A cratera Jezero, no árido Marte, foi um lago no passado. Neste lago foram detectadas evidências de diversas moléculas orgânicas, o que sugere a existência de um ciclo geoquímico mais complexo do que o imaginado no planeta vermelho.
Estudo publicado nesta quinta-feira, 13, na revista Nature, coordenado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA) se baseou em dados do robô Perseverance, da Nasa, que há mais de dois anos percorre a cratera. Na Química, matéria orgânica é aquela formada por compostos de carbono, que estão presentes nos seres vivos, mas não apenas neles.
Conhecer melhor a presença e distribuição da matéria orgânica conservada na superfície do planeta pode fornecer informações-chave sobre o ciclo marciano do carbono e o potencial do planeta para abrigar (ou ter abrigado) vida ao longo de sua história, sustenta o trabalho.
A pesquisa indica que o Perseverance, em seu périplo marciano, já detectou diversos tipos de moléculas orgânicas. Antes disso, diferentes meteoritos já tinha sido encontrados em uma outra cratera, a Gale. Entre as possíveis explicações para a origem desses compostos estão as interações entre água e rocha, e a queda de meteoritos, embora a origem biológica dos compostos não tenha sido descartada.
Para esta descoberta, foi usado o instrumento Sherloc, levado pelo carro-robô, que permite cartografar e analisar as moléculas orgânicas minerais do planeta. O instrumento detectou sinais de moléculas orgânicas em dez parâmetros observados no solo da cratera Jezero. A cratera fica ao norte do Equador marciano, onde há 3,7 milhões de anos teria havido um lago, um lugar propício para buscar indícios de vida.
Os compostos foram detectados em duas formações no solo da cratera, Máaz e Séitah. Eles se concentravam mais na primeira do que na segunda, revelando uma associação mineral e uma distribuição espacial diversas que poderiam ser exclusivas de cada formação.
A diversidade dentre essas observações pode proporcionar informações sobre as diferentes formas pelas quais a matéria orgânica poderia ter se originado: por meio da deposição de água ou por meio da síntese com materiais vulcânicos.
Os autores escrevem que “os componentes básicos da vida podem ter estado presentes” durante longo período de tempo, junto a outras espécies químicas ainda não detectadas, “que poderiam ainda estar conservadas nestes depósitos da cratera”. /COM AGÊNCIA EFE