A Marinha assumiu, desde quarta-feira, 25, a coordenação das buscas pelas vítimas da queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no Rio Tocantins, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Até a tarde desta quinta, 26, nove pessoas ainda estavam desaparecidas e oito já foram encontradas.
A localização dos corpos tem sido um desafio para os mergulhadores, em razão das características do rio, como água turva e correnteza, além das as presenças de escombros da própria estrutura colapsada e de materiais tóxicos que estavam sendo transportados por caminhões que caíram na água.
O trabalho de buscas conta com a ajuda do Corpo de Bombeiros dos Estados do Pará, Tocantins e Maranhão. Ao todo, 29 mergulhadores, sendo seis da Marinha, trabalhavam até esta quinta na localização dos corpos. Mas, foi anunciado o reforço de mais 18 mergulhadores, que deverão chegar nesta sexta-feira, 27.
De acordo com a Marinha, 79 militares atuam na força-tarefa das buscas. Outros 20 oficiais trabalham de forma remota de Belém, capital paraense, em tarefas de logística e planejamento.
Estão sendo empregados nas buscas, ao menos, três embarcações, duas motos aquáticas, um helicóptero e seis viaturas, segundo última atualização da Marinha. Ainda na tarde desta quinta-feira (26), pousou no aeroporto de Imperatriz uma aeronave KC-390, da Força Aérea Brasileira, que trazia, do Rio de Janeiro, uma câmara hiperbárica da Marinha, que permitirá a realização de mergulhos de profundidades maiores que 30 metros.
Existe a previsão de a equipe contar, também, com um médico hiperbárico, dois enfermeiros hiperbáricos e um operador da empresa Geosaker, especializada em inspeções subaquáticas que está auxiliando de forma voluntária nas buscas, que também devem chegar nos próximos dias.
As principais dificuldades enfrentadas pelos mergulhadores são o nível de profundidade do Rio Tocantins, que chega a 48 metros - o que exige o uso de mais cilindros de oxigênio -, a baixa visibilidade da água (como pode ser visto no vídeo) e a existência na água de escombros, concreto e vergalhões, que podem se deslocar, enroscar e provocar lesões à equipe de mergulho.
Além disso, a possível presença de materiais tóxicos no rio, como ácido sulfúrico, que é corrosivo, altamente perigoso para a saúde humana e danoso aos materiais de mergulho (como os cilindros), faz a Marinha analisar qualidade a água toda manhã antes de começar as buscas.
Os mergulhos são autorizados somente depois de confirmada as condições seguras para entrar no rio. Para isso, os oficiais possuem um laboratório do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), usado para análise de amostras de água. Mesmo assim, as equipes precisam passar por um controlado processo de higienização das roupas e e descontaminação dos materiais após saírem do rio.
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Por conta disso, também está sendo utilizado nas buscas um sonar “sidescan”, um instrumento que ajuda a identificar a posição dos veículos submersos. A ferramenta ajuda a garantir que os mergulhadores atuem de forma mais precisa e otimizada dentro do tempo diário que eles têm disponível.
Nesta quinta, a Marinha ganhou o reforço de mais equipamentos específicos para realizar mergulho a ar dependente (MARDEP), que pode ser utilizado a uma profundidade de até 57 metros, e dispositivos que darão ainda mais precisão às buscas, como três veículos submarinos do tipo ROV, que são pilotados de forma remota e têm capacidade para explorar águas profundas.
A Polícia Federal, que também contribui com as buscas, anunciou o uso de dois drones subaquáticos para ajudar a localizar as vítimas e os caminhões submersos. O trabalho é realizado pelo Núcleo de Polícia Marítima da Polícia Federal, que fará uma varredura no Rio Tocantins. Um drone subaquático da Transpetro também está sendo utilizado.
Acidente
No último domingo, 22, a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, de 533 metros e mais de 60 anos, teve parte da sua estrutura colapsada. A estrutura faz parte de um eixo rodoviário importante para a região Norte, por ser ponto de travessia das rodovias BR-226 (Belém-Brasília) e BR-230 (Transamazônica).
Ao todo 10 veículos, entre carros, caminhões e motocicletas, foram atingidos pelo acidentes. Dois caminhões carregavam ácido sulfúrico e um, que transportava defensivos agrícolas, caíram no Rio Tocantins.
Veja as identidades das vítimas da queda da ponte:
- Resgatado com Vida: Jairo Silva Rodrigues (36 anos);
- Mortes confirmadas: Lorena Rodrigues Ribeiro (25 anos), Lorrane Cidronio de Jesus (11 anos), Kecio Francisco Santos Lopes (42 anos), Andreia Maria de Sousa (45 anos), Anisio Padilha Soares (43 anos) e Silvana dos Santos Rocha Soares (53 anos);
- Desaparecidos ou sem morte confirmada: Beroaldo dos Santos (51 anos), Alessandra do Socorro Ribeiro (50 anos), Salmon Alves Santos (65 anos), Felipe Giuvannuci Ribeiro (10 anos), Cássia de Sousa Tavares (34 anos), Cecília Tavares Rodrigues (3 anos), Marçon Gley Ferreira, Osmarina da Silva Carvalho (48 anos), Gessimar Ferreira (38 anos), Ailson Gomes Carneiro (57 anos) e Elisangela Santos das Chagas (50 anos).