BRASÍLIA - A secretária-executiva do Ministério da Cidadania, Ana Maria Pellini, afirmou que há uma "caminhada muito longa" pela frente para reduzir as desigualdades no País e melhorar o desenvolvimento nacional. "Realmente, nós temos muitos Brasis. Nós temos um Brasil que se desenvolve, que nos orgulha na ciência e tecnologia e em tantas coisas, mas nós temos um Brasil que ainda nos envergonha, e nós temos que tomar ações para minimizar isso", disse a secretária.
O relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud), divulgado nesta segunda-feira, 9, mostra que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro ficou praticamente estagnado de 2017 a 2018, período governado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). De um ano para outro, o País caiu uma colocação quando comparado entre 190 países e territórios mapeados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O Brasil é o país que mais perde posições no ranking mundial do IDH quando o valor é ajustado à desigualdade, ou seja, quando se leva em consideração as distorções em saúde, educação e renda.
A secretária citou os 4 milhões de jovens que nem estudam nem trabalham no País e as 13,5 milhões de famílias que dependem do Bolsa Família para sobreviver. Em entrevista após o evento de lançamento do relatório, em Brasília, Ana Maria afirmou que o governo estuda uma reformulação para oferecer "portas de saída" aos dependentes do programa, mas não detalhou as mudanças pretendidas pelo governo.
Ana Maria Pellini, secretária-executiva do Ministério da Cidadania
Ela apontou a distribuição de drogas como uma "calamidade" entre os jovens brasileiros e afirmou que a camada mais pobre da população é muito vulnerável ao crime organizado. Como ações para elevar o IDH brasileiro, a secretária citou o programa Criança Feliz, uma das vitrines do governo Bolsonaro e da primeira-dama Michelle Bolsonaro, e investimentos na educação.
"Temos uma caminhada muito longa ainda para ter um País que se desenvolva de maneira uniforme, elevando todos, não deixando ninguém para trás", disse.
O IDH brasileiro é apontado como "alto", uma classificação considerada de segundo escalão, já que o índice pode ser baixo, médio, alto ou muito alto.
"O Brasil deixou de ser vermelho para ser verdinho. Está em um bom caminho", comentou a secretária, em relação às cores que classificam o índice.
'Décadas perdidas com esquerdismo'
Após a divulgação dos dados, a Casa Civil apresentou um parecer afirmando que o indicador revela "todo o legado das décadas perdidas com esquerdismo e estatismo".
Além disso, os resultados apontam para a "hipocrisia do discurso petista de atenção aos necessitados e a ineficiência das políticas petistas de combate à desigualdade", diz a Casa Civil.
O governo Bolsonaro cita uma série de medidas tomadas para reduzir as desigualdades, como descentralização de recursos para Estados e municípios, combate a fraudes no Bolsa Família e foco no ensino de base.
Após o lançamento do relatório, a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do Pnud, Betina Ferraz Barbosa, apontou investimentos na primeira infância como um dos principais desafios para o Brasil avançar no indicador. Ela ainda chamou atenção para o avanço do IDH brasileiro nas últimas décadas - em 1990, o índice era de apenas 0,613.
"O que nós estamos alertando é que as desigualdades podem se acirrar a partir deste século porque os países detêm capacidades de ciência, tecnologia e inovação diferenciadas", afirmou a coordenadora. "Estamos contentes com a evolução do IDH brasileiro, ele demonstra uma tendência sólida de crescimento nos últimos anos, mas precisamos estar alerta às novas agendas de desenvolvimento, que são importantes para o Brasil e para o planeta."