Referência no tratamento oncológico, o Hospital Sírio-Libanês inaugura hoje um centro de reprodução humana que terá como público-alvo pacientes em tratamento contra o câncer que querem preservar a fertilidade, além dos casais inférteis.O centro vai funcionar na unidade do Itaim e será comandado por dois dos maiores especialistas em infertilidade do País: os médicos Carlos Alberto Petta, professor da Unicamp, e Maurício Simões Abrão, da Universidade de São Paulo (USP)."Hoje em dia, as pessoas estão descobrindo o câncer cada vez mais cedo. A nossa ideia é preservar a fertilidade do paciente, antes que ele inicie o ciclo de quimioterapia", diz Petta. Com essa unidade, o Sírio passa a ser mais uma entre as cerca de 50 clínicas de reprodução assistida do Estado de São Paulo, sendo que pelo menos 30 delas estão na capital, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH). Dessas, apenas uma oferece o tratamento totalmente gratuito - a do Hospital Pérola Byington.Num primeiro momento, o centro vai oferecer apenas tratamento particular, mas a ideia é dedicar parte da estrutura para o público carente, como parte da filantropia do hospital.De fato, um tratamento de fertilização tem custo elevado: uma consulta com um especialista fica em torno de R$ 400 e um ciclo custa, em média, R$ 16 mil, incluindo os remédios. Em geral, a mulher engravida depois de realizar dois ou três ciclos."A cidade de São Paulo está bem servida de clínicas para pacientes com alto poder aquisitivo. A carência realmente está no atendimento a pessoas de baixa renda", diz o médico Artur Dzik, presidente da SBRH. Dzik concorda que é cada vez maior o número de pessoas com câncer que querem preservar a fertilidade para terem filhos depois do tratamento. "Muitas mulheres estão sendo diagnosticadas com câncer de mama antes dos 40 anos. Elas são potenciais candidatas à preservação da fertilidade", diz.Tecnologia. Foram investidos R$ 4 milhões para estruturar a unidade com equipamentos de ponta. Um deles, por exemplo, monitora os embriões dentro da estufa, evitando que ela seja aberta e fechada com frequência - o que fragiliza o embrião. Assim, a equipe consegue detectar possíveis alterações de crescimento e desenvolvimento. "A câmera fica dentro da estufa e evita que a gente perturbe o embrião. O vídeo poderá ser acessado via internet pelo casal. Será possível observar, por exemplo, o embrião se dividindo em células", explica Petta.Outro objetivo do centro será investir em ensino e pesquisa. "Vamos aproveitar a estrutura do Instituto de Ensino e Pesquisa do Sírio para fazer a capacitação de profissionais e investir em pesquisas sobre avanços no tratamento", diz Abrão.O Brasil realiza cerca de 25 mil ciclos de fertilização por ano. Em três anos, o Sírio quer atingir pelo menos cem ciclos por mês.
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