Opinião|Onde e quando devemos reflorestar


Cientistas sugerem onde gastar US$ 1 bi por ano, durante 50 anos, para preservar a biodiversidade

Por Fernando Reinach

Imagine que você receba a missão de gastar US$ 1 bilhão por ano, durante 50 anos, para restaurar e preservar o máximo da biodiversidade florestal do planeta. Dado que existem 458 ecossistemas florestais espalhados pelo mundo, o problema é saber em quais você investiria a cada ano, de maneira a otimizar o dinheiro, preservando ao máximo a biodiversidade. Foi esse problema que os cientistas se propuseram a resolver.

O ser humano já alterou 70% da superfície terrestre. Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída. Metade dessa destruição ocorreu depois de 1900, e desde 1990 foram derrubados 420 milhões de hectares de florestas. Hoje, somente 15% da superfície dos continentes está em reservas. E a maioria dessas áreas não foi escolhida para garantir o máximo de preservação da biodiversidade, mas geralmente é em regiões de menor interesse econômico.

Os cientistas estimam que é necessário preservar entre 17 e 40% da superfície para evitar o colapso de sistemas vivos. Ou seja, na mais otimista das hipóteses, temos de zerar o desmatamento e restaurar 2% da superfície do planeta, se queremos continuar a viver na Terra de maneira sustentável.

continua após a publicidade
Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para cada um dos 458 ecossistemas, os cientistas levantaram os dados de riqueza da biodiversidade, da fração já desmatada, do custo de reflorestamento por hectare e a quantidade de áreas já protegidas. Além disso, consideraram como ponto inicial no processo de reflorestamento o que existia em 2018 em cada uma das regiões, e o ponto final (o máximo a ser reflorestado) o que existia em cada ecossistema no ano 2000.

Foi atribuído também um fator de risco para cada ecossistema baseado na taxa de desmatamento anual daquele ecossistema entre o ano 2000 e 2018. Com base nesses dados, foi criado um modelo dinâmico que otimiza o processo de restauro com o objetivo de preservar o maior número de espécies ao fim dos 50 anos. Esse modelo produz uma lista das áreas a serem restauradas a cada ano e pode ser recalculado alterando o valor investido por ano e o número de anos do projeto. O objetivo da otimização é obter a preservação do máximo da biodiversidade florestal com o dinheiro disponível e no prazo estipulado.

continua após a publicidade

De maneira geral, o modelo dinâmico acaba priorizando a restauração das áreas mais ameaçadas em ecossistemas menores e com maior biodiversidade, levando em conta o custo do restauro em cada região, deixando para anos posteriores ecossistemas sob menor risco. As equações matemáticas são muito complexas, mas vale a pena entender alguns dos resultados.

O modelo mostra que um US$ 1 bilhão por ano durante 50 anos pode evitar a extinção de 23.680 espécies de árvores em 127 dos 458 ecossistemas florestais. Isso pode ser obtido investindo primeiro nas florestas presentes na Melanésia, no sul e sudeste da Ásia, na península da Anatólia e em regiões do norte da América do Sul e na América Central. Um dos resultados do modelo é que investir em florestas de países desenvolvidos, como o Japão, os países da América do Norte e Europa, não vale a pena, isso porque os custos de reflorestar essas regiões é muito alto e o dinheiro gera mais espécies preservadas se investido em outros lugares.

Para quem tiver curiosidade, no trabalho existe uma tabela das áreas. O resultado dessa otimização mostra que, com poucos recursos, é possível preservar uma grande parte da biodiversidade florestal ameaçada. Entretanto, esse é um modelo teórico, em que as dificuldades políticas entre países e dentro de cada país não são consideradas. Ele assume que todos os países participam do projeto e permitem que as áreas consideradas prioritárias em seus territórios sejam reflorestadas. E isso está longe do que ocorre no mundo real.

continua após a publicidade

Por outro lado, esse é um dos primeiros modelos que mostram o que é possível fazer em termos de restauração das florestas em um prazo determinado, com um orçamento realista. Esse tipo de modelagem pode ser usado para priorizar o restauro da florestas de um único país. Ele poderia ser utilizado para determinar, por exemplo, o que deveria ser feito no Brasil.

Mais informações: When and where to protect forests. Nature 2022

Imagine que você receba a missão de gastar US$ 1 bilhão por ano, durante 50 anos, para restaurar e preservar o máximo da biodiversidade florestal do planeta. Dado que existem 458 ecossistemas florestais espalhados pelo mundo, o problema é saber em quais você investiria a cada ano, de maneira a otimizar o dinheiro, preservando ao máximo a biodiversidade. Foi esse problema que os cientistas se propuseram a resolver.

O ser humano já alterou 70% da superfície terrestre. Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída. Metade dessa destruição ocorreu depois de 1900, e desde 1990 foram derrubados 420 milhões de hectares de florestas. Hoje, somente 15% da superfície dos continentes está em reservas. E a maioria dessas áreas não foi escolhida para garantir o máximo de preservação da biodiversidade, mas geralmente é em regiões de menor interesse econômico.

Os cientistas estimam que é necessário preservar entre 17 e 40% da superfície para evitar o colapso de sistemas vivos. Ou seja, na mais otimista das hipóteses, temos de zerar o desmatamento e restaurar 2% da superfície do planeta, se queremos continuar a viver na Terra de maneira sustentável.

Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para cada um dos 458 ecossistemas, os cientistas levantaram os dados de riqueza da biodiversidade, da fração já desmatada, do custo de reflorestamento por hectare e a quantidade de áreas já protegidas. Além disso, consideraram como ponto inicial no processo de reflorestamento o que existia em 2018 em cada uma das regiões, e o ponto final (o máximo a ser reflorestado) o que existia em cada ecossistema no ano 2000.

Foi atribuído também um fator de risco para cada ecossistema baseado na taxa de desmatamento anual daquele ecossistema entre o ano 2000 e 2018. Com base nesses dados, foi criado um modelo dinâmico que otimiza o processo de restauro com o objetivo de preservar o maior número de espécies ao fim dos 50 anos. Esse modelo produz uma lista das áreas a serem restauradas a cada ano e pode ser recalculado alterando o valor investido por ano e o número de anos do projeto. O objetivo da otimização é obter a preservação do máximo da biodiversidade florestal com o dinheiro disponível e no prazo estipulado.

De maneira geral, o modelo dinâmico acaba priorizando a restauração das áreas mais ameaçadas em ecossistemas menores e com maior biodiversidade, levando em conta o custo do restauro em cada região, deixando para anos posteriores ecossistemas sob menor risco. As equações matemáticas são muito complexas, mas vale a pena entender alguns dos resultados.

O modelo mostra que um US$ 1 bilhão por ano durante 50 anos pode evitar a extinção de 23.680 espécies de árvores em 127 dos 458 ecossistemas florestais. Isso pode ser obtido investindo primeiro nas florestas presentes na Melanésia, no sul e sudeste da Ásia, na península da Anatólia e em regiões do norte da América do Sul e na América Central. Um dos resultados do modelo é que investir em florestas de países desenvolvidos, como o Japão, os países da América do Norte e Europa, não vale a pena, isso porque os custos de reflorestar essas regiões é muito alto e o dinheiro gera mais espécies preservadas se investido em outros lugares.

Para quem tiver curiosidade, no trabalho existe uma tabela das áreas. O resultado dessa otimização mostra que, com poucos recursos, é possível preservar uma grande parte da biodiversidade florestal ameaçada. Entretanto, esse é um modelo teórico, em que as dificuldades políticas entre países e dentro de cada país não são consideradas. Ele assume que todos os países participam do projeto e permitem que as áreas consideradas prioritárias em seus territórios sejam reflorestadas. E isso está longe do que ocorre no mundo real.

Por outro lado, esse é um dos primeiros modelos que mostram o que é possível fazer em termos de restauração das florestas em um prazo determinado, com um orçamento realista. Esse tipo de modelagem pode ser usado para priorizar o restauro da florestas de um único país. Ele poderia ser utilizado para determinar, por exemplo, o que deveria ser feito no Brasil.

Mais informações: When and where to protect forests. Nature 2022

Imagine que você receba a missão de gastar US$ 1 bilhão por ano, durante 50 anos, para restaurar e preservar o máximo da biodiversidade florestal do planeta. Dado que existem 458 ecossistemas florestais espalhados pelo mundo, o problema é saber em quais você investiria a cada ano, de maneira a otimizar o dinheiro, preservando ao máximo a biodiversidade. Foi esse problema que os cientistas se propuseram a resolver.

O ser humano já alterou 70% da superfície terrestre. Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída. Metade dessa destruição ocorreu depois de 1900, e desde 1990 foram derrubados 420 milhões de hectares de florestas. Hoje, somente 15% da superfície dos continentes está em reservas. E a maioria dessas áreas não foi escolhida para garantir o máximo de preservação da biodiversidade, mas geralmente é em regiões de menor interesse econômico.

Os cientistas estimam que é necessário preservar entre 17 e 40% da superfície para evitar o colapso de sistemas vivos. Ou seja, na mais otimista das hipóteses, temos de zerar o desmatamento e restaurar 2% da superfície do planeta, se queremos continuar a viver na Terra de maneira sustentável.

Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para cada um dos 458 ecossistemas, os cientistas levantaram os dados de riqueza da biodiversidade, da fração já desmatada, do custo de reflorestamento por hectare e a quantidade de áreas já protegidas. Além disso, consideraram como ponto inicial no processo de reflorestamento o que existia em 2018 em cada uma das regiões, e o ponto final (o máximo a ser reflorestado) o que existia em cada ecossistema no ano 2000.

Foi atribuído também um fator de risco para cada ecossistema baseado na taxa de desmatamento anual daquele ecossistema entre o ano 2000 e 2018. Com base nesses dados, foi criado um modelo dinâmico que otimiza o processo de restauro com o objetivo de preservar o maior número de espécies ao fim dos 50 anos. Esse modelo produz uma lista das áreas a serem restauradas a cada ano e pode ser recalculado alterando o valor investido por ano e o número de anos do projeto. O objetivo da otimização é obter a preservação do máximo da biodiversidade florestal com o dinheiro disponível e no prazo estipulado.

De maneira geral, o modelo dinâmico acaba priorizando a restauração das áreas mais ameaçadas em ecossistemas menores e com maior biodiversidade, levando em conta o custo do restauro em cada região, deixando para anos posteriores ecossistemas sob menor risco. As equações matemáticas são muito complexas, mas vale a pena entender alguns dos resultados.

O modelo mostra que um US$ 1 bilhão por ano durante 50 anos pode evitar a extinção de 23.680 espécies de árvores em 127 dos 458 ecossistemas florestais. Isso pode ser obtido investindo primeiro nas florestas presentes na Melanésia, no sul e sudeste da Ásia, na península da Anatólia e em regiões do norte da América do Sul e na América Central. Um dos resultados do modelo é que investir em florestas de países desenvolvidos, como o Japão, os países da América do Norte e Europa, não vale a pena, isso porque os custos de reflorestar essas regiões é muito alto e o dinheiro gera mais espécies preservadas se investido em outros lugares.

Para quem tiver curiosidade, no trabalho existe uma tabela das áreas. O resultado dessa otimização mostra que, com poucos recursos, é possível preservar uma grande parte da biodiversidade florestal ameaçada. Entretanto, esse é um modelo teórico, em que as dificuldades políticas entre países e dentro de cada país não são consideradas. Ele assume que todos os países participam do projeto e permitem que as áreas consideradas prioritárias em seus territórios sejam reflorestadas. E isso está longe do que ocorre no mundo real.

Por outro lado, esse é um dos primeiros modelos que mostram o que é possível fazer em termos de restauração das florestas em um prazo determinado, com um orçamento realista. Esse tipo de modelagem pode ser usado para priorizar o restauro da florestas de um único país. Ele poderia ser utilizado para determinar, por exemplo, o que deveria ser feito no Brasil.

Mais informações: When and where to protect forests. Nature 2022

Imagine que você receba a missão de gastar US$ 1 bilhão por ano, durante 50 anos, para restaurar e preservar o máximo da biodiversidade florestal do planeta. Dado que existem 458 ecossistemas florestais espalhados pelo mundo, o problema é saber em quais você investiria a cada ano, de maneira a otimizar o dinheiro, preservando ao máximo a biodiversidade. Foi esse problema que os cientistas se propuseram a resolver.

O ser humano já alterou 70% da superfície terrestre. Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída. Metade dessa destruição ocorreu depois de 1900, e desde 1990 foram derrubados 420 milhões de hectares de florestas. Hoje, somente 15% da superfície dos continentes está em reservas. E a maioria dessas áreas não foi escolhida para garantir o máximo de preservação da biodiversidade, mas geralmente é em regiões de menor interesse econômico.

Os cientistas estimam que é necessário preservar entre 17 e 40% da superfície para evitar o colapso de sistemas vivos. Ou seja, na mais otimista das hipóteses, temos de zerar o desmatamento e restaurar 2% da superfície do planeta, se queremos continuar a viver na Terra de maneira sustentável.

Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para cada um dos 458 ecossistemas, os cientistas levantaram os dados de riqueza da biodiversidade, da fração já desmatada, do custo de reflorestamento por hectare e a quantidade de áreas já protegidas. Além disso, consideraram como ponto inicial no processo de reflorestamento o que existia em 2018 em cada uma das regiões, e o ponto final (o máximo a ser reflorestado) o que existia em cada ecossistema no ano 2000.

Foi atribuído também um fator de risco para cada ecossistema baseado na taxa de desmatamento anual daquele ecossistema entre o ano 2000 e 2018. Com base nesses dados, foi criado um modelo dinâmico que otimiza o processo de restauro com o objetivo de preservar o maior número de espécies ao fim dos 50 anos. Esse modelo produz uma lista das áreas a serem restauradas a cada ano e pode ser recalculado alterando o valor investido por ano e o número de anos do projeto. O objetivo da otimização é obter a preservação do máximo da biodiversidade florestal com o dinheiro disponível e no prazo estipulado.

De maneira geral, o modelo dinâmico acaba priorizando a restauração das áreas mais ameaçadas em ecossistemas menores e com maior biodiversidade, levando em conta o custo do restauro em cada região, deixando para anos posteriores ecossistemas sob menor risco. As equações matemáticas são muito complexas, mas vale a pena entender alguns dos resultados.

O modelo mostra que um US$ 1 bilhão por ano durante 50 anos pode evitar a extinção de 23.680 espécies de árvores em 127 dos 458 ecossistemas florestais. Isso pode ser obtido investindo primeiro nas florestas presentes na Melanésia, no sul e sudeste da Ásia, na península da Anatólia e em regiões do norte da América do Sul e na América Central. Um dos resultados do modelo é que investir em florestas de países desenvolvidos, como o Japão, os países da América do Norte e Europa, não vale a pena, isso porque os custos de reflorestar essas regiões é muito alto e o dinheiro gera mais espécies preservadas se investido em outros lugares.

Para quem tiver curiosidade, no trabalho existe uma tabela das áreas. O resultado dessa otimização mostra que, com poucos recursos, é possível preservar uma grande parte da biodiversidade florestal ameaçada. Entretanto, esse é um modelo teórico, em que as dificuldades políticas entre países e dentro de cada país não são consideradas. Ele assume que todos os países participam do projeto e permitem que as áreas consideradas prioritárias em seus territórios sejam reflorestadas. E isso está longe do que ocorre no mundo real.

Por outro lado, esse é um dos primeiros modelos que mostram o que é possível fazer em termos de restauração das florestas em um prazo determinado, com um orçamento realista. Esse tipo de modelagem pode ser usado para priorizar o restauro da florestas de um único país. Ele poderia ser utilizado para determinar, por exemplo, o que deveria ser feito no Brasil.

Mais informações: When and where to protect forests. Nature 2022

Imagine que você receba a missão de gastar US$ 1 bilhão por ano, durante 50 anos, para restaurar e preservar o máximo da biodiversidade florestal do planeta. Dado que existem 458 ecossistemas florestais espalhados pelo mundo, o problema é saber em quais você investiria a cada ano, de maneira a otimizar o dinheiro, preservando ao máximo a biodiversidade. Foi esse problema que os cientistas se propuseram a resolver.

O ser humano já alterou 70% da superfície terrestre. Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída. Metade dessa destruição ocorreu depois de 1900, e desde 1990 foram derrubados 420 milhões de hectares de florestas. Hoje, somente 15% da superfície dos continentes está em reservas. E a maioria dessas áreas não foi escolhida para garantir o máximo de preservação da biodiversidade, mas geralmente é em regiões de menor interesse econômico.

Os cientistas estimam que é necessário preservar entre 17 e 40% da superfície para evitar o colapso de sistemas vivos. Ou seja, na mais otimista das hipóteses, temos de zerar o desmatamento e restaurar 2% da superfície do planeta, se queremos continuar a viver na Terra de maneira sustentável.

Desde o inicio da agricultura, aproximadamente 15 mil anos atrás, um terço de todas as florestas foi destruída Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para cada um dos 458 ecossistemas, os cientistas levantaram os dados de riqueza da biodiversidade, da fração já desmatada, do custo de reflorestamento por hectare e a quantidade de áreas já protegidas. Além disso, consideraram como ponto inicial no processo de reflorestamento o que existia em 2018 em cada uma das regiões, e o ponto final (o máximo a ser reflorestado) o que existia em cada ecossistema no ano 2000.

Foi atribuído também um fator de risco para cada ecossistema baseado na taxa de desmatamento anual daquele ecossistema entre o ano 2000 e 2018. Com base nesses dados, foi criado um modelo dinâmico que otimiza o processo de restauro com o objetivo de preservar o maior número de espécies ao fim dos 50 anos. Esse modelo produz uma lista das áreas a serem restauradas a cada ano e pode ser recalculado alterando o valor investido por ano e o número de anos do projeto. O objetivo da otimização é obter a preservação do máximo da biodiversidade florestal com o dinheiro disponível e no prazo estipulado.

De maneira geral, o modelo dinâmico acaba priorizando a restauração das áreas mais ameaçadas em ecossistemas menores e com maior biodiversidade, levando em conta o custo do restauro em cada região, deixando para anos posteriores ecossistemas sob menor risco. As equações matemáticas são muito complexas, mas vale a pena entender alguns dos resultados.

O modelo mostra que um US$ 1 bilhão por ano durante 50 anos pode evitar a extinção de 23.680 espécies de árvores em 127 dos 458 ecossistemas florestais. Isso pode ser obtido investindo primeiro nas florestas presentes na Melanésia, no sul e sudeste da Ásia, na península da Anatólia e em regiões do norte da América do Sul e na América Central. Um dos resultados do modelo é que investir em florestas de países desenvolvidos, como o Japão, os países da América do Norte e Europa, não vale a pena, isso porque os custos de reflorestar essas regiões é muito alto e o dinheiro gera mais espécies preservadas se investido em outros lugares.

Para quem tiver curiosidade, no trabalho existe uma tabela das áreas. O resultado dessa otimização mostra que, com poucos recursos, é possível preservar uma grande parte da biodiversidade florestal ameaçada. Entretanto, esse é um modelo teórico, em que as dificuldades políticas entre países e dentro de cada país não são consideradas. Ele assume que todos os países participam do projeto e permitem que as áreas consideradas prioritárias em seus territórios sejam reflorestadas. E isso está longe do que ocorre no mundo real.

Por outro lado, esse é um dos primeiros modelos que mostram o que é possível fazer em termos de restauração das florestas em um prazo determinado, com um orçamento realista. Esse tipo de modelagem pode ser usado para priorizar o restauro da florestas de um único país. Ele poderia ser utilizado para determinar, por exemplo, o que deveria ser feito no Brasil.

Mais informações: When and where to protect forests. Nature 2022

Tudo Sobre
Opinião por Fernando Reinach

Biólogo, PHD em Biologia Celular e Molecular pela Cornell University e autor de "A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil"; "Folha de Lótus, Escorregador de Mosquito"; e "A Longa Marcha dos Grilos Canibais"

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.