Opinião|Branco é índio


Estudo mostra que parte dos genes determinantes para pele clara veio da população indígena

Por Fernando Reinach
Atualização:

No Brasil, e no resto da América Latina, a diversidade de cores de pele é enorme e se deve à mistura por aqui de três grandes grupos populacionais, os índios que já viviam aqui há mais de 10.000 anos, os europeus que chegaram nos últimos 500 anos, e os africanos que foram trazidos como escravos pelos brancos. Sabemos que a cor da pele é determinada por dezenas de genes presentes em cada um de nós e que cada um desses genes possui diversas variantes presentes na população. Até agora as relações entre esses genes e as tonalidades da pele haviam sido estudados em populações relativamente homogêneas, como os europeus, os africanos e os asiáticos. Mas agora foi publicado o primeiro grande estudo dos genes presentes na população latino americana e a surpresa foi grande. A associação direta entre cor de pele e ascendência genética não é tão simples como imaginávamos.

Estudo mostra que parte dos genes determinantes para pele clara veio da população indígena Foto: Dida Samapaio/Estadão

Um consorcio de cientistas de vários países coletou o sangue de 6.357 pessoas do Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru. Além de coletar o sangue, a cor da pele dessas pessoas foi medida com um refratômetro que permite determinar a quantidade de melanina na pele. Também foi medida a cor dos olhos e do cabelo de cada pessoa. O DNA de cada pessoa foi extraído do sangue e um total de 674.971 locais ao longo dos cromossomos de cada pessoa foram analisados. É sabido que em cada um desses locais a sequência do DNA varia muito de uma pessoa para outra. Essa combinação de locais no genoma com as pessoas gerou um total de 8.896.142 genótipos. De posse destes dados, os cientistas puderam usar técnicas bem conhecidas de genética quantitativa para identificar os locais no genoma onde estão os genes que determinam a cor de pele desse grupo de pessoas.

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Entre os países analisados, o Brasil tem em média a população de pele mais clara e o Peru a de pele mais escura, mas em todos os países a variação entre os mais claros e os mais escuros é semelhante. A análise mostrou que essa população possui 48% de ascendência europeia, 46% africana e 6% de indígenas. 

Em seguida os cientistas localizaram ao longo do genoma os genes associados à cor de pele nesse grupo de pessoas. Os resultados mostraram que a cor de pele nesses países é determinada por pelo menos quinze genes distintos, espalhados por diversos cromossomos. Desses, 10 genes já eram conhecidos pois já haviam sido identificados nos estudos de populações africanas e europeias, mas cinco são genes novos, que nunca haviam sido identificados. 

Uma parte desses novos genes e variantes ou surgiram na América nos últimos 15 mil anos ou são derivados de genes presentes na população do leste da Ásia. Isso porque os índios americanos derivam dessa população asiática e colonizaram a América após atravessarem o estreito de Behring e migrarem em direção a América do Sul.

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Mas o mais interessante é que pelo menos dois desses novos genes codificam para peles mais claras. Esse resultado é especialmente importante pois demonstra que nem todos os genes para pele clara presentes entre nós vieram da população europeia. Parte deles já estava na população indígena antes da chegada de portugueses e espanhóis.

Esse resultado vai contra a percepção popular, principalmente no Brasil, de que quanto mais clara sua pele mais próximo você é dos europeus e quanto mais escura, mais ascendentes africanos você tem. Essa nova descoberta significa que você pode ter pele relativamente clara e essa característica pode ter vindo, em parte, de genes de populações indígenas e não europeias. Ou seja, a cor de nossa pele diz menos sobre nossas origens do que estamos acostumados a acreditar.

Pessoas racistas , que se julgam superiores devido à sua pele clara e ascendência europeia, deveriam ter seus genes analisados. Elas podem ter a surpresa de descobrir que são claras por serem descendentes, em parte, de populações indígenas, aquelas mesmas que brancos preconceituosos classificam como indolentes e primitivas. 

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É pouco provável que descobertas cientificas como essa tenham algum efeito no alto nível de preconceito e discriminação racial que impera no Brasil, mas pelo menos, quando nos deparamos com pessoas racistas, sempre podemos questionar: Será que sua pele clara não indica que parte de seus ancestrais são indígenas?

MAIS INFORMAÇÕES: A GWAS IN LATIN AMERICANS HIGHLIGHTS THE COVERGENT EVOLUTION OF LIGHTER SKIN PIGMENTATION IN EUROASIA. NATURE COMMUNICATIONS *É BIÓLOGO

No Brasil, e no resto da América Latina, a diversidade de cores de pele é enorme e se deve à mistura por aqui de três grandes grupos populacionais, os índios que já viviam aqui há mais de 10.000 anos, os europeus que chegaram nos últimos 500 anos, e os africanos que foram trazidos como escravos pelos brancos. Sabemos que a cor da pele é determinada por dezenas de genes presentes em cada um de nós e que cada um desses genes possui diversas variantes presentes na população. Até agora as relações entre esses genes e as tonalidades da pele haviam sido estudados em populações relativamente homogêneas, como os europeus, os africanos e os asiáticos. Mas agora foi publicado o primeiro grande estudo dos genes presentes na população latino americana e a surpresa foi grande. A associação direta entre cor de pele e ascendência genética não é tão simples como imaginávamos.

Estudo mostra que parte dos genes determinantes para pele clara veio da população indígena Foto: Dida Samapaio/Estadão

Um consorcio de cientistas de vários países coletou o sangue de 6.357 pessoas do Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru. Além de coletar o sangue, a cor da pele dessas pessoas foi medida com um refratômetro que permite determinar a quantidade de melanina na pele. Também foi medida a cor dos olhos e do cabelo de cada pessoa. O DNA de cada pessoa foi extraído do sangue e um total de 674.971 locais ao longo dos cromossomos de cada pessoa foram analisados. É sabido que em cada um desses locais a sequência do DNA varia muito de uma pessoa para outra. Essa combinação de locais no genoma com as pessoas gerou um total de 8.896.142 genótipos. De posse destes dados, os cientistas puderam usar técnicas bem conhecidas de genética quantitativa para identificar os locais no genoma onde estão os genes que determinam a cor de pele desse grupo de pessoas.

Entre os países analisados, o Brasil tem em média a população de pele mais clara e o Peru a de pele mais escura, mas em todos os países a variação entre os mais claros e os mais escuros é semelhante. A análise mostrou que essa população possui 48% de ascendência europeia, 46% africana e 6% de indígenas. 

Em seguida os cientistas localizaram ao longo do genoma os genes associados à cor de pele nesse grupo de pessoas. Os resultados mostraram que a cor de pele nesses países é determinada por pelo menos quinze genes distintos, espalhados por diversos cromossomos. Desses, 10 genes já eram conhecidos pois já haviam sido identificados nos estudos de populações africanas e europeias, mas cinco são genes novos, que nunca haviam sido identificados. 

Uma parte desses novos genes e variantes ou surgiram na América nos últimos 15 mil anos ou são derivados de genes presentes na população do leste da Ásia. Isso porque os índios americanos derivam dessa população asiática e colonizaram a América após atravessarem o estreito de Behring e migrarem em direção a América do Sul.

Mas o mais interessante é que pelo menos dois desses novos genes codificam para peles mais claras. Esse resultado é especialmente importante pois demonstra que nem todos os genes para pele clara presentes entre nós vieram da população europeia. Parte deles já estava na população indígena antes da chegada de portugueses e espanhóis.

Esse resultado vai contra a percepção popular, principalmente no Brasil, de que quanto mais clara sua pele mais próximo você é dos europeus e quanto mais escura, mais ascendentes africanos você tem. Essa nova descoberta significa que você pode ter pele relativamente clara e essa característica pode ter vindo, em parte, de genes de populações indígenas e não europeias. Ou seja, a cor de nossa pele diz menos sobre nossas origens do que estamos acostumados a acreditar.

Pessoas racistas , que se julgam superiores devido à sua pele clara e ascendência europeia, deveriam ter seus genes analisados. Elas podem ter a surpresa de descobrir que são claras por serem descendentes, em parte, de populações indígenas, aquelas mesmas que brancos preconceituosos classificam como indolentes e primitivas. 

É pouco provável que descobertas cientificas como essa tenham algum efeito no alto nível de preconceito e discriminação racial que impera no Brasil, mas pelo menos, quando nos deparamos com pessoas racistas, sempre podemos questionar: Será que sua pele clara não indica que parte de seus ancestrais são indígenas?

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No Brasil, e no resto da América Latina, a diversidade de cores de pele é enorme e se deve à mistura por aqui de três grandes grupos populacionais, os índios que já viviam aqui há mais de 10.000 anos, os europeus que chegaram nos últimos 500 anos, e os africanos que foram trazidos como escravos pelos brancos. Sabemos que a cor da pele é determinada por dezenas de genes presentes em cada um de nós e que cada um desses genes possui diversas variantes presentes na população. Até agora as relações entre esses genes e as tonalidades da pele haviam sido estudados em populações relativamente homogêneas, como os europeus, os africanos e os asiáticos. Mas agora foi publicado o primeiro grande estudo dos genes presentes na população latino americana e a surpresa foi grande. A associação direta entre cor de pele e ascendência genética não é tão simples como imaginávamos.

Estudo mostra que parte dos genes determinantes para pele clara veio da população indígena Foto: Dida Samapaio/Estadão

Um consorcio de cientistas de vários países coletou o sangue de 6.357 pessoas do Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru. Além de coletar o sangue, a cor da pele dessas pessoas foi medida com um refratômetro que permite determinar a quantidade de melanina na pele. Também foi medida a cor dos olhos e do cabelo de cada pessoa. O DNA de cada pessoa foi extraído do sangue e um total de 674.971 locais ao longo dos cromossomos de cada pessoa foram analisados. É sabido que em cada um desses locais a sequência do DNA varia muito de uma pessoa para outra. Essa combinação de locais no genoma com as pessoas gerou um total de 8.896.142 genótipos. De posse destes dados, os cientistas puderam usar técnicas bem conhecidas de genética quantitativa para identificar os locais no genoma onde estão os genes que determinam a cor de pele desse grupo de pessoas.

Entre os países analisados, o Brasil tem em média a população de pele mais clara e o Peru a de pele mais escura, mas em todos os países a variação entre os mais claros e os mais escuros é semelhante. A análise mostrou que essa população possui 48% de ascendência europeia, 46% africana e 6% de indígenas. 

Em seguida os cientistas localizaram ao longo do genoma os genes associados à cor de pele nesse grupo de pessoas. Os resultados mostraram que a cor de pele nesses países é determinada por pelo menos quinze genes distintos, espalhados por diversos cromossomos. Desses, 10 genes já eram conhecidos pois já haviam sido identificados nos estudos de populações africanas e europeias, mas cinco são genes novos, que nunca haviam sido identificados. 

Uma parte desses novos genes e variantes ou surgiram na América nos últimos 15 mil anos ou são derivados de genes presentes na população do leste da Ásia. Isso porque os índios americanos derivam dessa população asiática e colonizaram a América após atravessarem o estreito de Behring e migrarem em direção a América do Sul.

Mas o mais interessante é que pelo menos dois desses novos genes codificam para peles mais claras. Esse resultado é especialmente importante pois demonstra que nem todos os genes para pele clara presentes entre nós vieram da população europeia. Parte deles já estava na população indígena antes da chegada de portugueses e espanhóis.

Esse resultado vai contra a percepção popular, principalmente no Brasil, de que quanto mais clara sua pele mais próximo você é dos europeus e quanto mais escura, mais ascendentes africanos você tem. Essa nova descoberta significa que você pode ter pele relativamente clara e essa característica pode ter vindo, em parte, de genes de populações indígenas e não europeias. Ou seja, a cor de nossa pele diz menos sobre nossas origens do que estamos acostumados a acreditar.

Pessoas racistas , que se julgam superiores devido à sua pele clara e ascendência europeia, deveriam ter seus genes analisados. Elas podem ter a surpresa de descobrir que são claras por serem descendentes, em parte, de populações indígenas, aquelas mesmas que brancos preconceituosos classificam como indolentes e primitivas. 

É pouco provável que descobertas cientificas como essa tenham algum efeito no alto nível de preconceito e discriminação racial que impera no Brasil, mas pelo menos, quando nos deparamos com pessoas racistas, sempre podemos questionar: Será que sua pele clara não indica que parte de seus ancestrais são indígenas?

MAIS INFORMAÇÕES: A GWAS IN LATIN AMERICANS HIGHLIGHTS THE COVERGENT EVOLUTION OF LIGHTER SKIN PIGMENTATION IN EUROASIA. NATURE COMMUNICATIONS *É BIÓLOGO

No Brasil, e no resto da América Latina, a diversidade de cores de pele é enorme e se deve à mistura por aqui de três grandes grupos populacionais, os índios que já viviam aqui há mais de 10.000 anos, os europeus que chegaram nos últimos 500 anos, e os africanos que foram trazidos como escravos pelos brancos. Sabemos que a cor da pele é determinada por dezenas de genes presentes em cada um de nós e que cada um desses genes possui diversas variantes presentes na população. Até agora as relações entre esses genes e as tonalidades da pele haviam sido estudados em populações relativamente homogêneas, como os europeus, os africanos e os asiáticos. Mas agora foi publicado o primeiro grande estudo dos genes presentes na população latino americana e a surpresa foi grande. A associação direta entre cor de pele e ascendência genética não é tão simples como imaginávamos.

Estudo mostra que parte dos genes determinantes para pele clara veio da população indígena Foto: Dida Samapaio/Estadão

Um consorcio de cientistas de vários países coletou o sangue de 6.357 pessoas do Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru. Além de coletar o sangue, a cor da pele dessas pessoas foi medida com um refratômetro que permite determinar a quantidade de melanina na pele. Também foi medida a cor dos olhos e do cabelo de cada pessoa. O DNA de cada pessoa foi extraído do sangue e um total de 674.971 locais ao longo dos cromossomos de cada pessoa foram analisados. É sabido que em cada um desses locais a sequência do DNA varia muito de uma pessoa para outra. Essa combinação de locais no genoma com as pessoas gerou um total de 8.896.142 genótipos. De posse destes dados, os cientistas puderam usar técnicas bem conhecidas de genética quantitativa para identificar os locais no genoma onde estão os genes que determinam a cor de pele desse grupo de pessoas.

Entre os países analisados, o Brasil tem em média a população de pele mais clara e o Peru a de pele mais escura, mas em todos os países a variação entre os mais claros e os mais escuros é semelhante. A análise mostrou que essa população possui 48% de ascendência europeia, 46% africana e 6% de indígenas. 

Em seguida os cientistas localizaram ao longo do genoma os genes associados à cor de pele nesse grupo de pessoas. Os resultados mostraram que a cor de pele nesses países é determinada por pelo menos quinze genes distintos, espalhados por diversos cromossomos. Desses, 10 genes já eram conhecidos pois já haviam sido identificados nos estudos de populações africanas e europeias, mas cinco são genes novos, que nunca haviam sido identificados. 

Uma parte desses novos genes e variantes ou surgiram na América nos últimos 15 mil anos ou são derivados de genes presentes na população do leste da Ásia. Isso porque os índios americanos derivam dessa população asiática e colonizaram a América após atravessarem o estreito de Behring e migrarem em direção a América do Sul.

Mas o mais interessante é que pelo menos dois desses novos genes codificam para peles mais claras. Esse resultado é especialmente importante pois demonstra que nem todos os genes para pele clara presentes entre nós vieram da população europeia. Parte deles já estava na população indígena antes da chegada de portugueses e espanhóis.

Esse resultado vai contra a percepção popular, principalmente no Brasil, de que quanto mais clara sua pele mais próximo você é dos europeus e quanto mais escura, mais ascendentes africanos você tem. Essa nova descoberta significa que você pode ter pele relativamente clara e essa característica pode ter vindo, em parte, de genes de populações indígenas e não europeias. Ou seja, a cor de nossa pele diz menos sobre nossas origens do que estamos acostumados a acreditar.

Pessoas racistas , que se julgam superiores devido à sua pele clara e ascendência europeia, deveriam ter seus genes analisados. Elas podem ter a surpresa de descobrir que são claras por serem descendentes, em parte, de populações indígenas, aquelas mesmas que brancos preconceituosos classificam como indolentes e primitivas. 

É pouco provável que descobertas cientificas como essa tenham algum efeito no alto nível de preconceito e discriminação racial que impera no Brasil, mas pelo menos, quando nos deparamos com pessoas racistas, sempre podemos questionar: Será que sua pele clara não indica que parte de seus ancestrais são indígenas?

MAIS INFORMAÇÕES: A GWAS IN LATIN AMERICANS HIGHLIGHTS THE COVERGENT EVOLUTION OF LIGHTER SKIN PIGMENTATION IN EUROASIA. NATURE COMMUNICATIONS *É BIÓLOGO

No Brasil, e no resto da América Latina, a diversidade de cores de pele é enorme e se deve à mistura por aqui de três grandes grupos populacionais, os índios que já viviam aqui há mais de 10.000 anos, os europeus que chegaram nos últimos 500 anos, e os africanos que foram trazidos como escravos pelos brancos. Sabemos que a cor da pele é determinada por dezenas de genes presentes em cada um de nós e que cada um desses genes possui diversas variantes presentes na população. Até agora as relações entre esses genes e as tonalidades da pele haviam sido estudados em populações relativamente homogêneas, como os europeus, os africanos e os asiáticos. Mas agora foi publicado o primeiro grande estudo dos genes presentes na população latino americana e a surpresa foi grande. A associação direta entre cor de pele e ascendência genética não é tão simples como imaginávamos.

Estudo mostra que parte dos genes determinantes para pele clara veio da população indígena Foto: Dida Samapaio/Estadão

Um consorcio de cientistas de vários países coletou o sangue de 6.357 pessoas do Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru. Além de coletar o sangue, a cor da pele dessas pessoas foi medida com um refratômetro que permite determinar a quantidade de melanina na pele. Também foi medida a cor dos olhos e do cabelo de cada pessoa. O DNA de cada pessoa foi extraído do sangue e um total de 674.971 locais ao longo dos cromossomos de cada pessoa foram analisados. É sabido que em cada um desses locais a sequência do DNA varia muito de uma pessoa para outra. Essa combinação de locais no genoma com as pessoas gerou um total de 8.896.142 genótipos. De posse destes dados, os cientistas puderam usar técnicas bem conhecidas de genética quantitativa para identificar os locais no genoma onde estão os genes que determinam a cor de pele desse grupo de pessoas.

Entre os países analisados, o Brasil tem em média a população de pele mais clara e o Peru a de pele mais escura, mas em todos os países a variação entre os mais claros e os mais escuros é semelhante. A análise mostrou que essa população possui 48% de ascendência europeia, 46% africana e 6% de indígenas. 

Em seguida os cientistas localizaram ao longo do genoma os genes associados à cor de pele nesse grupo de pessoas. Os resultados mostraram que a cor de pele nesses países é determinada por pelo menos quinze genes distintos, espalhados por diversos cromossomos. Desses, 10 genes já eram conhecidos pois já haviam sido identificados nos estudos de populações africanas e europeias, mas cinco são genes novos, que nunca haviam sido identificados. 

Uma parte desses novos genes e variantes ou surgiram na América nos últimos 15 mil anos ou são derivados de genes presentes na população do leste da Ásia. Isso porque os índios americanos derivam dessa população asiática e colonizaram a América após atravessarem o estreito de Behring e migrarem em direção a América do Sul.

Mas o mais interessante é que pelo menos dois desses novos genes codificam para peles mais claras. Esse resultado é especialmente importante pois demonstra que nem todos os genes para pele clara presentes entre nós vieram da população europeia. Parte deles já estava na população indígena antes da chegada de portugueses e espanhóis.

Esse resultado vai contra a percepção popular, principalmente no Brasil, de que quanto mais clara sua pele mais próximo você é dos europeus e quanto mais escura, mais ascendentes africanos você tem. Essa nova descoberta significa que você pode ter pele relativamente clara e essa característica pode ter vindo, em parte, de genes de populações indígenas e não europeias. Ou seja, a cor de nossa pele diz menos sobre nossas origens do que estamos acostumados a acreditar.

Pessoas racistas , que se julgam superiores devido à sua pele clara e ascendência europeia, deveriam ter seus genes analisados. Elas podem ter a surpresa de descobrir que são claras por serem descendentes, em parte, de populações indígenas, aquelas mesmas que brancos preconceituosos classificam como indolentes e primitivas. 

É pouco provável que descobertas cientificas como essa tenham algum efeito no alto nível de preconceito e discriminação racial que impera no Brasil, mas pelo menos, quando nos deparamos com pessoas racistas, sempre podemos questionar: Será que sua pele clara não indica que parte de seus ancestrais são indígenas?

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