Como era o crocodilo ‘caipira’ que viveu no interior de SP há 85 milhões de anos


Identificação da nova espécie foi descrita em estudo publicado neste mês em uma revista científica. Animal emitia sons para escapar dos predadores

Por José Maria Tomazela

Um crocodilo barulhento e vegetariano viveu há 85 milhões de anos na região de Catanduva, no interior de São Paulo. O espécime, de 1,20 metro de comprimento, convivia com grandes dinossauros e outras espécies de répteis e tinha uma espécie de caixa de ressonância junto às vias respiratórias, inexistente em outros crocodilos da época. Segundo os pesquisadores, provavelmente o animal emitia sons para se comunicar com seu grupo e, com isso, escapar dos predadores, já que não era carnívoro.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo publicado na edição deste mês da revista científica internacional Historical Biology.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo Foto: Guilherme Gehr/Divulgação
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O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Fabiano Vidoi Iori, do Museu de Paleontologia Pedro Candolo, de Uchoa (SP), Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Marcelo Adorno Fernandes, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), e Willian Dias, pós-graduando da Ufscar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351) e passaram a ser estudados pela equipe de Iori. Foi durante os estudos de Willian Dias, em 2018, que surgiu a possibilidade de uma nova espécie.

“Ao analisar as tomografias de diferentes espécies de crocodilos, observamos que o exemplar de Catanduva tinha uma comunicação inusitada entre as vias aéreas superiores e uma câmara no osso pterigóide, no céu da boca”, contou Dias.

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  • Os pesquisadores propõem que a câmara no osso pterigóide funcionaria como uma caixa de ressonância para potencializar as vocalizações do Caipirasuchus catanduvensis, como aconteceria com outras espécies fósseis.
  • É o caso dos dinossauros da família dos lambeosaurídeos, dinossauro bípede que teve a imagem muito utilizada em filmes sobre o período jurássico, emitindo vários tipos de sons.

De acordo com Iori, a vocalização, no caso do crocodilo, é um indicativo de organização social entre os Caipirasuchus, similar ao observado nos atuais suricatos, mamíferos que vivem em colônias, na África, e usam uma linguagem própria para se comunicar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351)  Foto: Fabiano Iori/Divulgação
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Embora proposta para o Caipirasuchus catanduvensis, a organização social pode ter ocorrido nas outras espécies do gênero e influenciado na história evolutiva do grupo marcada por sua ampla distribuição regional e diversificação, segundo o paleontólogo.

A definição deste novo crocodilo do Cretáceo brasileiro ajuda a refinar o conhecimento paleontológico sobre os Caipirasuchus e suas interações com o ambiente da época, diz Iori.

“Esses inusitados animais não eram os mais fortes e nem os mais vorazes de seus ambientes, mas a organização social pode ter sido a resposta que estes pequenos crocodilos encontraram para o seu sucesso em um planeta dominado por gigantes predadores”, disse.

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Rica fauna no interior de SP

Achados paleontológicos das últimas décadas apontam que uma rica fauna de dinossauros, crocodilos e outros animais pré-históricos habitaram o interior de São Paulo em épocas muito remotas.

O período Cretáceo corresponde ao período de tempo entre 145 milhões e 65 milhões de anos. Neste período, segundo cientistas, ocorreu a fragmentação de Gondwana, em que América do Sul, Antártica e Austrália se separaram da África, formando-se a divergência entre o Atlântico Sul e o Oceano Índico.

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Fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva Foto: Edvaldo dos Santos

Desde fósseis de titanossauros gigantes até pequenos pássaros alados e ninhadas de seus ovos têm sido encontrados quase sempre por acaso, durante a construção de rodovias e outros empreendimentos, entre o norte e o oeste paulista. Os achados se transformam depois em sítios paleontológicos.

Fabiano Iori, que também atua no museu paleontológico de Monte Alto, lembra que os fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva.

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Os entusiastas Edvaldo Fabiano dos Santos e Laércio Fernando Doro decidiram realizar um trabalho sistemático de prospecção nesses blocos e encontraram mais fósseis, inclusive de dinossauros.

Iori e os outros pesquisadores identificaram os ossos de crocodilos entre o material e passaram a estudar o material junto com fósseis encontrados em rochas de outras regiões do interior e do Triângulo Mineiro.

Com a identificação do catanduvensis – o termo se refere à cidade onde o fóssil foi achado -, agora são seis as espécies de Caipirasuchus já identificadas na região. As duas primeiras foram escavadas em Monte Alto, outras duas são oriundas de General Salgado (SP), uma de Iturama (MG), e a nova espécie de Catanduva.

Um crocodilo barulhento e vegetariano viveu há 85 milhões de anos na região de Catanduva, no interior de São Paulo. O espécime, de 1,20 metro de comprimento, convivia com grandes dinossauros e outras espécies de répteis e tinha uma espécie de caixa de ressonância junto às vias respiratórias, inexistente em outros crocodilos da época. Segundo os pesquisadores, provavelmente o animal emitia sons para se comunicar com seu grupo e, com isso, escapar dos predadores, já que não era carnívoro.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo publicado na edição deste mês da revista científica internacional Historical Biology.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo Foto: Guilherme Gehr/Divulgação

O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Fabiano Vidoi Iori, do Museu de Paleontologia Pedro Candolo, de Uchoa (SP), Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Marcelo Adorno Fernandes, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), e Willian Dias, pós-graduando da Ufscar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351) e passaram a ser estudados pela equipe de Iori. Foi durante os estudos de Willian Dias, em 2018, que surgiu a possibilidade de uma nova espécie.

“Ao analisar as tomografias de diferentes espécies de crocodilos, observamos que o exemplar de Catanduva tinha uma comunicação inusitada entre as vias aéreas superiores e uma câmara no osso pterigóide, no céu da boca”, contou Dias.

  • Os pesquisadores propõem que a câmara no osso pterigóide funcionaria como uma caixa de ressonância para potencializar as vocalizações do Caipirasuchus catanduvensis, como aconteceria com outras espécies fósseis.
  • É o caso dos dinossauros da família dos lambeosaurídeos, dinossauro bípede que teve a imagem muito utilizada em filmes sobre o período jurássico, emitindo vários tipos de sons.

De acordo com Iori, a vocalização, no caso do crocodilo, é um indicativo de organização social entre os Caipirasuchus, similar ao observado nos atuais suricatos, mamíferos que vivem em colônias, na África, e usam uma linguagem própria para se comunicar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351)  Foto: Fabiano Iori/Divulgação

Embora proposta para o Caipirasuchus catanduvensis, a organização social pode ter ocorrido nas outras espécies do gênero e influenciado na história evolutiva do grupo marcada por sua ampla distribuição regional e diversificação, segundo o paleontólogo.

A definição deste novo crocodilo do Cretáceo brasileiro ajuda a refinar o conhecimento paleontológico sobre os Caipirasuchus e suas interações com o ambiente da época, diz Iori.

“Esses inusitados animais não eram os mais fortes e nem os mais vorazes de seus ambientes, mas a organização social pode ter sido a resposta que estes pequenos crocodilos encontraram para o seu sucesso em um planeta dominado por gigantes predadores”, disse.

Rica fauna no interior de SP

Achados paleontológicos das últimas décadas apontam que uma rica fauna de dinossauros, crocodilos e outros animais pré-históricos habitaram o interior de São Paulo em épocas muito remotas.

O período Cretáceo corresponde ao período de tempo entre 145 milhões e 65 milhões de anos. Neste período, segundo cientistas, ocorreu a fragmentação de Gondwana, em que América do Sul, Antártica e Austrália se separaram da África, formando-se a divergência entre o Atlântico Sul e o Oceano Índico.

Fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva Foto: Edvaldo dos Santos

Desde fósseis de titanossauros gigantes até pequenos pássaros alados e ninhadas de seus ovos têm sido encontrados quase sempre por acaso, durante a construção de rodovias e outros empreendimentos, entre o norte e o oeste paulista. Os achados se transformam depois em sítios paleontológicos.

Fabiano Iori, que também atua no museu paleontológico de Monte Alto, lembra que os fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva.

Os entusiastas Edvaldo Fabiano dos Santos e Laércio Fernando Doro decidiram realizar um trabalho sistemático de prospecção nesses blocos e encontraram mais fósseis, inclusive de dinossauros.

Iori e os outros pesquisadores identificaram os ossos de crocodilos entre o material e passaram a estudar o material junto com fósseis encontrados em rochas de outras regiões do interior e do Triângulo Mineiro.

Com a identificação do catanduvensis – o termo se refere à cidade onde o fóssil foi achado -, agora são seis as espécies de Caipirasuchus já identificadas na região. As duas primeiras foram escavadas em Monte Alto, outras duas são oriundas de General Salgado (SP), uma de Iturama (MG), e a nova espécie de Catanduva.

Um crocodilo barulhento e vegetariano viveu há 85 milhões de anos na região de Catanduva, no interior de São Paulo. O espécime, de 1,20 metro de comprimento, convivia com grandes dinossauros e outras espécies de répteis e tinha uma espécie de caixa de ressonância junto às vias respiratórias, inexistente em outros crocodilos da época. Segundo os pesquisadores, provavelmente o animal emitia sons para se comunicar com seu grupo e, com isso, escapar dos predadores, já que não era carnívoro.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo publicado na edição deste mês da revista científica internacional Historical Biology.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo Foto: Guilherme Gehr/Divulgação

O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Fabiano Vidoi Iori, do Museu de Paleontologia Pedro Candolo, de Uchoa (SP), Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Marcelo Adorno Fernandes, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), e Willian Dias, pós-graduando da Ufscar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351) e passaram a ser estudados pela equipe de Iori. Foi durante os estudos de Willian Dias, em 2018, que surgiu a possibilidade de uma nova espécie.

“Ao analisar as tomografias de diferentes espécies de crocodilos, observamos que o exemplar de Catanduva tinha uma comunicação inusitada entre as vias aéreas superiores e uma câmara no osso pterigóide, no céu da boca”, contou Dias.

  • Os pesquisadores propõem que a câmara no osso pterigóide funcionaria como uma caixa de ressonância para potencializar as vocalizações do Caipirasuchus catanduvensis, como aconteceria com outras espécies fósseis.
  • É o caso dos dinossauros da família dos lambeosaurídeos, dinossauro bípede que teve a imagem muito utilizada em filmes sobre o período jurássico, emitindo vários tipos de sons.

De acordo com Iori, a vocalização, no caso do crocodilo, é um indicativo de organização social entre os Caipirasuchus, similar ao observado nos atuais suricatos, mamíferos que vivem em colônias, na África, e usam uma linguagem própria para se comunicar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351)  Foto: Fabiano Iori/Divulgação

Embora proposta para o Caipirasuchus catanduvensis, a organização social pode ter ocorrido nas outras espécies do gênero e influenciado na história evolutiva do grupo marcada por sua ampla distribuição regional e diversificação, segundo o paleontólogo.

A definição deste novo crocodilo do Cretáceo brasileiro ajuda a refinar o conhecimento paleontológico sobre os Caipirasuchus e suas interações com o ambiente da época, diz Iori.

“Esses inusitados animais não eram os mais fortes e nem os mais vorazes de seus ambientes, mas a organização social pode ter sido a resposta que estes pequenos crocodilos encontraram para o seu sucesso em um planeta dominado por gigantes predadores”, disse.

Rica fauna no interior de SP

Achados paleontológicos das últimas décadas apontam que uma rica fauna de dinossauros, crocodilos e outros animais pré-históricos habitaram o interior de São Paulo em épocas muito remotas.

O período Cretáceo corresponde ao período de tempo entre 145 milhões e 65 milhões de anos. Neste período, segundo cientistas, ocorreu a fragmentação de Gondwana, em que América do Sul, Antártica e Austrália se separaram da África, formando-se a divergência entre o Atlântico Sul e o Oceano Índico.

Fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva Foto: Edvaldo dos Santos

Desde fósseis de titanossauros gigantes até pequenos pássaros alados e ninhadas de seus ovos têm sido encontrados quase sempre por acaso, durante a construção de rodovias e outros empreendimentos, entre o norte e o oeste paulista. Os achados se transformam depois em sítios paleontológicos.

Fabiano Iori, que também atua no museu paleontológico de Monte Alto, lembra que os fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva.

Os entusiastas Edvaldo Fabiano dos Santos e Laércio Fernando Doro decidiram realizar um trabalho sistemático de prospecção nesses blocos e encontraram mais fósseis, inclusive de dinossauros.

Iori e os outros pesquisadores identificaram os ossos de crocodilos entre o material e passaram a estudar o material junto com fósseis encontrados em rochas de outras regiões do interior e do Triângulo Mineiro.

Com a identificação do catanduvensis – o termo se refere à cidade onde o fóssil foi achado -, agora são seis as espécies de Caipirasuchus já identificadas na região. As duas primeiras foram escavadas em Monte Alto, outras duas são oriundas de General Salgado (SP), uma de Iturama (MG), e a nova espécie de Catanduva.

Um crocodilo barulhento e vegetariano viveu há 85 milhões de anos na região de Catanduva, no interior de São Paulo. O espécime, de 1,20 metro de comprimento, convivia com grandes dinossauros e outras espécies de répteis e tinha uma espécie de caixa de ressonância junto às vias respiratórias, inexistente em outros crocodilos da época. Segundo os pesquisadores, provavelmente o animal emitia sons para se comunicar com seu grupo e, com isso, escapar dos predadores, já que não era carnívoro.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo publicado na edição deste mês da revista científica internacional Historical Biology.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo Foto: Guilherme Gehr/Divulgação

O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Fabiano Vidoi Iori, do Museu de Paleontologia Pedro Candolo, de Uchoa (SP), Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Marcelo Adorno Fernandes, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), e Willian Dias, pós-graduando da Ufscar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351) e passaram a ser estudados pela equipe de Iori. Foi durante os estudos de Willian Dias, em 2018, que surgiu a possibilidade de uma nova espécie.

“Ao analisar as tomografias de diferentes espécies de crocodilos, observamos que o exemplar de Catanduva tinha uma comunicação inusitada entre as vias aéreas superiores e uma câmara no osso pterigóide, no céu da boca”, contou Dias.

  • Os pesquisadores propõem que a câmara no osso pterigóide funcionaria como uma caixa de ressonância para potencializar as vocalizações do Caipirasuchus catanduvensis, como aconteceria com outras espécies fósseis.
  • É o caso dos dinossauros da família dos lambeosaurídeos, dinossauro bípede que teve a imagem muito utilizada em filmes sobre o período jurássico, emitindo vários tipos de sons.

De acordo com Iori, a vocalização, no caso do crocodilo, é um indicativo de organização social entre os Caipirasuchus, similar ao observado nos atuais suricatos, mamíferos que vivem em colônias, na África, e usam uma linguagem própria para se comunicar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351)  Foto: Fabiano Iori/Divulgação

Embora proposta para o Caipirasuchus catanduvensis, a organização social pode ter ocorrido nas outras espécies do gênero e influenciado na história evolutiva do grupo marcada por sua ampla distribuição regional e diversificação, segundo o paleontólogo.

A definição deste novo crocodilo do Cretáceo brasileiro ajuda a refinar o conhecimento paleontológico sobre os Caipirasuchus e suas interações com o ambiente da época, diz Iori.

“Esses inusitados animais não eram os mais fortes e nem os mais vorazes de seus ambientes, mas a organização social pode ter sido a resposta que estes pequenos crocodilos encontraram para o seu sucesso em um planeta dominado por gigantes predadores”, disse.

Rica fauna no interior de SP

Achados paleontológicos das últimas décadas apontam que uma rica fauna de dinossauros, crocodilos e outros animais pré-históricos habitaram o interior de São Paulo em épocas muito remotas.

O período Cretáceo corresponde ao período de tempo entre 145 milhões e 65 milhões de anos. Neste período, segundo cientistas, ocorreu a fragmentação de Gondwana, em que América do Sul, Antártica e Austrália se separaram da África, formando-se a divergência entre o Atlântico Sul e o Oceano Índico.

Fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva Foto: Edvaldo dos Santos

Desde fósseis de titanossauros gigantes até pequenos pássaros alados e ninhadas de seus ovos têm sido encontrados quase sempre por acaso, durante a construção de rodovias e outros empreendimentos, entre o norte e o oeste paulista. Os achados se transformam depois em sítios paleontológicos.

Fabiano Iori, que também atua no museu paleontológico de Monte Alto, lembra que os fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva.

Os entusiastas Edvaldo Fabiano dos Santos e Laércio Fernando Doro decidiram realizar um trabalho sistemático de prospecção nesses blocos e encontraram mais fósseis, inclusive de dinossauros.

Iori e os outros pesquisadores identificaram os ossos de crocodilos entre o material e passaram a estudar o material junto com fósseis encontrados em rochas de outras regiões do interior e do Triângulo Mineiro.

Com a identificação do catanduvensis – o termo se refere à cidade onde o fóssil foi achado -, agora são seis as espécies de Caipirasuchus já identificadas na região. As duas primeiras foram escavadas em Monte Alto, outras duas são oriundas de General Salgado (SP), uma de Iturama (MG), e a nova espécie de Catanduva.

Um crocodilo barulhento e vegetariano viveu há 85 milhões de anos na região de Catanduva, no interior de São Paulo. O espécime, de 1,20 metro de comprimento, convivia com grandes dinossauros e outras espécies de répteis e tinha uma espécie de caixa de ressonância junto às vias respiratórias, inexistente em outros crocodilos da época. Segundo os pesquisadores, provavelmente o animal emitia sons para se comunicar com seu grupo e, com isso, escapar dos predadores, já que não era carnívoro.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo publicado na edição deste mês da revista científica internacional Historical Biology.

A identificação da nova espécie, batizada como Caipirasuchus catanduvensis (crocodilo caipira de Catanduva), foi descrita em estudo Foto: Guilherme Gehr/Divulgação

O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Fabiano Vidoi Iori, do Museu de Paleontologia Pedro Candolo, de Uchoa (SP), Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Marcelo Adorno Fernandes, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), e Willian Dias, pós-graduando da Ufscar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351) e passaram a ser estudados pela equipe de Iori. Foi durante os estudos de Willian Dias, em 2018, que surgiu a possibilidade de uma nova espécie.

“Ao analisar as tomografias de diferentes espécies de crocodilos, observamos que o exemplar de Catanduva tinha uma comunicação inusitada entre as vias aéreas superiores e uma câmara no osso pterigóide, no céu da boca”, contou Dias.

  • Os pesquisadores propõem que a câmara no osso pterigóide funcionaria como uma caixa de ressonância para potencializar as vocalizações do Caipirasuchus catanduvensis, como aconteceria com outras espécies fósseis.
  • É o caso dos dinossauros da família dos lambeosaurídeos, dinossauro bípede que teve a imagem muito utilizada em filmes sobre o período jurássico, emitindo vários tipos de sons.

De acordo com Iori, a vocalização, no caso do crocodilo, é um indicativo de organização social entre os Caipirasuchus, similar ao observado nos atuais suricatos, mamíferos que vivem em colônias, na África, e usam uma linguagem própria para se comunicar.

Os fósseis do crocodilo foram encontrados em 2011, durante obras de escavação para duplicar a Rodovia da Laranja (SP 351)  Foto: Fabiano Iori/Divulgação

Embora proposta para o Caipirasuchus catanduvensis, a organização social pode ter ocorrido nas outras espécies do gênero e influenciado na história evolutiva do grupo marcada por sua ampla distribuição regional e diversificação, segundo o paleontólogo.

A definição deste novo crocodilo do Cretáceo brasileiro ajuda a refinar o conhecimento paleontológico sobre os Caipirasuchus e suas interações com o ambiente da época, diz Iori.

“Esses inusitados animais não eram os mais fortes e nem os mais vorazes de seus ambientes, mas a organização social pode ter sido a resposta que estes pequenos crocodilos encontraram para o seu sucesso em um planeta dominado por gigantes predadores”, disse.

Rica fauna no interior de SP

Achados paleontológicos das últimas décadas apontam que uma rica fauna de dinossauros, crocodilos e outros animais pré-históricos habitaram o interior de São Paulo em épocas muito remotas.

O período Cretáceo corresponde ao período de tempo entre 145 milhões e 65 milhões de anos. Neste período, segundo cientistas, ocorreu a fragmentação de Gondwana, em que América do Sul, Antártica e Austrália se separaram da África, formando-se a divergência entre o Atlântico Sul e o Oceano Índico.

Fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva Foto: Edvaldo dos Santos

Desde fósseis de titanossauros gigantes até pequenos pássaros alados e ninhadas de seus ovos têm sido encontrados quase sempre por acaso, durante a construção de rodovias e outros empreendimentos, entre o norte e o oeste paulista. Os achados se transformam depois em sítios paleontológicos.

Fabiano Iori, que também atua no museu paleontológico de Monte Alto, lembra que os fósseis do crocodilo estavam entre restos de conchas, peixes, anuros e tartarugas encontrados durante a remoção de rochas para a construção de uma ponte em um dos trevos de acesso da SP-351 à área urbana de Catanduva.

Os entusiastas Edvaldo Fabiano dos Santos e Laércio Fernando Doro decidiram realizar um trabalho sistemático de prospecção nesses blocos e encontraram mais fósseis, inclusive de dinossauros.

Iori e os outros pesquisadores identificaram os ossos de crocodilos entre o material e passaram a estudar o material junto com fósseis encontrados em rochas de outras regiões do interior e do Triângulo Mineiro.

Com a identificação do catanduvensis – o termo se refere à cidade onde o fóssil foi achado -, agora são seis as espécies de Caipirasuchus já identificadas na região. As duas primeiras foram escavadas em Monte Alto, outras duas são oriundas de General Salgado (SP), uma de Iturama (MG), e a nova espécie de Catanduva.

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