Calor agora? Saiba por que o El Niño ainda vai piorar até o fim do ano


Segundo relatório da Organização Mundial de Meteorologia, fenômeno deve acontecer até abril; os impactos, como secas, ciclones e alagamentos, devem ocorrer até o fim do 1º semestre de 2024

Por Giovanna Castro
Atualização:

Se o calor ou a chuva forte (depende de onde você mora) assustou nas últimas semanas, é bom preparar para o que vem por aí. Relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) neste mês aponta que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano. O El Niño é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como a estiagem na Amazônia, os temporais no Sul ou os dias quentes em São Paulo.

Com isso, a expectativa de meteorologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade nos próximos meses.

Na Avenida Paulista, termômetros chegaram perto dos 40 graus na semana passada; novas ondas de calor estão previstas Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Segundo a OMM, o fenômeno só chegou a uma consistência em outubro, conforme os registros de temperatura da superfície do mar e outros indicadores, e tem seu pico agora, entre novembro deste ano e janeiro de 2024. Como padrão de resposta da atmosfera às mudanças das condições oceânicas não é imediato, a expectativa é de que as consequências deste pico do El Niño possam ser sentidas até o fim do 1º semestre do ano que vem.

“Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, contribuindo (para esse calor)”, diz Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) . O Dipolo é conhecido como “El Niño do Índico”, fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia.

São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão – estação que já é, por si só, quente – deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo. “Mas não é possível antecipar tanto assim quando exatamente essas ondas de calor vão ocorrer”, afirma Karina, que também é divulgadora científica.

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Orla do rio Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, inundada após fortes chuvas na região esta semana Foto: Joel Vargas/ GVG

Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico próximo à costa da América Latina, a partir do deslocamento de massas de águas mais quentes que vêm da Oceania. Diferentemente do fenômeno La Niña, quando as águas sul-americanas ficam ainda mais frias que o normal, e a Oceania mais quente.

Segundo o especialista, ambos os fenômenos são de difícil previsão e ainda não têm uma justificativa cientificamente comprovada em relação ao alongamento que vêm sofrendo. No entanto, por fazerem parte do sistema de redistribuição de calor na Terra – o que pode se dar tanto pelos oceanos (como fenômenos como o El Niño) quanto pela atmosfera (a partir dos ventos, ciclones e do ciclo de chuvas) – são diretamente afetado pelo aquecimento global.

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“Desde o começo dos estudos sobre aquecimento global, já se falava que, em um planeta que retém calor, os eventos climáticos ficariam mais extremos. Afinal, a atmosfera e o oceano se movem o tempo todo para distribuir calor”, afirma ele.

“A maneira como esses sistemas funcionam ou vão funcionar ainda não são totalmente conhecidas, mas o que temos observado nos últimos tempos, há um ou dois anos, são ondas de calor, enchentes e outros eventos climáticos com maior frequência e intensidade.”

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Do oceano para a atmosfera

A temperatura do oceano altera diretamente o ciclo de evaporação da água e, consequentemente, a atmosfera e o regime de chuvas. No El Niño, as chuvas no Sul do Brasil, norte da Argentina e no Uruguai são intensificadas, enquanto as precipitações no Norte do País diminuem, causando secas.

“As ondas atmosféricas são alteradas pelo El Niño. Se o El Niño se alonga, as ondas de calor também se alongam”, afirma. “Isso não significa que vai ficar o tempo todo calor, sem a chegada de frentes frias. Mas essas frentes frias terão mais dificuldade em chegar ao centro do País, porque a velocidade em que são direcionadas para o mar logo que passam pelo Sul do Brasil é maior com o El Niño”, afirma o professor da USP.

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Quando a La Niña acontece, ocorre o inverso. O norte da América do Sul fica propenso a chuvas intensas, ao passo em que há desfavorecimento de chuvas no Sul. Dessa forma, considerando uma La Niña tão intensa nos próximos anos quanto este El Niño, as plantações, o abastecimento de água e as condições atmosféricas para a respiração tendem a ser prejudicadas no Sul do País. Já no Norte, as populações tendem a sofrer com alagamentos.

Os episódios de El Niño e La Niña ocorrem a cada dois a sete anos, em média, de forma alternada. De acordo com a série histórica, em condições normais, eles geralmente duram de nove a 12 meses.

Se o calor ou a chuva forte (depende de onde você mora) assustou nas últimas semanas, é bom preparar para o que vem por aí. Relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) neste mês aponta que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano. O El Niño é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como a estiagem na Amazônia, os temporais no Sul ou os dias quentes em São Paulo.

Com isso, a expectativa de meteorologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade nos próximos meses.

Na Avenida Paulista, termômetros chegaram perto dos 40 graus na semana passada; novas ondas de calor estão previstas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Segundo a OMM, o fenômeno só chegou a uma consistência em outubro, conforme os registros de temperatura da superfície do mar e outros indicadores, e tem seu pico agora, entre novembro deste ano e janeiro de 2024. Como padrão de resposta da atmosfera às mudanças das condições oceânicas não é imediato, a expectativa é de que as consequências deste pico do El Niño possam ser sentidas até o fim do 1º semestre do ano que vem.

“Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, contribuindo (para esse calor)”, diz Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) . O Dipolo é conhecido como “El Niño do Índico”, fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia.

São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão – estação que já é, por si só, quente – deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo. “Mas não é possível antecipar tanto assim quando exatamente essas ondas de calor vão ocorrer”, afirma Karina, que também é divulgadora científica.

Orla do rio Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, inundada após fortes chuvas na região esta semana Foto: Joel Vargas/ GVG

Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico próximo à costa da América Latina, a partir do deslocamento de massas de águas mais quentes que vêm da Oceania. Diferentemente do fenômeno La Niña, quando as águas sul-americanas ficam ainda mais frias que o normal, e a Oceania mais quente.

Segundo o especialista, ambos os fenômenos são de difícil previsão e ainda não têm uma justificativa cientificamente comprovada em relação ao alongamento que vêm sofrendo. No entanto, por fazerem parte do sistema de redistribuição de calor na Terra – o que pode se dar tanto pelos oceanos (como fenômenos como o El Niño) quanto pela atmosfera (a partir dos ventos, ciclones e do ciclo de chuvas) – são diretamente afetado pelo aquecimento global.

“Desde o começo dos estudos sobre aquecimento global, já se falava que, em um planeta que retém calor, os eventos climáticos ficariam mais extremos. Afinal, a atmosfera e o oceano se movem o tempo todo para distribuir calor”, afirma ele.

“A maneira como esses sistemas funcionam ou vão funcionar ainda não são totalmente conhecidas, mas o que temos observado nos últimos tempos, há um ou dois anos, são ondas de calor, enchentes e outros eventos climáticos com maior frequência e intensidade.”

Do oceano para a atmosfera

A temperatura do oceano altera diretamente o ciclo de evaporação da água e, consequentemente, a atmosfera e o regime de chuvas. No El Niño, as chuvas no Sul do Brasil, norte da Argentina e no Uruguai são intensificadas, enquanto as precipitações no Norte do País diminuem, causando secas.

“As ondas atmosféricas são alteradas pelo El Niño. Se o El Niño se alonga, as ondas de calor também se alongam”, afirma. “Isso não significa que vai ficar o tempo todo calor, sem a chegada de frentes frias. Mas essas frentes frias terão mais dificuldade em chegar ao centro do País, porque a velocidade em que são direcionadas para o mar logo que passam pelo Sul do Brasil é maior com o El Niño”, afirma o professor da USP.

Quando a La Niña acontece, ocorre o inverso. O norte da América do Sul fica propenso a chuvas intensas, ao passo em que há desfavorecimento de chuvas no Sul. Dessa forma, considerando uma La Niña tão intensa nos próximos anos quanto este El Niño, as plantações, o abastecimento de água e as condições atmosféricas para a respiração tendem a ser prejudicadas no Sul do País. Já no Norte, as populações tendem a sofrer com alagamentos.

Os episódios de El Niño e La Niña ocorrem a cada dois a sete anos, em média, de forma alternada. De acordo com a série histórica, em condições normais, eles geralmente duram de nove a 12 meses.

Se o calor ou a chuva forte (depende de onde você mora) assustou nas últimas semanas, é bom preparar para o que vem por aí. Relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) neste mês aponta que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano. O El Niño é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como a estiagem na Amazônia, os temporais no Sul ou os dias quentes em São Paulo.

Com isso, a expectativa de meteorologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade nos próximos meses.

Na Avenida Paulista, termômetros chegaram perto dos 40 graus na semana passada; novas ondas de calor estão previstas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Segundo a OMM, o fenômeno só chegou a uma consistência em outubro, conforme os registros de temperatura da superfície do mar e outros indicadores, e tem seu pico agora, entre novembro deste ano e janeiro de 2024. Como padrão de resposta da atmosfera às mudanças das condições oceânicas não é imediato, a expectativa é de que as consequências deste pico do El Niño possam ser sentidas até o fim do 1º semestre do ano que vem.

“Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, contribuindo (para esse calor)”, diz Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) . O Dipolo é conhecido como “El Niño do Índico”, fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia.

São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão – estação que já é, por si só, quente – deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo. “Mas não é possível antecipar tanto assim quando exatamente essas ondas de calor vão ocorrer”, afirma Karina, que também é divulgadora científica.

Orla do rio Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, inundada após fortes chuvas na região esta semana Foto: Joel Vargas/ GVG

Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico próximo à costa da América Latina, a partir do deslocamento de massas de águas mais quentes que vêm da Oceania. Diferentemente do fenômeno La Niña, quando as águas sul-americanas ficam ainda mais frias que o normal, e a Oceania mais quente.

Segundo o especialista, ambos os fenômenos são de difícil previsão e ainda não têm uma justificativa cientificamente comprovada em relação ao alongamento que vêm sofrendo. No entanto, por fazerem parte do sistema de redistribuição de calor na Terra – o que pode se dar tanto pelos oceanos (como fenômenos como o El Niño) quanto pela atmosfera (a partir dos ventos, ciclones e do ciclo de chuvas) – são diretamente afetado pelo aquecimento global.

“Desde o começo dos estudos sobre aquecimento global, já se falava que, em um planeta que retém calor, os eventos climáticos ficariam mais extremos. Afinal, a atmosfera e o oceano se movem o tempo todo para distribuir calor”, afirma ele.

“A maneira como esses sistemas funcionam ou vão funcionar ainda não são totalmente conhecidas, mas o que temos observado nos últimos tempos, há um ou dois anos, são ondas de calor, enchentes e outros eventos climáticos com maior frequência e intensidade.”

Do oceano para a atmosfera

A temperatura do oceano altera diretamente o ciclo de evaporação da água e, consequentemente, a atmosfera e o regime de chuvas. No El Niño, as chuvas no Sul do Brasil, norte da Argentina e no Uruguai são intensificadas, enquanto as precipitações no Norte do País diminuem, causando secas.

“As ondas atmosféricas são alteradas pelo El Niño. Se o El Niño se alonga, as ondas de calor também se alongam”, afirma. “Isso não significa que vai ficar o tempo todo calor, sem a chegada de frentes frias. Mas essas frentes frias terão mais dificuldade em chegar ao centro do País, porque a velocidade em que são direcionadas para o mar logo que passam pelo Sul do Brasil é maior com o El Niño”, afirma o professor da USP.

Quando a La Niña acontece, ocorre o inverso. O norte da América do Sul fica propenso a chuvas intensas, ao passo em que há desfavorecimento de chuvas no Sul. Dessa forma, considerando uma La Niña tão intensa nos próximos anos quanto este El Niño, as plantações, o abastecimento de água e as condições atmosféricas para a respiração tendem a ser prejudicadas no Sul do País. Já no Norte, as populações tendem a sofrer com alagamentos.

Os episódios de El Niño e La Niña ocorrem a cada dois a sete anos, em média, de forma alternada. De acordo com a série histórica, em condições normais, eles geralmente duram de nove a 12 meses.

Se o calor ou a chuva forte (depende de onde você mora) assustou nas últimas semanas, é bom preparar para o que vem por aí. Relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) neste mês aponta que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano. O El Niño é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como a estiagem na Amazônia, os temporais no Sul ou os dias quentes em São Paulo.

Com isso, a expectativa de meteorologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade nos próximos meses.

Na Avenida Paulista, termômetros chegaram perto dos 40 graus na semana passada; novas ondas de calor estão previstas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Segundo a OMM, o fenômeno só chegou a uma consistência em outubro, conforme os registros de temperatura da superfície do mar e outros indicadores, e tem seu pico agora, entre novembro deste ano e janeiro de 2024. Como padrão de resposta da atmosfera às mudanças das condições oceânicas não é imediato, a expectativa é de que as consequências deste pico do El Niño possam ser sentidas até o fim do 1º semestre do ano que vem.

“Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, contribuindo (para esse calor)”, diz Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) . O Dipolo é conhecido como “El Niño do Índico”, fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia.

São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão – estação que já é, por si só, quente – deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo. “Mas não é possível antecipar tanto assim quando exatamente essas ondas de calor vão ocorrer”, afirma Karina, que também é divulgadora científica.

Orla do rio Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, inundada após fortes chuvas na região esta semana Foto: Joel Vargas/ GVG

Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico próximo à costa da América Latina, a partir do deslocamento de massas de águas mais quentes que vêm da Oceania. Diferentemente do fenômeno La Niña, quando as águas sul-americanas ficam ainda mais frias que o normal, e a Oceania mais quente.

Segundo o especialista, ambos os fenômenos são de difícil previsão e ainda não têm uma justificativa cientificamente comprovada em relação ao alongamento que vêm sofrendo. No entanto, por fazerem parte do sistema de redistribuição de calor na Terra – o que pode se dar tanto pelos oceanos (como fenômenos como o El Niño) quanto pela atmosfera (a partir dos ventos, ciclones e do ciclo de chuvas) – são diretamente afetado pelo aquecimento global.

“Desde o começo dos estudos sobre aquecimento global, já se falava que, em um planeta que retém calor, os eventos climáticos ficariam mais extremos. Afinal, a atmosfera e o oceano se movem o tempo todo para distribuir calor”, afirma ele.

“A maneira como esses sistemas funcionam ou vão funcionar ainda não são totalmente conhecidas, mas o que temos observado nos últimos tempos, há um ou dois anos, são ondas de calor, enchentes e outros eventos climáticos com maior frequência e intensidade.”

Do oceano para a atmosfera

A temperatura do oceano altera diretamente o ciclo de evaporação da água e, consequentemente, a atmosfera e o regime de chuvas. No El Niño, as chuvas no Sul do Brasil, norte da Argentina e no Uruguai são intensificadas, enquanto as precipitações no Norte do País diminuem, causando secas.

“As ondas atmosféricas são alteradas pelo El Niño. Se o El Niño se alonga, as ondas de calor também se alongam”, afirma. “Isso não significa que vai ficar o tempo todo calor, sem a chegada de frentes frias. Mas essas frentes frias terão mais dificuldade em chegar ao centro do País, porque a velocidade em que são direcionadas para o mar logo que passam pelo Sul do Brasil é maior com o El Niño”, afirma o professor da USP.

Quando a La Niña acontece, ocorre o inverso. O norte da América do Sul fica propenso a chuvas intensas, ao passo em que há desfavorecimento de chuvas no Sul. Dessa forma, considerando uma La Niña tão intensa nos próximos anos quanto este El Niño, as plantações, o abastecimento de água e as condições atmosféricas para a respiração tendem a ser prejudicadas no Sul do País. Já no Norte, as populações tendem a sofrer com alagamentos.

Os episódios de El Niño e La Niña ocorrem a cada dois a sete anos, em média, de forma alternada. De acordo com a série histórica, em condições normais, eles geralmente duram de nove a 12 meses.

Se o calor ou a chuva forte (depende de onde você mora) assustou nas últimas semanas, é bom preparar para o que vem por aí. Relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) neste mês aponta que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano. O El Niño é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como a estiagem na Amazônia, os temporais no Sul ou os dias quentes em São Paulo.

Com isso, a expectativa de meteorologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade nos próximos meses.

Na Avenida Paulista, termômetros chegaram perto dos 40 graus na semana passada; novas ondas de calor estão previstas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Segundo a OMM, o fenômeno só chegou a uma consistência em outubro, conforme os registros de temperatura da superfície do mar e outros indicadores, e tem seu pico agora, entre novembro deste ano e janeiro de 2024. Como padrão de resposta da atmosfera às mudanças das condições oceânicas não é imediato, a expectativa é de que as consequências deste pico do El Niño possam ser sentidas até o fim do 1º semestre do ano que vem.

“Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, contribuindo (para esse calor)”, diz Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) . O Dipolo é conhecido como “El Niño do Índico”, fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia.

São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão – estação que já é, por si só, quente – deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo. “Mas não é possível antecipar tanto assim quando exatamente essas ondas de calor vão ocorrer”, afirma Karina, que também é divulgadora científica.

Orla do rio Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, inundada após fortes chuvas na região esta semana Foto: Joel Vargas/ GVG

Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico próximo à costa da América Latina, a partir do deslocamento de massas de águas mais quentes que vêm da Oceania. Diferentemente do fenômeno La Niña, quando as águas sul-americanas ficam ainda mais frias que o normal, e a Oceania mais quente.

Segundo o especialista, ambos os fenômenos são de difícil previsão e ainda não têm uma justificativa cientificamente comprovada em relação ao alongamento que vêm sofrendo. No entanto, por fazerem parte do sistema de redistribuição de calor na Terra – o que pode se dar tanto pelos oceanos (como fenômenos como o El Niño) quanto pela atmosfera (a partir dos ventos, ciclones e do ciclo de chuvas) – são diretamente afetado pelo aquecimento global.

“Desde o começo dos estudos sobre aquecimento global, já se falava que, em um planeta que retém calor, os eventos climáticos ficariam mais extremos. Afinal, a atmosfera e o oceano se movem o tempo todo para distribuir calor”, afirma ele.

“A maneira como esses sistemas funcionam ou vão funcionar ainda não são totalmente conhecidas, mas o que temos observado nos últimos tempos, há um ou dois anos, são ondas de calor, enchentes e outros eventos climáticos com maior frequência e intensidade.”

Do oceano para a atmosfera

A temperatura do oceano altera diretamente o ciclo de evaporação da água e, consequentemente, a atmosfera e o regime de chuvas. No El Niño, as chuvas no Sul do Brasil, norte da Argentina e no Uruguai são intensificadas, enquanto as precipitações no Norte do País diminuem, causando secas.

“As ondas atmosféricas são alteradas pelo El Niño. Se o El Niño se alonga, as ondas de calor também se alongam”, afirma. “Isso não significa que vai ficar o tempo todo calor, sem a chegada de frentes frias. Mas essas frentes frias terão mais dificuldade em chegar ao centro do País, porque a velocidade em que são direcionadas para o mar logo que passam pelo Sul do Brasil é maior com o El Niño”, afirma o professor da USP.

Quando a La Niña acontece, ocorre o inverso. O norte da América do Sul fica propenso a chuvas intensas, ao passo em que há desfavorecimento de chuvas no Sul. Dessa forma, considerando uma La Niña tão intensa nos próximos anos quanto este El Niño, as plantações, o abastecimento de água e as condições atmosféricas para a respiração tendem a ser prejudicadas no Sul do País. Já no Norte, as populações tendem a sofrer com alagamentos.

Os episódios de El Niño e La Niña ocorrem a cada dois a sete anos, em média, de forma alternada. De acordo com a série histórica, em condições normais, eles geralmente duram de nove a 12 meses.

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