Opinião|O que testes genéticos podem revelar sobre seus ancestrais? Nos EUA, cientistas tiveram uma surpresa


Para muitas pessoas, descobrir que um de seus ancestrais morreu escravizado pode ser motivo de orgulho, para outros pode ser um susto desagradável

Por Fernando Reinach

Para identificar nossos ancestrais, o usual é construir uma árvore genealógica, identificando nossos avós e bisavós, buscando os registros de seus nascimentos, até a pista desaparecer no passado, muitas vezes em outras geografias. Além disso, é possível, analisando o genoma de uma pessoa, descobrir as populações que deram origem a ela.

Eu, por exemplo, sei que tenho genes ibéricos, tupi-guarani e de judeus ashkenazi. Em alguns casos, é possível juntar essas duas informações: meu avô paterno era judeu e minha avó materna era parte tupi-guarani.

Agora um estudo demonstrou uma outra possibilidade: estudando os genes presentes em esqueletos de escravos foi possível identificar na população atual seus descendentes e parentes distantes. Isso foi possível pois já existem bancos com dados genéticos de mais de 10 milhões de pessoas, sendo o maior deles, o dos clientes da 23andMe.

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Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas Foto: Michael Dalder/Reuters

A fornalha de Catoctin, em Maryland, nos EUA, foi construída em 1774, operada por escravos até 1850, e desativada em 1903. Durante sua existência, foi usada para produzir artefatos de ferro, como armas e ferraduras.

Quando morriam, os escravos que operavam a fornalha eram enterrados em um cemitério na própria fábrica. Agora, um grupo de cientistas localizou 27 ossadas enterradas nesse cemitério, isolou o DNA presente nessas ossadas, e caracterizou o genoma dessas pessoas. Esses dados foram comparados com os genomas dos clientes da 23andMe, a grande maioria ainda vivos.

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A 23andMe é uma empresa da Califórnia que caracteriza o genoma de seus clientes. Você compra um kit, cospe um pouco de saliva em um tubo, e envia para eles. Custa US$ 129. Eles isolam o DNA da sua saliva e analisam a sequência do seu genoma.

Feito isso, te informam o que descobriram. Eles conseguem determinar a origem de seus ancestrais (judeu e tupi-guarani, por exemplo) e podem te dizer se você tem algum gene que pode causar alguma doença, como câncer de mama.

Além disso, te contam sobre outros genes de interesse, como os que determinam se a cera do seu ouvido é do tipo dura ou mole, e assim por diante. Se você autorizar, a empresa também compara seu genoma com o de todos os outros clientes e te informa da existência de parentes próximos ou distantes.

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É assim que pessoas descobrem parentes distantes e filhos adotivos descobrem seus pais biológicos. Atualmente, mais de 10 milhões de pessoas já tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

Quando os cientistas compararam o genoma das 27 ossadas de escravos da fornalha de Catoctin com 9.255.493 genomas presentes no banco de dados da 23andMe, puderam identificar as pessoas que possuíam pedaços dos seus genomas idênticos aos presentes nos escravos da fornalha.

Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas. A morte dos escravos ocorreu muito antes do nascimento dos clientes da 23andMe e os cientistas estimaram que, na média, 162 anos separam os escravos analisados das pessoas representadas no banco de dados. Isso corresponde a 5 ou 6 gerações.

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Por esse motivo, os cientistas não esperavam filhos, netos ou mesmo bisnetos dos escravos no banco de dados. Mas, foram encontradas muitas pessoas que possuem uma relação distante com os escravos. Essas pessoas podem ser descendentes diretos dos escravos ou pessoas que descendem dos pais ou avós dos escravos. Neste último caso, são pessoas cujos ancestrais viveram na África por volta do ano de 1.700 e eram parentes dos escravos.

O interessante é que somente 0,45% das pessoas presentes no banco de dados possuem alguma relação genética, mesmo distante, com os escravos de Catoctin. Esse número sobe para 4,25% entre os americanos afrodescendentes vindos da África subsaariana.

Um dos escravos analisados é um possível trisavô de uma pessoa representada no banco de dados. Outros três são tios e primos separados por três ou quatro gerações de pessoas que tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

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Por enquanto, os cientistas não notificaram essas pessoas do seu possível parentesco e estão decidindo de que maneira essa descoberta deve ser comunicada. Para muitas pessoas, descobrir que um de seus ancestrais morreu escravizado em Catoctin pode ser motivo de orgulho, para outros pode ser um susto desagradável.

Esse estudo demonstra que, à medida que bancos de dados como o da 23andMe crescem (é esperado que nas próximas décadas todos os nascidos terão seu genoma mapeado por razões médicas), e a análise do genoma de pessoas mortas nas mais diversas circunstâncias seja feita, relações genéticas entre pessoas vivas e ancestrais distantes sejam detectadas. É mais uma maneira de conhecermos nosso passado.

Mais informações: The genetic legacy of African Americans from Catoctin Furnace. Science 2023

Para identificar nossos ancestrais, o usual é construir uma árvore genealógica, identificando nossos avós e bisavós, buscando os registros de seus nascimentos, até a pista desaparecer no passado, muitas vezes em outras geografias. Além disso, é possível, analisando o genoma de uma pessoa, descobrir as populações que deram origem a ela.

Eu, por exemplo, sei que tenho genes ibéricos, tupi-guarani e de judeus ashkenazi. Em alguns casos, é possível juntar essas duas informações: meu avô paterno era judeu e minha avó materna era parte tupi-guarani.

Agora um estudo demonstrou uma outra possibilidade: estudando os genes presentes em esqueletos de escravos foi possível identificar na população atual seus descendentes e parentes distantes. Isso foi possível pois já existem bancos com dados genéticos de mais de 10 milhões de pessoas, sendo o maior deles, o dos clientes da 23andMe.

Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas Foto: Michael Dalder/Reuters

A fornalha de Catoctin, em Maryland, nos EUA, foi construída em 1774, operada por escravos até 1850, e desativada em 1903. Durante sua existência, foi usada para produzir artefatos de ferro, como armas e ferraduras.

Quando morriam, os escravos que operavam a fornalha eram enterrados em um cemitério na própria fábrica. Agora, um grupo de cientistas localizou 27 ossadas enterradas nesse cemitério, isolou o DNA presente nessas ossadas, e caracterizou o genoma dessas pessoas. Esses dados foram comparados com os genomas dos clientes da 23andMe, a grande maioria ainda vivos.

A 23andMe é uma empresa da Califórnia que caracteriza o genoma de seus clientes. Você compra um kit, cospe um pouco de saliva em um tubo, e envia para eles. Custa US$ 129. Eles isolam o DNA da sua saliva e analisam a sequência do seu genoma.

Feito isso, te informam o que descobriram. Eles conseguem determinar a origem de seus ancestrais (judeu e tupi-guarani, por exemplo) e podem te dizer se você tem algum gene que pode causar alguma doença, como câncer de mama.

Além disso, te contam sobre outros genes de interesse, como os que determinam se a cera do seu ouvido é do tipo dura ou mole, e assim por diante. Se você autorizar, a empresa também compara seu genoma com o de todos os outros clientes e te informa da existência de parentes próximos ou distantes.

É assim que pessoas descobrem parentes distantes e filhos adotivos descobrem seus pais biológicos. Atualmente, mais de 10 milhões de pessoas já tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

Quando os cientistas compararam o genoma das 27 ossadas de escravos da fornalha de Catoctin com 9.255.493 genomas presentes no banco de dados da 23andMe, puderam identificar as pessoas que possuíam pedaços dos seus genomas idênticos aos presentes nos escravos da fornalha.

Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas. A morte dos escravos ocorreu muito antes do nascimento dos clientes da 23andMe e os cientistas estimaram que, na média, 162 anos separam os escravos analisados das pessoas representadas no banco de dados. Isso corresponde a 5 ou 6 gerações.

Por esse motivo, os cientistas não esperavam filhos, netos ou mesmo bisnetos dos escravos no banco de dados. Mas, foram encontradas muitas pessoas que possuem uma relação distante com os escravos. Essas pessoas podem ser descendentes diretos dos escravos ou pessoas que descendem dos pais ou avós dos escravos. Neste último caso, são pessoas cujos ancestrais viveram na África por volta do ano de 1.700 e eram parentes dos escravos.

O interessante é que somente 0,45% das pessoas presentes no banco de dados possuem alguma relação genética, mesmo distante, com os escravos de Catoctin. Esse número sobe para 4,25% entre os americanos afrodescendentes vindos da África subsaariana.

Um dos escravos analisados é um possível trisavô de uma pessoa representada no banco de dados. Outros três são tios e primos separados por três ou quatro gerações de pessoas que tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

Por enquanto, os cientistas não notificaram essas pessoas do seu possível parentesco e estão decidindo de que maneira essa descoberta deve ser comunicada. Para muitas pessoas, descobrir que um de seus ancestrais morreu escravizado em Catoctin pode ser motivo de orgulho, para outros pode ser um susto desagradável.

Esse estudo demonstra que, à medida que bancos de dados como o da 23andMe crescem (é esperado que nas próximas décadas todos os nascidos terão seu genoma mapeado por razões médicas), e a análise do genoma de pessoas mortas nas mais diversas circunstâncias seja feita, relações genéticas entre pessoas vivas e ancestrais distantes sejam detectadas. É mais uma maneira de conhecermos nosso passado.

Mais informações: The genetic legacy of African Americans from Catoctin Furnace. Science 2023

Para identificar nossos ancestrais, o usual é construir uma árvore genealógica, identificando nossos avós e bisavós, buscando os registros de seus nascimentos, até a pista desaparecer no passado, muitas vezes em outras geografias. Além disso, é possível, analisando o genoma de uma pessoa, descobrir as populações que deram origem a ela.

Eu, por exemplo, sei que tenho genes ibéricos, tupi-guarani e de judeus ashkenazi. Em alguns casos, é possível juntar essas duas informações: meu avô paterno era judeu e minha avó materna era parte tupi-guarani.

Agora um estudo demonstrou uma outra possibilidade: estudando os genes presentes em esqueletos de escravos foi possível identificar na população atual seus descendentes e parentes distantes. Isso foi possível pois já existem bancos com dados genéticos de mais de 10 milhões de pessoas, sendo o maior deles, o dos clientes da 23andMe.

Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas Foto: Michael Dalder/Reuters

A fornalha de Catoctin, em Maryland, nos EUA, foi construída em 1774, operada por escravos até 1850, e desativada em 1903. Durante sua existência, foi usada para produzir artefatos de ferro, como armas e ferraduras.

Quando morriam, os escravos que operavam a fornalha eram enterrados em um cemitério na própria fábrica. Agora, um grupo de cientistas localizou 27 ossadas enterradas nesse cemitério, isolou o DNA presente nessas ossadas, e caracterizou o genoma dessas pessoas. Esses dados foram comparados com os genomas dos clientes da 23andMe, a grande maioria ainda vivos.

A 23andMe é uma empresa da Califórnia que caracteriza o genoma de seus clientes. Você compra um kit, cospe um pouco de saliva em um tubo, e envia para eles. Custa US$ 129. Eles isolam o DNA da sua saliva e analisam a sequência do seu genoma.

Feito isso, te informam o que descobriram. Eles conseguem determinar a origem de seus ancestrais (judeu e tupi-guarani, por exemplo) e podem te dizer se você tem algum gene que pode causar alguma doença, como câncer de mama.

Além disso, te contam sobre outros genes de interesse, como os que determinam se a cera do seu ouvido é do tipo dura ou mole, e assim por diante. Se você autorizar, a empresa também compara seu genoma com o de todos os outros clientes e te informa da existência de parentes próximos ou distantes.

É assim que pessoas descobrem parentes distantes e filhos adotivos descobrem seus pais biológicos. Atualmente, mais de 10 milhões de pessoas já tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

Quando os cientistas compararam o genoma das 27 ossadas de escravos da fornalha de Catoctin com 9.255.493 genomas presentes no banco de dados da 23andMe, puderam identificar as pessoas que possuíam pedaços dos seus genomas idênticos aos presentes nos escravos da fornalha.

Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas. A morte dos escravos ocorreu muito antes do nascimento dos clientes da 23andMe e os cientistas estimaram que, na média, 162 anos separam os escravos analisados das pessoas representadas no banco de dados. Isso corresponde a 5 ou 6 gerações.

Por esse motivo, os cientistas não esperavam filhos, netos ou mesmo bisnetos dos escravos no banco de dados. Mas, foram encontradas muitas pessoas que possuem uma relação distante com os escravos. Essas pessoas podem ser descendentes diretos dos escravos ou pessoas que descendem dos pais ou avós dos escravos. Neste último caso, são pessoas cujos ancestrais viveram na África por volta do ano de 1.700 e eram parentes dos escravos.

O interessante é que somente 0,45% das pessoas presentes no banco de dados possuem alguma relação genética, mesmo distante, com os escravos de Catoctin. Esse número sobe para 4,25% entre os americanos afrodescendentes vindos da África subsaariana.

Um dos escravos analisados é um possível trisavô de uma pessoa representada no banco de dados. Outros três são tios e primos separados por três ou quatro gerações de pessoas que tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

Por enquanto, os cientistas não notificaram essas pessoas do seu possível parentesco e estão decidindo de que maneira essa descoberta deve ser comunicada. Para muitas pessoas, descobrir que um de seus ancestrais morreu escravizado em Catoctin pode ser motivo de orgulho, para outros pode ser um susto desagradável.

Esse estudo demonstra que, à medida que bancos de dados como o da 23andMe crescem (é esperado que nas próximas décadas todos os nascidos terão seu genoma mapeado por razões médicas), e a análise do genoma de pessoas mortas nas mais diversas circunstâncias seja feita, relações genéticas entre pessoas vivas e ancestrais distantes sejam detectadas. É mais uma maneira de conhecermos nosso passado.

Mais informações: The genetic legacy of African Americans from Catoctin Furnace. Science 2023

Para identificar nossos ancestrais, o usual é construir uma árvore genealógica, identificando nossos avós e bisavós, buscando os registros de seus nascimentos, até a pista desaparecer no passado, muitas vezes em outras geografias. Além disso, é possível, analisando o genoma de uma pessoa, descobrir as populações que deram origem a ela.

Eu, por exemplo, sei que tenho genes ibéricos, tupi-guarani e de judeus ashkenazi. Em alguns casos, é possível juntar essas duas informações: meu avô paterno era judeu e minha avó materna era parte tupi-guarani.

Agora um estudo demonstrou uma outra possibilidade: estudando os genes presentes em esqueletos de escravos foi possível identificar na população atual seus descendentes e parentes distantes. Isso foi possível pois já existem bancos com dados genéticos de mais de 10 milhões de pessoas, sendo o maior deles, o dos clientes da 23andMe.

Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas Foto: Michael Dalder/Reuters

A fornalha de Catoctin, em Maryland, nos EUA, foi construída em 1774, operada por escravos até 1850, e desativada em 1903. Durante sua existência, foi usada para produzir artefatos de ferro, como armas e ferraduras.

Quando morriam, os escravos que operavam a fornalha eram enterrados em um cemitério na própria fábrica. Agora, um grupo de cientistas localizou 27 ossadas enterradas nesse cemitério, isolou o DNA presente nessas ossadas, e caracterizou o genoma dessas pessoas. Esses dados foram comparados com os genomas dos clientes da 23andMe, a grande maioria ainda vivos.

A 23andMe é uma empresa da Califórnia que caracteriza o genoma de seus clientes. Você compra um kit, cospe um pouco de saliva em um tubo, e envia para eles. Custa US$ 129. Eles isolam o DNA da sua saliva e analisam a sequência do seu genoma.

Feito isso, te informam o que descobriram. Eles conseguem determinar a origem de seus ancestrais (judeu e tupi-guarani, por exemplo) e podem te dizer se você tem algum gene que pode causar alguma doença, como câncer de mama.

Além disso, te contam sobre outros genes de interesse, como os que determinam se a cera do seu ouvido é do tipo dura ou mole, e assim por diante. Se você autorizar, a empresa também compara seu genoma com o de todos os outros clientes e te informa da existência de parentes próximos ou distantes.

É assim que pessoas descobrem parentes distantes e filhos adotivos descobrem seus pais biológicos. Atualmente, mais de 10 milhões de pessoas já tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

Quando os cientistas compararam o genoma das 27 ossadas de escravos da fornalha de Catoctin com 9.255.493 genomas presentes no banco de dados da 23andMe, puderam identificar as pessoas que possuíam pedaços dos seus genomas idênticos aos presentes nos escravos da fornalha.

Quanto maior a quantidade de fragmentos compartilhados entre os genomas, maior o grau de parentesco entre as pessoas. A morte dos escravos ocorreu muito antes do nascimento dos clientes da 23andMe e os cientistas estimaram que, na média, 162 anos separam os escravos analisados das pessoas representadas no banco de dados. Isso corresponde a 5 ou 6 gerações.

Por esse motivo, os cientistas não esperavam filhos, netos ou mesmo bisnetos dos escravos no banco de dados. Mas, foram encontradas muitas pessoas que possuem uma relação distante com os escravos. Essas pessoas podem ser descendentes diretos dos escravos ou pessoas que descendem dos pais ou avós dos escravos. Neste último caso, são pessoas cujos ancestrais viveram na África por volta do ano de 1.700 e eram parentes dos escravos.

O interessante é que somente 0,45% das pessoas presentes no banco de dados possuem alguma relação genética, mesmo distante, com os escravos de Catoctin. Esse número sobe para 4,25% entre os americanos afrodescendentes vindos da África subsaariana.

Um dos escravos analisados é um possível trisavô de uma pessoa representada no banco de dados. Outros três são tios e primos separados por três ou quatro gerações de pessoas que tiveram seu genoma analisado pela 23andMe.

Por enquanto, os cientistas não notificaram essas pessoas do seu possível parentesco e estão decidindo de que maneira essa descoberta deve ser comunicada. Para muitas pessoas, descobrir que um de seus ancestrais morreu escravizado em Catoctin pode ser motivo de orgulho, para outros pode ser um susto desagradável.

Esse estudo demonstra que, à medida que bancos de dados como o da 23andMe crescem (é esperado que nas próximas décadas todos os nascidos terão seu genoma mapeado por razões médicas), e a análise do genoma de pessoas mortas nas mais diversas circunstâncias seja feita, relações genéticas entre pessoas vivas e ancestrais distantes sejam detectadas. É mais uma maneira de conhecermos nosso passado.

Mais informações: The genetic legacy of African Americans from Catoctin Furnace. Science 2023

Opinião por Fernando Reinach

Biólogo, PHD em Biologia Celular e Molecular pela Cornell University e autor de "A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil"; "Folha de Lótus, Escorregador de Mosquito"; e "A Longa Marcha dos Grilos Canibais"

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