Milhares de fotografias e vídeos têm registrado a rara passagem do cometa Neowise nas proximidades da Terra. Por diversos continentes, especialmente a noite, as imagens de fotógrafos amadores e profissionais mostram a luz intensa do corpo celeste, que poderá ser avistado por brasileiros até 31 de julho.
A aproximação máxima do cometa ocorreu na quinta-feira, 23. Na região Sudeste, ele deve ser melhor observado a partir desta sexta-feira, 24, e, no Sul, por volta de domingo, 26.
O ideal é olhar à direita do ponto onde o Sol se põe. Os interessados em ver essa passagem precisam estar atentos porque somente daqui a 6.800 anos é que ele estará por aqui novamente.
Outra ressalva é que fenômenos como esse variam muito de um dia para o outro, são imprevisíveis e algumas condições são necessárias para que a cena seja registrada.
Segundo o astrofísico Roberto Dell'Aglio Dias da Costa, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), um binóculo comum ou uma luneta podem ajudar a visualizar a passagem do cometa. O que se verá é uma forma característica: uma cabeça brilhante com cauda, fácil de identificar em meio a estrelas.
Para a próxima semana, o clima deve ajudar a ter um céu com poucas nuvens. Costa diz, ainda, que quem estiver nas regiões Norte e Nordeste verá o cometa melhor do que quem estiver no Sudeste, que por sua vez terá uma visão mais nítida de quem mora no Sul.
A olho nu, a pessoa terá a impressão de que o corpo celeste está imóvel em relação ao fundo estrelado, mas caso faça uso de um binóculo, será possível ver um movimento lento no céu.
Caso o observador opte por um telescópio, o astrofísico faz um alerta: não se deve nunca, em hipótese alguma, apontar o telescópio ou luneta para o Sol, porque isso pode causar lesão permanente na retina.
Seguindo essas dicas, é até possível ver o cometa por mais de um dia seguido, mas a cada um deles a visão será pior no horizonte.
Feitos de poeira, rocha, gelo e gases, os cometas são corpos celestes com estrutura dividida entre núcleo, cabeleira ou coma e cauda. Tudo indica que eles se formaram ao mesmo tempo que o Sistema Solar, em dois pontos distintos: no Cinturão de Kuiper, perto da órbita de Netuno, e na Nuvem de Oort, a quase um ano-luz do sol.
Com diversos tamanhos, os cometas têm caudas luminosas formadas por partículas de seus materiais que vão se soltando, deixando um rastro no céu e os diferenciam dos asteroides. Centenas deles, como o Halley, passam perto da Terra, mas poucos chamam atenção.
No hemisfério norte do planeta, o cometa virou uma atração. Fotos mostram um luminoso corpo redondo acompanhado por uma cauda igualmente brilhante atravessando os céus da Itália e da República Checa, por exemplo. Em 15 de julho, o Neowise passou sobre as Seven Magic Mountains, no deserto de Nevada, nos Estados Unidos.
É o Sol que faz os cometas serem vistos. Compostos por um núcleo de gelo, o calor solar provoca a sublimação desse material, transformando-o de sólido para gasoso. O gás que sobe pela superfície do corpo dá a visão do brilho que rasga o céu em sua passagem. Quanto mais longe do Sol, menos partes são desprendidas e menos visível ele fica. Longe do Sol, ele é apenas uma grande pedra fria.
Sobre o Neowise, sabe-se que ele é um cometa periódico, ou seja, passa pela Terra a cada período específico - quase 7 mil anos nesse caso. Ele registrou sua aproximação máxima ao Sol em 3 de julho, quando ficou a uma distância de 43 milhões de quilômetros.
O mais conhecido dos cometas é o Halley, que pode ser visto da Terra a cada quase 76 anos. Estima-se que a próxima "visita" dele será em 2061. No ano passado, foi possível ver a chuva de meteoros dele.
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