O Conselho Distrital de Saúde Indígena recebeu a denúncia de três assassinatos de Yanomamis por garimpeiros em duas diferentes áreas da reserva, em Roraima, no meio da Floresta Amazônica. Segundo os relatos, um caso foi na região de Hamoxi e outros dois na área de Parima. O Ministério dos Povos Indígenas cobrou providências do Ministério da Justiça para a remoção dos corpos. A estimativa é de que haja pelo menos 15 mil mineradores ilegais na região, que têm fugido por medo da ofensiva do governo federal contra o garimpo.
No último dia 20, o Ministério da Saúde declarou emergência na terra indígena Yanomami, a maior reserva do tipo no País, diante da alta de casos de malária e desnutrição infantil. Paralelamente, o governo prometeu intensificar ações para combater o garimpo.
O governo afirma que aproximadamente 80% dos garimpeiros devem deixar a região ainda nesta semana. Como mostrou o Estadão, o poder do garimpo aumentou tanto na região que esses grupos chegam a tomar pistas de pouso oficiais para fazer voos internos e até para fora do Brasil.
O Ministério dos Povos Originários diz ter cobrado providências da pasta da Justiça para que seja feita a “retirada dos corpos, para que a família possa ao menos realizar o ritual cultural de morte, conforme exigência dos Yanomami que temem o conflito se tentarem eles próprios resgatarem os corpos”.
Júnior Hekurari Yanomami, do Conselho Distrital de Saúde Indígena, diz que há receio de que os garimpeiros estejam armados. “Recebi relato das comunidades sobre essas mortes, mas foi impossível pousar com segurança. Os Yanomamis estão com medo, mas querem resgatar esses corpos dentro do garimpo, apesar de ser uma situação de difícil segurança para todos.” Ele diz que os relatos são de que o confronto ocorreu durante a noite.
“Vimos muitos helicópteros voando e estacionado e maquinas funcionando destruindo a terra e não sabemos se eles querem sair mesmo”, acrescenta Junior. A mineração em terras indígenas da Amazônia Legal cresceu 1.200% desde 1985, mostram dados compilados pela plataforma MapBiomas.
A Polícia Federal informou que, com o objetivo de apurar a denúncia sobre a morte dos três indígenas, já se encontra em diligências em locais relacionados aos fatos. Já o governo de Roraima disse que, até o momento, a Polícia Civil não recebeu comunicação oficial relativos a crimes na terra indígena. O Estado ressaltou ainda que investigações nesses territórios são de competência da PF, mas disse que está à disposição para dar apoio.
Ainda conforme o Ministério dos Povos Originários, foi confirmada a morte por desnutrição de uma criança na comunidade Haxiu, que ficou meses sem receber assistência médica. A mortalidade infantil entre os Yanomamis se compara às maiores taxas do mundo, como na África Subsaariana.