Diversidade e Inclusão

Voz e ativismo para inclusão das pessoas com deficiência


Domingos Sávio é cego e apresenta o programa 'Resgatando a Cidadania', na Rádio Folha FM, de Recife (PE). Criador do Microfone Braille, uma homenagem a quem atua pelas pessoas com deficiência no Brasil, o radialista fala ao #blogVencerLimites sobre o uso comercial da acessibilidade, afirma que as instituições de luta estão apagadas, faz um alerta sobre falta de incentivo público à tecnologia assistiva, destaca o baixo conhecimento sobre a deficiência visual nos projetos de educação inclusiva e critica a representatividade na mídia. "É sempre um cego bonito que tem cão-guia e frequenta restaurantes de luxo".

Por Luiz Alexandre Souza Ventura

Ouça essa reportagem com Audima no player acima ou acompanhe a tradução em Libras com Hand Talk no botão azul à esquerda.

continua após a publicidade
reference

continua após a publicidade

Quem escuta aos sábados a Rádio Folha FM, de Recife, conhece bem o trabalho de Domingos Sávio, apresentador do programa 'Resgatando a Cidadania', que vai ao ar entre 12h e 13h30. Criada para lançar luz sobre a inclusão da pessoa com deficiência, a atração estreou em 10 de março de 2018, produzida pelo radialista, que é cego e usa o espaço para destacar os temas fundamentais desse universo, mas com a avaliação de quem convive com a exclusão, a discriminação e as barreiras sociais.

"Quase tudo o que vem sendo feito para a acessibilidade tem cunho comercial", diz Domingos. "Nossas entidades de luta, que foram brilhantes nos anos 1980 e 1990, apagaram as luzes. E aí ficamos apenas nas mãos do comércio", comenta o radialista.

O apresentador afirma que o País não incentiva a produção independente de tecnologia assistiva. "Quando um estudante ou um acadêmico desenvolvem um novo recurso que, muitas vezes, supera outros no mercado, falta incentivo do governo para que ele (o inventor) leve em frente a sua patente", destaca.

continua após a publicidade

Para Domingos Sávio, há muita criação e pouca efetividade nas tecnologias disponíveis às pessoas com deficiência. "Pergunte um professor de qualquer área da educação inclusiva sobre o que ele realmente sabe, de maneira aprofundada, a respeito da audiodescrição ou das ferramentas de voz para cegos. Pergunte o que ele sabe sobre o apoio a quem, por exemplo, tem atrofias. Uma pequena parcela sabe falar sobre isso ou usar essas ferramentas", diz.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=972754082890014&set=a.140502499448514&type=3

continua após a publicidade

MICROFONE BRAILLE - Em 2009, quando morava em Cubatão, no litoral sul de SP, após concluir o curso de radialista no Senac de Santos, Domingos Sávio decidiu criar o 'Microfone Braille', um referendo para homenagear pessoas, instituições e serviços dedicados à população com deficiência.

"Na formatura do Senac, quando recebi o certificado, sentei na primeira fila do auditório. Estava sozinho, longe de meus parentes e de minha terra natal. Peguei meu canudo, voltei a me sentar na cadeira e pensei no que iria fazer com minha profissão para favorecer as pessoas com deficiência", conta Domingos.

continua após a publicidade

"Eu não havia me formado para apresentar no rádio algo voltado a um segmento. Entretanto, notava desde quando fui coordenador de esportes para pessoas com deficiência visual na Associação Pernambucana de Cegos, uma lacuna de informações sobre as potencialidades e as limitações dessas pessoas, sempre tratadas com preconceito e discriminação. Então, como radialista e ativista da política de inclusão, juntei as duas vertentes", ressalta.

A primeira edição do Microfone Braille foi realizada no plenário da Câmara Municipal de Cubatão, no dia 04 de Dezembro de 2009. Neste ano, em 29 de novembro, a 11ª edição será em Recife, no auditório dos Instituto dos Cegos 'Antônio Pessoa de Queiroz'. Atualmente, o evento tem lançamento de CDs e livros, apresentação de trabalhos universitários e artigos científicos, sempre na temática da inclusão. Serão 23 homenageados e oito palestrantes de todo o País, além de uma loja de materiais adaptados para cegos e obras de diversos artistas com deficiências.

continua após a publicidade
 Foto: Estadão

Domingos Sávio nasceu em Macaparana (PE) no dia 23 de fevereiro de 1970 e foi registrado pelo pai somente em 18 de março. "Comemoro meu aniversário no dia 23", explica o radialista. Mora atualmente em Igarassu, na região metropolitana de Recife. É casado com a pedagoga Adryana. O casal tem dois filhos, Rodrigo e Yasmim.

O apresentador tem Retinose Pigmentar, condição que também afeta quatro de seus seis irmãos (José Muniz, Severino, Judite a Aparecida). Outras duas irmãs não tem deficiência visual.

"Meu pai, Adélio, e minha mãe, Eurides, tiveram sete filhos. Em Macaparana, não havia, anos 1960 e 1970, acesso à informação de médicos para nos orientar sobre o nascimento de tantos filhos com cegueira. Eu e meus irmãos tivemos, como caminho para ajudar nossos pais a criar os irmãos mais novos, que tocar nas feiras de Pernambuco e da Paraíba", conta Domingos, que mantém a música como atividade profissional até hoje, na banda de forró Luar do Sertão, que nasceu no ano 2.000, formada por músicos com deficiência visual.

https://www.facebook.com/307662126333356/videos/312314425868126/

"Meu irmão mais velho conheceu na igreja anjos que nos ajudaram a chegar até o Instituto de Cegos do Recife, uma instituição de educação especial, mesmo já se falando na escola integrada para pessoas com deficiência no Brasil", lembra Domingos, que se formou em música no instituto e em pedagogia na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).

Formando também como telefonista pela TELPE (Telecomunicações de Pernambuco), foi aprovado em 1993 no concurso da Secretaria Estadual da Saúde de Pernambuco e trabalhou durante 17 anos na Santa Casa de Recife. Também foi coordenador da política de inclusão para pessoas com deficiência da Prefeitura de Igarassu, trabalhou nas rádios Dom Bosco de Abreu e Lima, Rádio Planalto AM e Guarany de Camaragibe, ambas da região metropolitana de Recife.

Atuou ainda na Rádio Nova Esperança FM, de Cubatão, e Rádio Atlântica, emissora do Grupo ABC, em Santos.

"Como apresentador de um programa de rádio que potencializa as pessoas com deficiência, devo dizer que somos apresentados sempre nos extremos. Em uma novela, é um cego bonito e que tem um cão-guia e frequenta restaurantes de luxo, ou uma bela garota que tem carro. Bom seria se as calçadas, as feiras-livres, o transporte coletivo, os cinemas e os filmes fossem pensados para atender o coletivo, sem deixar ninguém à margem. É justo reconhecer tudo o que vem sendo feito e apresentado sobre esse segmento, mesmo que pontuais, para ampliar o debate e apontar novos horizontes", completa Domingos Sávio.

reference

Mande mensagem, crítica ou sugestão para blogVencerLimites@gmail.com

Acompanhe o #blogVencerLimites nas redes sociais

YouTube

Ouça essa reportagem com Audima no player acima ou acompanhe a tradução em Libras com Hand Talk no botão azul à esquerda.

reference

Quem escuta aos sábados a Rádio Folha FM, de Recife, conhece bem o trabalho de Domingos Sávio, apresentador do programa 'Resgatando a Cidadania', que vai ao ar entre 12h e 13h30. Criada para lançar luz sobre a inclusão da pessoa com deficiência, a atração estreou em 10 de março de 2018, produzida pelo radialista, que é cego e usa o espaço para destacar os temas fundamentais desse universo, mas com a avaliação de quem convive com a exclusão, a discriminação e as barreiras sociais.

"Quase tudo o que vem sendo feito para a acessibilidade tem cunho comercial", diz Domingos. "Nossas entidades de luta, que foram brilhantes nos anos 1980 e 1990, apagaram as luzes. E aí ficamos apenas nas mãos do comércio", comenta o radialista.

O apresentador afirma que o País não incentiva a produção independente de tecnologia assistiva. "Quando um estudante ou um acadêmico desenvolvem um novo recurso que, muitas vezes, supera outros no mercado, falta incentivo do governo para que ele (o inventor) leve em frente a sua patente", destaca.

Para Domingos Sávio, há muita criação e pouca efetividade nas tecnologias disponíveis às pessoas com deficiência. "Pergunte um professor de qualquer área da educação inclusiva sobre o que ele realmente sabe, de maneira aprofundada, a respeito da audiodescrição ou das ferramentas de voz para cegos. Pergunte o que ele sabe sobre o apoio a quem, por exemplo, tem atrofias. Uma pequena parcela sabe falar sobre isso ou usar essas ferramentas", diz.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=972754082890014&set=a.140502499448514&type=3

MICROFONE BRAILLE - Em 2009, quando morava em Cubatão, no litoral sul de SP, após concluir o curso de radialista no Senac de Santos, Domingos Sávio decidiu criar o 'Microfone Braille', um referendo para homenagear pessoas, instituições e serviços dedicados à população com deficiência.

"Na formatura do Senac, quando recebi o certificado, sentei na primeira fila do auditório. Estava sozinho, longe de meus parentes e de minha terra natal. Peguei meu canudo, voltei a me sentar na cadeira e pensei no que iria fazer com minha profissão para favorecer as pessoas com deficiência", conta Domingos.

"Eu não havia me formado para apresentar no rádio algo voltado a um segmento. Entretanto, notava desde quando fui coordenador de esportes para pessoas com deficiência visual na Associação Pernambucana de Cegos, uma lacuna de informações sobre as potencialidades e as limitações dessas pessoas, sempre tratadas com preconceito e discriminação. Então, como radialista e ativista da política de inclusão, juntei as duas vertentes", ressalta.

A primeira edição do Microfone Braille foi realizada no plenário da Câmara Municipal de Cubatão, no dia 04 de Dezembro de 2009. Neste ano, em 29 de novembro, a 11ª edição será em Recife, no auditório dos Instituto dos Cegos 'Antônio Pessoa de Queiroz'. Atualmente, o evento tem lançamento de CDs e livros, apresentação de trabalhos universitários e artigos científicos, sempre na temática da inclusão. Serão 23 homenageados e oito palestrantes de todo o País, além de uma loja de materiais adaptados para cegos e obras de diversos artistas com deficiências.

 Foto: Estadão

Domingos Sávio nasceu em Macaparana (PE) no dia 23 de fevereiro de 1970 e foi registrado pelo pai somente em 18 de março. "Comemoro meu aniversário no dia 23", explica o radialista. Mora atualmente em Igarassu, na região metropolitana de Recife. É casado com a pedagoga Adryana. O casal tem dois filhos, Rodrigo e Yasmim.

O apresentador tem Retinose Pigmentar, condição que também afeta quatro de seus seis irmãos (José Muniz, Severino, Judite a Aparecida). Outras duas irmãs não tem deficiência visual.

"Meu pai, Adélio, e minha mãe, Eurides, tiveram sete filhos. Em Macaparana, não havia, anos 1960 e 1970, acesso à informação de médicos para nos orientar sobre o nascimento de tantos filhos com cegueira. Eu e meus irmãos tivemos, como caminho para ajudar nossos pais a criar os irmãos mais novos, que tocar nas feiras de Pernambuco e da Paraíba", conta Domingos, que mantém a música como atividade profissional até hoje, na banda de forró Luar do Sertão, que nasceu no ano 2.000, formada por músicos com deficiência visual.

https://www.facebook.com/307662126333356/videos/312314425868126/

"Meu irmão mais velho conheceu na igreja anjos que nos ajudaram a chegar até o Instituto de Cegos do Recife, uma instituição de educação especial, mesmo já se falando na escola integrada para pessoas com deficiência no Brasil", lembra Domingos, que se formou em música no instituto e em pedagogia na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).

Formando também como telefonista pela TELPE (Telecomunicações de Pernambuco), foi aprovado em 1993 no concurso da Secretaria Estadual da Saúde de Pernambuco e trabalhou durante 17 anos na Santa Casa de Recife. Também foi coordenador da política de inclusão para pessoas com deficiência da Prefeitura de Igarassu, trabalhou nas rádios Dom Bosco de Abreu e Lima, Rádio Planalto AM e Guarany de Camaragibe, ambas da região metropolitana de Recife.

Atuou ainda na Rádio Nova Esperança FM, de Cubatão, e Rádio Atlântica, emissora do Grupo ABC, em Santos.

"Como apresentador de um programa de rádio que potencializa as pessoas com deficiência, devo dizer que somos apresentados sempre nos extremos. Em uma novela, é um cego bonito e que tem um cão-guia e frequenta restaurantes de luxo, ou uma bela garota que tem carro. Bom seria se as calçadas, as feiras-livres, o transporte coletivo, os cinemas e os filmes fossem pensados para atender o coletivo, sem deixar ninguém à margem. É justo reconhecer tudo o que vem sendo feito e apresentado sobre esse segmento, mesmo que pontuais, para ampliar o debate e apontar novos horizontes", completa Domingos Sávio.

reference

Mande mensagem, crítica ou sugestão para blogVencerLimites@gmail.com

Acompanhe o #blogVencerLimites nas redes sociais

YouTube

Ouça essa reportagem com Audima no player acima ou acompanhe a tradução em Libras com Hand Talk no botão azul à esquerda.

reference

Quem escuta aos sábados a Rádio Folha FM, de Recife, conhece bem o trabalho de Domingos Sávio, apresentador do programa 'Resgatando a Cidadania', que vai ao ar entre 12h e 13h30. Criada para lançar luz sobre a inclusão da pessoa com deficiência, a atração estreou em 10 de março de 2018, produzida pelo radialista, que é cego e usa o espaço para destacar os temas fundamentais desse universo, mas com a avaliação de quem convive com a exclusão, a discriminação e as barreiras sociais.

"Quase tudo o que vem sendo feito para a acessibilidade tem cunho comercial", diz Domingos. "Nossas entidades de luta, que foram brilhantes nos anos 1980 e 1990, apagaram as luzes. E aí ficamos apenas nas mãos do comércio", comenta o radialista.

O apresentador afirma que o País não incentiva a produção independente de tecnologia assistiva. "Quando um estudante ou um acadêmico desenvolvem um novo recurso que, muitas vezes, supera outros no mercado, falta incentivo do governo para que ele (o inventor) leve em frente a sua patente", destaca.

Para Domingos Sávio, há muita criação e pouca efetividade nas tecnologias disponíveis às pessoas com deficiência. "Pergunte um professor de qualquer área da educação inclusiva sobre o que ele realmente sabe, de maneira aprofundada, a respeito da audiodescrição ou das ferramentas de voz para cegos. Pergunte o que ele sabe sobre o apoio a quem, por exemplo, tem atrofias. Uma pequena parcela sabe falar sobre isso ou usar essas ferramentas", diz.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=972754082890014&set=a.140502499448514&type=3

MICROFONE BRAILLE - Em 2009, quando morava em Cubatão, no litoral sul de SP, após concluir o curso de radialista no Senac de Santos, Domingos Sávio decidiu criar o 'Microfone Braille', um referendo para homenagear pessoas, instituições e serviços dedicados à população com deficiência.

"Na formatura do Senac, quando recebi o certificado, sentei na primeira fila do auditório. Estava sozinho, longe de meus parentes e de minha terra natal. Peguei meu canudo, voltei a me sentar na cadeira e pensei no que iria fazer com minha profissão para favorecer as pessoas com deficiência", conta Domingos.

"Eu não havia me formado para apresentar no rádio algo voltado a um segmento. Entretanto, notava desde quando fui coordenador de esportes para pessoas com deficiência visual na Associação Pernambucana de Cegos, uma lacuna de informações sobre as potencialidades e as limitações dessas pessoas, sempre tratadas com preconceito e discriminação. Então, como radialista e ativista da política de inclusão, juntei as duas vertentes", ressalta.

A primeira edição do Microfone Braille foi realizada no plenário da Câmara Municipal de Cubatão, no dia 04 de Dezembro de 2009. Neste ano, em 29 de novembro, a 11ª edição será em Recife, no auditório dos Instituto dos Cegos 'Antônio Pessoa de Queiroz'. Atualmente, o evento tem lançamento de CDs e livros, apresentação de trabalhos universitários e artigos científicos, sempre na temática da inclusão. Serão 23 homenageados e oito palestrantes de todo o País, além de uma loja de materiais adaptados para cegos e obras de diversos artistas com deficiências.

 Foto: Estadão

Domingos Sávio nasceu em Macaparana (PE) no dia 23 de fevereiro de 1970 e foi registrado pelo pai somente em 18 de março. "Comemoro meu aniversário no dia 23", explica o radialista. Mora atualmente em Igarassu, na região metropolitana de Recife. É casado com a pedagoga Adryana. O casal tem dois filhos, Rodrigo e Yasmim.

O apresentador tem Retinose Pigmentar, condição que também afeta quatro de seus seis irmãos (José Muniz, Severino, Judite a Aparecida). Outras duas irmãs não tem deficiência visual.

"Meu pai, Adélio, e minha mãe, Eurides, tiveram sete filhos. Em Macaparana, não havia, anos 1960 e 1970, acesso à informação de médicos para nos orientar sobre o nascimento de tantos filhos com cegueira. Eu e meus irmãos tivemos, como caminho para ajudar nossos pais a criar os irmãos mais novos, que tocar nas feiras de Pernambuco e da Paraíba", conta Domingos, que mantém a música como atividade profissional até hoje, na banda de forró Luar do Sertão, que nasceu no ano 2.000, formada por músicos com deficiência visual.

https://www.facebook.com/307662126333356/videos/312314425868126/

"Meu irmão mais velho conheceu na igreja anjos que nos ajudaram a chegar até o Instituto de Cegos do Recife, uma instituição de educação especial, mesmo já se falando na escola integrada para pessoas com deficiência no Brasil", lembra Domingos, que se formou em música no instituto e em pedagogia na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).

Formando também como telefonista pela TELPE (Telecomunicações de Pernambuco), foi aprovado em 1993 no concurso da Secretaria Estadual da Saúde de Pernambuco e trabalhou durante 17 anos na Santa Casa de Recife. Também foi coordenador da política de inclusão para pessoas com deficiência da Prefeitura de Igarassu, trabalhou nas rádios Dom Bosco de Abreu e Lima, Rádio Planalto AM e Guarany de Camaragibe, ambas da região metropolitana de Recife.

Atuou ainda na Rádio Nova Esperança FM, de Cubatão, e Rádio Atlântica, emissora do Grupo ABC, em Santos.

"Como apresentador de um programa de rádio que potencializa as pessoas com deficiência, devo dizer que somos apresentados sempre nos extremos. Em uma novela, é um cego bonito e que tem um cão-guia e frequenta restaurantes de luxo, ou uma bela garota que tem carro. Bom seria se as calçadas, as feiras-livres, o transporte coletivo, os cinemas e os filmes fossem pensados para atender o coletivo, sem deixar ninguém à margem. É justo reconhecer tudo o que vem sendo feito e apresentado sobre esse segmento, mesmo que pontuais, para ampliar o debate e apontar novos horizontes", completa Domingos Sávio.

reference

Mande mensagem, crítica ou sugestão para blogVencerLimites@gmail.com

Acompanhe o #blogVencerLimites nas redes sociais

YouTube

Ouça essa reportagem com Audima no player acima ou acompanhe a tradução em Libras com Hand Talk no botão azul à esquerda.

reference

Quem escuta aos sábados a Rádio Folha FM, de Recife, conhece bem o trabalho de Domingos Sávio, apresentador do programa 'Resgatando a Cidadania', que vai ao ar entre 12h e 13h30. Criada para lançar luz sobre a inclusão da pessoa com deficiência, a atração estreou em 10 de março de 2018, produzida pelo radialista, que é cego e usa o espaço para destacar os temas fundamentais desse universo, mas com a avaliação de quem convive com a exclusão, a discriminação e as barreiras sociais.

"Quase tudo o que vem sendo feito para a acessibilidade tem cunho comercial", diz Domingos. "Nossas entidades de luta, que foram brilhantes nos anos 1980 e 1990, apagaram as luzes. E aí ficamos apenas nas mãos do comércio", comenta o radialista.

O apresentador afirma que o País não incentiva a produção independente de tecnologia assistiva. "Quando um estudante ou um acadêmico desenvolvem um novo recurso que, muitas vezes, supera outros no mercado, falta incentivo do governo para que ele (o inventor) leve em frente a sua patente", destaca.

Para Domingos Sávio, há muita criação e pouca efetividade nas tecnologias disponíveis às pessoas com deficiência. "Pergunte um professor de qualquer área da educação inclusiva sobre o que ele realmente sabe, de maneira aprofundada, a respeito da audiodescrição ou das ferramentas de voz para cegos. Pergunte o que ele sabe sobre o apoio a quem, por exemplo, tem atrofias. Uma pequena parcela sabe falar sobre isso ou usar essas ferramentas", diz.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=972754082890014&set=a.140502499448514&type=3

MICROFONE BRAILLE - Em 2009, quando morava em Cubatão, no litoral sul de SP, após concluir o curso de radialista no Senac de Santos, Domingos Sávio decidiu criar o 'Microfone Braille', um referendo para homenagear pessoas, instituições e serviços dedicados à população com deficiência.

"Na formatura do Senac, quando recebi o certificado, sentei na primeira fila do auditório. Estava sozinho, longe de meus parentes e de minha terra natal. Peguei meu canudo, voltei a me sentar na cadeira e pensei no que iria fazer com minha profissão para favorecer as pessoas com deficiência", conta Domingos.

"Eu não havia me formado para apresentar no rádio algo voltado a um segmento. Entretanto, notava desde quando fui coordenador de esportes para pessoas com deficiência visual na Associação Pernambucana de Cegos, uma lacuna de informações sobre as potencialidades e as limitações dessas pessoas, sempre tratadas com preconceito e discriminação. Então, como radialista e ativista da política de inclusão, juntei as duas vertentes", ressalta.

A primeira edição do Microfone Braille foi realizada no plenário da Câmara Municipal de Cubatão, no dia 04 de Dezembro de 2009. Neste ano, em 29 de novembro, a 11ª edição será em Recife, no auditório dos Instituto dos Cegos 'Antônio Pessoa de Queiroz'. Atualmente, o evento tem lançamento de CDs e livros, apresentação de trabalhos universitários e artigos científicos, sempre na temática da inclusão. Serão 23 homenageados e oito palestrantes de todo o País, além de uma loja de materiais adaptados para cegos e obras de diversos artistas com deficiências.

 Foto: Estadão

Domingos Sávio nasceu em Macaparana (PE) no dia 23 de fevereiro de 1970 e foi registrado pelo pai somente em 18 de março. "Comemoro meu aniversário no dia 23", explica o radialista. Mora atualmente em Igarassu, na região metropolitana de Recife. É casado com a pedagoga Adryana. O casal tem dois filhos, Rodrigo e Yasmim.

O apresentador tem Retinose Pigmentar, condição que também afeta quatro de seus seis irmãos (José Muniz, Severino, Judite a Aparecida). Outras duas irmãs não tem deficiência visual.

"Meu pai, Adélio, e minha mãe, Eurides, tiveram sete filhos. Em Macaparana, não havia, anos 1960 e 1970, acesso à informação de médicos para nos orientar sobre o nascimento de tantos filhos com cegueira. Eu e meus irmãos tivemos, como caminho para ajudar nossos pais a criar os irmãos mais novos, que tocar nas feiras de Pernambuco e da Paraíba", conta Domingos, que mantém a música como atividade profissional até hoje, na banda de forró Luar do Sertão, que nasceu no ano 2.000, formada por músicos com deficiência visual.

https://www.facebook.com/307662126333356/videos/312314425868126/

"Meu irmão mais velho conheceu na igreja anjos que nos ajudaram a chegar até o Instituto de Cegos do Recife, uma instituição de educação especial, mesmo já se falando na escola integrada para pessoas com deficiência no Brasil", lembra Domingos, que se formou em música no instituto e em pedagogia na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).

Formando também como telefonista pela TELPE (Telecomunicações de Pernambuco), foi aprovado em 1993 no concurso da Secretaria Estadual da Saúde de Pernambuco e trabalhou durante 17 anos na Santa Casa de Recife. Também foi coordenador da política de inclusão para pessoas com deficiência da Prefeitura de Igarassu, trabalhou nas rádios Dom Bosco de Abreu e Lima, Rádio Planalto AM e Guarany de Camaragibe, ambas da região metropolitana de Recife.

Atuou ainda na Rádio Nova Esperança FM, de Cubatão, e Rádio Atlântica, emissora do Grupo ABC, em Santos.

"Como apresentador de um programa de rádio que potencializa as pessoas com deficiência, devo dizer que somos apresentados sempre nos extremos. Em uma novela, é um cego bonito e que tem um cão-guia e frequenta restaurantes de luxo, ou uma bela garota que tem carro. Bom seria se as calçadas, as feiras-livres, o transporte coletivo, os cinemas e os filmes fossem pensados para atender o coletivo, sem deixar ninguém à margem. É justo reconhecer tudo o que vem sendo feito e apresentado sobre esse segmento, mesmo que pontuais, para ampliar o debate e apontar novos horizontes", completa Domingos Sávio.

reference

Mande mensagem, crítica ou sugestão para blogVencerLimites@gmail.com

Acompanhe o #blogVencerLimites nas redes sociais

YouTube

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.