Liberação de corpos e investigação: quais os próximos passos após tragédia da Voepass em Vinhedo?


Instituto Médico-Legal de São Paulo trabalha na identificação dos corpos, enquanto Cenipa lidera esforços para identificar as causas do acidente

Por Redação
Atualização:

A queda do avião ATR 72-500 da Voepass Linhas Aéreas em Vinhedo, interior de São Paulo, já ficou marcada como o maior desastre aéreo em solo brasileiro nos últimos 17 anos. Com 62 vítimas, a tragédia mobilizou o poder público, atingiu famílias e emocionou o País. Agora, resta concluir a identificação dos corpos, velar os mortos e descobrir as causas da tragédia, tanto para evitar novos acidentes como este quanto para punir eventuais responsáveis.

Destroços do avião que caiu em Vinhedo, São Paulo Foto: Andre Penner/AP Photo

Veja quais são os próximos passos em relação às investigações da tragédia em Vinhedo:

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Identificação de corpos

As forças de segurança e resgate do governo de São Paulo concluíram no fim da tarde de sábado, 10, a remoção das 62 vítimas do local do acidente. Todos os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) Central de São Paulo e, no fim de semana, mais de 40 familiares foram recebidos no Instituto Oscar Freire, onde especialistas do IML colheram informações que pudessem ajudar na identificação das vítimas, como histórico de fraturas, tatuagens ou próteses, além da coleta amostras de DNA. Outros 17 familiares foram atendidos em Cascavel com o mesmo objetivo.

Segundo boletim do governo, 12 vítimas foram identificadas até o fim da tarde de domingo, 11. Entre elas, estão o piloto Danilo Santos Romano, que tinha mais de uma década de experiência, e Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos, copiloto que acumulava mais de 5 mil horas de voo.

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O tenente da Defesa Civil de São Paulo Ramatuel Silvino, afirmou que corpos que já foram identificados estavam em melhores condições e foram mais fáceis de serem retirados da fuselagem. Como piloto e copiloto ficam em área isolada da aeronave, a identificação acontece primeiro. Ainda não há, porém, informações sobre a data que os corpos identificados serão liberados para sepultamento.

Segundo o último boletim do Estado, um corpo já havia sido liberado para as famílias e a previsão era de que o processo fosse finalizado para mais sete ainda no domingo. As famílias são as primeiras a serem comunicadas sobre o avanço dos trabalhos de reconhecimento, mas não há previsão clara de quando eles devem ser concluídos.

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Carro com os corpos das vítimas do acidente da Voopass em Vinhedo chegam ao IML central, na zona oeste de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O IML Central concentra o trabalho de identificação. Cerca de 40 profissionais, entre médicos e equipes de odontologia legal, antropologia e radiologia, trabalham no procedimento. O órgão ficou fechado para receber exclusivamente as vítimas do acidente e as demais ocorrências da capital têm sido distribuídas para outras unidades do IML, nas zonas leste e oeste.

Os familiares das vítimas ficaram acomodados em hotéis na capital paulista, onde tiveram acesso a alimentação, psicólogos e assistentes sociais.

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Velório das vítimas

Após a identificação, os corpos serão liberados para as famílias para os trâmites legais. A partir disso, o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos (PL), disse que o centro de eventos da cidade estará liberado, a partir desta segunda-feira, 12, para as famílias que desejarem usar o espaço para velar as vítimas. De acordo com o prefeito, 22 das 62 pessoas que morreram são da cidade paranaense.

Inicialmente, havia a intenção de realizar um velório coletivo na cidade de onde partiu o voo. A proposta, no entanto, está descartada, pois a liberação dos corpos deve ocorrer lentamente, devido ao processo de identificação. “Possivelmente, não teremos todos os corpos das vítimas de Cascavel e microrregião no mesmo momento. Vamos deixar toda estrutura pronta e as pessoas vão tomar a decisão se querem (o velório) naquele local”, disse Paranhos.

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O prefeito acrescentou que o translado dos corpos para Cascavel ficará sob responsabilidade da Voepass ou de outras empresas aéreas. Ao Estadão, companhia responsável pela aeronave que caiu em Vinhedo indicou que apoiará não só o translado das vítimas, mas também os serviços funerários.

“Estamos realizando e custeando todos os esforços logísticos e operacionais para que as famílias tenham em nossa equipe apoio efetivo não só para suas necessidades de transporte, hospedagem, alimentação, translado, serviço funerário, mas principalmente de consolo e apoio emocional”, disse.

Ricardo Thé Maia, irmão de Constantino Thé Maia, a última vítima identificada pela Voepass Linhas Aéreas, disse ao Estadão que a perspectiva era de que o velório ocorresse com caixão lacrado.

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Remoção dos destroços do avião em Vinhedo

Os destroços do avião da Voepass começaram a ser retirados na tarde desse domingo, 11, do local do acidente, o residencial Recanto Florido, na região da Capela, em Vinhedo. A ação é realizada pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, sob supervisão do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

As partes da fuselagem menos destruídas foram os motores e a cauda, que no domingo foram suspensos por guindastes e colocados sobre caminhões para o transporte até São Paulo, onde seriam levados para o IV Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista.

Cauda da aeronave foi içada e removida do local da queda na tarde de domingo Foto: Alex Silva/Estadão

O trabalho chamou atenção de moradores e vizinhos do condomínio onde o avião caiu. Em vídeo enviado à reportagem, um deles se mostra impressionado com o tamanho das peças do avião, do modelo ATR-72 500, içadas por um guindaste.

Como mostrou o Estadão, a região da Capela, onde fica o Residencial Recanto Florido, é uma área rural mais afastada do centro de Vinhedo. A queda da aeronave se deu no quintal de uma das chácaras do condomínio, em uma área cercada de casas. O avião não atingiu nenhuma residência.

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Remoção de destroços exige cuidado para preservar dados para investigação

A Força Aérea afirmou ainda que “será de responsabilidade do explorador da aeronave [a companhia Voepass] providenciar e custear a higienização do local, dos bens e dos destroços de modo a evitar prejuízos à natureza, à segurança, à saúde, ou à propriedade de outrem ou da coletividade”.

Investigação das causas da queda do avião

As investigações do acidente em Vinhedo começaram ainda na sexta-feira e serão capitaneadas pelo Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão pertencente às Força Aérea Brasileira (FAB), mas também envolverão a Polícia Federal (PF). A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também informou que acompanha os trabalhos, que buscam a identificação das causas da queda e dos possíveis responsáveis, além da criação de protocolos que evitem novas tragédidas.

As duas caixas-pretas da aeronave foram encontradas ainda na sexta e enviadas para análise do Cenipa em Brasília. As peças, feitas em material resistente a desastres, são cruciais para desvendar os motivos pelo qual o ATR 72-500 despencou quatro mil metros em um minuto. As caixas-pretas são sistemas de registro de dados e voz do avião, que gravam as últimas conversas da tripulação, além de informações da aeronave como velocidade, aceleração, condições climáticas, altitude e ajustes de potência.

A FAB afirma que o Cenipa prevê encerrar os trabalhos da chamada “ação inicial” nesta segunda-feira, 12. Depois, a investigação avança para a fase de análise de dados. “Serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, ao ambiente operacional e aos fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.”

As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar o acidente. Imagens do momento da queda mostram a aeronave caindo em giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação. Esse é o principal indicativo de que o acidente ocorreu por conta de uma perda de sustentação, chamada de “estol”. Para especialistas, a perda de sustentação pode estar associada ao acúmulo de gelo nas asas do avião.

As aeronaves têm um sistema para fazer o degelo quando há condições adversas, mas em alguns casos a formação é tão grande que o mecanismo pode não dar conta. Na manhã da sexta-feira, o sistema oficial de meteorologia da Aeronáutica emitiu alerta de formação de gelo severo antes de o avião da Voepass decolar.

Há quinze anos, um Airbus A330 da AirFrance, que partiu do Rio de Janeiro rumo a Paris, caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Um dos motivos apontados pela investigação oficial foi o contato da aeronave com fortes formações de gelo, em condição semelhante à do avião da Voepass em Vinhedo. Uma equipe do órgão francês que investigou o desastre de 2009 está no Brasil para ajudar na investigação do novo acidente.

Contudo, especialistas apontam que o clima, sozinho, não deve ter sido o responsável pela queda do ATR 72-500, e que outros fatores, como falhas no sistema de navegação ou na própria manutenção da aeronave, podem ter parte da culpa.

Como mostrado pelo Estadão, em junho um piloto da Voepass acusou a companhia de fazer pressão para que pilotos trabalhassem excessivamente, inclusive desrespeitando folgas, o que causaria fadiga e aumentaria o risco de acidentes. A Voepass, no entanto, afirmou que “cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117 que disciplina a jornada e gestão da fadiga dos tripulantes.”

O Ministério Público do Trabalho também abriu sua própria investigação, com o objetivo de verificar se houve “lesão a direitos ligados à segurança no ambiente de trabalho” dos quatro tripulantes que morreram na queda do avião. A Voepass diz estar à disposição para esclarecimentos.

A queda do avião ATR 72-500 da Voepass Linhas Aéreas em Vinhedo, interior de São Paulo, já ficou marcada como o maior desastre aéreo em solo brasileiro nos últimos 17 anos. Com 62 vítimas, a tragédia mobilizou o poder público, atingiu famílias e emocionou o País. Agora, resta concluir a identificação dos corpos, velar os mortos e descobrir as causas da tragédia, tanto para evitar novos acidentes como este quanto para punir eventuais responsáveis.

Destroços do avião que caiu em Vinhedo, São Paulo Foto: Andre Penner/AP Photo

Veja quais são os próximos passos em relação às investigações da tragédia em Vinhedo:

Identificação de corpos

As forças de segurança e resgate do governo de São Paulo concluíram no fim da tarde de sábado, 10, a remoção das 62 vítimas do local do acidente. Todos os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) Central de São Paulo e, no fim de semana, mais de 40 familiares foram recebidos no Instituto Oscar Freire, onde especialistas do IML colheram informações que pudessem ajudar na identificação das vítimas, como histórico de fraturas, tatuagens ou próteses, além da coleta amostras de DNA. Outros 17 familiares foram atendidos em Cascavel com o mesmo objetivo.

Segundo boletim do governo, 12 vítimas foram identificadas até o fim da tarde de domingo, 11. Entre elas, estão o piloto Danilo Santos Romano, que tinha mais de uma década de experiência, e Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos, copiloto que acumulava mais de 5 mil horas de voo.

O tenente da Defesa Civil de São Paulo Ramatuel Silvino, afirmou que corpos que já foram identificados estavam em melhores condições e foram mais fáceis de serem retirados da fuselagem. Como piloto e copiloto ficam em área isolada da aeronave, a identificação acontece primeiro. Ainda não há, porém, informações sobre a data que os corpos identificados serão liberados para sepultamento.

Segundo o último boletim do Estado, um corpo já havia sido liberado para as famílias e a previsão era de que o processo fosse finalizado para mais sete ainda no domingo. As famílias são as primeiras a serem comunicadas sobre o avanço dos trabalhos de reconhecimento, mas não há previsão clara de quando eles devem ser concluídos.

Carro com os corpos das vítimas do acidente da Voopass em Vinhedo chegam ao IML central, na zona oeste de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O IML Central concentra o trabalho de identificação. Cerca de 40 profissionais, entre médicos e equipes de odontologia legal, antropologia e radiologia, trabalham no procedimento. O órgão ficou fechado para receber exclusivamente as vítimas do acidente e as demais ocorrências da capital têm sido distribuídas para outras unidades do IML, nas zonas leste e oeste.

Os familiares das vítimas ficaram acomodados em hotéis na capital paulista, onde tiveram acesso a alimentação, psicólogos e assistentes sociais.

Velório das vítimas

Após a identificação, os corpos serão liberados para as famílias para os trâmites legais. A partir disso, o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos (PL), disse que o centro de eventos da cidade estará liberado, a partir desta segunda-feira, 12, para as famílias que desejarem usar o espaço para velar as vítimas. De acordo com o prefeito, 22 das 62 pessoas que morreram são da cidade paranaense.

Inicialmente, havia a intenção de realizar um velório coletivo na cidade de onde partiu o voo. A proposta, no entanto, está descartada, pois a liberação dos corpos deve ocorrer lentamente, devido ao processo de identificação. “Possivelmente, não teremos todos os corpos das vítimas de Cascavel e microrregião no mesmo momento. Vamos deixar toda estrutura pronta e as pessoas vão tomar a decisão se querem (o velório) naquele local”, disse Paranhos.

O prefeito acrescentou que o translado dos corpos para Cascavel ficará sob responsabilidade da Voepass ou de outras empresas aéreas. Ao Estadão, companhia responsável pela aeronave que caiu em Vinhedo indicou que apoiará não só o translado das vítimas, mas também os serviços funerários.

“Estamos realizando e custeando todos os esforços logísticos e operacionais para que as famílias tenham em nossa equipe apoio efetivo não só para suas necessidades de transporte, hospedagem, alimentação, translado, serviço funerário, mas principalmente de consolo e apoio emocional”, disse.

Ricardo Thé Maia, irmão de Constantino Thé Maia, a última vítima identificada pela Voepass Linhas Aéreas, disse ao Estadão que a perspectiva era de que o velório ocorresse com caixão lacrado.

Remoção dos destroços do avião em Vinhedo

Os destroços do avião da Voepass começaram a ser retirados na tarde desse domingo, 11, do local do acidente, o residencial Recanto Florido, na região da Capela, em Vinhedo. A ação é realizada pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, sob supervisão do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

As partes da fuselagem menos destruídas foram os motores e a cauda, que no domingo foram suspensos por guindastes e colocados sobre caminhões para o transporte até São Paulo, onde seriam levados para o IV Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista.

Cauda da aeronave foi içada e removida do local da queda na tarde de domingo Foto: Alex Silva/Estadão

O trabalho chamou atenção de moradores e vizinhos do condomínio onde o avião caiu. Em vídeo enviado à reportagem, um deles se mostra impressionado com o tamanho das peças do avião, do modelo ATR-72 500, içadas por um guindaste.

Como mostrou o Estadão, a região da Capela, onde fica o Residencial Recanto Florido, é uma área rural mais afastada do centro de Vinhedo. A queda da aeronave se deu no quintal de uma das chácaras do condomínio, em uma área cercada de casas. O avião não atingiu nenhuma residência.

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Remoção de destroços exige cuidado para preservar dados para investigação

A Força Aérea afirmou ainda que “será de responsabilidade do explorador da aeronave [a companhia Voepass] providenciar e custear a higienização do local, dos bens e dos destroços de modo a evitar prejuízos à natureza, à segurança, à saúde, ou à propriedade de outrem ou da coletividade”.

Investigação das causas da queda do avião

As investigações do acidente em Vinhedo começaram ainda na sexta-feira e serão capitaneadas pelo Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão pertencente às Força Aérea Brasileira (FAB), mas também envolverão a Polícia Federal (PF). A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também informou que acompanha os trabalhos, que buscam a identificação das causas da queda e dos possíveis responsáveis, além da criação de protocolos que evitem novas tragédidas.

As duas caixas-pretas da aeronave foram encontradas ainda na sexta e enviadas para análise do Cenipa em Brasília. As peças, feitas em material resistente a desastres, são cruciais para desvendar os motivos pelo qual o ATR 72-500 despencou quatro mil metros em um minuto. As caixas-pretas são sistemas de registro de dados e voz do avião, que gravam as últimas conversas da tripulação, além de informações da aeronave como velocidade, aceleração, condições climáticas, altitude e ajustes de potência.

A FAB afirma que o Cenipa prevê encerrar os trabalhos da chamada “ação inicial” nesta segunda-feira, 12. Depois, a investigação avança para a fase de análise de dados. “Serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, ao ambiente operacional e aos fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.”

As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar o acidente. Imagens do momento da queda mostram a aeronave caindo em giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação. Esse é o principal indicativo de que o acidente ocorreu por conta de uma perda de sustentação, chamada de “estol”. Para especialistas, a perda de sustentação pode estar associada ao acúmulo de gelo nas asas do avião.

As aeronaves têm um sistema para fazer o degelo quando há condições adversas, mas em alguns casos a formação é tão grande que o mecanismo pode não dar conta. Na manhã da sexta-feira, o sistema oficial de meteorologia da Aeronáutica emitiu alerta de formação de gelo severo antes de o avião da Voepass decolar.

Há quinze anos, um Airbus A330 da AirFrance, que partiu do Rio de Janeiro rumo a Paris, caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Um dos motivos apontados pela investigação oficial foi o contato da aeronave com fortes formações de gelo, em condição semelhante à do avião da Voepass em Vinhedo. Uma equipe do órgão francês que investigou o desastre de 2009 está no Brasil para ajudar na investigação do novo acidente.

Contudo, especialistas apontam que o clima, sozinho, não deve ter sido o responsável pela queda do ATR 72-500, e que outros fatores, como falhas no sistema de navegação ou na própria manutenção da aeronave, podem ter parte da culpa.

Como mostrado pelo Estadão, em junho um piloto da Voepass acusou a companhia de fazer pressão para que pilotos trabalhassem excessivamente, inclusive desrespeitando folgas, o que causaria fadiga e aumentaria o risco de acidentes. A Voepass, no entanto, afirmou que “cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117 que disciplina a jornada e gestão da fadiga dos tripulantes.”

O Ministério Público do Trabalho também abriu sua própria investigação, com o objetivo de verificar se houve “lesão a direitos ligados à segurança no ambiente de trabalho” dos quatro tripulantes que morreram na queda do avião. A Voepass diz estar à disposição para esclarecimentos.

A queda do avião ATR 72-500 da Voepass Linhas Aéreas em Vinhedo, interior de São Paulo, já ficou marcada como o maior desastre aéreo em solo brasileiro nos últimos 17 anos. Com 62 vítimas, a tragédia mobilizou o poder público, atingiu famílias e emocionou o País. Agora, resta concluir a identificação dos corpos, velar os mortos e descobrir as causas da tragédia, tanto para evitar novos acidentes como este quanto para punir eventuais responsáveis.

Destroços do avião que caiu em Vinhedo, São Paulo Foto: Andre Penner/AP Photo

Veja quais são os próximos passos em relação às investigações da tragédia em Vinhedo:

Identificação de corpos

As forças de segurança e resgate do governo de São Paulo concluíram no fim da tarde de sábado, 10, a remoção das 62 vítimas do local do acidente. Todos os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) Central de São Paulo e, no fim de semana, mais de 40 familiares foram recebidos no Instituto Oscar Freire, onde especialistas do IML colheram informações que pudessem ajudar na identificação das vítimas, como histórico de fraturas, tatuagens ou próteses, além da coleta amostras de DNA. Outros 17 familiares foram atendidos em Cascavel com o mesmo objetivo.

Segundo boletim do governo, 12 vítimas foram identificadas até o fim da tarde de domingo, 11. Entre elas, estão o piloto Danilo Santos Romano, que tinha mais de uma década de experiência, e Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos, copiloto que acumulava mais de 5 mil horas de voo.

O tenente da Defesa Civil de São Paulo Ramatuel Silvino, afirmou que corpos que já foram identificados estavam em melhores condições e foram mais fáceis de serem retirados da fuselagem. Como piloto e copiloto ficam em área isolada da aeronave, a identificação acontece primeiro. Ainda não há, porém, informações sobre a data que os corpos identificados serão liberados para sepultamento.

Segundo o último boletim do Estado, um corpo já havia sido liberado para as famílias e a previsão era de que o processo fosse finalizado para mais sete ainda no domingo. As famílias são as primeiras a serem comunicadas sobre o avanço dos trabalhos de reconhecimento, mas não há previsão clara de quando eles devem ser concluídos.

Carro com os corpos das vítimas do acidente da Voopass em Vinhedo chegam ao IML central, na zona oeste de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O IML Central concentra o trabalho de identificação. Cerca de 40 profissionais, entre médicos e equipes de odontologia legal, antropologia e radiologia, trabalham no procedimento. O órgão ficou fechado para receber exclusivamente as vítimas do acidente e as demais ocorrências da capital têm sido distribuídas para outras unidades do IML, nas zonas leste e oeste.

Os familiares das vítimas ficaram acomodados em hotéis na capital paulista, onde tiveram acesso a alimentação, psicólogos e assistentes sociais.

Velório das vítimas

Após a identificação, os corpos serão liberados para as famílias para os trâmites legais. A partir disso, o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos (PL), disse que o centro de eventos da cidade estará liberado, a partir desta segunda-feira, 12, para as famílias que desejarem usar o espaço para velar as vítimas. De acordo com o prefeito, 22 das 62 pessoas que morreram são da cidade paranaense.

Inicialmente, havia a intenção de realizar um velório coletivo na cidade de onde partiu o voo. A proposta, no entanto, está descartada, pois a liberação dos corpos deve ocorrer lentamente, devido ao processo de identificação. “Possivelmente, não teremos todos os corpos das vítimas de Cascavel e microrregião no mesmo momento. Vamos deixar toda estrutura pronta e as pessoas vão tomar a decisão se querem (o velório) naquele local”, disse Paranhos.

O prefeito acrescentou que o translado dos corpos para Cascavel ficará sob responsabilidade da Voepass ou de outras empresas aéreas. Ao Estadão, companhia responsável pela aeronave que caiu em Vinhedo indicou que apoiará não só o translado das vítimas, mas também os serviços funerários.

“Estamos realizando e custeando todos os esforços logísticos e operacionais para que as famílias tenham em nossa equipe apoio efetivo não só para suas necessidades de transporte, hospedagem, alimentação, translado, serviço funerário, mas principalmente de consolo e apoio emocional”, disse.

Ricardo Thé Maia, irmão de Constantino Thé Maia, a última vítima identificada pela Voepass Linhas Aéreas, disse ao Estadão que a perspectiva era de que o velório ocorresse com caixão lacrado.

Remoção dos destroços do avião em Vinhedo

Os destroços do avião da Voepass começaram a ser retirados na tarde desse domingo, 11, do local do acidente, o residencial Recanto Florido, na região da Capela, em Vinhedo. A ação é realizada pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, sob supervisão do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

As partes da fuselagem menos destruídas foram os motores e a cauda, que no domingo foram suspensos por guindastes e colocados sobre caminhões para o transporte até São Paulo, onde seriam levados para o IV Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista.

Cauda da aeronave foi içada e removida do local da queda na tarde de domingo Foto: Alex Silva/Estadão

O trabalho chamou atenção de moradores e vizinhos do condomínio onde o avião caiu. Em vídeo enviado à reportagem, um deles se mostra impressionado com o tamanho das peças do avião, do modelo ATR-72 500, içadas por um guindaste.

Como mostrou o Estadão, a região da Capela, onde fica o Residencial Recanto Florido, é uma área rural mais afastada do centro de Vinhedo. A queda da aeronave se deu no quintal de uma das chácaras do condomínio, em uma área cercada de casas. O avião não atingiu nenhuma residência.

Seu navegador não suporta esse video.

Remoção de destroços exige cuidado para preservar dados para investigação

A Força Aérea afirmou ainda que “será de responsabilidade do explorador da aeronave [a companhia Voepass] providenciar e custear a higienização do local, dos bens e dos destroços de modo a evitar prejuízos à natureza, à segurança, à saúde, ou à propriedade de outrem ou da coletividade”.

Investigação das causas da queda do avião

As investigações do acidente em Vinhedo começaram ainda na sexta-feira e serão capitaneadas pelo Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão pertencente às Força Aérea Brasileira (FAB), mas também envolverão a Polícia Federal (PF). A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também informou que acompanha os trabalhos, que buscam a identificação das causas da queda e dos possíveis responsáveis, além da criação de protocolos que evitem novas tragédidas.

As duas caixas-pretas da aeronave foram encontradas ainda na sexta e enviadas para análise do Cenipa em Brasília. As peças, feitas em material resistente a desastres, são cruciais para desvendar os motivos pelo qual o ATR 72-500 despencou quatro mil metros em um minuto. As caixas-pretas são sistemas de registro de dados e voz do avião, que gravam as últimas conversas da tripulação, além de informações da aeronave como velocidade, aceleração, condições climáticas, altitude e ajustes de potência.

A FAB afirma que o Cenipa prevê encerrar os trabalhos da chamada “ação inicial” nesta segunda-feira, 12. Depois, a investigação avança para a fase de análise de dados. “Serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, ao ambiente operacional e aos fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.”

As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar o acidente. Imagens do momento da queda mostram a aeronave caindo em giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação. Esse é o principal indicativo de que o acidente ocorreu por conta de uma perda de sustentação, chamada de “estol”. Para especialistas, a perda de sustentação pode estar associada ao acúmulo de gelo nas asas do avião.

As aeronaves têm um sistema para fazer o degelo quando há condições adversas, mas em alguns casos a formação é tão grande que o mecanismo pode não dar conta. Na manhã da sexta-feira, o sistema oficial de meteorologia da Aeronáutica emitiu alerta de formação de gelo severo antes de o avião da Voepass decolar.

Há quinze anos, um Airbus A330 da AirFrance, que partiu do Rio de Janeiro rumo a Paris, caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Um dos motivos apontados pela investigação oficial foi o contato da aeronave com fortes formações de gelo, em condição semelhante à do avião da Voepass em Vinhedo. Uma equipe do órgão francês que investigou o desastre de 2009 está no Brasil para ajudar na investigação do novo acidente.

Contudo, especialistas apontam que o clima, sozinho, não deve ter sido o responsável pela queda do ATR 72-500, e que outros fatores, como falhas no sistema de navegação ou na própria manutenção da aeronave, podem ter parte da culpa.

Como mostrado pelo Estadão, em junho um piloto da Voepass acusou a companhia de fazer pressão para que pilotos trabalhassem excessivamente, inclusive desrespeitando folgas, o que causaria fadiga e aumentaria o risco de acidentes. A Voepass, no entanto, afirmou que “cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117 que disciplina a jornada e gestão da fadiga dos tripulantes.”

O Ministério Público do Trabalho também abriu sua própria investigação, com o objetivo de verificar se houve “lesão a direitos ligados à segurança no ambiente de trabalho” dos quatro tripulantes que morreram na queda do avião. A Voepass diz estar à disposição para esclarecimentos.

A queda do avião ATR 72-500 da Voepass Linhas Aéreas em Vinhedo, interior de São Paulo, já ficou marcada como o maior desastre aéreo em solo brasileiro nos últimos 17 anos. Com 62 vítimas, a tragédia mobilizou o poder público, atingiu famílias e emocionou o País. Agora, resta concluir a identificação dos corpos, velar os mortos e descobrir as causas da tragédia, tanto para evitar novos acidentes como este quanto para punir eventuais responsáveis.

Destroços do avião que caiu em Vinhedo, São Paulo Foto: Andre Penner/AP Photo

Veja quais são os próximos passos em relação às investigações da tragédia em Vinhedo:

Identificação de corpos

As forças de segurança e resgate do governo de São Paulo concluíram no fim da tarde de sábado, 10, a remoção das 62 vítimas do local do acidente. Todos os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) Central de São Paulo e, no fim de semana, mais de 40 familiares foram recebidos no Instituto Oscar Freire, onde especialistas do IML colheram informações que pudessem ajudar na identificação das vítimas, como histórico de fraturas, tatuagens ou próteses, além da coleta amostras de DNA. Outros 17 familiares foram atendidos em Cascavel com o mesmo objetivo.

Segundo boletim do governo, 12 vítimas foram identificadas até o fim da tarde de domingo, 11. Entre elas, estão o piloto Danilo Santos Romano, que tinha mais de uma década de experiência, e Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos, copiloto que acumulava mais de 5 mil horas de voo.

O tenente da Defesa Civil de São Paulo Ramatuel Silvino, afirmou que corpos que já foram identificados estavam em melhores condições e foram mais fáceis de serem retirados da fuselagem. Como piloto e copiloto ficam em área isolada da aeronave, a identificação acontece primeiro. Ainda não há, porém, informações sobre a data que os corpos identificados serão liberados para sepultamento.

Segundo o último boletim do Estado, um corpo já havia sido liberado para as famílias e a previsão era de que o processo fosse finalizado para mais sete ainda no domingo. As famílias são as primeiras a serem comunicadas sobre o avanço dos trabalhos de reconhecimento, mas não há previsão clara de quando eles devem ser concluídos.

Carro com os corpos das vítimas do acidente da Voopass em Vinhedo chegam ao IML central, na zona oeste de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O IML Central concentra o trabalho de identificação. Cerca de 40 profissionais, entre médicos e equipes de odontologia legal, antropologia e radiologia, trabalham no procedimento. O órgão ficou fechado para receber exclusivamente as vítimas do acidente e as demais ocorrências da capital têm sido distribuídas para outras unidades do IML, nas zonas leste e oeste.

Os familiares das vítimas ficaram acomodados em hotéis na capital paulista, onde tiveram acesso a alimentação, psicólogos e assistentes sociais.

Velório das vítimas

Após a identificação, os corpos serão liberados para as famílias para os trâmites legais. A partir disso, o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos (PL), disse que o centro de eventos da cidade estará liberado, a partir desta segunda-feira, 12, para as famílias que desejarem usar o espaço para velar as vítimas. De acordo com o prefeito, 22 das 62 pessoas que morreram são da cidade paranaense.

Inicialmente, havia a intenção de realizar um velório coletivo na cidade de onde partiu o voo. A proposta, no entanto, está descartada, pois a liberação dos corpos deve ocorrer lentamente, devido ao processo de identificação. “Possivelmente, não teremos todos os corpos das vítimas de Cascavel e microrregião no mesmo momento. Vamos deixar toda estrutura pronta e as pessoas vão tomar a decisão se querem (o velório) naquele local”, disse Paranhos.

O prefeito acrescentou que o translado dos corpos para Cascavel ficará sob responsabilidade da Voepass ou de outras empresas aéreas. Ao Estadão, companhia responsável pela aeronave que caiu em Vinhedo indicou que apoiará não só o translado das vítimas, mas também os serviços funerários.

“Estamos realizando e custeando todos os esforços logísticos e operacionais para que as famílias tenham em nossa equipe apoio efetivo não só para suas necessidades de transporte, hospedagem, alimentação, translado, serviço funerário, mas principalmente de consolo e apoio emocional”, disse.

Ricardo Thé Maia, irmão de Constantino Thé Maia, a última vítima identificada pela Voepass Linhas Aéreas, disse ao Estadão que a perspectiva era de que o velório ocorresse com caixão lacrado.

Remoção dos destroços do avião em Vinhedo

Os destroços do avião da Voepass começaram a ser retirados na tarde desse domingo, 11, do local do acidente, o residencial Recanto Florido, na região da Capela, em Vinhedo. A ação é realizada pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, sob supervisão do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

As partes da fuselagem menos destruídas foram os motores e a cauda, que no domingo foram suspensos por guindastes e colocados sobre caminhões para o transporte até São Paulo, onde seriam levados para o IV Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista.

Cauda da aeronave foi içada e removida do local da queda na tarde de domingo Foto: Alex Silva/Estadão

O trabalho chamou atenção de moradores e vizinhos do condomínio onde o avião caiu. Em vídeo enviado à reportagem, um deles se mostra impressionado com o tamanho das peças do avião, do modelo ATR-72 500, içadas por um guindaste.

Como mostrou o Estadão, a região da Capela, onde fica o Residencial Recanto Florido, é uma área rural mais afastada do centro de Vinhedo. A queda da aeronave se deu no quintal de uma das chácaras do condomínio, em uma área cercada de casas. O avião não atingiu nenhuma residência.

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Remoção de destroços exige cuidado para preservar dados para investigação

A Força Aérea afirmou ainda que “será de responsabilidade do explorador da aeronave [a companhia Voepass] providenciar e custear a higienização do local, dos bens e dos destroços de modo a evitar prejuízos à natureza, à segurança, à saúde, ou à propriedade de outrem ou da coletividade”.

Investigação das causas da queda do avião

As investigações do acidente em Vinhedo começaram ainda na sexta-feira e serão capitaneadas pelo Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão pertencente às Força Aérea Brasileira (FAB), mas também envolverão a Polícia Federal (PF). A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também informou que acompanha os trabalhos, que buscam a identificação das causas da queda e dos possíveis responsáveis, além da criação de protocolos que evitem novas tragédidas.

As duas caixas-pretas da aeronave foram encontradas ainda na sexta e enviadas para análise do Cenipa em Brasília. As peças, feitas em material resistente a desastres, são cruciais para desvendar os motivos pelo qual o ATR 72-500 despencou quatro mil metros em um minuto. As caixas-pretas são sistemas de registro de dados e voz do avião, que gravam as últimas conversas da tripulação, além de informações da aeronave como velocidade, aceleração, condições climáticas, altitude e ajustes de potência.

A FAB afirma que o Cenipa prevê encerrar os trabalhos da chamada “ação inicial” nesta segunda-feira, 12. Depois, a investigação avança para a fase de análise de dados. “Serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, ao ambiente operacional e aos fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.”

As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar o acidente. Imagens do momento da queda mostram a aeronave caindo em giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação. Esse é o principal indicativo de que o acidente ocorreu por conta de uma perda de sustentação, chamada de “estol”. Para especialistas, a perda de sustentação pode estar associada ao acúmulo de gelo nas asas do avião.

As aeronaves têm um sistema para fazer o degelo quando há condições adversas, mas em alguns casos a formação é tão grande que o mecanismo pode não dar conta. Na manhã da sexta-feira, o sistema oficial de meteorologia da Aeronáutica emitiu alerta de formação de gelo severo antes de o avião da Voepass decolar.

Há quinze anos, um Airbus A330 da AirFrance, que partiu do Rio de Janeiro rumo a Paris, caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Um dos motivos apontados pela investigação oficial foi o contato da aeronave com fortes formações de gelo, em condição semelhante à do avião da Voepass em Vinhedo. Uma equipe do órgão francês que investigou o desastre de 2009 está no Brasil para ajudar na investigação do novo acidente.

Contudo, especialistas apontam que o clima, sozinho, não deve ter sido o responsável pela queda do ATR 72-500, e que outros fatores, como falhas no sistema de navegação ou na própria manutenção da aeronave, podem ter parte da culpa.

Como mostrado pelo Estadão, em junho um piloto da Voepass acusou a companhia de fazer pressão para que pilotos trabalhassem excessivamente, inclusive desrespeitando folgas, o que causaria fadiga e aumentaria o risco de acidentes. A Voepass, no entanto, afirmou que “cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117 que disciplina a jornada e gestão da fadiga dos tripulantes.”

O Ministério Público do Trabalho também abriu sua própria investigação, com o objetivo de verificar se houve “lesão a direitos ligados à segurança no ambiente de trabalho” dos quatro tripulantes que morreram na queda do avião. A Voepass diz estar à disposição para esclarecimentos.

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