Um México na neve


Em Pasco, os quarteirões têm lojas identificadas mais em espanhol do que em inglês.

Por Rafael Gomez

Easton é uma cidadezinha perdida no meio das montanhas do Estado de Washington, à beira da principal estrada que sai de Seattle rumo leste. Para chegar a ela, o carro atravessa boa parte da cadeia montanhosa conhecida como cascades. Em Seattle, o tempo estava frio e chuvoso; nas montanhas, está branco. Há neve por toda parte. Uma ruazinha principal tem o que se espera numa cidadezinha bem, bem americana: tem uns carros grandes passando de vez em quando, uma mercearia, um bar, uma agência dos correios. Praticamente só faltou aparecer um vaqueiro enfrentando a brancura a cavalo. Mas neste povoado, com não mais de 600 moradores, a onda de imigrantes latinos na qual vem surfando o Estado de Washington nos últimos anos também se faz sentir. Não demora nada para encontrarmos, na porta do correio, um senhor mexicano. Trabalha como encanador, diz que no seu país não dava para viver e que aqui dá - apesar do frio opressivo. Voltamos para a estrada. Em cerca de duas horas estamos em Pasco, uma cidade que parece muito fora de lugar. É longe, bem longe do México, mas é como se não fosse - dá a impressão de ser uma cidade de fronteira. Passeando, vimos vários quarteirões inteiros com lojas mais identificadas em espanhol do que em inglês. As pessoas têm o biotipo característico. Meus colegas da BBC em espanhol nem se dignam a iniciar conversas em inglês. Os números do censo de 2000 já deixavam claro esse fenômeno latino no meio do frio: há oito anos, eram cerca de 32 mil moradores, sendo que os hispânicos formavam nada menos que 56,3% da população. Para comparar, no mesmo ano o censo constatou que, em Los Angeles - uma cidade conhecida pela abundância de mexicanos -, os latinos eram 46,5% dos locais. Num canto da cidade funciona um mercado a céu aberto movimentado pelos hermanos. Kenia Peñaloza, uma mexicana que vende churros no mercado, reclama da imigração. Diz que tem um parente que foi preso, que os policiais invadiram a casa do parente e a levaram. Falamos das eleições presidenciais e perguntamos o que ela espera do próximo morador da Casa Branca. Ela fala muito, mas tudo pode ser resumido no desejo de que os ilegais que estejam há muito tempo nos Estados Unidos possam ter uma chance de se regularizarem. Que recebam a famosa anistia, que põe de cabelos em pé os conservadores republicanos. Entrando num restaurante (inevitavelmente) mexicano, encontramos uma mesa cheia de gente, familiares, amigos, todos do sul da fronteira. Por que tem tanta gente vindo para Pasco, para Washington? Alguns motivos. Segundo eles, a imigração aqui é menos dura do que em outros Estados; é possível tirar a carteira de motorista sem ter green card; ainda é permitido contratar pessoas sem documentos pagando até US$ 400 por semana. Em outros Estados, estão até punindo empresários que dão trabalho a imigrantes não-documentados. Pasco é um foco natural de atração de imigrantes - fica numa região fortemente agrícola, com muita produção de uvas para vinho e de outras frutas. Antigamente, os imigrantes vinham para a colheita, mas não se fixavam. Segundo o estudioso Douglas Massey, da Universidade de Princeton, desde os anos 90 os imigrantes mexicanos tem mudado seu comportamento e fincado raízes, e cada vez mais longe. Pelos que todos dizem por aqui, a intensificação das leis de imigração não tem diminuído em nada a vinda desses trabalhadores: só os tem espalhado pelo país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Easton é uma cidadezinha perdida no meio das montanhas do Estado de Washington, à beira da principal estrada que sai de Seattle rumo leste. Para chegar a ela, o carro atravessa boa parte da cadeia montanhosa conhecida como cascades. Em Seattle, o tempo estava frio e chuvoso; nas montanhas, está branco. Há neve por toda parte. Uma ruazinha principal tem o que se espera numa cidadezinha bem, bem americana: tem uns carros grandes passando de vez em quando, uma mercearia, um bar, uma agência dos correios. Praticamente só faltou aparecer um vaqueiro enfrentando a brancura a cavalo. Mas neste povoado, com não mais de 600 moradores, a onda de imigrantes latinos na qual vem surfando o Estado de Washington nos últimos anos também se faz sentir. Não demora nada para encontrarmos, na porta do correio, um senhor mexicano. Trabalha como encanador, diz que no seu país não dava para viver e que aqui dá - apesar do frio opressivo. Voltamos para a estrada. Em cerca de duas horas estamos em Pasco, uma cidade que parece muito fora de lugar. É longe, bem longe do México, mas é como se não fosse - dá a impressão de ser uma cidade de fronteira. Passeando, vimos vários quarteirões inteiros com lojas mais identificadas em espanhol do que em inglês. As pessoas têm o biotipo característico. Meus colegas da BBC em espanhol nem se dignam a iniciar conversas em inglês. Os números do censo de 2000 já deixavam claro esse fenômeno latino no meio do frio: há oito anos, eram cerca de 32 mil moradores, sendo que os hispânicos formavam nada menos que 56,3% da população. Para comparar, no mesmo ano o censo constatou que, em Los Angeles - uma cidade conhecida pela abundância de mexicanos -, os latinos eram 46,5% dos locais. Num canto da cidade funciona um mercado a céu aberto movimentado pelos hermanos. Kenia Peñaloza, uma mexicana que vende churros no mercado, reclama da imigração. Diz que tem um parente que foi preso, que os policiais invadiram a casa do parente e a levaram. Falamos das eleições presidenciais e perguntamos o que ela espera do próximo morador da Casa Branca. Ela fala muito, mas tudo pode ser resumido no desejo de que os ilegais que estejam há muito tempo nos Estados Unidos possam ter uma chance de se regularizarem. Que recebam a famosa anistia, que põe de cabelos em pé os conservadores republicanos. Entrando num restaurante (inevitavelmente) mexicano, encontramos uma mesa cheia de gente, familiares, amigos, todos do sul da fronteira. Por que tem tanta gente vindo para Pasco, para Washington? Alguns motivos. Segundo eles, a imigração aqui é menos dura do que em outros Estados; é possível tirar a carteira de motorista sem ter green card; ainda é permitido contratar pessoas sem documentos pagando até US$ 400 por semana. Em outros Estados, estão até punindo empresários que dão trabalho a imigrantes não-documentados. Pasco é um foco natural de atração de imigrantes - fica numa região fortemente agrícola, com muita produção de uvas para vinho e de outras frutas. Antigamente, os imigrantes vinham para a colheita, mas não se fixavam. Segundo o estudioso Douglas Massey, da Universidade de Princeton, desde os anos 90 os imigrantes mexicanos tem mudado seu comportamento e fincado raízes, e cada vez mais longe. Pelos que todos dizem por aqui, a intensificação das leis de imigração não tem diminuído em nada a vinda desses trabalhadores: só os tem espalhado pelo país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Easton é uma cidadezinha perdida no meio das montanhas do Estado de Washington, à beira da principal estrada que sai de Seattle rumo leste. Para chegar a ela, o carro atravessa boa parte da cadeia montanhosa conhecida como cascades. Em Seattle, o tempo estava frio e chuvoso; nas montanhas, está branco. Há neve por toda parte. Uma ruazinha principal tem o que se espera numa cidadezinha bem, bem americana: tem uns carros grandes passando de vez em quando, uma mercearia, um bar, uma agência dos correios. Praticamente só faltou aparecer um vaqueiro enfrentando a brancura a cavalo. Mas neste povoado, com não mais de 600 moradores, a onda de imigrantes latinos na qual vem surfando o Estado de Washington nos últimos anos também se faz sentir. Não demora nada para encontrarmos, na porta do correio, um senhor mexicano. Trabalha como encanador, diz que no seu país não dava para viver e que aqui dá - apesar do frio opressivo. Voltamos para a estrada. Em cerca de duas horas estamos em Pasco, uma cidade que parece muito fora de lugar. É longe, bem longe do México, mas é como se não fosse - dá a impressão de ser uma cidade de fronteira. Passeando, vimos vários quarteirões inteiros com lojas mais identificadas em espanhol do que em inglês. As pessoas têm o biotipo característico. Meus colegas da BBC em espanhol nem se dignam a iniciar conversas em inglês. Os números do censo de 2000 já deixavam claro esse fenômeno latino no meio do frio: há oito anos, eram cerca de 32 mil moradores, sendo que os hispânicos formavam nada menos que 56,3% da população. Para comparar, no mesmo ano o censo constatou que, em Los Angeles - uma cidade conhecida pela abundância de mexicanos -, os latinos eram 46,5% dos locais. Num canto da cidade funciona um mercado a céu aberto movimentado pelos hermanos. Kenia Peñaloza, uma mexicana que vende churros no mercado, reclama da imigração. Diz que tem um parente que foi preso, que os policiais invadiram a casa do parente e a levaram. Falamos das eleições presidenciais e perguntamos o que ela espera do próximo morador da Casa Branca. Ela fala muito, mas tudo pode ser resumido no desejo de que os ilegais que estejam há muito tempo nos Estados Unidos possam ter uma chance de se regularizarem. Que recebam a famosa anistia, que põe de cabelos em pé os conservadores republicanos. Entrando num restaurante (inevitavelmente) mexicano, encontramos uma mesa cheia de gente, familiares, amigos, todos do sul da fronteira. Por que tem tanta gente vindo para Pasco, para Washington? Alguns motivos. Segundo eles, a imigração aqui é menos dura do que em outros Estados; é possível tirar a carteira de motorista sem ter green card; ainda é permitido contratar pessoas sem documentos pagando até US$ 400 por semana. Em outros Estados, estão até punindo empresários que dão trabalho a imigrantes não-documentados. Pasco é um foco natural de atração de imigrantes - fica numa região fortemente agrícola, com muita produção de uvas para vinho e de outras frutas. Antigamente, os imigrantes vinham para a colheita, mas não se fixavam. Segundo o estudioso Douglas Massey, da Universidade de Princeton, desde os anos 90 os imigrantes mexicanos tem mudado seu comportamento e fincado raízes, e cada vez mais longe. Pelos que todos dizem por aqui, a intensificação das leis de imigração não tem diminuído em nada a vinda desses trabalhadores: só os tem espalhado pelo país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Easton é uma cidadezinha perdida no meio das montanhas do Estado de Washington, à beira da principal estrada que sai de Seattle rumo leste. Para chegar a ela, o carro atravessa boa parte da cadeia montanhosa conhecida como cascades. Em Seattle, o tempo estava frio e chuvoso; nas montanhas, está branco. Há neve por toda parte. Uma ruazinha principal tem o que se espera numa cidadezinha bem, bem americana: tem uns carros grandes passando de vez em quando, uma mercearia, um bar, uma agência dos correios. Praticamente só faltou aparecer um vaqueiro enfrentando a brancura a cavalo. Mas neste povoado, com não mais de 600 moradores, a onda de imigrantes latinos na qual vem surfando o Estado de Washington nos últimos anos também se faz sentir. Não demora nada para encontrarmos, na porta do correio, um senhor mexicano. Trabalha como encanador, diz que no seu país não dava para viver e que aqui dá - apesar do frio opressivo. Voltamos para a estrada. Em cerca de duas horas estamos em Pasco, uma cidade que parece muito fora de lugar. É longe, bem longe do México, mas é como se não fosse - dá a impressão de ser uma cidade de fronteira. Passeando, vimos vários quarteirões inteiros com lojas mais identificadas em espanhol do que em inglês. As pessoas têm o biotipo característico. Meus colegas da BBC em espanhol nem se dignam a iniciar conversas em inglês. Os números do censo de 2000 já deixavam claro esse fenômeno latino no meio do frio: há oito anos, eram cerca de 32 mil moradores, sendo que os hispânicos formavam nada menos que 56,3% da população. Para comparar, no mesmo ano o censo constatou que, em Los Angeles - uma cidade conhecida pela abundância de mexicanos -, os latinos eram 46,5% dos locais. Num canto da cidade funciona um mercado a céu aberto movimentado pelos hermanos. Kenia Peñaloza, uma mexicana que vende churros no mercado, reclama da imigração. Diz que tem um parente que foi preso, que os policiais invadiram a casa do parente e a levaram. Falamos das eleições presidenciais e perguntamos o que ela espera do próximo morador da Casa Branca. Ela fala muito, mas tudo pode ser resumido no desejo de que os ilegais que estejam há muito tempo nos Estados Unidos possam ter uma chance de se regularizarem. Que recebam a famosa anistia, que põe de cabelos em pé os conservadores republicanos. Entrando num restaurante (inevitavelmente) mexicano, encontramos uma mesa cheia de gente, familiares, amigos, todos do sul da fronteira. Por que tem tanta gente vindo para Pasco, para Washington? Alguns motivos. Segundo eles, a imigração aqui é menos dura do que em outros Estados; é possível tirar a carteira de motorista sem ter green card; ainda é permitido contratar pessoas sem documentos pagando até US$ 400 por semana. Em outros Estados, estão até punindo empresários que dão trabalho a imigrantes não-documentados. Pasco é um foco natural de atração de imigrantes - fica numa região fortemente agrícola, com muita produção de uvas para vinho e de outras frutas. Antigamente, os imigrantes vinham para a colheita, mas não se fixavam. Segundo o estudioso Douglas Massey, da Universidade de Princeton, desde os anos 90 os imigrantes mexicanos tem mudado seu comportamento e fincado raízes, e cada vez mais longe. Pelos que todos dizem por aqui, a intensificação das leis de imigração não tem diminuído em nada a vinda desses trabalhadores: só os tem espalhado pelo país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.