‘A Fapesp fez 120 acordos para se internacionalizar’, diz presidente da fundação


Presidente da fundação comemora parcerias vigentes em 21 países e lançamento de projetos na área ambiental

Por Fabio de Castro

Professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Celso Lafer tomou posse da presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no dia 26 de setembro de 2011 e encerrará seu mandato no dia 7 de setembro.

Antes de sua atuação na Fapesp, Lafer foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (1999) e ministro das Relações Exteriores em duas ocasiões, em 1992 e de 2001 a 2002, além de embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas, de 1995 a 1998.

Em entrevista ao Estado, Lafer fez um balanço de seus 8 anos de mandato e apresentou a internacionalização da fundação como sua principal conquista: dos 136 acordos internacionais vigentes com 21 países, 120 foram assinados em sua gestão. Em comparação, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência nacional, tem 46 acordos internacionais vigentes. 

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'Relação entre setor produtivo, acadêmico e a inovação era preocupação', diz Lafer Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

Após oito anos na presidência da Fapesp, o que o senhor deixa como marca da sua gestão? Uma área à qual me dediquei muito, e que talvez singularize o meu período, foi a da internacionalização da Fapesp. Hoje, o conhecimento não é gerado de maneira territorialmente circunscrita. É importante propiciar aos nossos pesquisadores a oportunidade de interagir com os seus colegas de outros países. Então, nós expandimos vigorosamente o processo de internacionalização. 

De que maneira isso foi feito? Em primeiro lugar, com acordos internacionais. A Fapesp tem hoje 136 acordos vigentes em 21 países - incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão e Argentina -, sendo que 120 deles foram assinados no meu período. Tudo foi feito de maneira que esse alargamento da presença internacional da fundação não representasse apenas as áreas tradicionais de interação com universidades ou com agências de pesquisa estrangeiras. Isto é, abrimos novas áreas de cooperação. Realizamos, em diversos países, a Fapesp Week, uma série de eventos que reúnem nossos pesquisadores de São Paulo com os estrangeiros, para debater assuntos de interesse comum onde nós e nossos parceiros têm massa crítica. Com isso, vamos estimulando uma rede de pesquisadores operando no mundo.

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Na sua gestão, além da renovação do programa Biota (de pesquisa em biodiversidade), foram lançados grandes projetos nas áreas de Mudanças Climáticas e Biocombustíveis. Isso aponta para um foco na área ambiental? Sim, são programas da mesma natureza. Quando cheguei à Fapesp encontrei o Programa Biota pronto. Sempre o achei importante, por fazer um grande levantamento da biodiversidade no Estado. Os outros dois programas são exemplos do que avançou durante meu período. A ideia se desenvolveu naturalmente, pela relevância desses temas, que envolvem grandes desafios do país. O Programa de Mudanças Climáticas tem o objetivo de avaliar o impacto dessas transformações globais para a América do Sul e o Programa Bioen trata de pesquisas em energia renovável, muito ligada ao etanol e à matriz energética.

Por que o programa de pesquisa em bioenergia privilegia o etanol? Primeiro porque temos um setor sucroalcooleiro forte em São Paulo, que gera milhares de empregos. Depois porque é preciso desenvolver o etanol de segunda geração - e, para isso, é preciso conhecimento.

Essa aposta foi acertada, considerando que o País está privilegiando investimentos no pré-sal em detrimento do etanol? Acho que foi um grande equívoco reduzir o significado do etanol na matriz energética, com consequências econômicas também para o setor sucroalcooleiro. Primeiro, porque o pré-sal é também uma aposta, ao passo que o etanol é uma realidade. É o mais barato dos recursos de energia renovável do mundo. O Brasil tem uma vantagem competitiva com o etanol, que é muito relevante, ao menos para uso interno. O pré-sal depende não só de conhecimento, mas também do preço do petróleo. Acho que faz parte da missão da Fapesp contribuir para dar ênfase ao etanol, com base científica. É um setor que merece continuidade, não apenas em matéria de conhecimento, mas também de sustentabilidade política e econômica.

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Houve outros temas que marcaram especialmente sua gestão? Além da internacionalização, ocupei-me de ampliar os projetos já existentes e, principalmente, em estreitar os laços com o setor privado para aumentar a competitividade das empresas tecnológicas brasileiras. Essa relação entre setor produtivo, o setor acadêmico e a inovação era uma preocupação - legítima, na minha opinião - do governo do Estado. Nesse meu período, foi desenvolvido um conjunto grande de acordos com empresas, com a ideia de fazer pesquisas em áreas de interesse comum com apoio da Fapesp e com recursos das empresas. Tivemos acordos de várias naturezas com empresas como Microsoft, Glaxo, Smith-Klein, Natura, Boticário e Peugeot.

Professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Celso Lafer tomou posse da presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no dia 26 de setembro de 2011 e encerrará seu mandato no dia 7 de setembro.

Antes de sua atuação na Fapesp, Lafer foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (1999) e ministro das Relações Exteriores em duas ocasiões, em 1992 e de 2001 a 2002, além de embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas, de 1995 a 1998.

Em entrevista ao Estado, Lafer fez um balanço de seus 8 anos de mandato e apresentou a internacionalização da fundação como sua principal conquista: dos 136 acordos internacionais vigentes com 21 países, 120 foram assinados em sua gestão. Em comparação, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência nacional, tem 46 acordos internacionais vigentes. 

'Relação entre setor produtivo, acadêmico e a inovação era preocupação', diz Lafer Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

Após oito anos na presidência da Fapesp, o que o senhor deixa como marca da sua gestão? Uma área à qual me dediquei muito, e que talvez singularize o meu período, foi a da internacionalização da Fapesp. Hoje, o conhecimento não é gerado de maneira territorialmente circunscrita. É importante propiciar aos nossos pesquisadores a oportunidade de interagir com os seus colegas de outros países. Então, nós expandimos vigorosamente o processo de internacionalização. 

De que maneira isso foi feito? Em primeiro lugar, com acordos internacionais. A Fapesp tem hoje 136 acordos vigentes em 21 países - incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão e Argentina -, sendo que 120 deles foram assinados no meu período. Tudo foi feito de maneira que esse alargamento da presença internacional da fundação não representasse apenas as áreas tradicionais de interação com universidades ou com agências de pesquisa estrangeiras. Isto é, abrimos novas áreas de cooperação. Realizamos, em diversos países, a Fapesp Week, uma série de eventos que reúnem nossos pesquisadores de São Paulo com os estrangeiros, para debater assuntos de interesse comum onde nós e nossos parceiros têm massa crítica. Com isso, vamos estimulando uma rede de pesquisadores operando no mundo.

Na sua gestão, além da renovação do programa Biota (de pesquisa em biodiversidade), foram lançados grandes projetos nas áreas de Mudanças Climáticas e Biocombustíveis. Isso aponta para um foco na área ambiental? Sim, são programas da mesma natureza. Quando cheguei à Fapesp encontrei o Programa Biota pronto. Sempre o achei importante, por fazer um grande levantamento da biodiversidade no Estado. Os outros dois programas são exemplos do que avançou durante meu período. A ideia se desenvolveu naturalmente, pela relevância desses temas, que envolvem grandes desafios do país. O Programa de Mudanças Climáticas tem o objetivo de avaliar o impacto dessas transformações globais para a América do Sul e o Programa Bioen trata de pesquisas em energia renovável, muito ligada ao etanol e à matriz energética.

Por que o programa de pesquisa em bioenergia privilegia o etanol? Primeiro porque temos um setor sucroalcooleiro forte em São Paulo, que gera milhares de empregos. Depois porque é preciso desenvolver o etanol de segunda geração - e, para isso, é preciso conhecimento.

Essa aposta foi acertada, considerando que o País está privilegiando investimentos no pré-sal em detrimento do etanol? Acho que foi um grande equívoco reduzir o significado do etanol na matriz energética, com consequências econômicas também para o setor sucroalcooleiro. Primeiro, porque o pré-sal é também uma aposta, ao passo que o etanol é uma realidade. É o mais barato dos recursos de energia renovável do mundo. O Brasil tem uma vantagem competitiva com o etanol, que é muito relevante, ao menos para uso interno. O pré-sal depende não só de conhecimento, mas também do preço do petróleo. Acho que faz parte da missão da Fapesp contribuir para dar ênfase ao etanol, com base científica. É um setor que merece continuidade, não apenas em matéria de conhecimento, mas também de sustentabilidade política e econômica.

Houve outros temas que marcaram especialmente sua gestão? Além da internacionalização, ocupei-me de ampliar os projetos já existentes e, principalmente, em estreitar os laços com o setor privado para aumentar a competitividade das empresas tecnológicas brasileiras. Essa relação entre setor produtivo, o setor acadêmico e a inovação era uma preocupação - legítima, na minha opinião - do governo do Estado. Nesse meu período, foi desenvolvido um conjunto grande de acordos com empresas, com a ideia de fazer pesquisas em áreas de interesse comum com apoio da Fapesp e com recursos das empresas. Tivemos acordos de várias naturezas com empresas como Microsoft, Glaxo, Smith-Klein, Natura, Boticário e Peugeot.

Professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Celso Lafer tomou posse da presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no dia 26 de setembro de 2011 e encerrará seu mandato no dia 7 de setembro.

Antes de sua atuação na Fapesp, Lafer foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (1999) e ministro das Relações Exteriores em duas ocasiões, em 1992 e de 2001 a 2002, além de embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas, de 1995 a 1998.

Em entrevista ao Estado, Lafer fez um balanço de seus 8 anos de mandato e apresentou a internacionalização da fundação como sua principal conquista: dos 136 acordos internacionais vigentes com 21 países, 120 foram assinados em sua gestão. Em comparação, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência nacional, tem 46 acordos internacionais vigentes. 

'Relação entre setor produtivo, acadêmico e a inovação era preocupação', diz Lafer Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

Após oito anos na presidência da Fapesp, o que o senhor deixa como marca da sua gestão? Uma área à qual me dediquei muito, e que talvez singularize o meu período, foi a da internacionalização da Fapesp. Hoje, o conhecimento não é gerado de maneira territorialmente circunscrita. É importante propiciar aos nossos pesquisadores a oportunidade de interagir com os seus colegas de outros países. Então, nós expandimos vigorosamente o processo de internacionalização. 

De que maneira isso foi feito? Em primeiro lugar, com acordos internacionais. A Fapesp tem hoje 136 acordos vigentes em 21 países - incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão e Argentina -, sendo que 120 deles foram assinados no meu período. Tudo foi feito de maneira que esse alargamento da presença internacional da fundação não representasse apenas as áreas tradicionais de interação com universidades ou com agências de pesquisa estrangeiras. Isto é, abrimos novas áreas de cooperação. Realizamos, em diversos países, a Fapesp Week, uma série de eventos que reúnem nossos pesquisadores de São Paulo com os estrangeiros, para debater assuntos de interesse comum onde nós e nossos parceiros têm massa crítica. Com isso, vamos estimulando uma rede de pesquisadores operando no mundo.

Na sua gestão, além da renovação do programa Biota (de pesquisa em biodiversidade), foram lançados grandes projetos nas áreas de Mudanças Climáticas e Biocombustíveis. Isso aponta para um foco na área ambiental? Sim, são programas da mesma natureza. Quando cheguei à Fapesp encontrei o Programa Biota pronto. Sempre o achei importante, por fazer um grande levantamento da biodiversidade no Estado. Os outros dois programas são exemplos do que avançou durante meu período. A ideia se desenvolveu naturalmente, pela relevância desses temas, que envolvem grandes desafios do país. O Programa de Mudanças Climáticas tem o objetivo de avaliar o impacto dessas transformações globais para a América do Sul e o Programa Bioen trata de pesquisas em energia renovável, muito ligada ao etanol e à matriz energética.

Por que o programa de pesquisa em bioenergia privilegia o etanol? Primeiro porque temos um setor sucroalcooleiro forte em São Paulo, que gera milhares de empregos. Depois porque é preciso desenvolver o etanol de segunda geração - e, para isso, é preciso conhecimento.

Essa aposta foi acertada, considerando que o País está privilegiando investimentos no pré-sal em detrimento do etanol? Acho que foi um grande equívoco reduzir o significado do etanol na matriz energética, com consequências econômicas também para o setor sucroalcooleiro. Primeiro, porque o pré-sal é também uma aposta, ao passo que o etanol é uma realidade. É o mais barato dos recursos de energia renovável do mundo. O Brasil tem uma vantagem competitiva com o etanol, que é muito relevante, ao menos para uso interno. O pré-sal depende não só de conhecimento, mas também do preço do petróleo. Acho que faz parte da missão da Fapesp contribuir para dar ênfase ao etanol, com base científica. É um setor que merece continuidade, não apenas em matéria de conhecimento, mas também de sustentabilidade política e econômica.

Houve outros temas que marcaram especialmente sua gestão? Além da internacionalização, ocupei-me de ampliar os projetos já existentes e, principalmente, em estreitar os laços com o setor privado para aumentar a competitividade das empresas tecnológicas brasileiras. Essa relação entre setor produtivo, o setor acadêmico e a inovação era uma preocupação - legítima, na minha opinião - do governo do Estado. Nesse meu período, foi desenvolvido um conjunto grande de acordos com empresas, com a ideia de fazer pesquisas em áreas de interesse comum com apoio da Fapesp e com recursos das empresas. Tivemos acordos de várias naturezas com empresas como Microsoft, Glaxo, Smith-Klein, Natura, Boticário e Peugeot.

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