A China planeja pousar astronautas na Lua antes de 2030, o que seria outro avanço no que é cada vez mais visto como uma nova corrida espacial que coloca a autocracia asiática contra os Estados Unidos e seus aliados democráticos. Os EUA pretendem colocar seus astronautas novamente na superfície lunar até o final de 2025.
O vice-diretor da Agência Espacial Tripulada da China, Lin Xiqiang, confirmou o objetivo do país em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 29, mas não deu uma data específica. Eles estariam se preparando primeiro para uma “curta estadia na superfície lunar e exploração conjunta humano-robótica”.
“Temos uma estação espacial humana completa próxima da Terra e um sistema de transporte humano de ida e volta”, afirmou Xiqiang. Segundo ele, já existe um processo para selecionar, treinar e apoiar novos astronautas e um cronograma de duas missões tripuladas por ano seria “suficiente para realizar nossos objetivos.”
A agência espacial da China também apresentou a nova tripulação rumo à sua estação espacial em órbita em um lançamento agendado para terça-feira, 30, e disse que a sua estação espacial será expandida.
A estação espacial Tiangong tinha sido concluída em novembro de 2022, quando sua terceira seção foi adicionada. Agora, um quarto módulo será incluído “em um momento apropriado para promover o apoio a experimentos científicos e fornecer à tripulação melhores condições de trabalho e de vida”, disse Xiqiang.
Nova tripulação chinesa terá um civil
O trio que será lançado a bordo da nave Shenzhou 16 se sobreporá aos três astronautas que viveram na estação espacial nos últimos seis meses conduzindo experimentos e montando equipamentos dentro e fora do veículo.
A nova tripulação inclui um civil pela primeira vez. Todos os tripulantes anteriores estiveram no Exército Popular de Libertação, a ala militar do Partido Comunista que governa o país.
Gui Haichao, professor do principal instituto de pesquisa aeroespacial de Pequim, se juntará ao comandante da missão Jing Haipeng e ao engenheiro de espaçonaves Zhu Yangzhu como especialista em carga útil.
Falando à mídia no local de lançamento fora da cidade de Jiuquan, no noroeste da China, Haipeng disse que a missão marcou “um novo estágio de aplicação e desenvolvimento” no programa espacial do país.
“Acreditamos firmemente que a ‘primavera’ da ciência espacial da China chegou e temos determinação, confiança e capacidade para concluir a missão com determinação”, disse Haipeng, um major-general que fez três voos espaciais anteriores.
Competição com os EUA
A primeira missão espacial tripulada da China aconteceu em 2003 e a tornou o terceiro país, depois da ex-União Soviética e dos EUA, a colocar uma pessoa no espaço.
A China construiu sua própria estação espacial depois de ter sido excluída da Estação Espacial Internacional, em grande parte devido a objeções dos EUA sobre os laços íntimos dos programas espaciais chineses com o Exército de Libertação Popular.
O espaço é cada vez mais visto como uma nova área de competição entre a China e os Estados Unidos – as duas maiores economias do mundo e rivais por influência diplomática e militar. Os astronautas que a Nasa enviará à Lua até o final de 2025 terão como objetivo o Polo Sul, onde acredita-se que as crateras permanentemente sombreadas estejam repletas de água congelada.
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Planos para bases tripuladas permanentes na lua também estão sendo considerados por ambos os países, levantando questões sobre direitos e interesses na superfície lunar. A lei dos EUA restringe fortemente a cooperação entre os programas espaciais dos dois países e, embora a China diga que aceita colaborações estrangeiras, até agora elas se limitaram à pesquisa científica.
Além de seus programas lunares, os EUA e a China também pousaram sondas em Marte, e Pequim planeja seguir os EUA no pouso de uma espaçonave em um asteroide. Outros países e organizações, desde a Índia e os Emirados Árabes Unidos até Israel e a União Europeia, também estão planejando missões lunares.
Os EUA enviaram seis missões tripuladas à Lua entre 1969 e 1972, três das quais envolveram o uso de um veículo lunar dirigível que a China diz estar desenvolvendo agora com licitações no setor privado.
Embora os EUA atualmente opere mais bases de lançamento espacial e tenha uma rede muito mais ampla de parceiros internacionais e comerciais do que a China, o programa chinês tem prosseguido de maneira constante e cautelosa, refletindo o vasto aumento do poder econômico e influência global do país desde a década de 1980. /AP