A inclusão de publicações acessíveis em livrarias e bibliotecas é muito restrita. Embora os audiolivros estejam em expansão, há pouca oferta de conteúdo em formatos específicos, principalmente para quem tem deficiências visuais. A tecnologia ajuda muito e, entre o público mais jovem, softwares para narração do texto fazem bastante sucesso.
Uma barreira destacada por editoras é o custo para essa produção, algo que requer tecnologia e especialização. Dessa forma, é mínima a quantidade de títulos que chegam ao público com todos os recursos possíveis de acessibilidade.
A Kisoul, empresa especializada na implementação e gestão de bibliotecas corporativas, tem conseguido ampliar a presença de livros acessíveis nos espaços de leitura de seus clientes e, por consequência, promovido a inclusão de fato, levando mais conhecimento sobre a diversidade ao dia a dia das organizações.
"Sempre notei que pessoas com o hábito da leitura se desenvolvem melhor no trabalho e nas relações pessoais, isso é algo bem claro", conta o empresário André Uzum, fundador da Kisoul. O nome não tem definição específica, mas pode ser compreendido a partir do 'ki' ('qi', também grafado 'ch'i'), elemento da cultura tradicional chinesa que se manifestaria como uma força cósmica que criou e permeia todo o universo, e 'soul', tradução em inglês para 'alma'.
A primeira biblioteca corporativa montada por Uzum nasceu três anos atrás, dentro da companhia Network1, onde ele trabalhava na área de marketing. "Essa primeira experiência me levou a sair da empresa e fundar a Kisoul", diz. "Foi o primeiro projeto, no primeiro cliente, e permanece até hoje, bem forte", celebra.
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ACESSIBILIDADE - A DOW Química, multinacional com sólido projeto para contratação e promoção de profissionais com deficiência - integrante da Rede de Empresas pela Inclusão Social (REIS) -, foi uma das companhias que tiveram bibliotecas organizadas pela Kisoul.
"Ficava ao lado da área do café e era muito gratificante acompanhar as reações dos funcionários quando chegavam ao espaço que nós havíamos construído. Até que, certo dia, um colaborador cego passou pelo local, pegou um café e foi embora sem sequer notar o que existia lá", conta o empresário. "Foi um 'estalo' de que aquilo estava incompleto", diz André Uzum. "No dia seguinte, comecei a buscar apoio e encontrei a Fundação Dorina Nowill para Cegos", relembra.
Desde outubro de 2016, a parceria com a Fundação Dorina permite à Kisoul oferecer a seus clientes livros impressos em braile, com fonte ampliada, e também versões em áudio. Esse material fica disponível nas bibliotecas das empresas.
"Além de levar os livros acessíveis, a Kisoul também faz a ligação entre as pessoas com deficiência visual e a Fundação, que tem uma biblioteca digital acessível que é imensa", explica o empresário. "Também fazemos parte de uma rede de leitura inclusiva organizada pela Dorina", diz.
Outra atividade incorporada à rotina Kisoul, a partir dessa imersão no universo da pessoas com deficiência, é a conscientização dentro das empresas sobre como uma pessoa cega lê.
"No começo de qualquer novo projeto, perguntamos sobre a presença de colaboradores com deficiência visual entre os funcionários, e se esses empregados têm o habito da leitura", conta Uzum. "A informação sobre os livros acessíveis é sempre coletiva, exatamente para ampliar a compreensão sobre a acessibilidade", ressalta.
O fundador da Kisoul conta que há bastante retorno positivo por parte dos usuários das bibliotecas e também no que diz respeito ao uso da plataforma da Fundação Dorina, com muitos elogios.
"Cada livro tem um código e, por isso, conseguimos mensurar o movimento das bibliotecas, identificando a quantidade de livros lidos no mês. Temos quatro clientes em trabalho atualmente (Instituto Ayrton Senna, Bayer, Network 1 e mais uma companhia que ainda não pode ser divulgada), com 15 títulos acessíveis impressos em circulação neste momento e aproximadamente 30 em estoque", diz Uzum.
BARREIRAS E FACILIDADES - Para o fundador da Kisoul, a produção de livros impressos em formatos acessíveis ainda é um grande desafio por questões de custo e tamanho. "Acredito que o caminho é a publicação digital para ser mais inclusivo, em áudio, também nos formatos Daisy e ePUB", defende o empresário.
"Percebo uma forte preocupação com a inclusão nas empresas que atendemos, com pensamento volta à acessibilidade dos livros", comenta André Uzum.
Para 2019, a meta da Kisoul é ampliar a oferta de títulos e também trabalhar para conseguir oferecer outros tipos de acessibilidade nas bibliotecas, considerando as necessidades de pessoas com deficiência físicas, intelectuais e auditivas.
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