DNA humano mais antigo já achado no Reino Unido revela hábitos de seres ancestrais; entenda o estudo


Cientistas analisaram restos mortais encontrados em cavernas e concluíram que pelo menos dois grupos com costumes diferentes lideraram recolonização da Grã-Bretanha

Por Redação
Atualização:

Uma equipe britânica de cientistas obteve o DNA humano mais antigo já encontrado no Reino Unido, que corresponde a dois grupos diferentes de indivíduos que migraram para as Ilhas Britânicas no Paleolítico, no final da última era glacial. O estudo, publicado nesta segunda-feira, 26, na revista Nature Ecology and Evolution, foi realizado por pesquisadores do Institute of Archaeology, University College London (UCL), do Natural History Museum e do Francis Crick Institute, e indica, pela primeira vez, que a recolonização da Grã-Bretanha foi liderada por pelo menos dois grupos com origens e culturas diferentes.

Os autores acreditam que ambos os grupos chegaram após a última era glacial e com cerca de mil anos de diferença. Para fazer o levantamento, eles examinaram o DNA dos restos mortais de uma mulher da Caverna de Gough em Somerset, Inglaterra, e de um homem da Caverna de Kendrick, no norte do País de Gales, que viveu há mais de 13.500 anos. De acordo com a análise, a mulher de Gough morreu há cerca de 14.900 anos e seus ancestrais faziam parte de uma população que migrou para o noroeste da Europa há cerca de 16.000.

Osso humano encontrado na caverna Gough, na Inglaterra; item revela hábitos de indivíduos primordiais. Foto: Divulgação/Natural History Museum
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De fato, essa mulher compartilha dados de ancestralidade genética associados a humanos da caverna Goyet (Bélgica) e da caverna El Mirón (Espanha), com cerca de 15.000 anos. O indivíduo da caverna Kendrick, no entanto, é de um período posterior, cerca de 13.500 anos atrás, e veio de um grupo de caçadores-coletores ocidentais do Oriente Próximo que migraram para a Grã-Bretanha há aproximados 14.000.

Mudança climática

Este homem compartilha ascendência com o indivíduo de Villabruna, Itália, de 14.000 anos atrás. O estudo recorda que há cerca de 19 mil anos, no final da última era glacial, já havia humanos na Grã-Bretanha, mas a ocupação era escassa, porque o gelo tornava inabitáveis dois terços das ilhas. No entanto, quando o clima esquentou e as geleiras derreteram, ocorreram mudanças ambientais drásticas e os humanos começaram a migrar para o norte da Europa.

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Esse período, de 20.000 a 10.000 anos atrás, faz parte do Paleolítico, a Idade da Pedra Antiga, e “é um período importante para o meio ambiente na Grã-Bretanha, em que houve um aquecimento significativo do clima, um aumento na quantidade das florestas e mudanças nos tipos de animais disponíveis para caçar”, explica Sophy Charlton, do Museu de História Natural.

A análise isotópica mostrou ainda que ambos os grupos eram culturalmente distintos, com diferenças na dieta e nas práticas mortuárias. Análises químicas dos ossos mostraram que os indivíduos da caverna Kendrick comiam muitos alimentos de água doce e marinhos, “incluindo grandes mamíferos marinhos”, diz Rhiannon Stevens, da UCL. “Os humanos da caverna de Gough, no entanto, não mostraram evidências de comer alimentos marinhos e de água doce, mas principalmente herbívoros terrestres, como veados, bovídeos e cavalos.”

Quanto aos costumes mortuários, ossos esculpidos e decorados como objetos de arte portáteis foram encontrados na Caverna Kendrick e nenhum com sinais de ter sido comido por humanos, o que para os cientistas indica que a caverna foi usada como local de sepultamento. Por sua vez, os ossos de animais e humanos da caverna de Gough apresentaram modificações importantes, como as chamadas “copos de caveira”, crânios humanos modificados para celebrar rituais e canibalismo.

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Além disso, os indivíduos Gough parecem ser os mesmos que criaram as ferramentas de pedra de Magdalenian, uma cultura também conhecida por sua icônica arte rupestre e artefatos ósseos.

A Caverna de Gough é também o local onde o famoso “Homem de Cheddar”, datado entre 10.564 e 9.915 anos a.C, foi descoberto em 1903. Neste estudo, eles concluíram que o indivíduo citado tinha uma mistura de ancestrais, principalmente (85%) caçadores-coletores ocidentais e alguns (15%) do tipo mais antigo da migração inicial. / EFE

Uma equipe britânica de cientistas obteve o DNA humano mais antigo já encontrado no Reino Unido, que corresponde a dois grupos diferentes de indivíduos que migraram para as Ilhas Britânicas no Paleolítico, no final da última era glacial. O estudo, publicado nesta segunda-feira, 26, na revista Nature Ecology and Evolution, foi realizado por pesquisadores do Institute of Archaeology, University College London (UCL), do Natural History Museum e do Francis Crick Institute, e indica, pela primeira vez, que a recolonização da Grã-Bretanha foi liderada por pelo menos dois grupos com origens e culturas diferentes.

Os autores acreditam que ambos os grupos chegaram após a última era glacial e com cerca de mil anos de diferença. Para fazer o levantamento, eles examinaram o DNA dos restos mortais de uma mulher da Caverna de Gough em Somerset, Inglaterra, e de um homem da Caverna de Kendrick, no norte do País de Gales, que viveu há mais de 13.500 anos. De acordo com a análise, a mulher de Gough morreu há cerca de 14.900 anos e seus ancestrais faziam parte de uma população que migrou para o noroeste da Europa há cerca de 16.000.

Osso humano encontrado na caverna Gough, na Inglaterra; item revela hábitos de indivíduos primordiais. Foto: Divulgação/Natural History Museum

De fato, essa mulher compartilha dados de ancestralidade genética associados a humanos da caverna Goyet (Bélgica) e da caverna El Mirón (Espanha), com cerca de 15.000 anos. O indivíduo da caverna Kendrick, no entanto, é de um período posterior, cerca de 13.500 anos atrás, e veio de um grupo de caçadores-coletores ocidentais do Oriente Próximo que migraram para a Grã-Bretanha há aproximados 14.000.

Mudança climática

Este homem compartilha ascendência com o indivíduo de Villabruna, Itália, de 14.000 anos atrás. O estudo recorda que há cerca de 19 mil anos, no final da última era glacial, já havia humanos na Grã-Bretanha, mas a ocupação era escassa, porque o gelo tornava inabitáveis dois terços das ilhas. No entanto, quando o clima esquentou e as geleiras derreteram, ocorreram mudanças ambientais drásticas e os humanos começaram a migrar para o norte da Europa.

Esse período, de 20.000 a 10.000 anos atrás, faz parte do Paleolítico, a Idade da Pedra Antiga, e “é um período importante para o meio ambiente na Grã-Bretanha, em que houve um aquecimento significativo do clima, um aumento na quantidade das florestas e mudanças nos tipos de animais disponíveis para caçar”, explica Sophy Charlton, do Museu de História Natural.

A análise isotópica mostrou ainda que ambos os grupos eram culturalmente distintos, com diferenças na dieta e nas práticas mortuárias. Análises químicas dos ossos mostraram que os indivíduos da caverna Kendrick comiam muitos alimentos de água doce e marinhos, “incluindo grandes mamíferos marinhos”, diz Rhiannon Stevens, da UCL. “Os humanos da caverna de Gough, no entanto, não mostraram evidências de comer alimentos marinhos e de água doce, mas principalmente herbívoros terrestres, como veados, bovídeos e cavalos.”

Quanto aos costumes mortuários, ossos esculpidos e decorados como objetos de arte portáteis foram encontrados na Caverna Kendrick e nenhum com sinais de ter sido comido por humanos, o que para os cientistas indica que a caverna foi usada como local de sepultamento. Por sua vez, os ossos de animais e humanos da caverna de Gough apresentaram modificações importantes, como as chamadas “copos de caveira”, crânios humanos modificados para celebrar rituais e canibalismo.

Além disso, os indivíduos Gough parecem ser os mesmos que criaram as ferramentas de pedra de Magdalenian, uma cultura também conhecida por sua icônica arte rupestre e artefatos ósseos.

A Caverna de Gough é também o local onde o famoso “Homem de Cheddar”, datado entre 10.564 e 9.915 anos a.C, foi descoberto em 1903. Neste estudo, eles concluíram que o indivíduo citado tinha uma mistura de ancestrais, principalmente (85%) caçadores-coletores ocidentais e alguns (15%) do tipo mais antigo da migração inicial. / EFE

Uma equipe britânica de cientistas obteve o DNA humano mais antigo já encontrado no Reino Unido, que corresponde a dois grupos diferentes de indivíduos que migraram para as Ilhas Britânicas no Paleolítico, no final da última era glacial. O estudo, publicado nesta segunda-feira, 26, na revista Nature Ecology and Evolution, foi realizado por pesquisadores do Institute of Archaeology, University College London (UCL), do Natural History Museum e do Francis Crick Institute, e indica, pela primeira vez, que a recolonização da Grã-Bretanha foi liderada por pelo menos dois grupos com origens e culturas diferentes.

Os autores acreditam que ambos os grupos chegaram após a última era glacial e com cerca de mil anos de diferença. Para fazer o levantamento, eles examinaram o DNA dos restos mortais de uma mulher da Caverna de Gough em Somerset, Inglaterra, e de um homem da Caverna de Kendrick, no norte do País de Gales, que viveu há mais de 13.500 anos. De acordo com a análise, a mulher de Gough morreu há cerca de 14.900 anos e seus ancestrais faziam parte de uma população que migrou para o noroeste da Europa há cerca de 16.000.

Osso humano encontrado na caverna Gough, na Inglaterra; item revela hábitos de indivíduos primordiais. Foto: Divulgação/Natural History Museum

De fato, essa mulher compartilha dados de ancestralidade genética associados a humanos da caverna Goyet (Bélgica) e da caverna El Mirón (Espanha), com cerca de 15.000 anos. O indivíduo da caverna Kendrick, no entanto, é de um período posterior, cerca de 13.500 anos atrás, e veio de um grupo de caçadores-coletores ocidentais do Oriente Próximo que migraram para a Grã-Bretanha há aproximados 14.000.

Mudança climática

Este homem compartilha ascendência com o indivíduo de Villabruna, Itália, de 14.000 anos atrás. O estudo recorda que há cerca de 19 mil anos, no final da última era glacial, já havia humanos na Grã-Bretanha, mas a ocupação era escassa, porque o gelo tornava inabitáveis dois terços das ilhas. No entanto, quando o clima esquentou e as geleiras derreteram, ocorreram mudanças ambientais drásticas e os humanos começaram a migrar para o norte da Europa.

Esse período, de 20.000 a 10.000 anos atrás, faz parte do Paleolítico, a Idade da Pedra Antiga, e “é um período importante para o meio ambiente na Grã-Bretanha, em que houve um aquecimento significativo do clima, um aumento na quantidade das florestas e mudanças nos tipos de animais disponíveis para caçar”, explica Sophy Charlton, do Museu de História Natural.

A análise isotópica mostrou ainda que ambos os grupos eram culturalmente distintos, com diferenças na dieta e nas práticas mortuárias. Análises químicas dos ossos mostraram que os indivíduos da caverna Kendrick comiam muitos alimentos de água doce e marinhos, “incluindo grandes mamíferos marinhos”, diz Rhiannon Stevens, da UCL. “Os humanos da caverna de Gough, no entanto, não mostraram evidências de comer alimentos marinhos e de água doce, mas principalmente herbívoros terrestres, como veados, bovídeos e cavalos.”

Quanto aos costumes mortuários, ossos esculpidos e decorados como objetos de arte portáteis foram encontrados na Caverna Kendrick e nenhum com sinais de ter sido comido por humanos, o que para os cientistas indica que a caverna foi usada como local de sepultamento. Por sua vez, os ossos de animais e humanos da caverna de Gough apresentaram modificações importantes, como as chamadas “copos de caveira”, crânios humanos modificados para celebrar rituais e canibalismo.

Além disso, os indivíduos Gough parecem ser os mesmos que criaram as ferramentas de pedra de Magdalenian, uma cultura também conhecida por sua icônica arte rupestre e artefatos ósseos.

A Caverna de Gough é também o local onde o famoso “Homem de Cheddar”, datado entre 10.564 e 9.915 anos a.C, foi descoberto em 1903. Neste estudo, eles concluíram que o indivíduo citado tinha uma mistura de ancestrais, principalmente (85%) caçadores-coletores ocidentais e alguns (15%) do tipo mais antigo da migração inicial. / EFE

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