Opinião|Os homens que se cuidem, podem ficar ociosos


Não é fácil imaginar como seria nossa sociedade se as mulheres pudessem escolher entre a reprodução via sexual ou partenogênese

Por Fernando Reinach
Atualização:

A enorme maioria dos animais utiliza a reprodução sexuada para produzir seus descendentes. Mas isso exige que macho e fêmea se encontrem para garantir que os espermatozoides fecundem os óvulos. Uma minoria das espécies lança mão de um mecanismo alternativo chamado partenogênese, no qual o óvulo da fêmea produz um filhote sem a contribuição de um espermatozoide.

A partenogênese dispensa o macho e elimina o trabalho envolvido em encontrar um parceiro sexual. Na partenogênese facultativa, presente em alguns répteis, aves e peixes, a fêmea utiliza esse método alternativo quando tem dificuldade de encontrar um macho. A novidade é que os cientistas descobriram os genes envolvidos na partenogênese e conseguiram transformar uma mosca que só utilizava a reprodução sexuada em um animal que utiliza a partenogênese facultativa.

Aparentemente a reprodução através da partenogênese é muito mais simples, rápida e dispensa o gasto de energia envolvido na procura do parceiro. Entretanto, a partenogênese não produz a diversidade genética obtida quando os genes vindos do pai (espermatozoide) se combinam com os genes vindos da mãe (óvulo).

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Cientistas descobriram que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa; alterações no nível de algumas proteínas são suficientes para mudar a opção reprodutiva Foto: Amanda Perobelli/Estadão - 20/12/2017

Essa desvantagem é suficientemente grande para que os processos de seleção natural acabassem por favorecer a reprodução sexuada. Mas, para ter sucesso, a reprodução sexuada depende da presença de um instinto sexual alto em ambos os sexos, pois sem ele a busca desesperada por parceiros não ocorre, os filhotes não nascem e a espécie se extingue. Indivíduos sem desejo sexual dificilmente deixam descendentes.

Em espécie humana o desejo sexual além de se expressar diretamente, engendrou os mais diversos mecanismos culturais para garantir o casamento e o subsequente acasalamento. Um deles são os antigos bailes de debutantes, onde os pais apresentam suas filhas já férteis à sociedade (jovens machos). Mais recentemente a tecnologia tem sido aliciada na busca por parceiros. O Tinder e apps de namoro e casamento caem nessa categoria.

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A partenogênese nunca foi detectada entre seres humanos, mas o relato do nascimento de Jesus sem que Maria tenha tido relações sexuais, caso fosse comprovado, seria um caso claro de partenogênese. Não é fácil imaginar como seria nossa sociedade se as mulheres pudessem praticar a partenogênese facultativa; se pudessem escolher entre a reprodução via sexual ou partenogênese.

Mas como os cientistas transformaram uma espécie que só usava a reprodução sexuada em uma espécie que pratica a partenogênese facultativa? A Drosophila mercatorum possui duas linhagens distintas, uma que usa a reprodução sexuada e outra que usa a partenogênese facultativa.

Os cientistas sequenciaram o genoma dessas duas linhagens e identificaram os genes que são expressos de maneira diferente nos óvulos produzidos pelas fêmeas de cada linhagem. Essa comparação produziu uma lista de genes que estavam mais ou menos ativos nas fêmeas que usavam a partenogênese quando comparados com os genes expressos nas fêmeas que utilizavam a reprodução sexuada.

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Em seguida os cientistas pegaram uma outra espécie de Drosophila, a melanogaster (a famosa mosquinha de fruta), que somente se reproduz de maneira sexuada (como os humanos), e tentaram modificar seu genoma de modo que ele ficasse semelhante ao da mosca que se reproduz por partenogênese. A pergunta era: o que eu preciso mudar nessa mosca para que ela passe a ser capaz de praticar a partenogênese facultativa. A resposta é mais simples do que se esperava.

Eles descobriram que bastava aumentar o nível de expressão de um gene chamado polo e diminuir a expressão de um gene chamado Desat2. Com essas duas modificações, que não incluíam a adição ou retirada de qualquer gene, a Drosophila melanogaster passou a ser capaz de se reproduzir através da partenogênese. A ativação de um terceiro gene, chamado Myc, aumenta bastante a fração das fêmeas que praticam a partenogênese.

Essa descoberta demonstra que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa, e que pequenas alterações no nível de algumas proteínas bastam para mudar a opção reprodutiva. Isso explica porque algumas espécies recorrem a esse mecanismo quando os machos ficam difíceis de encontrar ou quando a espécie está em um novo ambiente. Imagine uma dessas moscas chegando em uma nova ilha. Por partenogênese basta um animal para formar toda a população na ilha.

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O próximo passo provavelmente será descobrir se em mamíferos (camundongos) o mecanismo é tão simples quanto na Drosophila. Se for, é possível imaginar que, em teoria, no futuro, poderemos também usar a partenogênese para procriar. Os homens que se cuidem, podem ficar ociosos.

Mais informações: A genetic basis for facultative parthenogenesis in Drosophila. Curr. Biol. 2023

A enorme maioria dos animais utiliza a reprodução sexuada para produzir seus descendentes. Mas isso exige que macho e fêmea se encontrem para garantir que os espermatozoides fecundem os óvulos. Uma minoria das espécies lança mão de um mecanismo alternativo chamado partenogênese, no qual o óvulo da fêmea produz um filhote sem a contribuição de um espermatozoide.

A partenogênese dispensa o macho e elimina o trabalho envolvido em encontrar um parceiro sexual. Na partenogênese facultativa, presente em alguns répteis, aves e peixes, a fêmea utiliza esse método alternativo quando tem dificuldade de encontrar um macho. A novidade é que os cientistas descobriram os genes envolvidos na partenogênese e conseguiram transformar uma mosca que só utilizava a reprodução sexuada em um animal que utiliza a partenogênese facultativa.

Aparentemente a reprodução através da partenogênese é muito mais simples, rápida e dispensa o gasto de energia envolvido na procura do parceiro. Entretanto, a partenogênese não produz a diversidade genética obtida quando os genes vindos do pai (espermatozoide) se combinam com os genes vindos da mãe (óvulo).

Cientistas descobriram que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa; alterações no nível de algumas proteínas são suficientes para mudar a opção reprodutiva Foto: Amanda Perobelli/Estadão - 20/12/2017

Essa desvantagem é suficientemente grande para que os processos de seleção natural acabassem por favorecer a reprodução sexuada. Mas, para ter sucesso, a reprodução sexuada depende da presença de um instinto sexual alto em ambos os sexos, pois sem ele a busca desesperada por parceiros não ocorre, os filhotes não nascem e a espécie se extingue. Indivíduos sem desejo sexual dificilmente deixam descendentes.

Em espécie humana o desejo sexual além de se expressar diretamente, engendrou os mais diversos mecanismos culturais para garantir o casamento e o subsequente acasalamento. Um deles são os antigos bailes de debutantes, onde os pais apresentam suas filhas já férteis à sociedade (jovens machos). Mais recentemente a tecnologia tem sido aliciada na busca por parceiros. O Tinder e apps de namoro e casamento caem nessa categoria.

A partenogênese nunca foi detectada entre seres humanos, mas o relato do nascimento de Jesus sem que Maria tenha tido relações sexuais, caso fosse comprovado, seria um caso claro de partenogênese. Não é fácil imaginar como seria nossa sociedade se as mulheres pudessem praticar a partenogênese facultativa; se pudessem escolher entre a reprodução via sexual ou partenogênese.

Mas como os cientistas transformaram uma espécie que só usava a reprodução sexuada em uma espécie que pratica a partenogênese facultativa? A Drosophila mercatorum possui duas linhagens distintas, uma que usa a reprodução sexuada e outra que usa a partenogênese facultativa.

Os cientistas sequenciaram o genoma dessas duas linhagens e identificaram os genes que são expressos de maneira diferente nos óvulos produzidos pelas fêmeas de cada linhagem. Essa comparação produziu uma lista de genes que estavam mais ou menos ativos nas fêmeas que usavam a partenogênese quando comparados com os genes expressos nas fêmeas que utilizavam a reprodução sexuada.

Em seguida os cientistas pegaram uma outra espécie de Drosophila, a melanogaster (a famosa mosquinha de fruta), que somente se reproduz de maneira sexuada (como os humanos), e tentaram modificar seu genoma de modo que ele ficasse semelhante ao da mosca que se reproduz por partenogênese. A pergunta era: o que eu preciso mudar nessa mosca para que ela passe a ser capaz de praticar a partenogênese facultativa. A resposta é mais simples do que se esperava.

Eles descobriram que bastava aumentar o nível de expressão de um gene chamado polo e diminuir a expressão de um gene chamado Desat2. Com essas duas modificações, que não incluíam a adição ou retirada de qualquer gene, a Drosophila melanogaster passou a ser capaz de se reproduzir através da partenogênese. A ativação de um terceiro gene, chamado Myc, aumenta bastante a fração das fêmeas que praticam a partenogênese.

Essa descoberta demonstra que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa, e que pequenas alterações no nível de algumas proteínas bastam para mudar a opção reprodutiva. Isso explica porque algumas espécies recorrem a esse mecanismo quando os machos ficam difíceis de encontrar ou quando a espécie está em um novo ambiente. Imagine uma dessas moscas chegando em uma nova ilha. Por partenogênese basta um animal para formar toda a população na ilha.

O próximo passo provavelmente será descobrir se em mamíferos (camundongos) o mecanismo é tão simples quanto na Drosophila. Se for, é possível imaginar que, em teoria, no futuro, poderemos também usar a partenogênese para procriar. Os homens que se cuidem, podem ficar ociosos.

Mais informações: A genetic basis for facultative parthenogenesis in Drosophila. Curr. Biol. 2023

A enorme maioria dos animais utiliza a reprodução sexuada para produzir seus descendentes. Mas isso exige que macho e fêmea se encontrem para garantir que os espermatozoides fecundem os óvulos. Uma minoria das espécies lança mão de um mecanismo alternativo chamado partenogênese, no qual o óvulo da fêmea produz um filhote sem a contribuição de um espermatozoide.

A partenogênese dispensa o macho e elimina o trabalho envolvido em encontrar um parceiro sexual. Na partenogênese facultativa, presente em alguns répteis, aves e peixes, a fêmea utiliza esse método alternativo quando tem dificuldade de encontrar um macho. A novidade é que os cientistas descobriram os genes envolvidos na partenogênese e conseguiram transformar uma mosca que só utilizava a reprodução sexuada em um animal que utiliza a partenogênese facultativa.

Aparentemente a reprodução através da partenogênese é muito mais simples, rápida e dispensa o gasto de energia envolvido na procura do parceiro. Entretanto, a partenogênese não produz a diversidade genética obtida quando os genes vindos do pai (espermatozoide) se combinam com os genes vindos da mãe (óvulo).

Cientistas descobriram que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa; alterações no nível de algumas proteínas são suficientes para mudar a opção reprodutiva Foto: Amanda Perobelli/Estadão - 20/12/2017

Essa desvantagem é suficientemente grande para que os processos de seleção natural acabassem por favorecer a reprodução sexuada. Mas, para ter sucesso, a reprodução sexuada depende da presença de um instinto sexual alto em ambos os sexos, pois sem ele a busca desesperada por parceiros não ocorre, os filhotes não nascem e a espécie se extingue. Indivíduos sem desejo sexual dificilmente deixam descendentes.

Em espécie humana o desejo sexual além de se expressar diretamente, engendrou os mais diversos mecanismos culturais para garantir o casamento e o subsequente acasalamento. Um deles são os antigos bailes de debutantes, onde os pais apresentam suas filhas já férteis à sociedade (jovens machos). Mais recentemente a tecnologia tem sido aliciada na busca por parceiros. O Tinder e apps de namoro e casamento caem nessa categoria.

A partenogênese nunca foi detectada entre seres humanos, mas o relato do nascimento de Jesus sem que Maria tenha tido relações sexuais, caso fosse comprovado, seria um caso claro de partenogênese. Não é fácil imaginar como seria nossa sociedade se as mulheres pudessem praticar a partenogênese facultativa; se pudessem escolher entre a reprodução via sexual ou partenogênese.

Mas como os cientistas transformaram uma espécie que só usava a reprodução sexuada em uma espécie que pratica a partenogênese facultativa? A Drosophila mercatorum possui duas linhagens distintas, uma que usa a reprodução sexuada e outra que usa a partenogênese facultativa.

Os cientistas sequenciaram o genoma dessas duas linhagens e identificaram os genes que são expressos de maneira diferente nos óvulos produzidos pelas fêmeas de cada linhagem. Essa comparação produziu uma lista de genes que estavam mais ou menos ativos nas fêmeas que usavam a partenogênese quando comparados com os genes expressos nas fêmeas que utilizavam a reprodução sexuada.

Em seguida os cientistas pegaram uma outra espécie de Drosophila, a melanogaster (a famosa mosquinha de fruta), que somente se reproduz de maneira sexuada (como os humanos), e tentaram modificar seu genoma de modo que ele ficasse semelhante ao da mosca que se reproduz por partenogênese. A pergunta era: o que eu preciso mudar nessa mosca para que ela passe a ser capaz de praticar a partenogênese facultativa. A resposta é mais simples do que se esperava.

Eles descobriram que bastava aumentar o nível de expressão de um gene chamado polo e diminuir a expressão de um gene chamado Desat2. Com essas duas modificações, que não incluíam a adição ou retirada de qualquer gene, a Drosophila melanogaster passou a ser capaz de se reproduzir através da partenogênese. A ativação de um terceiro gene, chamado Myc, aumenta bastante a fração das fêmeas que praticam a partenogênese.

Essa descoberta demonstra que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa, e que pequenas alterações no nível de algumas proteínas bastam para mudar a opção reprodutiva. Isso explica porque algumas espécies recorrem a esse mecanismo quando os machos ficam difíceis de encontrar ou quando a espécie está em um novo ambiente. Imagine uma dessas moscas chegando em uma nova ilha. Por partenogênese basta um animal para formar toda a população na ilha.

O próximo passo provavelmente será descobrir se em mamíferos (camundongos) o mecanismo é tão simples quanto na Drosophila. Se for, é possível imaginar que, em teoria, no futuro, poderemos também usar a partenogênese para procriar. Os homens que se cuidem, podem ficar ociosos.

Mais informações: A genetic basis for facultative parthenogenesis in Drosophila. Curr. Biol. 2023

A enorme maioria dos animais utiliza a reprodução sexuada para produzir seus descendentes. Mas isso exige que macho e fêmea se encontrem para garantir que os espermatozoides fecundem os óvulos. Uma minoria das espécies lança mão de um mecanismo alternativo chamado partenogênese, no qual o óvulo da fêmea produz um filhote sem a contribuição de um espermatozoide.

A partenogênese dispensa o macho e elimina o trabalho envolvido em encontrar um parceiro sexual. Na partenogênese facultativa, presente em alguns répteis, aves e peixes, a fêmea utiliza esse método alternativo quando tem dificuldade de encontrar um macho. A novidade é que os cientistas descobriram os genes envolvidos na partenogênese e conseguiram transformar uma mosca que só utilizava a reprodução sexuada em um animal que utiliza a partenogênese facultativa.

Aparentemente a reprodução através da partenogênese é muito mais simples, rápida e dispensa o gasto de energia envolvido na procura do parceiro. Entretanto, a partenogênese não produz a diversidade genética obtida quando os genes vindos do pai (espermatozoide) se combinam com os genes vindos da mãe (óvulo).

Cientistas descobriram que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa; alterações no nível de algumas proteínas são suficientes para mudar a opção reprodutiva Foto: Amanda Perobelli/Estadão - 20/12/2017

Essa desvantagem é suficientemente grande para que os processos de seleção natural acabassem por favorecer a reprodução sexuada. Mas, para ter sucesso, a reprodução sexuada depende da presença de um instinto sexual alto em ambos os sexos, pois sem ele a busca desesperada por parceiros não ocorre, os filhotes não nascem e a espécie se extingue. Indivíduos sem desejo sexual dificilmente deixam descendentes.

Em espécie humana o desejo sexual além de se expressar diretamente, engendrou os mais diversos mecanismos culturais para garantir o casamento e o subsequente acasalamento. Um deles são os antigos bailes de debutantes, onde os pais apresentam suas filhas já férteis à sociedade (jovens machos). Mais recentemente a tecnologia tem sido aliciada na busca por parceiros. O Tinder e apps de namoro e casamento caem nessa categoria.

A partenogênese nunca foi detectada entre seres humanos, mas o relato do nascimento de Jesus sem que Maria tenha tido relações sexuais, caso fosse comprovado, seria um caso claro de partenogênese. Não é fácil imaginar como seria nossa sociedade se as mulheres pudessem praticar a partenogênese facultativa; se pudessem escolher entre a reprodução via sexual ou partenogênese.

Mas como os cientistas transformaram uma espécie que só usava a reprodução sexuada em uma espécie que pratica a partenogênese facultativa? A Drosophila mercatorum possui duas linhagens distintas, uma que usa a reprodução sexuada e outra que usa a partenogênese facultativa.

Os cientistas sequenciaram o genoma dessas duas linhagens e identificaram os genes que são expressos de maneira diferente nos óvulos produzidos pelas fêmeas de cada linhagem. Essa comparação produziu uma lista de genes que estavam mais ou menos ativos nas fêmeas que usavam a partenogênese quando comparados com os genes expressos nas fêmeas que utilizavam a reprodução sexuada.

Em seguida os cientistas pegaram uma outra espécie de Drosophila, a melanogaster (a famosa mosquinha de fruta), que somente se reproduz de maneira sexuada (como os humanos), e tentaram modificar seu genoma de modo que ele ficasse semelhante ao da mosca que se reproduz por partenogênese. A pergunta era: o que eu preciso mudar nessa mosca para que ela passe a ser capaz de praticar a partenogênese facultativa. A resposta é mais simples do que se esperava.

Eles descobriram que bastava aumentar o nível de expressão de um gene chamado polo e diminuir a expressão de um gene chamado Desat2. Com essas duas modificações, que não incluíam a adição ou retirada de qualquer gene, a Drosophila melanogaster passou a ser capaz de se reproduzir através da partenogênese. A ativação de um terceiro gene, chamado Myc, aumenta bastante a fração das fêmeas que praticam a partenogênese.

Essa descoberta demonstra que um pequeno grupo de genes controla a opção pela partenogênese facultativa, e que pequenas alterações no nível de algumas proteínas bastam para mudar a opção reprodutiva. Isso explica porque algumas espécies recorrem a esse mecanismo quando os machos ficam difíceis de encontrar ou quando a espécie está em um novo ambiente. Imagine uma dessas moscas chegando em uma nova ilha. Por partenogênese basta um animal para formar toda a população na ilha.

O próximo passo provavelmente será descobrir se em mamíferos (camundongos) o mecanismo é tão simples quanto na Drosophila. Se for, é possível imaginar que, em teoria, no futuro, poderemos também usar a partenogênese para procriar. Os homens que se cuidem, podem ficar ociosos.

Mais informações: A genetic basis for facultative parthenogenesis in Drosophila. Curr. Biol. 2023

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Opinião por Fernando Reinach

Biólogo, PHD em Biologia Celular e Molecular pela Cornell University e autor de "A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil"; "Folha de Lótus, Escorregador de Mosquito"; e "A Longa Marcha dos Grilos Canibais"

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