Opinião|Com coração de porco


Alternativa aos órgãos artificiais para transplante avança com nova descoberta

Por Fernando Reinach

Como cardíaco, sei que o número de truques que a Medicina dispõe para lidar com um coração que começa a exigir manutenção é enorme. Mas, em muitos casos, toda essa traquitana tecnológica não é suficiente, e a única solução é um transplante. O número de pessoas com falência cardíaca que se beneficiariam de um transplante cresce a cada ano e se estima que até 2030, só nos EUA, serão 8 milhões de pessoas na fila do transplante. Hoje o transplante é uma cirurgia com alta taxa de sucesso, mas tem um problema: exige um doador. Tem de ser uma pessoa com sistema imune compatível, que tenha acabado de falecer, seja saudável e tenha concordado em doar seu coração. Não é fácil, e o número de pessoas que morrem esperando na fila é grande e tende a crescer. 

Duas tecnologias competem com o transplante como é feito hoje. A primeira é o coração artificial, uma máquina que funciona imitando o coração. A outra é a utilização de corações retirados de animais e transplantados em seres humanos. Durante anos, os corações artificiais estavam ganhando a corrida tecnológica. Mas agora uma nova descoberta colocou o uso de corações de porcos como a tecnologia que provavelmente vai ganhar a disputa tecnológica.

O porco é o animal que tem o coração mais parecido com o nosso, tanto que cirurgiões treinam sua habilidade e testam novas técnicas operando porcos. Por outro lado, é muito diferente do ser humano e a rejeição imunológica enfrentada por um coração de porco sempre pareceu intransponível. Esse obstáculo começou a ser ultrapassado com a possibilidade de construir porcos transgênicos, humanizados. Esses possuem alterações genéticas que fazem com que seus órgãos sejam pouco rejeitados quando transplantados em seres humanos. Os porcos mais modernos possuem três modificações e são, do ponto de vista imunológico, suficientemente próximos dos seres humanos para permitir que seus órgãos tenham um nível de rejeição compatível com um possível transplante.

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Nos últimos anos, os corações desses porcos têm sido transplantados experimentalmente em macacos, no caso babuínos. Anos atrás foi demonstrado que o problema da rejeição havia sido resolvido quando um coração de porco foi colocado em um babuíno, não substituindo o coração do macaco, mas somente para ficar lá, sem bater. Os resultados foram animadores: sobreviveu por quase três anos sem ser destruído pelo sistema imune. Feito isso, era necessário testar a cirurgia completa, que envolve retirar o coração do babuíno e substituir pelo do porco transgênico. A novidade é que uma enorme equipe de cientistas conseguiu esse feito.

Primeiramente, os cientistas tiveram de desenvolver um método para manter o coração de porco viável durante a cirurgia, pois os protocolos usados para manter corações humanos não funcionam com porcos. Antes desse problema ser resolvido, os babuínos morriam logo após a cirurgia, e os que tinham maior sobrevida, 30 dias, desenvolviam uma hipertrofia cardíaca que os levava a morte. Em um segundo grupo experimental, o coração foi melhor preservado e os macacos duraram muitos meses, mas, após serem sacrificados, os corações ainda mostravam sinais de estresse. Finalmente o protocolo foi modificado de modo a administrar nos babuínos drogas que baixassem sua pressão arterial, de modo que a pressão deles ficasse mais semelhante à do porco. Com essa última modificação, os babuínos rapidamente se recuperaram e passaram a ter uma vida normal (tomando remédios, claro). Esses animais viveram até 195 dias com o coração de porco e somente morreram quando foram sacrificados para verificação. Não havia lesões significantes.

Os especialistas acreditam que ainda serão necessários alguns estudos antes de os cientistas pedirem permissão para fazer o primeiro transplante de um coração de porco em um ser humano (sim, alguém tem de ser o primeiro!). Se isso se concretizar, daqui a uma década esses transplantes se tornarão rotina e a necessidade de doadores deve diminuir muito. Teremos pessoas vivendo com um coração de porco transgênico. É claro que as implicações psicológicas e morais não serão fáceis de enfrentar, mas para pessoas com falência cardíaca, sem doadores, a opção é a morte.

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MAIS INFORMAÇÕES: CONSISTENT SUCCESS IN LIFE-SUPPORTING PORCINE CARDIAC XENOTRANSPLANTATION. NATURE, VOL. 564 PÁG. 430 (2018)

Como cardíaco, sei que o número de truques que a Medicina dispõe para lidar com um coração que começa a exigir manutenção é enorme. Mas, em muitos casos, toda essa traquitana tecnológica não é suficiente, e a única solução é um transplante. O número de pessoas com falência cardíaca que se beneficiariam de um transplante cresce a cada ano e se estima que até 2030, só nos EUA, serão 8 milhões de pessoas na fila do transplante. Hoje o transplante é uma cirurgia com alta taxa de sucesso, mas tem um problema: exige um doador. Tem de ser uma pessoa com sistema imune compatível, que tenha acabado de falecer, seja saudável e tenha concordado em doar seu coração. Não é fácil, e o número de pessoas que morrem esperando na fila é grande e tende a crescer. 

Duas tecnologias competem com o transplante como é feito hoje. A primeira é o coração artificial, uma máquina que funciona imitando o coração. A outra é a utilização de corações retirados de animais e transplantados em seres humanos. Durante anos, os corações artificiais estavam ganhando a corrida tecnológica. Mas agora uma nova descoberta colocou o uso de corações de porcos como a tecnologia que provavelmente vai ganhar a disputa tecnológica.

O porco é o animal que tem o coração mais parecido com o nosso, tanto que cirurgiões treinam sua habilidade e testam novas técnicas operando porcos. Por outro lado, é muito diferente do ser humano e a rejeição imunológica enfrentada por um coração de porco sempre pareceu intransponível. Esse obstáculo começou a ser ultrapassado com a possibilidade de construir porcos transgênicos, humanizados. Esses possuem alterações genéticas que fazem com que seus órgãos sejam pouco rejeitados quando transplantados em seres humanos. Os porcos mais modernos possuem três modificações e são, do ponto de vista imunológico, suficientemente próximos dos seres humanos para permitir que seus órgãos tenham um nível de rejeição compatível com um possível transplante.

Nos últimos anos, os corações desses porcos têm sido transplantados experimentalmente em macacos, no caso babuínos. Anos atrás foi demonstrado que o problema da rejeição havia sido resolvido quando um coração de porco foi colocado em um babuíno, não substituindo o coração do macaco, mas somente para ficar lá, sem bater. Os resultados foram animadores: sobreviveu por quase três anos sem ser destruído pelo sistema imune. Feito isso, era necessário testar a cirurgia completa, que envolve retirar o coração do babuíno e substituir pelo do porco transgênico. A novidade é que uma enorme equipe de cientistas conseguiu esse feito.

Primeiramente, os cientistas tiveram de desenvolver um método para manter o coração de porco viável durante a cirurgia, pois os protocolos usados para manter corações humanos não funcionam com porcos. Antes desse problema ser resolvido, os babuínos morriam logo após a cirurgia, e os que tinham maior sobrevida, 30 dias, desenvolviam uma hipertrofia cardíaca que os levava a morte. Em um segundo grupo experimental, o coração foi melhor preservado e os macacos duraram muitos meses, mas, após serem sacrificados, os corações ainda mostravam sinais de estresse. Finalmente o protocolo foi modificado de modo a administrar nos babuínos drogas que baixassem sua pressão arterial, de modo que a pressão deles ficasse mais semelhante à do porco. Com essa última modificação, os babuínos rapidamente se recuperaram e passaram a ter uma vida normal (tomando remédios, claro). Esses animais viveram até 195 dias com o coração de porco e somente morreram quando foram sacrificados para verificação. Não havia lesões significantes.

Os especialistas acreditam que ainda serão necessários alguns estudos antes de os cientistas pedirem permissão para fazer o primeiro transplante de um coração de porco em um ser humano (sim, alguém tem de ser o primeiro!). Se isso se concretizar, daqui a uma década esses transplantes se tornarão rotina e a necessidade de doadores deve diminuir muito. Teremos pessoas vivendo com um coração de porco transgênico. É claro que as implicações psicológicas e morais não serão fáceis de enfrentar, mas para pessoas com falência cardíaca, sem doadores, a opção é a morte.

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Como cardíaco, sei que o número de truques que a Medicina dispõe para lidar com um coração que começa a exigir manutenção é enorme. Mas, em muitos casos, toda essa traquitana tecnológica não é suficiente, e a única solução é um transplante. O número de pessoas com falência cardíaca que se beneficiariam de um transplante cresce a cada ano e se estima que até 2030, só nos EUA, serão 8 milhões de pessoas na fila do transplante. Hoje o transplante é uma cirurgia com alta taxa de sucesso, mas tem um problema: exige um doador. Tem de ser uma pessoa com sistema imune compatível, que tenha acabado de falecer, seja saudável e tenha concordado em doar seu coração. Não é fácil, e o número de pessoas que morrem esperando na fila é grande e tende a crescer. 

Duas tecnologias competem com o transplante como é feito hoje. A primeira é o coração artificial, uma máquina que funciona imitando o coração. A outra é a utilização de corações retirados de animais e transplantados em seres humanos. Durante anos, os corações artificiais estavam ganhando a corrida tecnológica. Mas agora uma nova descoberta colocou o uso de corações de porcos como a tecnologia que provavelmente vai ganhar a disputa tecnológica.

O porco é o animal que tem o coração mais parecido com o nosso, tanto que cirurgiões treinam sua habilidade e testam novas técnicas operando porcos. Por outro lado, é muito diferente do ser humano e a rejeição imunológica enfrentada por um coração de porco sempre pareceu intransponível. Esse obstáculo começou a ser ultrapassado com a possibilidade de construir porcos transgênicos, humanizados. Esses possuem alterações genéticas que fazem com que seus órgãos sejam pouco rejeitados quando transplantados em seres humanos. Os porcos mais modernos possuem três modificações e são, do ponto de vista imunológico, suficientemente próximos dos seres humanos para permitir que seus órgãos tenham um nível de rejeição compatível com um possível transplante.

Nos últimos anos, os corações desses porcos têm sido transplantados experimentalmente em macacos, no caso babuínos. Anos atrás foi demonstrado que o problema da rejeição havia sido resolvido quando um coração de porco foi colocado em um babuíno, não substituindo o coração do macaco, mas somente para ficar lá, sem bater. Os resultados foram animadores: sobreviveu por quase três anos sem ser destruído pelo sistema imune. Feito isso, era necessário testar a cirurgia completa, que envolve retirar o coração do babuíno e substituir pelo do porco transgênico. A novidade é que uma enorme equipe de cientistas conseguiu esse feito.

Primeiramente, os cientistas tiveram de desenvolver um método para manter o coração de porco viável durante a cirurgia, pois os protocolos usados para manter corações humanos não funcionam com porcos. Antes desse problema ser resolvido, os babuínos morriam logo após a cirurgia, e os que tinham maior sobrevida, 30 dias, desenvolviam uma hipertrofia cardíaca que os levava a morte. Em um segundo grupo experimental, o coração foi melhor preservado e os macacos duraram muitos meses, mas, após serem sacrificados, os corações ainda mostravam sinais de estresse. Finalmente o protocolo foi modificado de modo a administrar nos babuínos drogas que baixassem sua pressão arterial, de modo que a pressão deles ficasse mais semelhante à do porco. Com essa última modificação, os babuínos rapidamente se recuperaram e passaram a ter uma vida normal (tomando remédios, claro). Esses animais viveram até 195 dias com o coração de porco e somente morreram quando foram sacrificados para verificação. Não havia lesões significantes.

Os especialistas acreditam que ainda serão necessários alguns estudos antes de os cientistas pedirem permissão para fazer o primeiro transplante de um coração de porco em um ser humano (sim, alguém tem de ser o primeiro!). Se isso se concretizar, daqui a uma década esses transplantes se tornarão rotina e a necessidade de doadores deve diminuir muito. Teremos pessoas vivendo com um coração de porco transgênico. É claro que as implicações psicológicas e morais não serão fáceis de enfrentar, mas para pessoas com falência cardíaca, sem doadores, a opção é a morte.

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Como cardíaco, sei que o número de truques que a Medicina dispõe para lidar com um coração que começa a exigir manutenção é enorme. Mas, em muitos casos, toda essa traquitana tecnológica não é suficiente, e a única solução é um transplante. O número de pessoas com falência cardíaca que se beneficiariam de um transplante cresce a cada ano e se estima que até 2030, só nos EUA, serão 8 milhões de pessoas na fila do transplante. Hoje o transplante é uma cirurgia com alta taxa de sucesso, mas tem um problema: exige um doador. Tem de ser uma pessoa com sistema imune compatível, que tenha acabado de falecer, seja saudável e tenha concordado em doar seu coração. Não é fácil, e o número de pessoas que morrem esperando na fila é grande e tende a crescer. 

Duas tecnologias competem com o transplante como é feito hoje. A primeira é o coração artificial, uma máquina que funciona imitando o coração. A outra é a utilização de corações retirados de animais e transplantados em seres humanos. Durante anos, os corações artificiais estavam ganhando a corrida tecnológica. Mas agora uma nova descoberta colocou o uso de corações de porcos como a tecnologia que provavelmente vai ganhar a disputa tecnológica.

O porco é o animal que tem o coração mais parecido com o nosso, tanto que cirurgiões treinam sua habilidade e testam novas técnicas operando porcos. Por outro lado, é muito diferente do ser humano e a rejeição imunológica enfrentada por um coração de porco sempre pareceu intransponível. Esse obstáculo começou a ser ultrapassado com a possibilidade de construir porcos transgênicos, humanizados. Esses possuem alterações genéticas que fazem com que seus órgãos sejam pouco rejeitados quando transplantados em seres humanos. Os porcos mais modernos possuem três modificações e são, do ponto de vista imunológico, suficientemente próximos dos seres humanos para permitir que seus órgãos tenham um nível de rejeição compatível com um possível transplante.

Nos últimos anos, os corações desses porcos têm sido transplantados experimentalmente em macacos, no caso babuínos. Anos atrás foi demonstrado que o problema da rejeição havia sido resolvido quando um coração de porco foi colocado em um babuíno, não substituindo o coração do macaco, mas somente para ficar lá, sem bater. Os resultados foram animadores: sobreviveu por quase três anos sem ser destruído pelo sistema imune. Feito isso, era necessário testar a cirurgia completa, que envolve retirar o coração do babuíno e substituir pelo do porco transgênico. A novidade é que uma enorme equipe de cientistas conseguiu esse feito.

Primeiramente, os cientistas tiveram de desenvolver um método para manter o coração de porco viável durante a cirurgia, pois os protocolos usados para manter corações humanos não funcionam com porcos. Antes desse problema ser resolvido, os babuínos morriam logo após a cirurgia, e os que tinham maior sobrevida, 30 dias, desenvolviam uma hipertrofia cardíaca que os levava a morte. Em um segundo grupo experimental, o coração foi melhor preservado e os macacos duraram muitos meses, mas, após serem sacrificados, os corações ainda mostravam sinais de estresse. Finalmente o protocolo foi modificado de modo a administrar nos babuínos drogas que baixassem sua pressão arterial, de modo que a pressão deles ficasse mais semelhante à do porco. Com essa última modificação, os babuínos rapidamente se recuperaram e passaram a ter uma vida normal (tomando remédios, claro). Esses animais viveram até 195 dias com o coração de porco e somente morreram quando foram sacrificados para verificação. Não havia lesões significantes.

Os especialistas acreditam que ainda serão necessários alguns estudos antes de os cientistas pedirem permissão para fazer o primeiro transplante de um coração de porco em um ser humano (sim, alguém tem de ser o primeiro!). Se isso se concretizar, daqui a uma década esses transplantes se tornarão rotina e a necessidade de doadores deve diminuir muito. Teremos pessoas vivendo com um coração de porco transgênico. É claro que as implicações psicológicas e morais não serão fáceis de enfrentar, mas para pessoas com falência cardíaca, sem doadores, a opção é a morte.

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Como cardíaco, sei que o número de truques que a Medicina dispõe para lidar com um coração que começa a exigir manutenção é enorme. Mas, em muitos casos, toda essa traquitana tecnológica não é suficiente, e a única solução é um transplante. O número de pessoas com falência cardíaca que se beneficiariam de um transplante cresce a cada ano e se estima que até 2030, só nos EUA, serão 8 milhões de pessoas na fila do transplante. Hoje o transplante é uma cirurgia com alta taxa de sucesso, mas tem um problema: exige um doador. Tem de ser uma pessoa com sistema imune compatível, que tenha acabado de falecer, seja saudável e tenha concordado em doar seu coração. Não é fácil, e o número de pessoas que morrem esperando na fila é grande e tende a crescer. 

Duas tecnologias competem com o transplante como é feito hoje. A primeira é o coração artificial, uma máquina que funciona imitando o coração. A outra é a utilização de corações retirados de animais e transplantados em seres humanos. Durante anos, os corações artificiais estavam ganhando a corrida tecnológica. Mas agora uma nova descoberta colocou o uso de corações de porcos como a tecnologia que provavelmente vai ganhar a disputa tecnológica.

O porco é o animal que tem o coração mais parecido com o nosso, tanto que cirurgiões treinam sua habilidade e testam novas técnicas operando porcos. Por outro lado, é muito diferente do ser humano e a rejeição imunológica enfrentada por um coração de porco sempre pareceu intransponível. Esse obstáculo começou a ser ultrapassado com a possibilidade de construir porcos transgênicos, humanizados. Esses possuem alterações genéticas que fazem com que seus órgãos sejam pouco rejeitados quando transplantados em seres humanos. Os porcos mais modernos possuem três modificações e são, do ponto de vista imunológico, suficientemente próximos dos seres humanos para permitir que seus órgãos tenham um nível de rejeição compatível com um possível transplante.

Nos últimos anos, os corações desses porcos têm sido transplantados experimentalmente em macacos, no caso babuínos. Anos atrás foi demonstrado que o problema da rejeição havia sido resolvido quando um coração de porco foi colocado em um babuíno, não substituindo o coração do macaco, mas somente para ficar lá, sem bater. Os resultados foram animadores: sobreviveu por quase três anos sem ser destruído pelo sistema imune. Feito isso, era necessário testar a cirurgia completa, que envolve retirar o coração do babuíno e substituir pelo do porco transgênico. A novidade é que uma enorme equipe de cientistas conseguiu esse feito.

Primeiramente, os cientistas tiveram de desenvolver um método para manter o coração de porco viável durante a cirurgia, pois os protocolos usados para manter corações humanos não funcionam com porcos. Antes desse problema ser resolvido, os babuínos morriam logo após a cirurgia, e os que tinham maior sobrevida, 30 dias, desenvolviam uma hipertrofia cardíaca que os levava a morte. Em um segundo grupo experimental, o coração foi melhor preservado e os macacos duraram muitos meses, mas, após serem sacrificados, os corações ainda mostravam sinais de estresse. Finalmente o protocolo foi modificado de modo a administrar nos babuínos drogas que baixassem sua pressão arterial, de modo que a pressão deles ficasse mais semelhante à do porco. Com essa última modificação, os babuínos rapidamente se recuperaram e passaram a ter uma vida normal (tomando remédios, claro). Esses animais viveram até 195 dias com o coração de porco e somente morreram quando foram sacrificados para verificação. Não havia lesões significantes.

Os especialistas acreditam que ainda serão necessários alguns estudos antes de os cientistas pedirem permissão para fazer o primeiro transplante de um coração de porco em um ser humano (sim, alguém tem de ser o primeiro!). Se isso se concretizar, daqui a uma década esses transplantes se tornarão rotina e a necessidade de doadores deve diminuir muito. Teremos pessoas vivendo com um coração de porco transgênico. É claro que as implicações psicológicas e morais não serão fáceis de enfrentar, mas para pessoas com falência cardíaca, sem doadores, a opção é a morte.

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