC”, diz a pesquisadora. “Se isso vai se sustentar, se vai ser duradouro, se é efetivo, se foi um convite, se foi uma aposta – no sentido de que o PCC vai mandar arma, vai mandar soldado –, ainda é muito cedo para afirmar.”

O Ministério Público do Rio Grande do Norte investiga se as ordens dos ataques partiram de líderes da facção que estão presos e foram transmitidas pelos advogados da organização (os “gravatas”, no jargão do crime organizado).

Segundo o governo, houve endurecimento das medidas de controle no sistema carcerário e agora os detentos reivindicam TVs e visitas íntimas, entre outras medidas. Por outro lado, prisões potiguares já foram alvo de denúncias de maus tratos contra os internos. Diante dos ataques, a administração penitenciária suspendeu as visitas de familiares aos presos.

Um dos principais suspeitos de ser mandante dos ataques é José Kemps Pereira de Araújo, que estava em uma penitenciária da Grande Natal desde janeiro e foi transferido para um presídio federal nesta terça-feira, 14, sob forte escolta policial. Ele é considerado um dos fundadores do Sindicato do Crime.

Outros dois líderes vinculados ao SDC morreram em confronto com policiais nos últimos dias, segundo autoridades do Estado. No total, 69 suspeitos foram presos até agora. O Ministério da Justiça enviou a Força Nacional ao Estado após pedido da governadora Fátima Bezerra (PT).

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