O desempregado Rodrigo Silva Andrada, de 20 anos, única testemunha da execução de três menores de rua, em março de 1996, no bairro Taquaril, periferia de Belo Horizonte, foi morto com sete tiros disparados por um desconhecido, na noite de quinta-feira, em uma favela de Contagem, região metropolitana. A chacina foi testemunhada por Andrada quando ele vivia nas ruas da cidade. Segundo ele, o crime teria sido praticado por policiais militares. Andrada foi inscrito no Programa Nacional de Proteção a Testemunhas e passou alguns meses sob a guarda de policiais federais, em Brasília. No final de 2000, assinou um documento pedindo dispensa do programa, o que é garantido pela Constituição, e voltou a morar com a mãe, Maria Regina da Silva, na favela do Marimbondo, em Contagem. Até hoje, a Justiça não sabe quem assassinou os três menores - um ex-carcereiro foi o único processado, mas acabou absolvido por falta de provas. "Ele sabia que se saísse do programa estaria ameaçado, mas me disse que, se acontecesse algo com ele, eu não deveria esquentar a cabeça e nem chorar", disse hoje Maria Regina. A Polícia Civil mineira abriu inquérito para investigar a morte de Andrada e a hipótese de "queima de arquivo" não está descartada.