O major-general aposentado William Anders, o ex-astronauta da Apollo 8 que tirou a icônica foto “Earthrise” mostrando a Terra como uma bola de gude azul sombreada vista do espaço em 1968, morreu nesta sexta-feira, 7, quando o avião que ele pilotava sozinho caiu nas águas das Ilhas San Juan, no Estado de Washington, nos EUA. Ele tinha 90 anos. Seu filho, Greg Anders, confirmou a morte à agência Associated Press.
“A família está arrasada”, disse Greg Anders. “Ele era um grande piloto e sentiremos muita falta dele.”
De acordo com o xerife do condado de San Juan, Eric Peter, um relatório chegou por volta das 11h40 com a informação de que um avião de modelo antigo caiu na água e afundou perto do extremo norte da Ilha Jones. Segundo a Associação Federal de Aviação (FAA na sigla em inglês), apenas Anders, que pilotava a aeronave, estava no avião.
O Conselho Nacional de Segurança dos Transportes e a FAA estão investigando o acidente.
Responsável pela primeira imagem colorida da Terra
Anders carrega a responsabilidade de ser o autor da primeira imagem colorida da Terra. Ele dizia que essa teria sido sua contribuição mais significativa para o programa espacial, dado o impacto filosófico ecológico que o registro teve. Na missão, ele foi o responsável por garantir que o módulo de comando e o módulo de serviço da Apollo 8 funcionassem.
A foto é considerada uma das mais importantes da história moderna, porque mudou a forma como os humanos viam o planeta.
O senador do Arizona Mark Kelly, que também é astronauta aposentado da Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, usou o X (antigo Twitter) para ressaltar este feito e lamentar a morte do colega.
“Bill Anders mudou para sempre nossa perspectiva de nosso planeta e de nós mesmos com sua famosa foto do nascimento da Terra na Apollo 8. Ele inspirou a mim e a gerações de astronautas e exploradores. Meus pensamentos estão com sua família e amigos”, escreveu o senador.
Em relato, o ex-astronauta chegou a contar como a Terra, vista do espaço, parecia frágil e aparentemente insignificante fisicamente - mas ainda assim um lar.
“Estávamos andando de costas e de cabeça para baixo, não vimos realmente a Terra ou o Sol, e, quando rolamos e demos a volta, vimos o primeiro nascer da Terra”, disse ele. “Isso certamente foi, de longe, a coisa mais impressionante. Ver este orbe muito delicado e colorido que para mim parecia um enfeite de árvore de Natal surgindo sobre esta paisagem lunar feia e austera realmente contrastava”.
Em uma entrevista concedida em 1997, o ex-astronauta disse também que não achava que a missão Apollo 8 fosse isenta de riscos, mas que havia importantes razões nacionais, patrióticas e de exploração para prosseguir com o projeto. Ele estimou que as três situações - a tripulação não conseguir voltar, a missão ser um sucesso, ou a missão não começar - tinham as mesmas chances de acontecer.
Na ocasião, ele até comparou a situação com Cristóvão Colombo, ao dizer que o explorador navegou com probabilidades piores./COM ASSOCIATED PRESS