Cientistas descobrem que Terra tem um segundo núcleo


Estudo com base em ondas sísmicas mostra que núcleo interno do planeta não é homogêneo como se pensava

Por Fabio de Castro

SÃO PAULO - Graças a uma aplicação inovadora das tecnologias usadas para monitorar terremotos, um grupo de cientistas norte-americanos e chineses descobriu que o núcleo interno da Terra tem seu próprio núcleo, com propriedades físicas diferentes do restante. De acordo com os autores do estudo, publicado nesta segunda-feira, 9, na revista Nature Geosciences, a descoberta fornece novas pistas para compreender a estrutura das profundezas do planeta, desvendar sua formação e estudar outros processos dinâmicos do interior da Terra.

Há muito tempo, os cientistas estabeleceram que a Terra é composta de três camadas principais: a crosta, uma profunda e quente camada de magma - conhecida como manto -, e o núcleo. Sabe-se também que o núcleo, sob altas temperaturas, é composto de uma parte externa de ferro e níquel em estado líquido e uma parte interna, ainda mais quente, mas em estado sólido graças à imensa pressão. 

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Acreditava-se, no entanto, que o núcleo interno seria uma esfera sólida de ferro com uma estrutura única. O novo estudo, porém, mostra que dentro do núcleo interno - que tem aproximadamente o tamanho da Lua - há um "núcleo do núcleo", com cerca da metade desse tamanho, também feito de ferro sólido, mas com uma estrutura distinta.

De acordo com o coordenador do estudo, Xianodong Song, da Universidade de Illinois (Estados Unidos), enquanto na camada exterior do núcleo interno os cristais de ferro estão alinhados no sentido norte-sul, no centro do núcleo interno eles estão organizados no sentido leste-oeste. "Com isso, é provável que a parte profunda e a parte exterior do núcleo interno tenham propriedades muito diferentes. A descoberta sugere também que as mudanças tectônicas ocorridas no início da história da Terra podem ter levado à formação dessas estruturas distintas no núcleo interno", disse Song ao Estado. Segundo ele, a descoberta coloca em novos moldes a compreensão que se tem das profundezas do planeta.

Para estudar o centro da Terra, os pesquisadores utilizaram as ondas sísmicas que reverberam pelo planeta depois dos terremotos - e que depois eram amplificadas . "Usamos os mesmos instrumentos que se usa para medir abalos sísmicos, mas em vez de focar em um terremoto em particular, utilizamos ondas que viajavam em todas as direções. Para isso usamos sensores e mini-receptores espalhados em diversos locais do mundo. Assim, conseguimos medir atrasos no tempo em que essas ondas viajam por dentro do planeta", explicou. 

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Segundo ele, o processo funciona de forma análoga ao ultrassom, usado por médicos para explorar o interior do corpo dos pacientes. Song explica que, em vez obter dados para o estudo a partir do choque inicial de um terremoto, sua equipe captou as ondas que ressoam pela Terra logo após a ocorrência de inúmeros abalos sísmicos entre 1992 e 2012. "É como se estudássemos o eco dos terremotos, que têm um sinal muito mais claro que os terremotos em si e vão em todas as direções. Isso permitiu que detectássemos as interferências ao passar por diferentes estruturas do interior do planeta", disse Song.

Ao analisar os dados, segundo Song, a equipe percebeu que as ondas sísmicas que passavam exatamente pelo centro do planeta apresentavam uma interferência muito diferente das que viajavam através do restante do núcleo - o que indicava uma diferença estrutural entre as duas partes do núcleo interno. "Além dos cristais de ferro na parte profunda do núcleo interno estarem alinhadas de forma diferente, eles se comportam de maneira diferente também. Isso significa que o núcleo do núcleo interno pode ser feito de uma forma diferente de cristais."

Ao descobrir que o núcleo interno tem regiões claramente diferenciadas, os cientistas acreditam que podem descobrir como o núcleo da Terra evoluiu. "Ao longo da história da Terra, o núcleo interno pode ter sofrido, por exemplo, uma mudança muito dramática em seu regime de deformação. Talvez ali que possamos encontrar a chave para descobrir como o planeta evoluiu", declarou.

SÃO PAULO - Graças a uma aplicação inovadora das tecnologias usadas para monitorar terremotos, um grupo de cientistas norte-americanos e chineses descobriu que o núcleo interno da Terra tem seu próprio núcleo, com propriedades físicas diferentes do restante. De acordo com os autores do estudo, publicado nesta segunda-feira, 9, na revista Nature Geosciences, a descoberta fornece novas pistas para compreender a estrutura das profundezas do planeta, desvendar sua formação e estudar outros processos dinâmicos do interior da Terra.

Há muito tempo, os cientistas estabeleceram que a Terra é composta de três camadas principais: a crosta, uma profunda e quente camada de magma - conhecida como manto -, e o núcleo. Sabe-se também que o núcleo, sob altas temperaturas, é composto de uma parte externa de ferro e níquel em estado líquido e uma parte interna, ainda mais quente, mas em estado sólido graças à imensa pressão. 

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Acreditava-se, no entanto, que o núcleo interno seria uma esfera sólida de ferro com uma estrutura única. O novo estudo, porém, mostra que dentro do núcleo interno - que tem aproximadamente o tamanho da Lua - há um "núcleo do núcleo", com cerca da metade desse tamanho, também feito de ferro sólido, mas com uma estrutura distinta.

De acordo com o coordenador do estudo, Xianodong Song, da Universidade de Illinois (Estados Unidos), enquanto na camada exterior do núcleo interno os cristais de ferro estão alinhados no sentido norte-sul, no centro do núcleo interno eles estão organizados no sentido leste-oeste. "Com isso, é provável que a parte profunda e a parte exterior do núcleo interno tenham propriedades muito diferentes. A descoberta sugere também que as mudanças tectônicas ocorridas no início da história da Terra podem ter levado à formação dessas estruturas distintas no núcleo interno", disse Song ao Estado. Segundo ele, a descoberta coloca em novos moldes a compreensão que se tem das profundezas do planeta.

Para estudar o centro da Terra, os pesquisadores utilizaram as ondas sísmicas que reverberam pelo planeta depois dos terremotos - e que depois eram amplificadas . "Usamos os mesmos instrumentos que se usa para medir abalos sísmicos, mas em vez de focar em um terremoto em particular, utilizamos ondas que viajavam em todas as direções. Para isso usamos sensores e mini-receptores espalhados em diversos locais do mundo. Assim, conseguimos medir atrasos no tempo em que essas ondas viajam por dentro do planeta", explicou. 

Segundo ele, o processo funciona de forma análoga ao ultrassom, usado por médicos para explorar o interior do corpo dos pacientes. Song explica que, em vez obter dados para o estudo a partir do choque inicial de um terremoto, sua equipe captou as ondas que ressoam pela Terra logo após a ocorrência de inúmeros abalos sísmicos entre 1992 e 2012. "É como se estudássemos o eco dos terremotos, que têm um sinal muito mais claro que os terremotos em si e vão em todas as direções. Isso permitiu que detectássemos as interferências ao passar por diferentes estruturas do interior do planeta", disse Song.

Ao analisar os dados, segundo Song, a equipe percebeu que as ondas sísmicas que passavam exatamente pelo centro do planeta apresentavam uma interferência muito diferente das que viajavam através do restante do núcleo - o que indicava uma diferença estrutural entre as duas partes do núcleo interno. "Além dos cristais de ferro na parte profunda do núcleo interno estarem alinhadas de forma diferente, eles se comportam de maneira diferente também. Isso significa que o núcleo do núcleo interno pode ser feito de uma forma diferente de cristais."

Ao descobrir que o núcleo interno tem regiões claramente diferenciadas, os cientistas acreditam que podem descobrir como o núcleo da Terra evoluiu. "Ao longo da história da Terra, o núcleo interno pode ter sofrido, por exemplo, uma mudança muito dramática em seu regime de deformação. Talvez ali que possamos encontrar a chave para descobrir como o planeta evoluiu", declarou.

SÃO PAULO - Graças a uma aplicação inovadora das tecnologias usadas para monitorar terremotos, um grupo de cientistas norte-americanos e chineses descobriu que o núcleo interno da Terra tem seu próprio núcleo, com propriedades físicas diferentes do restante. De acordo com os autores do estudo, publicado nesta segunda-feira, 9, na revista Nature Geosciences, a descoberta fornece novas pistas para compreender a estrutura das profundezas do planeta, desvendar sua formação e estudar outros processos dinâmicos do interior da Terra.

Há muito tempo, os cientistas estabeleceram que a Terra é composta de três camadas principais: a crosta, uma profunda e quente camada de magma - conhecida como manto -, e o núcleo. Sabe-se também que o núcleo, sob altas temperaturas, é composto de uma parte externa de ferro e níquel em estado líquido e uma parte interna, ainda mais quente, mas em estado sólido graças à imensa pressão. 

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Acreditava-se, no entanto, que o núcleo interno seria uma esfera sólida de ferro com uma estrutura única. O novo estudo, porém, mostra que dentro do núcleo interno - que tem aproximadamente o tamanho da Lua - há um "núcleo do núcleo", com cerca da metade desse tamanho, também feito de ferro sólido, mas com uma estrutura distinta.

De acordo com o coordenador do estudo, Xianodong Song, da Universidade de Illinois (Estados Unidos), enquanto na camada exterior do núcleo interno os cristais de ferro estão alinhados no sentido norte-sul, no centro do núcleo interno eles estão organizados no sentido leste-oeste. "Com isso, é provável que a parte profunda e a parte exterior do núcleo interno tenham propriedades muito diferentes. A descoberta sugere também que as mudanças tectônicas ocorridas no início da história da Terra podem ter levado à formação dessas estruturas distintas no núcleo interno", disse Song ao Estado. Segundo ele, a descoberta coloca em novos moldes a compreensão que se tem das profundezas do planeta.

Para estudar o centro da Terra, os pesquisadores utilizaram as ondas sísmicas que reverberam pelo planeta depois dos terremotos - e que depois eram amplificadas . "Usamos os mesmos instrumentos que se usa para medir abalos sísmicos, mas em vez de focar em um terremoto em particular, utilizamos ondas que viajavam em todas as direções. Para isso usamos sensores e mini-receptores espalhados em diversos locais do mundo. Assim, conseguimos medir atrasos no tempo em que essas ondas viajam por dentro do planeta", explicou. 

Segundo ele, o processo funciona de forma análoga ao ultrassom, usado por médicos para explorar o interior do corpo dos pacientes. Song explica que, em vez obter dados para o estudo a partir do choque inicial de um terremoto, sua equipe captou as ondas que ressoam pela Terra logo após a ocorrência de inúmeros abalos sísmicos entre 1992 e 2012. "É como se estudássemos o eco dos terremotos, que têm um sinal muito mais claro que os terremotos em si e vão em todas as direções. Isso permitiu que detectássemos as interferências ao passar por diferentes estruturas do interior do planeta", disse Song.

Ao analisar os dados, segundo Song, a equipe percebeu que as ondas sísmicas que passavam exatamente pelo centro do planeta apresentavam uma interferência muito diferente das que viajavam através do restante do núcleo - o que indicava uma diferença estrutural entre as duas partes do núcleo interno. "Além dos cristais de ferro na parte profunda do núcleo interno estarem alinhadas de forma diferente, eles se comportam de maneira diferente também. Isso significa que o núcleo do núcleo interno pode ser feito de uma forma diferente de cristais."

Ao descobrir que o núcleo interno tem regiões claramente diferenciadas, os cientistas acreditam que podem descobrir como o núcleo da Terra evoluiu. "Ao longo da história da Terra, o núcleo interno pode ter sofrido, por exemplo, uma mudança muito dramática em seu regime de deformação. Talvez ali que possamos encontrar a chave para descobrir como o planeta evoluiu", declarou.

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