Venezuelanos que migraram em busca do ‘sonho brasileiro’ perdem tudo com chuva do RS: ‘Traumatizado’


Estrangeiros relatam ter vivido nas ruas até conseguirem ‘casinha’, que acabou alagada pela enchente que atinge as cidades gaúchas. ‘Agora vamos ter que voltar a conquistar tudo de novo’

Por Paula Ferreira
Atualização:

A frustração do sonho de ter uma vida melhor não foi suficiente para apagar o otimismo das palavras e dos olhos de Javier Velasquez. Imigrante venezuelano, desde que chegou ao Brasil, o jovem já morou na rua, quase perdeu a filha para a malária e, agora, quando finalmente conquistou um pouco de conforto para a família, viu seus bens naufragarem na maior tragédia climática da história do Estado gaúcho.

Até o momento, segundo o último balanço, o pior desastre climático do Estado já provocou 147 mortes. Ao menos 127 pessoas estão desaparecidas. Entre desalojados e pessoas em abrigos já são mais de 619 mil. Mais de 2,1 milhões de pessoas já foram afetadas pelas chuvas. Ao todo, 76.470 pessoas e 10.814 foram resgatados.

Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, Velasquez saiu de casa com água pelo pescoço  Foto: Wilton Junior/Estadão
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Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, o venezuelano saiu de casa com água pelo pescoço e, no caminho, enquanto retirava a própria família, ajudou a salvar uma criança que se afogava.

“Moramos na rua por um ano e pouco, dormíamos em papelões. Foi bastante difícil, saímos do nosso país para chegar no Brasil e fazer uma vida nova. Começar do zero. Fomos conquistando, arrumamos um serviço, uma casinha, e agora vamos ter que voltar a conquistar tudo de novo. A gente tem que ter coragem e ter a mente positiva, aconteça o que acontecer”, disse Velasquez ao Estadão no abrigo onde está alojado, no Grêmio Náutico União.

Em solo brasileiro para fugir da crise na Venezuela, Velasquez não teve trégua desde que cruzou a fronteira. A lista de dificuldades, que ganhou um novo capítulo com as cheias do Rio Grande do Sul, obriga o jovem, mais uma vez, a recomeçar. Embora não admita desistir, sua mulher, Carina González, contou à reportagem que a dor de ver o pouco que tinha conquistado ser destruído tem feito com que o marido cogite até mesmo voltar para o país de origem.

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“Ele está traumatizado. A gente ficou sem nada. Para mim, o documento é o mais importante, porque não somos daqui. Perdi a certidão de nascimento da minha filha, emitida na Venezuela, e o CPF dela aqui no Brasil”, lamentou Carina.

Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul até que foi atingida pelos efeitos das enchentes Foto: Wilton Junior/Estadão

Assim como a família de Javier e Carina, os conterrâneos Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul. Mas a utopia virou pesadelo na semana passada quando as águas nas ruas começaram a subir.

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“Eu falei para minha tia que não contasse a minha mãe, que está na Venezuela, porque ano passado ela fez uma cirurgia do coração. Mas minha mãe começou a perguntar sobre a situação aqui no Rio Grande do Sul e eu tive que falar”, disse Abrahan Calzadilla.

Nos colchões ao lado, Endel Rodríguez, tem alguns pertences ao lado da cama. Entre eles, um baú de entregador do “Ifood”, onde guardou algumas poucas coisas para escapar da casa inundada. O imigrante trabalhava como entregador, mas a bicicleta que usava para fazer entregas ficou na casa, no bairro Floresta. Quando a vida voltar a andar, Rodríguez cogita mudar mais uma vez de endereço.

“Queria sair daqui. Recomeçar de novo aqui? Prefiro pegar minhas coisas e ir para outro Estado. São Paulo, Bahia, Goiás”, explica. “Se começarmos a pensar na parte ruim, não teremos como remediar. Temos que seguir em frente”, desabafou.

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A frustração do sonho de ter uma vida melhor não foi suficiente para apagar o otimismo das palavras e dos olhos de Javier Velasquez. Imigrante venezuelano, desde que chegou ao Brasil, o jovem já morou na rua, quase perdeu a filha para a malária e, agora, quando finalmente conquistou um pouco de conforto para a família, viu seus bens naufragarem na maior tragédia climática da história do Estado gaúcho.

Até o momento, segundo o último balanço, o pior desastre climático do Estado já provocou 147 mortes. Ao menos 127 pessoas estão desaparecidas. Entre desalojados e pessoas em abrigos já são mais de 619 mil. Mais de 2,1 milhões de pessoas já foram afetadas pelas chuvas. Ao todo, 76.470 pessoas e 10.814 foram resgatados.

Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, Velasquez saiu de casa com água pelo pescoço  Foto: Wilton Junior/Estadão

Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, o venezuelano saiu de casa com água pelo pescoço e, no caminho, enquanto retirava a própria família, ajudou a salvar uma criança que se afogava.

“Moramos na rua por um ano e pouco, dormíamos em papelões. Foi bastante difícil, saímos do nosso país para chegar no Brasil e fazer uma vida nova. Começar do zero. Fomos conquistando, arrumamos um serviço, uma casinha, e agora vamos ter que voltar a conquistar tudo de novo. A gente tem que ter coragem e ter a mente positiva, aconteça o que acontecer”, disse Velasquez ao Estadão no abrigo onde está alojado, no Grêmio Náutico União.

Em solo brasileiro para fugir da crise na Venezuela, Velasquez não teve trégua desde que cruzou a fronteira. A lista de dificuldades, que ganhou um novo capítulo com as cheias do Rio Grande do Sul, obriga o jovem, mais uma vez, a recomeçar. Embora não admita desistir, sua mulher, Carina González, contou à reportagem que a dor de ver o pouco que tinha conquistado ser destruído tem feito com que o marido cogite até mesmo voltar para o país de origem.

“Ele está traumatizado. A gente ficou sem nada. Para mim, o documento é o mais importante, porque não somos daqui. Perdi a certidão de nascimento da minha filha, emitida na Venezuela, e o CPF dela aqui no Brasil”, lamentou Carina.

Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul até que foi atingida pelos efeitos das enchentes Foto: Wilton Junior/Estadão

Assim como a família de Javier e Carina, os conterrâneos Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul. Mas a utopia virou pesadelo na semana passada quando as águas nas ruas começaram a subir.

“Eu falei para minha tia que não contasse a minha mãe, que está na Venezuela, porque ano passado ela fez uma cirurgia do coração. Mas minha mãe começou a perguntar sobre a situação aqui no Rio Grande do Sul e eu tive que falar”, disse Abrahan Calzadilla.

Nos colchões ao lado, Endel Rodríguez, tem alguns pertences ao lado da cama. Entre eles, um baú de entregador do “Ifood”, onde guardou algumas poucas coisas para escapar da casa inundada. O imigrante trabalhava como entregador, mas a bicicleta que usava para fazer entregas ficou na casa, no bairro Floresta. Quando a vida voltar a andar, Rodríguez cogita mudar mais uma vez de endereço.

“Queria sair daqui. Recomeçar de novo aqui? Prefiro pegar minhas coisas e ir para outro Estado. São Paulo, Bahia, Goiás”, explica. “Se começarmos a pensar na parte ruim, não teremos como remediar. Temos que seguir em frente”, desabafou.

A frustração do sonho de ter uma vida melhor não foi suficiente para apagar o otimismo das palavras e dos olhos de Javier Velasquez. Imigrante venezuelano, desde que chegou ao Brasil, o jovem já morou na rua, quase perdeu a filha para a malária e, agora, quando finalmente conquistou um pouco de conforto para a família, viu seus bens naufragarem na maior tragédia climática da história do Estado gaúcho.

Até o momento, segundo o último balanço, o pior desastre climático do Estado já provocou 147 mortes. Ao menos 127 pessoas estão desaparecidas. Entre desalojados e pessoas em abrigos já são mais de 619 mil. Mais de 2,1 milhões de pessoas já foram afetadas pelas chuvas. Ao todo, 76.470 pessoas e 10.814 foram resgatados.

Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, Velasquez saiu de casa com água pelo pescoço  Foto: Wilton Junior/Estadão

Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, o venezuelano saiu de casa com água pelo pescoço e, no caminho, enquanto retirava a própria família, ajudou a salvar uma criança que se afogava.

“Moramos na rua por um ano e pouco, dormíamos em papelões. Foi bastante difícil, saímos do nosso país para chegar no Brasil e fazer uma vida nova. Começar do zero. Fomos conquistando, arrumamos um serviço, uma casinha, e agora vamos ter que voltar a conquistar tudo de novo. A gente tem que ter coragem e ter a mente positiva, aconteça o que acontecer”, disse Velasquez ao Estadão no abrigo onde está alojado, no Grêmio Náutico União.

Em solo brasileiro para fugir da crise na Venezuela, Velasquez não teve trégua desde que cruzou a fronteira. A lista de dificuldades, que ganhou um novo capítulo com as cheias do Rio Grande do Sul, obriga o jovem, mais uma vez, a recomeçar. Embora não admita desistir, sua mulher, Carina González, contou à reportagem que a dor de ver o pouco que tinha conquistado ser destruído tem feito com que o marido cogite até mesmo voltar para o país de origem.

“Ele está traumatizado. A gente ficou sem nada. Para mim, o documento é o mais importante, porque não somos daqui. Perdi a certidão de nascimento da minha filha, emitida na Venezuela, e o CPF dela aqui no Brasil”, lamentou Carina.

Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul até que foi atingida pelos efeitos das enchentes Foto: Wilton Junior/Estadão

Assim como a família de Javier e Carina, os conterrâneos Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul. Mas a utopia virou pesadelo na semana passada quando as águas nas ruas começaram a subir.

“Eu falei para minha tia que não contasse a minha mãe, que está na Venezuela, porque ano passado ela fez uma cirurgia do coração. Mas minha mãe começou a perguntar sobre a situação aqui no Rio Grande do Sul e eu tive que falar”, disse Abrahan Calzadilla.

Nos colchões ao lado, Endel Rodríguez, tem alguns pertences ao lado da cama. Entre eles, um baú de entregador do “Ifood”, onde guardou algumas poucas coisas para escapar da casa inundada. O imigrante trabalhava como entregador, mas a bicicleta que usava para fazer entregas ficou na casa, no bairro Floresta. Quando a vida voltar a andar, Rodríguez cogita mudar mais uma vez de endereço.

“Queria sair daqui. Recomeçar de novo aqui? Prefiro pegar minhas coisas e ir para outro Estado. São Paulo, Bahia, Goiás”, explica. “Se começarmos a pensar na parte ruim, não teremos como remediar. Temos que seguir em frente”, desabafou.

A frustração do sonho de ter uma vida melhor não foi suficiente para apagar o otimismo das palavras e dos olhos de Javier Velasquez. Imigrante venezuelano, desde que chegou ao Brasil, o jovem já morou na rua, quase perdeu a filha para a malária e, agora, quando finalmente conquistou um pouco de conforto para a família, viu seus bens naufragarem na maior tragédia climática da história do Estado gaúcho.

Até o momento, segundo o último balanço, o pior desastre climático do Estado já provocou 147 mortes. Ao menos 127 pessoas estão desaparecidas. Entre desalojados e pessoas em abrigos já são mais de 619 mil. Mais de 2,1 milhões de pessoas já foram afetadas pelas chuvas. Ao todo, 76.470 pessoas e 10.814 foram resgatados.

Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, Velasquez saiu de casa com água pelo pescoço  Foto: Wilton Junior/Estadão

Morador do bairro Sarandi, em Porto Alegre, que foi devastado pelas águas, o venezuelano saiu de casa com água pelo pescoço e, no caminho, enquanto retirava a própria família, ajudou a salvar uma criança que se afogava.

“Moramos na rua por um ano e pouco, dormíamos em papelões. Foi bastante difícil, saímos do nosso país para chegar no Brasil e fazer uma vida nova. Começar do zero. Fomos conquistando, arrumamos um serviço, uma casinha, e agora vamos ter que voltar a conquistar tudo de novo. A gente tem que ter coragem e ter a mente positiva, aconteça o que acontecer”, disse Velasquez ao Estadão no abrigo onde está alojado, no Grêmio Náutico União.

Em solo brasileiro para fugir da crise na Venezuela, Velasquez não teve trégua desde que cruzou a fronteira. A lista de dificuldades, que ganhou um novo capítulo com as cheias do Rio Grande do Sul, obriga o jovem, mais uma vez, a recomeçar. Embora não admita desistir, sua mulher, Carina González, contou à reportagem que a dor de ver o pouco que tinha conquistado ser destruído tem feito com que o marido cogite até mesmo voltar para o país de origem.

“Ele está traumatizado. A gente ficou sem nada. Para mim, o documento é o mais importante, porque não somos daqui. Perdi a certidão de nascimento da minha filha, emitida na Venezuela, e o CPF dela aqui no Brasil”, lamentou Carina.

Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul até que foi atingida pelos efeitos das enchentes Foto: Wilton Junior/Estadão

Assim como a família de Javier e Carina, os conterrâneos Abrahan Calzadilla e Betzire Cabeza vieram em busca do “sonho brasileiro”. Inicialmente, a família chegou em Roraima e depois migrou para o Sul. Mas a utopia virou pesadelo na semana passada quando as águas nas ruas começaram a subir.

“Eu falei para minha tia que não contasse a minha mãe, que está na Venezuela, porque ano passado ela fez uma cirurgia do coração. Mas minha mãe começou a perguntar sobre a situação aqui no Rio Grande do Sul e eu tive que falar”, disse Abrahan Calzadilla.

Nos colchões ao lado, Endel Rodríguez, tem alguns pertences ao lado da cama. Entre eles, um baú de entregador do “Ifood”, onde guardou algumas poucas coisas para escapar da casa inundada. O imigrante trabalhava como entregador, mas a bicicleta que usava para fazer entregas ficou na casa, no bairro Floresta. Quando a vida voltar a andar, Rodríguez cogita mudar mais uma vez de endereço.

“Queria sair daqui. Recomeçar de novo aqui? Prefiro pegar minhas coisas e ir para outro Estado. São Paulo, Bahia, Goiás”, explica. “Se começarmos a pensar na parte ruim, não teremos como remediar. Temos que seguir em frente”, desabafou.

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