Entidades repudiam ameaças a pesquisadores de estudo com cloroquina em Manaus


Cientistas foram atacados e ameaçados de morte após revelarem dados preliminares que mostraram que doses altas não deveriam ser consumidas; morte de 11 pacientes foram mal interpretadas, o que levou a agressões

Por Giovana Girardi
Atualização:

SÃO PAULO - Após sofrerem até ameaças de morte por conta de uma pesquisa feita com cloroquina em Manaus, pesquisadores da Fiocruz e de outras instituições da Amazônia receberam nesta sexta diversas manifestações de solidariedade da academia.

A Sociedade Brasileira de Virologia divulgou uma nota de repúdio aos ataques. “O exercício científico visa notificar e dar amplo acesso aos resultados obtidos, idealmente sem conflito de interesses. Além disso, segundo o código penal, intimidar alguém impondo-lhe temor de sofrer mal injusto e grave é crime de ameaça”, escreve a entidade.

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Apesar de alguns testes já feitos, ainda não há evidências que apontem para a eficácia da cloroquina contra o coronavírus Foto: Lindsey Wasson/Reuters

Eles se referem a um consórcio formado por mais de 70 profissionais do grupo denominado CloroCovid-19 que estavam testando duas dosagens de cloroquina em pacientes em estado grave, uma baixa, que seguia a recomendação do Ministério da Saúde, e outra alta, que seguia a que tinha sido adotada em pacientes na China. 

Alguns dias depois do início da pesquisa, 11 pacientes, que estavam distribuídos entre os dois grupos, morreram, mas a notícia veio à tona como se todos estivessem tomando a dose mais alta.

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O trabalho, explica a sociedade de virologia, “observou que o uso de qualquer uma das doses de cloroquina não alterou o número de mortes por covid-19 em comparação à média mundial”. E que, “devido aos efeitos colaterais, a alta dose foi imediatamente suspensa e todos os participantes passaram a usar a dose mais baixa”. 

Assim como os pesquisadores do projeto explicaram ontem, a sociedade lembra que primeira conclusão do estudo foi que pacientes graves com covid-19 não deveriam mais usar a dose alta recomendada e que o estudo não permite concluir que a cloroquina em doses baixas funciona ou não para a doença. 

“Pesquisadores não pautam suas ações por vinculações ideológicas ou partidárias e seu compromisso é apenas com a boa ciência. Somente a prática correta da ciência poderá nos salvar da atual pandemia do novo coronavírus, desta forma suplicamos, deixem os cientistas trabalharem em paz!!!”, concluiu a nota.

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Mais cedo, Conselho Deliberativo da Fiocruz, entidade da qual faz parte o principal pesquisador do projeto, o infectologista Marcus Lacerda, também havia se manifestado, dizendo que "considera inaceitáveis os ataques que alguns de seus pesquisadores vem sofrendo nas redes sociais".

Estudos como esse, diz a instituição, "são parte do esforço da ciência na busca por medicamentos e terapêuticas que possam contribuir para superar as incertezas da pandemia de covid-19". O conselho informou que a pesquisa CloroCovid-19 permanece em andamento, com aprovação da Conep. 

"A Fiocruz tem trabalhado incansavelmente em diversas frentes de atuação e vem a público clamar pela tranquilidade e segurança de seus pesquisadores, requisitos essenciais para o desenvolvimento de seus estudos. É fundamental alertar que a busca por soluções não pode prescindir do rigor científico e do tempo exigido para obtenção de resultados seguros e que as pesquisas devem se manter, portanto, fora do campo narrativo que constrói esperanças em cima de respostas rápidas e ainda inconclusivas", afirma na nota.

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"A Fundação apoia incondicionalmente seu corpo de pesquisadores, que estão absolutamente comprometidos com a ciência e com a busca de soluções para o enfrentamento dessa pandemia, e reafirma seu compromisso com a missão de produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira."

A Universidade do Estado do Amazonas, à qual Lacerda e vários outros pesquisadores do projeto são vinculados, manifestou “profunda indignação e perplexidade face aos ataques sofridos” pelos cientistas. “Os ataques são agressivos, infundados, sensacionalistas, repletos de viés político e demonstram total ignorância ao método científico”, afirmou a instituição por meio de nota.

“A ausência de capacidade de interpretação por parte dos agressores e seguidores culminou em reações violentas a todos os pesquisadores do estudo. Num momento de crise como esse em que vivemos, os vieses ideológicos prejudicam a execução da boa ciência, pois desviam o foco dos pesquisadores para situações desconfortáveis e injustas como essa. Ciência e não ‘achismo’ nos levará ao sucesso no combate à pandemia de covid-19”, declarou a universidade.

SÃO PAULO - Após sofrerem até ameaças de morte por conta de uma pesquisa feita com cloroquina em Manaus, pesquisadores da Fiocruz e de outras instituições da Amazônia receberam nesta sexta diversas manifestações de solidariedade da academia.

A Sociedade Brasileira de Virologia divulgou uma nota de repúdio aos ataques. “O exercício científico visa notificar e dar amplo acesso aos resultados obtidos, idealmente sem conflito de interesses. Além disso, segundo o código penal, intimidar alguém impondo-lhe temor de sofrer mal injusto e grave é crime de ameaça”, escreve a entidade.

Apesar de alguns testes já feitos, ainda não há evidências que apontem para a eficácia da cloroquina contra o coronavírus Foto: Lindsey Wasson/Reuters

Eles se referem a um consórcio formado por mais de 70 profissionais do grupo denominado CloroCovid-19 que estavam testando duas dosagens de cloroquina em pacientes em estado grave, uma baixa, que seguia a recomendação do Ministério da Saúde, e outra alta, que seguia a que tinha sido adotada em pacientes na China. 

Alguns dias depois do início da pesquisa, 11 pacientes, que estavam distribuídos entre os dois grupos, morreram, mas a notícia veio à tona como se todos estivessem tomando a dose mais alta.

O trabalho, explica a sociedade de virologia, “observou que o uso de qualquer uma das doses de cloroquina não alterou o número de mortes por covid-19 em comparação à média mundial”. E que, “devido aos efeitos colaterais, a alta dose foi imediatamente suspensa e todos os participantes passaram a usar a dose mais baixa”. 

Assim como os pesquisadores do projeto explicaram ontem, a sociedade lembra que primeira conclusão do estudo foi que pacientes graves com covid-19 não deveriam mais usar a dose alta recomendada e que o estudo não permite concluir que a cloroquina em doses baixas funciona ou não para a doença. 

“Pesquisadores não pautam suas ações por vinculações ideológicas ou partidárias e seu compromisso é apenas com a boa ciência. Somente a prática correta da ciência poderá nos salvar da atual pandemia do novo coronavírus, desta forma suplicamos, deixem os cientistas trabalharem em paz!!!”, concluiu a nota.

Mais cedo, Conselho Deliberativo da Fiocruz, entidade da qual faz parte o principal pesquisador do projeto, o infectologista Marcus Lacerda, também havia se manifestado, dizendo que "considera inaceitáveis os ataques que alguns de seus pesquisadores vem sofrendo nas redes sociais".

Estudos como esse, diz a instituição, "são parte do esforço da ciência na busca por medicamentos e terapêuticas que possam contribuir para superar as incertezas da pandemia de covid-19". O conselho informou que a pesquisa CloroCovid-19 permanece em andamento, com aprovação da Conep. 

"A Fiocruz tem trabalhado incansavelmente em diversas frentes de atuação e vem a público clamar pela tranquilidade e segurança de seus pesquisadores, requisitos essenciais para o desenvolvimento de seus estudos. É fundamental alertar que a busca por soluções não pode prescindir do rigor científico e do tempo exigido para obtenção de resultados seguros e que as pesquisas devem se manter, portanto, fora do campo narrativo que constrói esperanças em cima de respostas rápidas e ainda inconclusivas", afirma na nota.

"A Fundação apoia incondicionalmente seu corpo de pesquisadores, que estão absolutamente comprometidos com a ciência e com a busca de soluções para o enfrentamento dessa pandemia, e reafirma seu compromisso com a missão de produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira."

A Universidade do Estado do Amazonas, à qual Lacerda e vários outros pesquisadores do projeto são vinculados, manifestou “profunda indignação e perplexidade face aos ataques sofridos” pelos cientistas. “Os ataques são agressivos, infundados, sensacionalistas, repletos de viés político e demonstram total ignorância ao método científico”, afirmou a instituição por meio de nota.

“A ausência de capacidade de interpretação por parte dos agressores e seguidores culminou em reações violentas a todos os pesquisadores do estudo. Num momento de crise como esse em que vivemos, os vieses ideológicos prejudicam a execução da boa ciência, pois desviam o foco dos pesquisadores para situações desconfortáveis e injustas como essa. Ciência e não ‘achismo’ nos levará ao sucesso no combate à pandemia de covid-19”, declarou a universidade.

SÃO PAULO - Após sofrerem até ameaças de morte por conta de uma pesquisa feita com cloroquina em Manaus, pesquisadores da Fiocruz e de outras instituições da Amazônia receberam nesta sexta diversas manifestações de solidariedade da academia.

A Sociedade Brasileira de Virologia divulgou uma nota de repúdio aos ataques. “O exercício científico visa notificar e dar amplo acesso aos resultados obtidos, idealmente sem conflito de interesses. Além disso, segundo o código penal, intimidar alguém impondo-lhe temor de sofrer mal injusto e grave é crime de ameaça”, escreve a entidade.

Apesar de alguns testes já feitos, ainda não há evidências que apontem para a eficácia da cloroquina contra o coronavírus Foto: Lindsey Wasson/Reuters

Eles se referem a um consórcio formado por mais de 70 profissionais do grupo denominado CloroCovid-19 que estavam testando duas dosagens de cloroquina em pacientes em estado grave, uma baixa, que seguia a recomendação do Ministério da Saúde, e outra alta, que seguia a que tinha sido adotada em pacientes na China. 

Alguns dias depois do início da pesquisa, 11 pacientes, que estavam distribuídos entre os dois grupos, morreram, mas a notícia veio à tona como se todos estivessem tomando a dose mais alta.

O trabalho, explica a sociedade de virologia, “observou que o uso de qualquer uma das doses de cloroquina não alterou o número de mortes por covid-19 em comparação à média mundial”. E que, “devido aos efeitos colaterais, a alta dose foi imediatamente suspensa e todos os participantes passaram a usar a dose mais baixa”. 

Assim como os pesquisadores do projeto explicaram ontem, a sociedade lembra que primeira conclusão do estudo foi que pacientes graves com covid-19 não deveriam mais usar a dose alta recomendada e que o estudo não permite concluir que a cloroquina em doses baixas funciona ou não para a doença. 

“Pesquisadores não pautam suas ações por vinculações ideológicas ou partidárias e seu compromisso é apenas com a boa ciência. Somente a prática correta da ciência poderá nos salvar da atual pandemia do novo coronavírus, desta forma suplicamos, deixem os cientistas trabalharem em paz!!!”, concluiu a nota.

Mais cedo, Conselho Deliberativo da Fiocruz, entidade da qual faz parte o principal pesquisador do projeto, o infectologista Marcus Lacerda, também havia se manifestado, dizendo que "considera inaceitáveis os ataques que alguns de seus pesquisadores vem sofrendo nas redes sociais".

Estudos como esse, diz a instituição, "são parte do esforço da ciência na busca por medicamentos e terapêuticas que possam contribuir para superar as incertezas da pandemia de covid-19". O conselho informou que a pesquisa CloroCovid-19 permanece em andamento, com aprovação da Conep. 

"A Fiocruz tem trabalhado incansavelmente em diversas frentes de atuação e vem a público clamar pela tranquilidade e segurança de seus pesquisadores, requisitos essenciais para o desenvolvimento de seus estudos. É fundamental alertar que a busca por soluções não pode prescindir do rigor científico e do tempo exigido para obtenção de resultados seguros e que as pesquisas devem se manter, portanto, fora do campo narrativo que constrói esperanças em cima de respostas rápidas e ainda inconclusivas", afirma na nota.

"A Fundação apoia incondicionalmente seu corpo de pesquisadores, que estão absolutamente comprometidos com a ciência e com a busca de soluções para o enfrentamento dessa pandemia, e reafirma seu compromisso com a missão de produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira."

A Universidade do Estado do Amazonas, à qual Lacerda e vários outros pesquisadores do projeto são vinculados, manifestou “profunda indignação e perplexidade face aos ataques sofridos” pelos cientistas. “Os ataques são agressivos, infundados, sensacionalistas, repletos de viés político e demonstram total ignorância ao método científico”, afirmou a instituição por meio de nota.

“A ausência de capacidade de interpretação por parte dos agressores e seguidores culminou em reações violentas a todos os pesquisadores do estudo. Num momento de crise como esse em que vivemos, os vieses ideológicos prejudicam a execução da boa ciência, pois desviam o foco dos pesquisadores para situações desconfortáveis e injustas como essa. Ciência e não ‘achismo’ nos levará ao sucesso no combate à pandemia de covid-19”, declarou a universidade.

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