Uma guerra de ocasião


O conflito entre Israel e o Hamas é o resultado da confluência dos calendários religioso, político, internacional, militar, judicial e até vacinal.

Por Lourival Sant'Anna

O conflito entre Israel e o Hamas é o resultado da confluência dos calendários religioso, político, internacional, militar, judicial e até vacinal. As tensões começaram no início do Ramadã, dia 12 de abril. Tradicionalmente, no mês sagrado muçulmano, muitos palestinos quebravam o jejum e se confraternizavam ao anoitecer na praça em frente ao Portão de Damasco, da Velha Jerusalém.

Ativistas em apoio do Estado palestino fizeram manifestação em Londres neste sábado, 15. Foto: TOLGA AKMEN / AFP

A polícia israelense ergueu este ano barricadas no local, proibindo aglomerações, alegando razões de segurança. E restringiu o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do mundo muçulmano – há 10 mil moradores da Cisjordânia com o certificado das duas doses da vacina.

continua após a publicidade

Apenas 44 mil palestinos, ou 1% da população, foram imunizados até agora por pequeno número de doses enviados por Israel e doações da Covax e Sputnik. O número de casos nos territórios palestinos saltou recentemente de mil por semana para mil por dia. Em contraste, Israel é um dos países com maior índice de vacinação do mundo: 5 milhões de israelenses, 54% da população, tomaram as duas doses da Pfizer.

Em seguida, chegou à Suprema Corte o recurso sobre a ordem de despejo de seis famílias do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. Na guerra que se seguiu à proclamação do Estado de Israel, em 1948, esse lado da cidade ficou sob controle da Jordânia. Famílias palestinas expulsas de suas casas em Israel se mudaram para as áreas sob controle do Egito (Faixa de Gaza) e Jordânia (Cisjordânia) e vice-versa – famílias judias se deslocaram dessas áreas para o lado israelense. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel tomou esses territórios. Uma lei de 1970 devolveu aos israelenses propriedades perdidas em 1948. O despejo é baseado nessa lei. Não existe lei para os palestinos expropriados.

No sábado, dia 8, os muçulmanos comemoraram a Noite do Destino, quando o anjo Gabriel transmitiu ao profeta Maomé os primeiros versos do Alcorão. Na segunda-feira, ultranacionalistas judeus celebravam o Dia de Jerusalém, a tomada do lado leste, e planejavam uma marcha ao Muro das Lamentações passando pela principal rua do bairro muçulmano da Cidade Velha.

continua após a publicidade

Na última vez em que estive em Jerusalém, em 2017, chamaram a minha atenção para casas no bairro muçulmano agora habitadas por judeus ortodoxos, que expandem continuamente sua presença, muitas vezes com ajuda do governo israelense, em áreas tradicionalmente ocupadas pelos árabes.  O governo de Joe Biden entrou em campo finalmente no domingo. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, telefonou para seu equivalente israelense, Meir Ben-Shabbat, pedindo medidas de distensão. A marcha foi desviada do bairro muçulmano e o procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, pediu o adiamento da audiência na Corte Suprema.

A distensão não interessava ao Hamas, que se nutre do confronto, e começou a lançar seus foguetes da Faixa de Gaza, às 18 horas locais de segunda-feira, depois de dar um ultimato a Israel para garantir o acesso irrestrito dos fiéis à Al-Aqsa. 

O premiê, Binyamin Netanyahu,  por sua vez, enfraquecido por processos por corrupção e sem ter conseguido formar governo após as eleições de março, viu no conflito a chance de atualizar sua principal credencial, de guardião da segurança de Israel. A cada três anos, em média, os militares israelenses desbastam a infraestrutura militar do Hamas, alimentada por mísseis e artilharia do Irã.

continua após a publicidade

De sua parte, os EUA destinam US$ 3 bilhões ao ano em ajuda militar a Israel. Pressionado pela esquerda democrata para ser mais duro, Biden não quer melindrar Israel, porque precisa que o país não atrapalhe sua tentativa de novo acordo nuclear com o Irã. E Israel lembrou os EUA de que pode fazer isso, com o ataque cibernético às instalações nucleares iranianas de Natanz, dia 10 de abril. 

É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

O conflito entre Israel e o Hamas é o resultado da confluência dos calendários religioso, político, internacional, militar, judicial e até vacinal. As tensões começaram no início do Ramadã, dia 12 de abril. Tradicionalmente, no mês sagrado muçulmano, muitos palestinos quebravam o jejum e se confraternizavam ao anoitecer na praça em frente ao Portão de Damasco, da Velha Jerusalém.

Ativistas em apoio do Estado palestino fizeram manifestação em Londres neste sábado, 15. Foto: TOLGA AKMEN / AFP

A polícia israelense ergueu este ano barricadas no local, proibindo aglomerações, alegando razões de segurança. E restringiu o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do mundo muçulmano – há 10 mil moradores da Cisjordânia com o certificado das duas doses da vacina.

Apenas 44 mil palestinos, ou 1% da população, foram imunizados até agora por pequeno número de doses enviados por Israel e doações da Covax e Sputnik. O número de casos nos territórios palestinos saltou recentemente de mil por semana para mil por dia. Em contraste, Israel é um dos países com maior índice de vacinação do mundo: 5 milhões de israelenses, 54% da população, tomaram as duas doses da Pfizer.

Em seguida, chegou à Suprema Corte o recurso sobre a ordem de despejo de seis famílias do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. Na guerra que se seguiu à proclamação do Estado de Israel, em 1948, esse lado da cidade ficou sob controle da Jordânia. Famílias palestinas expulsas de suas casas em Israel se mudaram para as áreas sob controle do Egito (Faixa de Gaza) e Jordânia (Cisjordânia) e vice-versa – famílias judias se deslocaram dessas áreas para o lado israelense. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel tomou esses territórios. Uma lei de 1970 devolveu aos israelenses propriedades perdidas em 1948. O despejo é baseado nessa lei. Não existe lei para os palestinos expropriados.

No sábado, dia 8, os muçulmanos comemoraram a Noite do Destino, quando o anjo Gabriel transmitiu ao profeta Maomé os primeiros versos do Alcorão. Na segunda-feira, ultranacionalistas judeus celebravam o Dia de Jerusalém, a tomada do lado leste, e planejavam uma marcha ao Muro das Lamentações passando pela principal rua do bairro muçulmano da Cidade Velha.

Na última vez em que estive em Jerusalém, em 2017, chamaram a minha atenção para casas no bairro muçulmano agora habitadas por judeus ortodoxos, que expandem continuamente sua presença, muitas vezes com ajuda do governo israelense, em áreas tradicionalmente ocupadas pelos árabes.  O governo de Joe Biden entrou em campo finalmente no domingo. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, telefonou para seu equivalente israelense, Meir Ben-Shabbat, pedindo medidas de distensão. A marcha foi desviada do bairro muçulmano e o procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, pediu o adiamento da audiência na Corte Suprema.

A distensão não interessava ao Hamas, que se nutre do confronto, e começou a lançar seus foguetes da Faixa de Gaza, às 18 horas locais de segunda-feira, depois de dar um ultimato a Israel para garantir o acesso irrestrito dos fiéis à Al-Aqsa. 

O premiê, Binyamin Netanyahu,  por sua vez, enfraquecido por processos por corrupção e sem ter conseguido formar governo após as eleições de março, viu no conflito a chance de atualizar sua principal credencial, de guardião da segurança de Israel. A cada três anos, em média, os militares israelenses desbastam a infraestrutura militar do Hamas, alimentada por mísseis e artilharia do Irã.

De sua parte, os EUA destinam US$ 3 bilhões ao ano em ajuda militar a Israel. Pressionado pela esquerda democrata para ser mais duro, Biden não quer melindrar Israel, porque precisa que o país não atrapalhe sua tentativa de novo acordo nuclear com o Irã. E Israel lembrou os EUA de que pode fazer isso, com o ataque cibernético às instalações nucleares iranianas de Natanz, dia 10 de abril. 

É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

O conflito entre Israel e o Hamas é o resultado da confluência dos calendários religioso, político, internacional, militar, judicial e até vacinal. As tensões começaram no início do Ramadã, dia 12 de abril. Tradicionalmente, no mês sagrado muçulmano, muitos palestinos quebravam o jejum e se confraternizavam ao anoitecer na praça em frente ao Portão de Damasco, da Velha Jerusalém.

Ativistas em apoio do Estado palestino fizeram manifestação em Londres neste sábado, 15. Foto: TOLGA AKMEN / AFP

A polícia israelense ergueu este ano barricadas no local, proibindo aglomerações, alegando razões de segurança. E restringiu o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do mundo muçulmano – há 10 mil moradores da Cisjordânia com o certificado das duas doses da vacina.

Apenas 44 mil palestinos, ou 1% da população, foram imunizados até agora por pequeno número de doses enviados por Israel e doações da Covax e Sputnik. O número de casos nos territórios palestinos saltou recentemente de mil por semana para mil por dia. Em contraste, Israel é um dos países com maior índice de vacinação do mundo: 5 milhões de israelenses, 54% da população, tomaram as duas doses da Pfizer.

Em seguida, chegou à Suprema Corte o recurso sobre a ordem de despejo de seis famílias do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. Na guerra que se seguiu à proclamação do Estado de Israel, em 1948, esse lado da cidade ficou sob controle da Jordânia. Famílias palestinas expulsas de suas casas em Israel se mudaram para as áreas sob controle do Egito (Faixa de Gaza) e Jordânia (Cisjordânia) e vice-versa – famílias judias se deslocaram dessas áreas para o lado israelense. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel tomou esses territórios. Uma lei de 1970 devolveu aos israelenses propriedades perdidas em 1948. O despejo é baseado nessa lei. Não existe lei para os palestinos expropriados.

No sábado, dia 8, os muçulmanos comemoraram a Noite do Destino, quando o anjo Gabriel transmitiu ao profeta Maomé os primeiros versos do Alcorão. Na segunda-feira, ultranacionalistas judeus celebravam o Dia de Jerusalém, a tomada do lado leste, e planejavam uma marcha ao Muro das Lamentações passando pela principal rua do bairro muçulmano da Cidade Velha.

Na última vez em que estive em Jerusalém, em 2017, chamaram a minha atenção para casas no bairro muçulmano agora habitadas por judeus ortodoxos, que expandem continuamente sua presença, muitas vezes com ajuda do governo israelense, em áreas tradicionalmente ocupadas pelos árabes.  O governo de Joe Biden entrou em campo finalmente no domingo. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, telefonou para seu equivalente israelense, Meir Ben-Shabbat, pedindo medidas de distensão. A marcha foi desviada do bairro muçulmano e o procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, pediu o adiamento da audiência na Corte Suprema.

A distensão não interessava ao Hamas, que se nutre do confronto, e começou a lançar seus foguetes da Faixa de Gaza, às 18 horas locais de segunda-feira, depois de dar um ultimato a Israel para garantir o acesso irrestrito dos fiéis à Al-Aqsa. 

O premiê, Binyamin Netanyahu,  por sua vez, enfraquecido por processos por corrupção e sem ter conseguido formar governo após as eleições de março, viu no conflito a chance de atualizar sua principal credencial, de guardião da segurança de Israel. A cada três anos, em média, os militares israelenses desbastam a infraestrutura militar do Hamas, alimentada por mísseis e artilharia do Irã.

De sua parte, os EUA destinam US$ 3 bilhões ao ano em ajuda militar a Israel. Pressionado pela esquerda democrata para ser mais duro, Biden não quer melindrar Israel, porque precisa que o país não atrapalhe sua tentativa de novo acordo nuclear com o Irã. E Israel lembrou os EUA de que pode fazer isso, com o ataque cibernético às instalações nucleares iranianas de Natanz, dia 10 de abril. 

É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

O conflito entre Israel e o Hamas é o resultado da confluência dos calendários religioso, político, internacional, militar, judicial e até vacinal. As tensões começaram no início do Ramadã, dia 12 de abril. Tradicionalmente, no mês sagrado muçulmano, muitos palestinos quebravam o jejum e se confraternizavam ao anoitecer na praça em frente ao Portão de Damasco, da Velha Jerusalém.

Ativistas em apoio do Estado palestino fizeram manifestação em Londres neste sábado, 15. Foto: TOLGA AKMEN / AFP

A polícia israelense ergueu este ano barricadas no local, proibindo aglomerações, alegando razões de segurança. E restringiu o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do mundo muçulmano – há 10 mil moradores da Cisjordânia com o certificado das duas doses da vacina.

Apenas 44 mil palestinos, ou 1% da população, foram imunizados até agora por pequeno número de doses enviados por Israel e doações da Covax e Sputnik. O número de casos nos territórios palestinos saltou recentemente de mil por semana para mil por dia. Em contraste, Israel é um dos países com maior índice de vacinação do mundo: 5 milhões de israelenses, 54% da população, tomaram as duas doses da Pfizer.

Em seguida, chegou à Suprema Corte o recurso sobre a ordem de despejo de seis famílias do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. Na guerra que se seguiu à proclamação do Estado de Israel, em 1948, esse lado da cidade ficou sob controle da Jordânia. Famílias palestinas expulsas de suas casas em Israel se mudaram para as áreas sob controle do Egito (Faixa de Gaza) e Jordânia (Cisjordânia) e vice-versa – famílias judias se deslocaram dessas áreas para o lado israelense. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel tomou esses territórios. Uma lei de 1970 devolveu aos israelenses propriedades perdidas em 1948. O despejo é baseado nessa lei. Não existe lei para os palestinos expropriados.

No sábado, dia 8, os muçulmanos comemoraram a Noite do Destino, quando o anjo Gabriel transmitiu ao profeta Maomé os primeiros versos do Alcorão. Na segunda-feira, ultranacionalistas judeus celebravam o Dia de Jerusalém, a tomada do lado leste, e planejavam uma marcha ao Muro das Lamentações passando pela principal rua do bairro muçulmano da Cidade Velha.

Na última vez em que estive em Jerusalém, em 2017, chamaram a minha atenção para casas no bairro muçulmano agora habitadas por judeus ortodoxos, que expandem continuamente sua presença, muitas vezes com ajuda do governo israelense, em áreas tradicionalmente ocupadas pelos árabes.  O governo de Joe Biden entrou em campo finalmente no domingo. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, telefonou para seu equivalente israelense, Meir Ben-Shabbat, pedindo medidas de distensão. A marcha foi desviada do bairro muçulmano e o procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, pediu o adiamento da audiência na Corte Suprema.

A distensão não interessava ao Hamas, que se nutre do confronto, e começou a lançar seus foguetes da Faixa de Gaza, às 18 horas locais de segunda-feira, depois de dar um ultimato a Israel para garantir o acesso irrestrito dos fiéis à Al-Aqsa. 

O premiê, Binyamin Netanyahu,  por sua vez, enfraquecido por processos por corrupção e sem ter conseguido formar governo após as eleições de março, viu no conflito a chance de atualizar sua principal credencial, de guardião da segurança de Israel. A cada três anos, em média, os militares israelenses desbastam a infraestrutura militar do Hamas, alimentada por mísseis e artilharia do Irã.

De sua parte, os EUA destinam US$ 3 bilhões ao ano em ajuda militar a Israel. Pressionado pela esquerda democrata para ser mais duro, Biden não quer melindrar Israel, porque precisa que o país não atrapalhe sua tentativa de novo acordo nuclear com o Irã. E Israel lembrou os EUA de que pode fazer isso, com o ataque cibernético às instalações nucleares iranianas de Natanz, dia 10 de abril. 

É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

O conflito entre Israel e o Hamas é o resultado da confluência dos calendários religioso, político, internacional, militar, judicial e até vacinal. As tensões começaram no início do Ramadã, dia 12 de abril. Tradicionalmente, no mês sagrado muçulmano, muitos palestinos quebravam o jejum e se confraternizavam ao anoitecer na praça em frente ao Portão de Damasco, da Velha Jerusalém.

Ativistas em apoio do Estado palestino fizeram manifestação em Londres neste sábado, 15. Foto: TOLGA AKMEN / AFP

A polícia israelense ergueu este ano barricadas no local, proibindo aglomerações, alegando razões de segurança. E restringiu o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do mundo muçulmano – há 10 mil moradores da Cisjordânia com o certificado das duas doses da vacina.

Apenas 44 mil palestinos, ou 1% da população, foram imunizados até agora por pequeno número de doses enviados por Israel e doações da Covax e Sputnik. O número de casos nos territórios palestinos saltou recentemente de mil por semana para mil por dia. Em contraste, Israel é um dos países com maior índice de vacinação do mundo: 5 milhões de israelenses, 54% da população, tomaram as duas doses da Pfizer.

Em seguida, chegou à Suprema Corte o recurso sobre a ordem de despejo de seis famílias do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. Na guerra que se seguiu à proclamação do Estado de Israel, em 1948, esse lado da cidade ficou sob controle da Jordânia. Famílias palestinas expulsas de suas casas em Israel se mudaram para as áreas sob controle do Egito (Faixa de Gaza) e Jordânia (Cisjordânia) e vice-versa – famílias judias se deslocaram dessas áreas para o lado israelense. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel tomou esses territórios. Uma lei de 1970 devolveu aos israelenses propriedades perdidas em 1948. O despejo é baseado nessa lei. Não existe lei para os palestinos expropriados.

No sábado, dia 8, os muçulmanos comemoraram a Noite do Destino, quando o anjo Gabriel transmitiu ao profeta Maomé os primeiros versos do Alcorão. Na segunda-feira, ultranacionalistas judeus celebravam o Dia de Jerusalém, a tomada do lado leste, e planejavam uma marcha ao Muro das Lamentações passando pela principal rua do bairro muçulmano da Cidade Velha.

Na última vez em que estive em Jerusalém, em 2017, chamaram a minha atenção para casas no bairro muçulmano agora habitadas por judeus ortodoxos, que expandem continuamente sua presença, muitas vezes com ajuda do governo israelense, em áreas tradicionalmente ocupadas pelos árabes.  O governo de Joe Biden entrou em campo finalmente no domingo. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, telefonou para seu equivalente israelense, Meir Ben-Shabbat, pedindo medidas de distensão. A marcha foi desviada do bairro muçulmano e o procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, pediu o adiamento da audiência na Corte Suprema.

A distensão não interessava ao Hamas, que se nutre do confronto, e começou a lançar seus foguetes da Faixa de Gaza, às 18 horas locais de segunda-feira, depois de dar um ultimato a Israel para garantir o acesso irrestrito dos fiéis à Al-Aqsa. 

O premiê, Binyamin Netanyahu,  por sua vez, enfraquecido por processos por corrupção e sem ter conseguido formar governo após as eleições de março, viu no conflito a chance de atualizar sua principal credencial, de guardião da segurança de Israel. A cada três anos, em média, os militares israelenses desbastam a infraestrutura militar do Hamas, alimentada por mísseis e artilharia do Irã.

De sua parte, os EUA destinam US$ 3 bilhões ao ano em ajuda militar a Israel. Pressionado pela esquerda democrata para ser mais duro, Biden não quer melindrar Israel, porque precisa que o país não atrapalhe sua tentativa de novo acordo nuclear com o Irã. E Israel lembrou os EUA de que pode fazer isso, com o ataque cibernético às instalações nucleares iranianas de Natanz, dia 10 de abril. 

É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.