O número de paulistanos que têm automóvel em casa subiu dez pontos porcentuais entre o ano passado e este ano. Pesquisa do Ibope, encomendada pela Rede Nossa São Paulo e divulgada ontem, primeiro dia da Semana da Mobilidade, mostra que 62% dos entrevistados disseram ter um veículo em casa - em 2013, eram 52%. O levantamento revela também que 90% dos pesquisados são favoráveis às faixas exclusivas de ônibus e 88% aprovam as ciclovias.
Apesar das políticas públicas implementadas com o objetivo de ampliar o uso dos ônibus e de sua aprovação na cidade, a migração para os carros continua forte. O estudo mostra que passou de 27% para 38% os entrevistados que usam o carro diariamente ou "quase todos os dias".
Para 70% dos pesquisados, é "ruim" ou "péssimo" o trânsito na capital, índice que permanece praticamente estável desde 2008. Enquanto piora para carros, o trânsito melhorou para ônibus na cidade. Na semana passada, a Prefeitura divulgou um levantamento que indica ganho de 68,7% na velocidade dos ônibus nos 59,3 quilômetros de faixas exclusivas implementadas neste ano. A variação foi de 12,4 km/h para 20,8 km/h. Na atual gestão, foram implementadas 357 km de faixas. O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou ontem que é preciso ampliar as formas mais coerentes de uso dos automóveis. "O trabalhador americano e o europeu per capita têm mais carro do que o brasileiro. Mas usam-no mais racionalmente. Uma coisa é a propriedade, e outra é o uso racional."
Entre outros aspectos, o estudo revela que o tempo gasto no trânsito por quem usa carro é maior do que o de passageiros de ônibus. São 2h53min por dia, em média, incluídos todos os deslocamentos feitos pela pessoa. Por sua vez, cada usuário dos coletivos gasta cerca de 2h46min diários nas viagens.
Dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) mostram que, até agosto, a capital ganhou 127 mil carros, ou seja, uma média de 524 novos automóveis entrando em circulação a cada dia. O município tinha no mês passado 5,5 milhões de carros.
O arquiteto Flamínio Fichmann, especializado em Transportes, defende a cobrança pela utilização do carro, como o pedágio urbano. "Não tem outra forma. Ou o governo passa a restringir cada vez, ou faz a cobrança pelo uso. Quem usa mais carro paga mais por isso."
Para o consultor em Trânsito Alexandre zum Winkel, o brasileiro é culturalmente apegado ao automóvel. "Você pode construir a quantidade de metrô e corredor de ônibus que for, o número de carros não vai cair. É um problema cultural. Existem alguns produtos materiais, entre eles o carro, que são prova de que o brasileiro cresceu na vida. É uma forma de status." O levantamento foi realizado entre 29 de agosto e 3 de setembro, com 700 pessoas. A margem de erro de quatro pontos para mais ou para menos. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo
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