Amostras de DNA rastreiam origem de marfim ilegal na África


Maior parte do tráfico na última década teve origem em só 2 áreas do continente; 10% da população de elefantes é morta a cada ano

Por Fabio de Castro

SÃO PAULO - Por meio da utilização de amostras de DNA para rastrear a origem de toneladas de marfim ilegal na África, um grupo de cientistas está ajudando no rastreamento e fiscalização das atividades de caça que continuam dizimando os elefantes no continente. Um novo estudo publicado na revista Science mostra que, na última década, a maior parte do tráfico de marfim teve origem em apenas duas áreas da África.

"A África é um continente gigantesco e a caça ilegal está ocorrendo em toda parte. Quando olhamos dessa forma, parece uma tarefa assustadora enfrentar esse problema", disse o autor principal do estudo, Samuel Wasser, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que é um pioneiro no uso de DNA para rastrear a origem do marfim ilegal. "Mas, quando olhamos para as grandes apreensões de marfim, que representam 70% do marfim ilegal existente, temos um quadro bem diferente." 

Elefantes na África

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Extração ilegal de marfim provoca morte de 50 mil animais por ano

Foto: Art Wolfe
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Extração ilegal de marfim provoca morte de 50 mil animais por ano

Foto: Art Wolfe
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Extração ilegal de marfim provoca morte de 50 mil animais por ano

Foto: Shivani Bhalia/Save the Elephants
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Inicialmente, Wasser e sua equipe utilizaram DNA de esterco, tecidos e pelos de elefantes coletados em toda a África, a fim de mapear as assinaturas genéticas das populações dos animais em cada região. Eles desenvolveram então métodos para extrair o DNA a partir do marfim, o que possibilitou a análise de material contrabandeado apreendido, para determinar a população original de cada elefante.

Cerca de 50 mil elefantes africanos são mortos a cada ano - uma taxa extremamente alta para uma população total de menos de 500 mil animais. Segundo Wasser, a caça ilegal está levando os paquidermes à extinção. Ele acredita que conhecer as áreas primárias onde os elefantes são caçados possa ser uma grande ajuda para combater o tráfico em sua fonte.

"Compreender que vastas parcelas desse comércio internacional tem foco em duas áreas primárias possibilita o foco no aprimoramento das leis nessas áreas, a fim de eliminar a maior parte da matança ilegal", afirmou Wasser.

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Desde 2005, o laboratório de Wasser tem obtido amostras em forma de discos de cerca de três centímetros retirados da base das presas. O número de amostras de apreensões enviadas a seu laboratório aumentou vertiginosamente desde 2013, quando um órgão internacional decidiu que todos os grandes carregamentos de marfim apreendido deviam ser sujeitos a testes forenses de DNA para determinar suas origens.

Esses carregamentos estão associados ao crime organizado em grandes redes transnacionais. Os lucros obtidos pelos traficantes têm sido ligados ao financiamento de organizações terroristas africanas.

No novo estudo, o grupo de Wasser utilizou seu método para analisar 28 grandes apreensões, feitas entre 1996 e 2014, com mais de meia tonelada cada uma. As amostras correspondiam a 61% de todas as grandes apreensões feitas no mundo entre 2012 e 2014.

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Com exceção de uma das 28 apreensões, todas as outras correspondiam a marfim proveniente de apenas quatro áreas da África. O marfim apreendido a partir de 2006, segundo os cientistas, tinha sua origem concentrada em apenas duas áreas.

Segundo o estudo, mais de 85% do marfim de elefantes de florestas apreendido entre 2006 e 2014 era proveniente do ecossistema protegido do Tridom, que inclui partes do Gabão, do Congo e de Camarões, além da reserva adjacente na República Centro-Africana.

No mesmo período, mais de 85% do marfim de elefantes de savanas teve origem em no leste da África, principalmente no sudeste da Tanzânia e no norte de Moçambique. Em 2011, a área onde os elefantes de savanas foram mais ameaçados se moveu para o norte, do sudeste da Tanzânia para uma reserva no norte do país, chegando até o Quênia.

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As poucas apreensões que não envolviam elefantes da área geográfica dominante envolviam estratégias mais complexas de embarque, com uma distribuição mais ampla de marfim.

Uma das maiores apreensões continha grandes quantidades de marfim das duas áreas mais ameaçadas, sugerindo uma ligação entre os traficantes que operam nas duas regiões.

Das 28 apreensões analisadas, 23 tinham a assinatura genética de um país diferente daquele onde o marfim havia sido embarcado. As investigações mostram uma mudança nas rotas do tráfico a partir de 2006.

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Entre 1996 e 2005, a maior parte do marfim de elefantes de florestas tinha origem na República Democrática do Congo, mas nenhuma amostra de elefantes de florestas vinha dessa região depois de 2005. Duas apreensões de marfim de elefantes de savanas, em 2002 e 2007, tiveram origem na Zâmbia, mas não houve amostras provenientes desse país de 2007.

Segundo Wasser, é preciso tomar providências urgentes, já que a população de elefantes está sendo reduzida em um décimo a cada ano.

"Nossos resultados forçarão os países de origem do marfim apreendido a assumir mais responsabilidade por sua parte nesse comércio ilegal, além de estimular a comunidade internacional a trabalhar próxima desses países para conter a caça criminosa", declarou o cientista. "Essas ações deverão sufocar as redes que permitem a operação desses grupos transnacionais de crime organizado."

SÃO PAULO - Por meio da utilização de amostras de DNA para rastrear a origem de toneladas de marfim ilegal na África, um grupo de cientistas está ajudando no rastreamento e fiscalização das atividades de caça que continuam dizimando os elefantes no continente. Um novo estudo publicado na revista Science mostra que, na última década, a maior parte do tráfico de marfim teve origem em apenas duas áreas da África.

"A África é um continente gigantesco e a caça ilegal está ocorrendo em toda parte. Quando olhamos dessa forma, parece uma tarefa assustadora enfrentar esse problema", disse o autor principal do estudo, Samuel Wasser, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que é um pioneiro no uso de DNA para rastrear a origem do marfim ilegal. "Mas, quando olhamos para as grandes apreensões de marfim, que representam 70% do marfim ilegal existente, temos um quadro bem diferente." 

Elefantes na África

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Extração ilegal de marfim provoca morte de 50 mil animais por ano

Foto: Art Wolfe
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Extração ilegal de marfim provoca morte de 50 mil animais por ano

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Extração ilegal de marfim provoca morte de 50 mil animais por ano

Foto: Shivani Bhalia/Save the Elephants

Inicialmente, Wasser e sua equipe utilizaram DNA de esterco, tecidos e pelos de elefantes coletados em toda a África, a fim de mapear as assinaturas genéticas das populações dos animais em cada região. Eles desenvolveram então métodos para extrair o DNA a partir do marfim, o que possibilitou a análise de material contrabandeado apreendido, para determinar a população original de cada elefante.

Cerca de 50 mil elefantes africanos são mortos a cada ano - uma taxa extremamente alta para uma população total de menos de 500 mil animais. Segundo Wasser, a caça ilegal está levando os paquidermes à extinção. Ele acredita que conhecer as áreas primárias onde os elefantes são caçados possa ser uma grande ajuda para combater o tráfico em sua fonte.

"Compreender que vastas parcelas desse comércio internacional tem foco em duas áreas primárias possibilita o foco no aprimoramento das leis nessas áreas, a fim de eliminar a maior parte da matança ilegal", afirmou Wasser.

Desde 2005, o laboratório de Wasser tem obtido amostras em forma de discos de cerca de três centímetros retirados da base das presas. O número de amostras de apreensões enviadas a seu laboratório aumentou vertiginosamente desde 2013, quando um órgão internacional decidiu que todos os grandes carregamentos de marfim apreendido deviam ser sujeitos a testes forenses de DNA para determinar suas origens.

Esses carregamentos estão associados ao crime organizado em grandes redes transnacionais. Os lucros obtidos pelos traficantes têm sido ligados ao financiamento de organizações terroristas africanas.

No novo estudo, o grupo de Wasser utilizou seu método para analisar 28 grandes apreensões, feitas entre 1996 e 2014, com mais de meia tonelada cada uma. As amostras correspondiam a 61% de todas as grandes apreensões feitas no mundo entre 2012 e 2014.

Com exceção de uma das 28 apreensões, todas as outras correspondiam a marfim proveniente de apenas quatro áreas da África. O marfim apreendido a partir de 2006, segundo os cientistas, tinha sua origem concentrada em apenas duas áreas.

Segundo o estudo, mais de 85% do marfim de elefantes de florestas apreendido entre 2006 e 2014 era proveniente do ecossistema protegido do Tridom, que inclui partes do Gabão, do Congo e de Camarões, além da reserva adjacente na República Centro-Africana.

No mesmo período, mais de 85% do marfim de elefantes de savanas teve origem em no leste da África, principalmente no sudeste da Tanzânia e no norte de Moçambique. Em 2011, a área onde os elefantes de savanas foram mais ameaçados se moveu para o norte, do sudeste da Tanzânia para uma reserva no norte do país, chegando até o Quênia.

As poucas apreensões que não envolviam elefantes da área geográfica dominante envolviam estratégias mais complexas de embarque, com uma distribuição mais ampla de marfim.

Uma das maiores apreensões continha grandes quantidades de marfim das duas áreas mais ameaçadas, sugerindo uma ligação entre os traficantes que operam nas duas regiões.

Das 28 apreensões analisadas, 23 tinham a assinatura genética de um país diferente daquele onde o marfim havia sido embarcado. As investigações mostram uma mudança nas rotas do tráfico a partir de 2006.

Entre 1996 e 2005, a maior parte do marfim de elefantes de florestas tinha origem na República Democrática do Congo, mas nenhuma amostra de elefantes de florestas vinha dessa região depois de 2005. Duas apreensões de marfim de elefantes de savanas, em 2002 e 2007, tiveram origem na Zâmbia, mas não houve amostras provenientes desse país de 2007.

Segundo Wasser, é preciso tomar providências urgentes, já que a população de elefantes está sendo reduzida em um décimo a cada ano.

"Nossos resultados forçarão os países de origem do marfim apreendido a assumir mais responsabilidade por sua parte nesse comércio ilegal, além de estimular a comunidade internacional a trabalhar próxima desses países para conter a caça criminosa", declarou o cientista. "Essas ações deverão sufocar as redes que permitem a operação desses grupos transnacionais de crime organizado."

SÃO PAULO - Por meio da utilização de amostras de DNA para rastrear a origem de toneladas de marfim ilegal na África, um grupo de cientistas está ajudando no rastreamento e fiscalização das atividades de caça que continuam dizimando os elefantes no continente. Um novo estudo publicado na revista Science mostra que, na última década, a maior parte do tráfico de marfim teve origem em apenas duas áreas da África.

"A África é um continente gigantesco e a caça ilegal está ocorrendo em toda parte. Quando olhamos dessa forma, parece uma tarefa assustadora enfrentar esse problema", disse o autor principal do estudo, Samuel Wasser, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que é um pioneiro no uso de DNA para rastrear a origem do marfim ilegal. "Mas, quando olhamos para as grandes apreensões de marfim, que representam 70% do marfim ilegal existente, temos um quadro bem diferente." 

Elefantes na África

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Inicialmente, Wasser e sua equipe utilizaram DNA de esterco, tecidos e pelos de elefantes coletados em toda a África, a fim de mapear as assinaturas genéticas das populações dos animais em cada região. Eles desenvolveram então métodos para extrair o DNA a partir do marfim, o que possibilitou a análise de material contrabandeado apreendido, para determinar a população original de cada elefante.

Cerca de 50 mil elefantes africanos são mortos a cada ano - uma taxa extremamente alta para uma população total de menos de 500 mil animais. Segundo Wasser, a caça ilegal está levando os paquidermes à extinção. Ele acredita que conhecer as áreas primárias onde os elefantes são caçados possa ser uma grande ajuda para combater o tráfico em sua fonte.

"Compreender que vastas parcelas desse comércio internacional tem foco em duas áreas primárias possibilita o foco no aprimoramento das leis nessas áreas, a fim de eliminar a maior parte da matança ilegal", afirmou Wasser.

Desde 2005, o laboratório de Wasser tem obtido amostras em forma de discos de cerca de três centímetros retirados da base das presas. O número de amostras de apreensões enviadas a seu laboratório aumentou vertiginosamente desde 2013, quando um órgão internacional decidiu que todos os grandes carregamentos de marfim apreendido deviam ser sujeitos a testes forenses de DNA para determinar suas origens.

Esses carregamentos estão associados ao crime organizado em grandes redes transnacionais. Os lucros obtidos pelos traficantes têm sido ligados ao financiamento de organizações terroristas africanas.

No novo estudo, o grupo de Wasser utilizou seu método para analisar 28 grandes apreensões, feitas entre 1996 e 2014, com mais de meia tonelada cada uma. As amostras correspondiam a 61% de todas as grandes apreensões feitas no mundo entre 2012 e 2014.

Com exceção de uma das 28 apreensões, todas as outras correspondiam a marfim proveniente de apenas quatro áreas da África. O marfim apreendido a partir de 2006, segundo os cientistas, tinha sua origem concentrada em apenas duas áreas.

Segundo o estudo, mais de 85% do marfim de elefantes de florestas apreendido entre 2006 e 2014 era proveniente do ecossistema protegido do Tridom, que inclui partes do Gabão, do Congo e de Camarões, além da reserva adjacente na República Centro-Africana.

No mesmo período, mais de 85% do marfim de elefantes de savanas teve origem em no leste da África, principalmente no sudeste da Tanzânia e no norte de Moçambique. Em 2011, a área onde os elefantes de savanas foram mais ameaçados se moveu para o norte, do sudeste da Tanzânia para uma reserva no norte do país, chegando até o Quênia.

As poucas apreensões que não envolviam elefantes da área geográfica dominante envolviam estratégias mais complexas de embarque, com uma distribuição mais ampla de marfim.

Uma das maiores apreensões continha grandes quantidades de marfim das duas áreas mais ameaçadas, sugerindo uma ligação entre os traficantes que operam nas duas regiões.

Das 28 apreensões analisadas, 23 tinham a assinatura genética de um país diferente daquele onde o marfim havia sido embarcado. As investigações mostram uma mudança nas rotas do tráfico a partir de 2006.

Entre 1996 e 2005, a maior parte do marfim de elefantes de florestas tinha origem na República Democrática do Congo, mas nenhuma amostra de elefantes de florestas vinha dessa região depois de 2005. Duas apreensões de marfim de elefantes de savanas, em 2002 e 2007, tiveram origem na Zâmbia, mas não houve amostras provenientes desse país de 2007.

Segundo Wasser, é preciso tomar providências urgentes, já que a população de elefantes está sendo reduzida em um décimo a cada ano.

"Nossos resultados forçarão os países de origem do marfim apreendido a assumir mais responsabilidade por sua parte nesse comércio ilegal, além de estimular a comunidade internacional a trabalhar próxima desses países para conter a caça criminosa", declarou o cientista. "Essas ações deverão sufocar as redes que permitem a operação desses grupos transnacionais de crime organizado."

SÃO PAULO - Por meio da utilização de amostras de DNA para rastrear a origem de toneladas de marfim ilegal na África, um grupo de cientistas está ajudando no rastreamento e fiscalização das atividades de caça que continuam dizimando os elefantes no continente. Um novo estudo publicado na revista Science mostra que, na última década, a maior parte do tráfico de marfim teve origem em apenas duas áreas da África.

"A África é um continente gigantesco e a caça ilegal está ocorrendo em toda parte. Quando olhamos dessa forma, parece uma tarefa assustadora enfrentar esse problema", disse o autor principal do estudo, Samuel Wasser, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que é um pioneiro no uso de DNA para rastrear a origem do marfim ilegal. "Mas, quando olhamos para as grandes apreensões de marfim, que representam 70% do marfim ilegal existente, temos um quadro bem diferente." 

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Inicialmente, Wasser e sua equipe utilizaram DNA de esterco, tecidos e pelos de elefantes coletados em toda a África, a fim de mapear as assinaturas genéticas das populações dos animais em cada região. Eles desenvolveram então métodos para extrair o DNA a partir do marfim, o que possibilitou a análise de material contrabandeado apreendido, para determinar a população original de cada elefante.

Cerca de 50 mil elefantes africanos são mortos a cada ano - uma taxa extremamente alta para uma população total de menos de 500 mil animais. Segundo Wasser, a caça ilegal está levando os paquidermes à extinção. Ele acredita que conhecer as áreas primárias onde os elefantes são caçados possa ser uma grande ajuda para combater o tráfico em sua fonte.

"Compreender que vastas parcelas desse comércio internacional tem foco em duas áreas primárias possibilita o foco no aprimoramento das leis nessas áreas, a fim de eliminar a maior parte da matança ilegal", afirmou Wasser.

Desde 2005, o laboratório de Wasser tem obtido amostras em forma de discos de cerca de três centímetros retirados da base das presas. O número de amostras de apreensões enviadas a seu laboratório aumentou vertiginosamente desde 2013, quando um órgão internacional decidiu que todos os grandes carregamentos de marfim apreendido deviam ser sujeitos a testes forenses de DNA para determinar suas origens.

Esses carregamentos estão associados ao crime organizado em grandes redes transnacionais. Os lucros obtidos pelos traficantes têm sido ligados ao financiamento de organizações terroristas africanas.

No novo estudo, o grupo de Wasser utilizou seu método para analisar 28 grandes apreensões, feitas entre 1996 e 2014, com mais de meia tonelada cada uma. As amostras correspondiam a 61% de todas as grandes apreensões feitas no mundo entre 2012 e 2014.

Com exceção de uma das 28 apreensões, todas as outras correspondiam a marfim proveniente de apenas quatro áreas da África. O marfim apreendido a partir de 2006, segundo os cientistas, tinha sua origem concentrada em apenas duas áreas.

Segundo o estudo, mais de 85% do marfim de elefantes de florestas apreendido entre 2006 e 2014 era proveniente do ecossistema protegido do Tridom, que inclui partes do Gabão, do Congo e de Camarões, além da reserva adjacente na República Centro-Africana.

No mesmo período, mais de 85% do marfim de elefantes de savanas teve origem em no leste da África, principalmente no sudeste da Tanzânia e no norte de Moçambique. Em 2011, a área onde os elefantes de savanas foram mais ameaçados se moveu para o norte, do sudeste da Tanzânia para uma reserva no norte do país, chegando até o Quênia.

As poucas apreensões que não envolviam elefantes da área geográfica dominante envolviam estratégias mais complexas de embarque, com uma distribuição mais ampla de marfim.

Uma das maiores apreensões continha grandes quantidades de marfim das duas áreas mais ameaçadas, sugerindo uma ligação entre os traficantes que operam nas duas regiões.

Das 28 apreensões analisadas, 23 tinham a assinatura genética de um país diferente daquele onde o marfim havia sido embarcado. As investigações mostram uma mudança nas rotas do tráfico a partir de 2006.

Entre 1996 e 2005, a maior parte do marfim de elefantes de florestas tinha origem na República Democrática do Congo, mas nenhuma amostra de elefantes de florestas vinha dessa região depois de 2005. Duas apreensões de marfim de elefantes de savanas, em 2002 e 2007, tiveram origem na Zâmbia, mas não houve amostras provenientes desse país de 2007.

Segundo Wasser, é preciso tomar providências urgentes, já que a população de elefantes está sendo reduzida em um décimo a cada ano.

"Nossos resultados forçarão os países de origem do marfim apreendido a assumir mais responsabilidade por sua parte nesse comércio ilegal, além de estimular a comunidade internacional a trabalhar próxima desses países para conter a caça criminosa", declarou o cientista. "Essas ações deverão sufocar as redes que permitem a operação desses grupos transnacionais de crime organizado."

SÃO PAULO - Por meio da utilização de amostras de DNA para rastrear a origem de toneladas de marfim ilegal na África, um grupo de cientistas está ajudando no rastreamento e fiscalização das atividades de caça que continuam dizimando os elefantes no continente. Um novo estudo publicado na revista Science mostra que, na última década, a maior parte do tráfico de marfim teve origem em apenas duas áreas da África.

"A África é um continente gigantesco e a caça ilegal está ocorrendo em toda parte. Quando olhamos dessa forma, parece uma tarefa assustadora enfrentar esse problema", disse o autor principal do estudo, Samuel Wasser, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que é um pioneiro no uso de DNA para rastrear a origem do marfim ilegal. "Mas, quando olhamos para as grandes apreensões de marfim, que representam 70% do marfim ilegal existente, temos um quadro bem diferente." 

Elefantes na África

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Extração ilegal de marfim provoca morte de 50 mil animais por ano

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Foto: Shivani Bhalia/Save the Elephants

Inicialmente, Wasser e sua equipe utilizaram DNA de esterco, tecidos e pelos de elefantes coletados em toda a África, a fim de mapear as assinaturas genéticas das populações dos animais em cada região. Eles desenvolveram então métodos para extrair o DNA a partir do marfim, o que possibilitou a análise de material contrabandeado apreendido, para determinar a população original de cada elefante.

Cerca de 50 mil elefantes africanos são mortos a cada ano - uma taxa extremamente alta para uma população total de menos de 500 mil animais. Segundo Wasser, a caça ilegal está levando os paquidermes à extinção. Ele acredita que conhecer as áreas primárias onde os elefantes são caçados possa ser uma grande ajuda para combater o tráfico em sua fonte.

"Compreender que vastas parcelas desse comércio internacional tem foco em duas áreas primárias possibilita o foco no aprimoramento das leis nessas áreas, a fim de eliminar a maior parte da matança ilegal", afirmou Wasser.

Desde 2005, o laboratório de Wasser tem obtido amostras em forma de discos de cerca de três centímetros retirados da base das presas. O número de amostras de apreensões enviadas a seu laboratório aumentou vertiginosamente desde 2013, quando um órgão internacional decidiu que todos os grandes carregamentos de marfim apreendido deviam ser sujeitos a testes forenses de DNA para determinar suas origens.

Esses carregamentos estão associados ao crime organizado em grandes redes transnacionais. Os lucros obtidos pelos traficantes têm sido ligados ao financiamento de organizações terroristas africanas.

No novo estudo, o grupo de Wasser utilizou seu método para analisar 28 grandes apreensões, feitas entre 1996 e 2014, com mais de meia tonelada cada uma. As amostras correspondiam a 61% de todas as grandes apreensões feitas no mundo entre 2012 e 2014.

Com exceção de uma das 28 apreensões, todas as outras correspondiam a marfim proveniente de apenas quatro áreas da África. O marfim apreendido a partir de 2006, segundo os cientistas, tinha sua origem concentrada em apenas duas áreas.

Segundo o estudo, mais de 85% do marfim de elefantes de florestas apreendido entre 2006 e 2014 era proveniente do ecossistema protegido do Tridom, que inclui partes do Gabão, do Congo e de Camarões, além da reserva adjacente na República Centro-Africana.

No mesmo período, mais de 85% do marfim de elefantes de savanas teve origem em no leste da África, principalmente no sudeste da Tanzânia e no norte de Moçambique. Em 2011, a área onde os elefantes de savanas foram mais ameaçados se moveu para o norte, do sudeste da Tanzânia para uma reserva no norte do país, chegando até o Quênia.

As poucas apreensões que não envolviam elefantes da área geográfica dominante envolviam estratégias mais complexas de embarque, com uma distribuição mais ampla de marfim.

Uma das maiores apreensões continha grandes quantidades de marfim das duas áreas mais ameaçadas, sugerindo uma ligação entre os traficantes que operam nas duas regiões.

Das 28 apreensões analisadas, 23 tinham a assinatura genética de um país diferente daquele onde o marfim havia sido embarcado. As investigações mostram uma mudança nas rotas do tráfico a partir de 2006.

Entre 1996 e 2005, a maior parte do marfim de elefantes de florestas tinha origem na República Democrática do Congo, mas nenhuma amostra de elefantes de florestas vinha dessa região depois de 2005. Duas apreensões de marfim de elefantes de savanas, em 2002 e 2007, tiveram origem na Zâmbia, mas não houve amostras provenientes desse país de 2007.

Segundo Wasser, é preciso tomar providências urgentes, já que a população de elefantes está sendo reduzida em um décimo a cada ano.

"Nossos resultados forçarão os países de origem do marfim apreendido a assumir mais responsabilidade por sua parte nesse comércio ilegal, além de estimular a comunidade internacional a trabalhar próxima desses países para conter a caça criminosa", declarou o cientista. "Essas ações deverão sufocar as redes que permitem a operação desses grupos transnacionais de crime organizado."

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