Brasileira de 22 anos descobre 25 asteroides em projeto da Nasa e é premiada


Verena Paccola já participou de Olimpíadas de robótica e neurociências e agora teve reconhecida a sua pesquisa espacial

Por José Maria Tomazela

SOROCABA - Antes de o filme americano Não Olhe Para Cima, em que dois astrônomos descobrem um meteoro em rota de colisão com a Terra, bater recordes de audiência, a estudante brasileira Verena Paccola, de 22 anos, já havia feito uma descoberta impressionante, e na vida real. A jovem de Indaiatuba, interior paulista, que faz o segundo ano de medicina na Universidade de São Paulo (USP), descobriu 25 asteroides ao participar de um projeto da Nasa, a agência espacial americana. Um desses corpos celestes, segundo ela, poderá se chocar com nosso planeta.

Diferente do que acontece no filme, em que as autoridades se negam a reconhecer a evidência científica, a descoberta de Verena foi classificada como "importante" no programa Caça Asteroides da Nasa e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil.

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Em dezembro de 2021, a estudante foi premiada com um troféu entregue pelo coordenador do programa da Nasa em nosso país e pelo ministro Marcos Pontes. “Muitas análises ainda são necessárias para calcular a órbita do asteroide, suas dimensões e os riscos em um eventual impacto. O que já é certo é que pretendo continuar acompanhando tudo”, disse ela ao Estadão.

Verena Paccola pretende nomear alguns dos asteroides com homenagens para a mãe, a avó e a USP Foto: ARQUIVO PESSOAL

Verena tem um histórico de excelência em diversas áreas do conhecimento, tendo participado de campeonato de robótica e olimpíadas de neurociências, mas se diz surpresa com a repercussão de sua descoberta. 

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Tudo começou em 2020, quando ela se preparava para o vestibular, sonhando com vaga no curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto. “Eu queria estudar algo além do conteúdo do ensino médio e me inscrevi no programa de caçar asteroide. Fui aceita e fiz o treinamento on-line para aprender a analisar as imagens do universo que a Nasa me enviava.”

As fotos eram feitas por um telescópio instalado no Havaí e remetidas para a estudante, que as analisava em busca de corpos em movimento, usando um software fornecido pelo programa. 

Foi assim que ela observou os corpos celestes que poderiam ser asteroides – corpos rochosos de estrutura metálica que orbitam o sol. Com base em seus relatórios, repassados inicialmente à Universidade de Harvard, a agência americana confirmou a descoberta dos asteroides, entre eles um que a Nasa considerou o mais importante.

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É um achado como aquele do filme, embora se tratem de corpos celestes diferentes, segundo ela. “No filme, fala-se de um cometa. Já o que eu descobri faz parte de um grupo chamado de asteroide fraco, que se movimenta mais devagar e pode colidir com a Terra. Na realidade, foi tudo tão recente que eu ainda não tive tempo de analisar qual dos 25 asteroides seria esse, mas a Nasa e os órgãos responsáveis já realizaram um monitoramento, pois foi eles que me avisaram da grande descoberta”, disse.

Essa análise, segundo a estudante, é feita por vários astrônomos espalhados pelo mundo. “São necessárias várias observações do mesmo asteroide no decorrer dos anos. Todos os dados são coletados pela Universidade de Harvard e enviados à Nasa”, disse. 

Ela manterá contato com os responsáveis pelo caça-asteroides e pretende acompanhar de perto essa investigação que vai indicar o tamanho do asteroide, o período em que deve se aproximar da Terra e os possíveis impactos para nosso planeta. O estudo pode demorar de vários anos.

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Assim que sair a documentação, como acontece com outros cientistas, ela espera poder nomear alguns desses asteroides. “Já tenho em mente alguns nomes. Primeiro é o da minha avó, Rochele Paccola, uma pessoa a quem sou muito grudada e não tem um dia em que eu não converso com ela nem que seja por vídeo. Com certeza, eu a quero eternizada em um asteroide, assim como minha mãe, Nathalia Paccola. Ela e minha avó me criaram praticamente sozinhas. Como estou cursando medicina na USP, que sempre foi meu sonho de vida, já que provavelmente a nomeação vai sair junto com minha formatura, eu penso em homenagear também a USP com o nome em um asteroide”, disse.

OLHARES CURIOSOS

Desde muito pequena, em Indaiatuba, sua cidade natal, Verena já lançava olhares questionadores e curiosos sobre o mundo. Enquanto outras crianças levavam brinquedos para a escola, ela preferia ir munida de um microscópio. “Eu colocava formigas e folhas de árvore sob a lente para analisar e já me sentia um pouco cientista”, lembra. 

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Aos 7 anos, ela vestia jaleco e brincava de médica. Verena cursou o ensino médio no Colégio Técnico de Campinas, da Unicamp, e se formou técnica em enfermagem.

Após concluir o ensino médio, ela desenvolveu uma pesquisa na área de Neurociência Computacional para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, no Hospital Albert Einstein, por um ano. 

Em 2019, foi aceita na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e ficou um ano naquele país. No retorno ao Brasil, o país já vivia a angústia da pandemia, o que não a impediu de conseguir a vaga em medicina pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

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O sucesso em sua incursão pela astronomia não abalou a convicção de Verena de ser médica, mas abriu novas perspectivas para o futuro da jovem estudante. “Sobre a medicina eu não tenho dúvidas, pois é meu sonho desde que me conheço por gente. Até esse momento, estou seguindo para a área de neurocirurgia, que é a que mais gosto. Sobre astronomia, é uma área para a qual estou tendo muito estímulo agora. Inclusive tive reuniões com o presidente da Agência Espacial Brasileira (Carlos Teixeira de Moura) e pude conversar com ele sobre medicina espacial, que é uma área em que eu nunca tinha me aprofundado. Agora, vou pesquisar mais, conversar com profissionais da área e entender como é o dia a dia de trabalho de um médico espacial. Quem sabe? Não sei o que vai ser do futuro. Tenho ainda muito estudo pela frente.”

Verena assistiu ao filme Não Olhe Para Cima e achou interessante a coincidência com sua pesquisa. “Descobri os asteroides importantes e saiu esse filme. Acho que algum cientista que trabalha com isso estava por trás das câmeras. O programa usado para achar o cometa que está vindo é o mesmo ou muito similar ao que eu uso. Eles mencionam o centro de Harvard que analisa esses dados e o escritório da Nasa que lida com isso. Achei muito legal essa parte científica do filme e casou muito com a minha descoberta”, disse.

Na ficção em que o diretor Adam McKay apresenta os astrônomos interpretados por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio em um tour pelos altos escalões do governo e pela mídia para alertar a humanidade sobre um meteoro que destruirá a terra, as evidências científicas que eles mostram não são levadas a sério – até porque o foco são as eleições que se avizinham. 

Na vida real, a estudante espera que a ciência prevaleça. “Um dos meus maiores sonhos na vida é ver a ciência sendo valorizada no nosso país, porque os cientistas não são valorizados. Queria que as pessoas tomassem consciência de quão importante é a ciência, do quanto a ciência não permite opiniões, pois trabalha com dados concretos”, disse.

Ela espera contribuir também para que jovens e mulheres que se dedicam à pesquisa sejam valorizadas. “Acho a viralização dessas notícias (sobre sua descoberta) muito legal para incentivar outras pessoas a pesquisarem mais e verem que é possível fazer ciência, mesmo sendo nova, mesmo sendo mulher. Ser mulher em qualquer área não é fácil, mas na ciência... A gente vê pelo prêmio Nobel, a maioria é homem, acho que 80% ou mais. Eu estar aqui e mostrar que é possível uma mulher jovem fazer ciência, eu acho importante para dar essa visibilidade e para as próximas gerações se engajarem, pesquisarem mais e verem que isso é possível. Quem sabe a gente não muda esse pensamento do brasileiro de não valorizar o cientista e de achar que a ciência permite opiniões”, questiona.

SOROCABA - Antes de o filme americano Não Olhe Para Cima, em que dois astrônomos descobrem um meteoro em rota de colisão com a Terra, bater recordes de audiência, a estudante brasileira Verena Paccola, de 22 anos, já havia feito uma descoberta impressionante, e na vida real. A jovem de Indaiatuba, interior paulista, que faz o segundo ano de medicina na Universidade de São Paulo (USP), descobriu 25 asteroides ao participar de um projeto da Nasa, a agência espacial americana. Um desses corpos celestes, segundo ela, poderá se chocar com nosso planeta.

Diferente do que acontece no filme, em que as autoridades se negam a reconhecer a evidência científica, a descoberta de Verena foi classificada como "importante" no programa Caça Asteroides da Nasa e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil.

Em dezembro de 2021, a estudante foi premiada com um troféu entregue pelo coordenador do programa da Nasa em nosso país e pelo ministro Marcos Pontes. “Muitas análises ainda são necessárias para calcular a órbita do asteroide, suas dimensões e os riscos em um eventual impacto. O que já é certo é que pretendo continuar acompanhando tudo”, disse ela ao Estadão.

Verena Paccola pretende nomear alguns dos asteroides com homenagens para a mãe, a avó e a USP Foto: ARQUIVO PESSOAL

Verena tem um histórico de excelência em diversas áreas do conhecimento, tendo participado de campeonato de robótica e olimpíadas de neurociências, mas se diz surpresa com a repercussão de sua descoberta. 

Tudo começou em 2020, quando ela se preparava para o vestibular, sonhando com vaga no curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto. “Eu queria estudar algo além do conteúdo do ensino médio e me inscrevi no programa de caçar asteroide. Fui aceita e fiz o treinamento on-line para aprender a analisar as imagens do universo que a Nasa me enviava.”

As fotos eram feitas por um telescópio instalado no Havaí e remetidas para a estudante, que as analisava em busca de corpos em movimento, usando um software fornecido pelo programa. 

Foi assim que ela observou os corpos celestes que poderiam ser asteroides – corpos rochosos de estrutura metálica que orbitam o sol. Com base em seus relatórios, repassados inicialmente à Universidade de Harvard, a agência americana confirmou a descoberta dos asteroides, entre eles um que a Nasa considerou o mais importante.

É um achado como aquele do filme, embora se tratem de corpos celestes diferentes, segundo ela. “No filme, fala-se de um cometa. Já o que eu descobri faz parte de um grupo chamado de asteroide fraco, que se movimenta mais devagar e pode colidir com a Terra. Na realidade, foi tudo tão recente que eu ainda não tive tempo de analisar qual dos 25 asteroides seria esse, mas a Nasa e os órgãos responsáveis já realizaram um monitoramento, pois foi eles que me avisaram da grande descoberta”, disse.

Essa análise, segundo a estudante, é feita por vários astrônomos espalhados pelo mundo. “São necessárias várias observações do mesmo asteroide no decorrer dos anos. Todos os dados são coletados pela Universidade de Harvard e enviados à Nasa”, disse. 

Ela manterá contato com os responsáveis pelo caça-asteroides e pretende acompanhar de perto essa investigação que vai indicar o tamanho do asteroide, o período em que deve se aproximar da Terra e os possíveis impactos para nosso planeta. O estudo pode demorar de vários anos.

Assim que sair a documentação, como acontece com outros cientistas, ela espera poder nomear alguns desses asteroides. “Já tenho em mente alguns nomes. Primeiro é o da minha avó, Rochele Paccola, uma pessoa a quem sou muito grudada e não tem um dia em que eu não converso com ela nem que seja por vídeo. Com certeza, eu a quero eternizada em um asteroide, assim como minha mãe, Nathalia Paccola. Ela e minha avó me criaram praticamente sozinhas. Como estou cursando medicina na USP, que sempre foi meu sonho de vida, já que provavelmente a nomeação vai sair junto com minha formatura, eu penso em homenagear também a USP com o nome em um asteroide”, disse.

OLHARES CURIOSOS

Desde muito pequena, em Indaiatuba, sua cidade natal, Verena já lançava olhares questionadores e curiosos sobre o mundo. Enquanto outras crianças levavam brinquedos para a escola, ela preferia ir munida de um microscópio. “Eu colocava formigas e folhas de árvore sob a lente para analisar e já me sentia um pouco cientista”, lembra. 

Aos 7 anos, ela vestia jaleco e brincava de médica. Verena cursou o ensino médio no Colégio Técnico de Campinas, da Unicamp, e se formou técnica em enfermagem.

Após concluir o ensino médio, ela desenvolveu uma pesquisa na área de Neurociência Computacional para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, no Hospital Albert Einstein, por um ano. 

Em 2019, foi aceita na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e ficou um ano naquele país. No retorno ao Brasil, o país já vivia a angústia da pandemia, o que não a impediu de conseguir a vaga em medicina pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O sucesso em sua incursão pela astronomia não abalou a convicção de Verena de ser médica, mas abriu novas perspectivas para o futuro da jovem estudante. “Sobre a medicina eu não tenho dúvidas, pois é meu sonho desde que me conheço por gente. Até esse momento, estou seguindo para a área de neurocirurgia, que é a que mais gosto. Sobre astronomia, é uma área para a qual estou tendo muito estímulo agora. Inclusive tive reuniões com o presidente da Agência Espacial Brasileira (Carlos Teixeira de Moura) e pude conversar com ele sobre medicina espacial, que é uma área em que eu nunca tinha me aprofundado. Agora, vou pesquisar mais, conversar com profissionais da área e entender como é o dia a dia de trabalho de um médico espacial. Quem sabe? Não sei o que vai ser do futuro. Tenho ainda muito estudo pela frente.”

Verena assistiu ao filme Não Olhe Para Cima e achou interessante a coincidência com sua pesquisa. “Descobri os asteroides importantes e saiu esse filme. Acho que algum cientista que trabalha com isso estava por trás das câmeras. O programa usado para achar o cometa que está vindo é o mesmo ou muito similar ao que eu uso. Eles mencionam o centro de Harvard que analisa esses dados e o escritório da Nasa que lida com isso. Achei muito legal essa parte científica do filme e casou muito com a minha descoberta”, disse.

Na ficção em que o diretor Adam McKay apresenta os astrônomos interpretados por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio em um tour pelos altos escalões do governo e pela mídia para alertar a humanidade sobre um meteoro que destruirá a terra, as evidências científicas que eles mostram não são levadas a sério – até porque o foco são as eleições que se avizinham. 

Na vida real, a estudante espera que a ciência prevaleça. “Um dos meus maiores sonhos na vida é ver a ciência sendo valorizada no nosso país, porque os cientistas não são valorizados. Queria que as pessoas tomassem consciência de quão importante é a ciência, do quanto a ciência não permite opiniões, pois trabalha com dados concretos”, disse.

Ela espera contribuir também para que jovens e mulheres que se dedicam à pesquisa sejam valorizadas. “Acho a viralização dessas notícias (sobre sua descoberta) muito legal para incentivar outras pessoas a pesquisarem mais e verem que é possível fazer ciência, mesmo sendo nova, mesmo sendo mulher. Ser mulher em qualquer área não é fácil, mas na ciência... A gente vê pelo prêmio Nobel, a maioria é homem, acho que 80% ou mais. Eu estar aqui e mostrar que é possível uma mulher jovem fazer ciência, eu acho importante para dar essa visibilidade e para as próximas gerações se engajarem, pesquisarem mais e verem que isso é possível. Quem sabe a gente não muda esse pensamento do brasileiro de não valorizar o cientista e de achar que a ciência permite opiniões”, questiona.

SOROCABA - Antes de o filme americano Não Olhe Para Cima, em que dois astrônomos descobrem um meteoro em rota de colisão com a Terra, bater recordes de audiência, a estudante brasileira Verena Paccola, de 22 anos, já havia feito uma descoberta impressionante, e na vida real. A jovem de Indaiatuba, interior paulista, que faz o segundo ano de medicina na Universidade de São Paulo (USP), descobriu 25 asteroides ao participar de um projeto da Nasa, a agência espacial americana. Um desses corpos celestes, segundo ela, poderá se chocar com nosso planeta.

Diferente do que acontece no filme, em que as autoridades se negam a reconhecer a evidência científica, a descoberta de Verena foi classificada como "importante" no programa Caça Asteroides da Nasa e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil.

Em dezembro de 2021, a estudante foi premiada com um troféu entregue pelo coordenador do programa da Nasa em nosso país e pelo ministro Marcos Pontes. “Muitas análises ainda são necessárias para calcular a órbita do asteroide, suas dimensões e os riscos em um eventual impacto. O que já é certo é que pretendo continuar acompanhando tudo”, disse ela ao Estadão.

Verena Paccola pretende nomear alguns dos asteroides com homenagens para a mãe, a avó e a USP Foto: ARQUIVO PESSOAL

Verena tem um histórico de excelência em diversas áreas do conhecimento, tendo participado de campeonato de robótica e olimpíadas de neurociências, mas se diz surpresa com a repercussão de sua descoberta. 

Tudo começou em 2020, quando ela se preparava para o vestibular, sonhando com vaga no curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto. “Eu queria estudar algo além do conteúdo do ensino médio e me inscrevi no programa de caçar asteroide. Fui aceita e fiz o treinamento on-line para aprender a analisar as imagens do universo que a Nasa me enviava.”

As fotos eram feitas por um telescópio instalado no Havaí e remetidas para a estudante, que as analisava em busca de corpos em movimento, usando um software fornecido pelo programa. 

Foi assim que ela observou os corpos celestes que poderiam ser asteroides – corpos rochosos de estrutura metálica que orbitam o sol. Com base em seus relatórios, repassados inicialmente à Universidade de Harvard, a agência americana confirmou a descoberta dos asteroides, entre eles um que a Nasa considerou o mais importante.

É um achado como aquele do filme, embora se tratem de corpos celestes diferentes, segundo ela. “No filme, fala-se de um cometa. Já o que eu descobri faz parte de um grupo chamado de asteroide fraco, que se movimenta mais devagar e pode colidir com a Terra. Na realidade, foi tudo tão recente que eu ainda não tive tempo de analisar qual dos 25 asteroides seria esse, mas a Nasa e os órgãos responsáveis já realizaram um monitoramento, pois foi eles que me avisaram da grande descoberta”, disse.

Essa análise, segundo a estudante, é feita por vários astrônomos espalhados pelo mundo. “São necessárias várias observações do mesmo asteroide no decorrer dos anos. Todos os dados são coletados pela Universidade de Harvard e enviados à Nasa”, disse. 

Ela manterá contato com os responsáveis pelo caça-asteroides e pretende acompanhar de perto essa investigação que vai indicar o tamanho do asteroide, o período em que deve se aproximar da Terra e os possíveis impactos para nosso planeta. O estudo pode demorar de vários anos.

Assim que sair a documentação, como acontece com outros cientistas, ela espera poder nomear alguns desses asteroides. “Já tenho em mente alguns nomes. Primeiro é o da minha avó, Rochele Paccola, uma pessoa a quem sou muito grudada e não tem um dia em que eu não converso com ela nem que seja por vídeo. Com certeza, eu a quero eternizada em um asteroide, assim como minha mãe, Nathalia Paccola. Ela e minha avó me criaram praticamente sozinhas. Como estou cursando medicina na USP, que sempre foi meu sonho de vida, já que provavelmente a nomeação vai sair junto com minha formatura, eu penso em homenagear também a USP com o nome em um asteroide”, disse.

OLHARES CURIOSOS

Desde muito pequena, em Indaiatuba, sua cidade natal, Verena já lançava olhares questionadores e curiosos sobre o mundo. Enquanto outras crianças levavam brinquedos para a escola, ela preferia ir munida de um microscópio. “Eu colocava formigas e folhas de árvore sob a lente para analisar e já me sentia um pouco cientista”, lembra. 

Aos 7 anos, ela vestia jaleco e brincava de médica. Verena cursou o ensino médio no Colégio Técnico de Campinas, da Unicamp, e se formou técnica em enfermagem.

Após concluir o ensino médio, ela desenvolveu uma pesquisa na área de Neurociência Computacional para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, no Hospital Albert Einstein, por um ano. 

Em 2019, foi aceita na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e ficou um ano naquele país. No retorno ao Brasil, o país já vivia a angústia da pandemia, o que não a impediu de conseguir a vaga em medicina pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O sucesso em sua incursão pela astronomia não abalou a convicção de Verena de ser médica, mas abriu novas perspectivas para o futuro da jovem estudante. “Sobre a medicina eu não tenho dúvidas, pois é meu sonho desde que me conheço por gente. Até esse momento, estou seguindo para a área de neurocirurgia, que é a que mais gosto. Sobre astronomia, é uma área para a qual estou tendo muito estímulo agora. Inclusive tive reuniões com o presidente da Agência Espacial Brasileira (Carlos Teixeira de Moura) e pude conversar com ele sobre medicina espacial, que é uma área em que eu nunca tinha me aprofundado. Agora, vou pesquisar mais, conversar com profissionais da área e entender como é o dia a dia de trabalho de um médico espacial. Quem sabe? Não sei o que vai ser do futuro. Tenho ainda muito estudo pela frente.”

Verena assistiu ao filme Não Olhe Para Cima e achou interessante a coincidência com sua pesquisa. “Descobri os asteroides importantes e saiu esse filme. Acho que algum cientista que trabalha com isso estava por trás das câmeras. O programa usado para achar o cometa que está vindo é o mesmo ou muito similar ao que eu uso. Eles mencionam o centro de Harvard que analisa esses dados e o escritório da Nasa que lida com isso. Achei muito legal essa parte científica do filme e casou muito com a minha descoberta”, disse.

Na ficção em que o diretor Adam McKay apresenta os astrônomos interpretados por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio em um tour pelos altos escalões do governo e pela mídia para alertar a humanidade sobre um meteoro que destruirá a terra, as evidências científicas que eles mostram não são levadas a sério – até porque o foco são as eleições que se avizinham. 

Na vida real, a estudante espera que a ciência prevaleça. “Um dos meus maiores sonhos na vida é ver a ciência sendo valorizada no nosso país, porque os cientistas não são valorizados. Queria que as pessoas tomassem consciência de quão importante é a ciência, do quanto a ciência não permite opiniões, pois trabalha com dados concretos”, disse.

Ela espera contribuir também para que jovens e mulheres que se dedicam à pesquisa sejam valorizadas. “Acho a viralização dessas notícias (sobre sua descoberta) muito legal para incentivar outras pessoas a pesquisarem mais e verem que é possível fazer ciência, mesmo sendo nova, mesmo sendo mulher. Ser mulher em qualquer área não é fácil, mas na ciência... A gente vê pelo prêmio Nobel, a maioria é homem, acho que 80% ou mais. Eu estar aqui e mostrar que é possível uma mulher jovem fazer ciência, eu acho importante para dar essa visibilidade e para as próximas gerações se engajarem, pesquisarem mais e verem que isso é possível. Quem sabe a gente não muda esse pensamento do brasileiro de não valorizar o cientista e de achar que a ciência permite opiniões”, questiona.

SOROCABA - Antes de o filme americano Não Olhe Para Cima, em que dois astrônomos descobrem um meteoro em rota de colisão com a Terra, bater recordes de audiência, a estudante brasileira Verena Paccola, de 22 anos, já havia feito uma descoberta impressionante, e na vida real. A jovem de Indaiatuba, interior paulista, que faz o segundo ano de medicina na Universidade de São Paulo (USP), descobriu 25 asteroides ao participar de um projeto da Nasa, a agência espacial americana. Um desses corpos celestes, segundo ela, poderá se chocar com nosso planeta.

Diferente do que acontece no filme, em que as autoridades se negam a reconhecer a evidência científica, a descoberta de Verena foi classificada como "importante" no programa Caça Asteroides da Nasa e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil.

Em dezembro de 2021, a estudante foi premiada com um troféu entregue pelo coordenador do programa da Nasa em nosso país e pelo ministro Marcos Pontes. “Muitas análises ainda são necessárias para calcular a órbita do asteroide, suas dimensões e os riscos em um eventual impacto. O que já é certo é que pretendo continuar acompanhando tudo”, disse ela ao Estadão.

Verena Paccola pretende nomear alguns dos asteroides com homenagens para a mãe, a avó e a USP Foto: ARQUIVO PESSOAL

Verena tem um histórico de excelência em diversas áreas do conhecimento, tendo participado de campeonato de robótica e olimpíadas de neurociências, mas se diz surpresa com a repercussão de sua descoberta. 

Tudo começou em 2020, quando ela se preparava para o vestibular, sonhando com vaga no curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto. “Eu queria estudar algo além do conteúdo do ensino médio e me inscrevi no programa de caçar asteroide. Fui aceita e fiz o treinamento on-line para aprender a analisar as imagens do universo que a Nasa me enviava.”

As fotos eram feitas por um telescópio instalado no Havaí e remetidas para a estudante, que as analisava em busca de corpos em movimento, usando um software fornecido pelo programa. 

Foi assim que ela observou os corpos celestes que poderiam ser asteroides – corpos rochosos de estrutura metálica que orbitam o sol. Com base em seus relatórios, repassados inicialmente à Universidade de Harvard, a agência americana confirmou a descoberta dos asteroides, entre eles um que a Nasa considerou o mais importante.

É um achado como aquele do filme, embora se tratem de corpos celestes diferentes, segundo ela. “No filme, fala-se de um cometa. Já o que eu descobri faz parte de um grupo chamado de asteroide fraco, que se movimenta mais devagar e pode colidir com a Terra. Na realidade, foi tudo tão recente que eu ainda não tive tempo de analisar qual dos 25 asteroides seria esse, mas a Nasa e os órgãos responsáveis já realizaram um monitoramento, pois foi eles que me avisaram da grande descoberta”, disse.

Essa análise, segundo a estudante, é feita por vários astrônomos espalhados pelo mundo. “São necessárias várias observações do mesmo asteroide no decorrer dos anos. Todos os dados são coletados pela Universidade de Harvard e enviados à Nasa”, disse. 

Ela manterá contato com os responsáveis pelo caça-asteroides e pretende acompanhar de perto essa investigação que vai indicar o tamanho do asteroide, o período em que deve se aproximar da Terra e os possíveis impactos para nosso planeta. O estudo pode demorar de vários anos.

Assim que sair a documentação, como acontece com outros cientistas, ela espera poder nomear alguns desses asteroides. “Já tenho em mente alguns nomes. Primeiro é o da minha avó, Rochele Paccola, uma pessoa a quem sou muito grudada e não tem um dia em que eu não converso com ela nem que seja por vídeo. Com certeza, eu a quero eternizada em um asteroide, assim como minha mãe, Nathalia Paccola. Ela e minha avó me criaram praticamente sozinhas. Como estou cursando medicina na USP, que sempre foi meu sonho de vida, já que provavelmente a nomeação vai sair junto com minha formatura, eu penso em homenagear também a USP com o nome em um asteroide”, disse.

OLHARES CURIOSOS

Desde muito pequena, em Indaiatuba, sua cidade natal, Verena já lançava olhares questionadores e curiosos sobre o mundo. Enquanto outras crianças levavam brinquedos para a escola, ela preferia ir munida de um microscópio. “Eu colocava formigas e folhas de árvore sob a lente para analisar e já me sentia um pouco cientista”, lembra. 

Aos 7 anos, ela vestia jaleco e brincava de médica. Verena cursou o ensino médio no Colégio Técnico de Campinas, da Unicamp, e se formou técnica em enfermagem.

Após concluir o ensino médio, ela desenvolveu uma pesquisa na área de Neurociência Computacional para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, no Hospital Albert Einstein, por um ano. 

Em 2019, foi aceita na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e ficou um ano naquele país. No retorno ao Brasil, o país já vivia a angústia da pandemia, o que não a impediu de conseguir a vaga em medicina pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O sucesso em sua incursão pela astronomia não abalou a convicção de Verena de ser médica, mas abriu novas perspectivas para o futuro da jovem estudante. “Sobre a medicina eu não tenho dúvidas, pois é meu sonho desde que me conheço por gente. Até esse momento, estou seguindo para a área de neurocirurgia, que é a que mais gosto. Sobre astronomia, é uma área para a qual estou tendo muito estímulo agora. Inclusive tive reuniões com o presidente da Agência Espacial Brasileira (Carlos Teixeira de Moura) e pude conversar com ele sobre medicina espacial, que é uma área em que eu nunca tinha me aprofundado. Agora, vou pesquisar mais, conversar com profissionais da área e entender como é o dia a dia de trabalho de um médico espacial. Quem sabe? Não sei o que vai ser do futuro. Tenho ainda muito estudo pela frente.”

Verena assistiu ao filme Não Olhe Para Cima e achou interessante a coincidência com sua pesquisa. “Descobri os asteroides importantes e saiu esse filme. Acho que algum cientista que trabalha com isso estava por trás das câmeras. O programa usado para achar o cometa que está vindo é o mesmo ou muito similar ao que eu uso. Eles mencionam o centro de Harvard que analisa esses dados e o escritório da Nasa que lida com isso. Achei muito legal essa parte científica do filme e casou muito com a minha descoberta”, disse.

Na ficção em que o diretor Adam McKay apresenta os astrônomos interpretados por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio em um tour pelos altos escalões do governo e pela mídia para alertar a humanidade sobre um meteoro que destruirá a terra, as evidências científicas que eles mostram não são levadas a sério – até porque o foco são as eleições que se avizinham. 

Na vida real, a estudante espera que a ciência prevaleça. “Um dos meus maiores sonhos na vida é ver a ciência sendo valorizada no nosso país, porque os cientistas não são valorizados. Queria que as pessoas tomassem consciência de quão importante é a ciência, do quanto a ciência não permite opiniões, pois trabalha com dados concretos”, disse.

Ela espera contribuir também para que jovens e mulheres que se dedicam à pesquisa sejam valorizadas. “Acho a viralização dessas notícias (sobre sua descoberta) muito legal para incentivar outras pessoas a pesquisarem mais e verem que é possível fazer ciência, mesmo sendo nova, mesmo sendo mulher. Ser mulher em qualquer área não é fácil, mas na ciência... A gente vê pelo prêmio Nobel, a maioria é homem, acho que 80% ou mais. Eu estar aqui e mostrar que é possível uma mulher jovem fazer ciência, eu acho importante para dar essa visibilidade e para as próximas gerações se engajarem, pesquisarem mais e verem que isso é possível. Quem sabe a gente não muda esse pensamento do brasileiro de não valorizar o cientista e de achar que a ciência permite opiniões”, questiona.

SOROCABA - Antes de o filme americano Não Olhe Para Cima, em que dois astrônomos descobrem um meteoro em rota de colisão com a Terra, bater recordes de audiência, a estudante brasileira Verena Paccola, de 22 anos, já havia feito uma descoberta impressionante, e na vida real. A jovem de Indaiatuba, interior paulista, que faz o segundo ano de medicina na Universidade de São Paulo (USP), descobriu 25 asteroides ao participar de um projeto da Nasa, a agência espacial americana. Um desses corpos celestes, segundo ela, poderá se chocar com nosso planeta.

Diferente do que acontece no filme, em que as autoridades se negam a reconhecer a evidência científica, a descoberta de Verena foi classificada como "importante" no programa Caça Asteroides da Nasa e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil.

Em dezembro de 2021, a estudante foi premiada com um troféu entregue pelo coordenador do programa da Nasa em nosso país e pelo ministro Marcos Pontes. “Muitas análises ainda são necessárias para calcular a órbita do asteroide, suas dimensões e os riscos em um eventual impacto. O que já é certo é que pretendo continuar acompanhando tudo”, disse ela ao Estadão.

Verena Paccola pretende nomear alguns dos asteroides com homenagens para a mãe, a avó e a USP Foto: ARQUIVO PESSOAL

Verena tem um histórico de excelência em diversas áreas do conhecimento, tendo participado de campeonato de robótica e olimpíadas de neurociências, mas se diz surpresa com a repercussão de sua descoberta. 

Tudo começou em 2020, quando ela se preparava para o vestibular, sonhando com vaga no curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto. “Eu queria estudar algo além do conteúdo do ensino médio e me inscrevi no programa de caçar asteroide. Fui aceita e fiz o treinamento on-line para aprender a analisar as imagens do universo que a Nasa me enviava.”

As fotos eram feitas por um telescópio instalado no Havaí e remetidas para a estudante, que as analisava em busca de corpos em movimento, usando um software fornecido pelo programa. 

Foi assim que ela observou os corpos celestes que poderiam ser asteroides – corpos rochosos de estrutura metálica que orbitam o sol. Com base em seus relatórios, repassados inicialmente à Universidade de Harvard, a agência americana confirmou a descoberta dos asteroides, entre eles um que a Nasa considerou o mais importante.

É um achado como aquele do filme, embora se tratem de corpos celestes diferentes, segundo ela. “No filme, fala-se de um cometa. Já o que eu descobri faz parte de um grupo chamado de asteroide fraco, que se movimenta mais devagar e pode colidir com a Terra. Na realidade, foi tudo tão recente que eu ainda não tive tempo de analisar qual dos 25 asteroides seria esse, mas a Nasa e os órgãos responsáveis já realizaram um monitoramento, pois foi eles que me avisaram da grande descoberta”, disse.

Essa análise, segundo a estudante, é feita por vários astrônomos espalhados pelo mundo. “São necessárias várias observações do mesmo asteroide no decorrer dos anos. Todos os dados são coletados pela Universidade de Harvard e enviados à Nasa”, disse. 

Ela manterá contato com os responsáveis pelo caça-asteroides e pretende acompanhar de perto essa investigação que vai indicar o tamanho do asteroide, o período em que deve se aproximar da Terra e os possíveis impactos para nosso planeta. O estudo pode demorar de vários anos.

Assim que sair a documentação, como acontece com outros cientistas, ela espera poder nomear alguns desses asteroides. “Já tenho em mente alguns nomes. Primeiro é o da minha avó, Rochele Paccola, uma pessoa a quem sou muito grudada e não tem um dia em que eu não converso com ela nem que seja por vídeo. Com certeza, eu a quero eternizada em um asteroide, assim como minha mãe, Nathalia Paccola. Ela e minha avó me criaram praticamente sozinhas. Como estou cursando medicina na USP, que sempre foi meu sonho de vida, já que provavelmente a nomeação vai sair junto com minha formatura, eu penso em homenagear também a USP com o nome em um asteroide”, disse.

OLHARES CURIOSOS

Desde muito pequena, em Indaiatuba, sua cidade natal, Verena já lançava olhares questionadores e curiosos sobre o mundo. Enquanto outras crianças levavam brinquedos para a escola, ela preferia ir munida de um microscópio. “Eu colocava formigas e folhas de árvore sob a lente para analisar e já me sentia um pouco cientista”, lembra. 

Aos 7 anos, ela vestia jaleco e brincava de médica. Verena cursou o ensino médio no Colégio Técnico de Campinas, da Unicamp, e se formou técnica em enfermagem.

Após concluir o ensino médio, ela desenvolveu uma pesquisa na área de Neurociência Computacional para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, no Hospital Albert Einstein, por um ano. 

Em 2019, foi aceita na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e ficou um ano naquele país. No retorno ao Brasil, o país já vivia a angústia da pandemia, o que não a impediu de conseguir a vaga em medicina pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O sucesso em sua incursão pela astronomia não abalou a convicção de Verena de ser médica, mas abriu novas perspectivas para o futuro da jovem estudante. “Sobre a medicina eu não tenho dúvidas, pois é meu sonho desde que me conheço por gente. Até esse momento, estou seguindo para a área de neurocirurgia, que é a que mais gosto. Sobre astronomia, é uma área para a qual estou tendo muito estímulo agora. Inclusive tive reuniões com o presidente da Agência Espacial Brasileira (Carlos Teixeira de Moura) e pude conversar com ele sobre medicina espacial, que é uma área em que eu nunca tinha me aprofundado. Agora, vou pesquisar mais, conversar com profissionais da área e entender como é o dia a dia de trabalho de um médico espacial. Quem sabe? Não sei o que vai ser do futuro. Tenho ainda muito estudo pela frente.”

Verena assistiu ao filme Não Olhe Para Cima e achou interessante a coincidência com sua pesquisa. “Descobri os asteroides importantes e saiu esse filme. Acho que algum cientista que trabalha com isso estava por trás das câmeras. O programa usado para achar o cometa que está vindo é o mesmo ou muito similar ao que eu uso. Eles mencionam o centro de Harvard que analisa esses dados e o escritório da Nasa que lida com isso. Achei muito legal essa parte científica do filme e casou muito com a minha descoberta”, disse.

Na ficção em que o diretor Adam McKay apresenta os astrônomos interpretados por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio em um tour pelos altos escalões do governo e pela mídia para alertar a humanidade sobre um meteoro que destruirá a terra, as evidências científicas que eles mostram não são levadas a sério – até porque o foco são as eleições que se avizinham. 

Na vida real, a estudante espera que a ciência prevaleça. “Um dos meus maiores sonhos na vida é ver a ciência sendo valorizada no nosso país, porque os cientistas não são valorizados. Queria que as pessoas tomassem consciência de quão importante é a ciência, do quanto a ciência não permite opiniões, pois trabalha com dados concretos”, disse.

Ela espera contribuir também para que jovens e mulheres que se dedicam à pesquisa sejam valorizadas. “Acho a viralização dessas notícias (sobre sua descoberta) muito legal para incentivar outras pessoas a pesquisarem mais e verem que é possível fazer ciência, mesmo sendo nova, mesmo sendo mulher. Ser mulher em qualquer área não é fácil, mas na ciência... A gente vê pelo prêmio Nobel, a maioria é homem, acho que 80% ou mais. Eu estar aqui e mostrar que é possível uma mulher jovem fazer ciência, eu acho importante para dar essa visibilidade e para as próximas gerações se engajarem, pesquisarem mais e verem que isso é possível. Quem sabe a gente não muda esse pensamento do brasileiro de não valorizar o cientista e de achar que a ciência permite opiniões”, questiona.

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