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O Ministério da Saúde não definiu data para vacinar a população com deficiência contra a covid-19, grupo incluído nesta semana na lista prioritária, e culpa os fornecedores dos medicamentos. No plano nacional, documento com 190 páginas, a pasta afirma que "todos os grupos elencados serão contemplados com a vacinação", mas faz uma ressalva sobre a quantidade de doses.
"O PNI reforça que todos os grupos elencados serão contemplados com a vacinação, entretanto de forma escalonada e na sequência definida no quadro 1 por conta de não dispor de doses de vacinas imediatas para vacinar todos os grupos em etapa única. Ainda, não há possibilidade de definir as datas do início da vacinação dos grupos ainda não atendidos, por não haver, por parte dos fornecedores, cronograma regular de entrega de doses das Vacinas COVID-19. Cabe ressaltar que ao longo da campanha poderão ocorrer alterações na sequência de prioridades descritas no quadro 1 e/ou subdivisões de alguns estratos populacionais, bem como a inserção de novos grupos, à luz de novas evidências sobre a doença, situação epidemiológica e das vacinas COVID-19. Essas alterações, caso venham ser necessárias, terão detalhamento por meio dos informes técnicos no decorrer da campanha", informa o ministério.
"Além dos indivíduos com maior risco para agravamento e óbito devido às condições clínicas e demográficas, existem ainda grupos com elevado grau de vulnerabilidade social e, portanto, suscetíveis a um maior impacto ocasionado pela covid-19", diz o ministério.
"Pessoas com deficiência têm encontrado diversas barreiras para adesão a medidas não farmacológicas", ressalta a pasta.
Na tabela atualizada do plano, 6.472 pessoas com deficiência que vivem em instituições e 7.749.058 com deficiências permanentes foram incluídas.
"Pessoas com deficiência que vivem em residência inclusiva (RI), que é uma unidade ofertada pelo Serviço de Acolhimento Institucional, para jovens e adultos com deficiência", esclarece o documento. "Deficiência autodeclarada e documento que comprove a residência. Orienta-se a vacinação no local, contemplando também os trabalhadores desses locais", ressalta o ministério.
"Para fins de inclusão na população-alvo para vacinação, serão considerados indivíduos com deficiência permanente aqueles que apresentem uma ou mais das seguintes limitações: 1 - Limitação motora que cause grande dificuldade ou incapacidade para andar ou subir escadas. 2 - Indivíduos com grande dificuldade ou incapacidade de ouvir mesmo com uso de aparelho auditivo. 3- Indivíduos com grande dificuldade ou incapacidade de enxergar mesmo com uso de óculos. 4- Indivíduos com alguma deficiência intelectual permanente que limite as suas atividades habituais, como trabalhar, ir à escola, brincar, etc", detalha o ministério.
Clique aqui para ler e baixar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19
O Ministério da Saúde manifestou nesta semana a intenção de compra de mais 30 milhões de doses da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan. A expectativa é de receber o novo lote entre outubro e dezembro. Essa remessa se somará aos 100 milhões de doses já compradas do imunizante. O instituto paulista diz que a proposta está sob análise.
Até agora, o Butantan já entregou 9,8 milhões. A previsão é de entregar até abril, ao todo, 46 milhões. Outros 54 milhões de unidades restantes serão enviados até o fim de agosto. As previsões, no entanto, podem ser alteradas por causa da dificuldade de o Butantan conseguir os insumos para fabricar a vacina, que vêm da China. Em janeiro, a demora de Pequim para a liberação dessa matéria-prima atrasou o cronograma.
A gestão João Doria (PSDB) culpou a falta de organização do ministério e de habilidade diplomática do governo Jair Bolsonaro pelo atraso na liberação dos insumos, que só chegaram ao Brasil no dia 3. A partir do próximo dia 23 está prevista a entrega de 3,4 milhões de doses, em oito entregas diárias de 426 mil. Com isso, a previsão é entregar só 30% das vacinas previstas para fevereiro no contrato. A mudança de planos motivou nova troca de farpas entre governo paulista e ministério.
O governo federal tem sido cobrado para aumentar a oferta de doses, ao mesmo tempo em que prefeituras anunciam interrupções nos planos de vacinação por causa da quantidade restrita de imunizantes. Após rejeitar ofertas de fabricantes com vacinas de alta eficácia, como a da farmacêutica americana Pfizer, a gestão Bolsonaro tem investido em negociações com laboratórios russo e indiano para a compra da Sputinik e da Covaxin, respectivamente. Esses dois produtos, porém, ainda não têm liberação de uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Na coletiva desta sexta-feira, 19, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que o instituto enviou três ofícios ao ministério no ano passado oferecendo 160 milhões de doses da vacina. Segundo ele, a pasta ignorou todos.
"Vamos colocar a responsabilidade em quem tem responsabilidade. Estão aqui os ofícios que foram encaminhados ao Ministério da Saúde ofertando vacinas", disse Covas.
O primeiro foi enviado em 30 de julho de 2020. "Ofertamos nessa oportunidade 60 milhões de doses de vacinas prontas para entrega ainda em 2020 e 100 milhões para serem entregues em 2021. Não tivemos resposta", acrescentou o diretor. Ele afirmou também que novos ofícios foram enviados em outubro e dezembro e também não tiveram retorno. "A resposta saiu na assinatura do contrato, em 7 de janeiro. Um mês e pouco atrás foi quando assinamos o contrato com o ministério".
Com informações do saude.estadao.com.br.
Vídeos produzidos por Helpvox com a versão da reportagem na Língua Brasileira de Sinais pela tradutora e intérprete Milena Silva.
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