Mais de 10 mil próteses de pé com peças produzidas em alumínio excedente da fábrica da Toyota em Porto Feliz (SP) devem chegar ao mercado em 2023. A montadora doou à empresa brasileira Revo, de Porto Alegre (RS), 1.200 quilos do metal usado da fundição de blocos e cabeçotes de motores. A previsão é que, ainda em 2022, sejam produzidos ao menos mil desses equipamentos ortopédicos, que poderão ser vendidos a preços mais acessíveis do que os feitos em fibra de carbono.
A iniciativa une sustentabilidade, mobilidade, tecnologia assistiva, reduz o desperdício de um metal de alta qualidade, dá novo uso a esse material de alto valor e ainda joga luz sobre o universo das pessoas com deficiência.
De acordo com a Revo, as próteses têm módulos, o que permite adquirir uma inteira e depois fazer a manutenção trocando peças, sem a necessidade de comprar outro equipamento inteiro. A inclusão do alumínio torna o dispositivo mais leve, resistente e durável do que aqueles com itens de madeira. A própria Toyota anunciou que irá doar 30 próteses para instituições que atendem pessoas com deficiência.
Tubarões não morderam - Em 2020, Lucas Strasburg Ferreira, estudante de engenharia do Rio Grande do Sul, participou do programa Shark Tank Brasil (Sony Channel). Ele apresentou a prótese de pé batizada de 'Revo Foot', de custo menor do que as opções encontradas no mercado, com desenvolvimento biomecânico e ergonômico, design atualizado, base tecnológica inovadora de materiais e sistema construtivo.
Por ironia do destino, ou talvez porque empresários e investidores brasileiros desconheçam o poder do mercado de produtos e serviços para pessoas com deficiência, o projeto de Lucas não atraiu o interesse dos 'tubarões', mas entre os telespectadores estava Jeff Plentz, da techtools ventures, uma gestora de investimentos privados em ciência, tecnologia e inovação na área da saúde. Ele procurou por Lucas e investiu na 'Revo Foot'.
Atualmente, as próteses são fabricadas no Rio Grande do Sul, por meio de parcerias da Revo com fornecedores locais, entre eles a Drizzare, empresa que produz componentes injetados em alumínio.
Faz parte do projeto a oferta das próteses à rede pública de saúde, para que substituam os pé de madeira distribuídos atualmente a pessoas com amputações.