Opinião|Ritual de execução da máfia italiana já era praticado entre 5.500 e 3.500 anos antes de Cristo


Arqueólogos descobriram 20 túmulos da época Neolítica em que mulheres foram mortas em rituais religiosos

Por Fernando Reinach
Atualização:

A máfia italiana costuma executar traidores com uma técnica cruel de estrangulamento chamada de incaprettamento. A novidade é que arqueólogos descobriram mais de 20 túmulos da época Neolítica, datados entre 5.500 e 3.500 anos antes do nascimento de Cristo, em que mulheres foram executadas em rituais religiosos usando a mesma técnica.

Para executar uma pessoa por incaprettamento você deita a vítima de bruços no chão e amarra suas mãos nas costas. Em seguida você dobra os joelhos da pessoa em direção às costas e amarra uma corda nos tornozelos. Essa corda é então passada pelos pulsos e em seguida em volta do pescoço. Ao esticar a corda a pessoa é forçada a levantar o tronco do chão e também as pernas, ficando arqueada, com a barriga no chão. Enquanto ela conseguir manter essa postura, ela evita o enforcamento, mas na medida que os músculos das pernas e das costas cedem ao peso do corpo, a corda aperta o pescoço interrompendo gradativamente o fluxo de sangue à cabeça, o que provoca a morte.

É uma morte lenta e cruel, pois o tempo que a pessoa sobrevive depende de sua resistência física. Ela é associada pela máfia a uma forma de suicídio que ocorre quando os músculos da vítima cedem ao peso do corpo. É como se a vítima determinasse o momento de sua morte.

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Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta Foto: Science/Reprodução

A era Neolítica na Europa corresponde ao espalhamento da agricultura, vinda da Mesopotâmia, pelo continente. Aos poucos as populações deixaram sua vida nômade de caçadores coletores e se fixaram nas planícies férteis da Europa central, vales do Reno e do Danúbio, no norte da Itália, e no sul da atual França. Esse período durou aproximadamente 2.000 anos, entre 5.500 e 3.500 anos antes de Cristo.

No início não havia cidades com construções de pedras, mas somente aldeias. Nessas aldeias eram construídos longos fossos, provavelmente cobertos por estruturas de madeira. No interior desses fossos são encontradas estruturas circulares que serviam para estocar os grãos. Dezenas desses vilarejos foram escavados e estudados por toda a Europa e os mais antigos datam de 2.000 anos antes dos mais recentes.

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Além das estruturas circulares usadas para estocar grãos havia outras estruturas circulares, semelhantes, que serviam de túmulos. No seu interior foram encontrados ossos humanos e de animais e, em muitos casos, as pedras usadas para moer grãos, geralmente partidas. Em parte desses locais é que são encontrados esses esqueletos colocados em posturas que indicam sua morte por incaprettamento. Mais de 20 exemplos foram estudados.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta, como braços e pernas quebradas ou fraturas cranianas. O que é típico é a postura do corpo, sempre de bruços, com as mãos nas costas e as pernas dobradas. Além disso, os corpos são sempre encontrados orientados no eixo que liga o nascente ao solstício de verão e o poente no solstício de inverno. Em muitos casos uma pedra pesada, desses de moer grãos, é encontrada nas costas do esqueleto (algo também usado pela máfia para dificultar a sobrevivência da vítima).

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O fato desse padrão ter sido encontrado por toda a Europa durante um período de quase 2.000 anos sugere que essas mortes muito provavelmente estão relacionadas a sacrifícios de cunho religioso, talvez algo a ver a rituais de fertilidade do solo. A partir dos achados não é possível ter certeza se essas mulheres eram colocadas nessa posição após a morte ou eram sacrificadas usando o incaprettamento. E, claro, tampouco sabemos a razão dessas execuções.

Mas, o mais interessante, é que depois do ano 3.500 antes de Cristo, não são mais encontrados túmulos com esqueletos, indicando o incaprettamento. E ele só surge novamente muito recentemente, no século XX, associado às práticas de execução utilizadas pela máfia. Fica a dúvida se a humanidade esqueceu essa forma de execução por quase 5.000 anos e a redescobriu recentemente ou se ela sobreviveu de alguma forma, por milênios, oculta em alguma seita.

Mais informações: A ritual murder shaped the Early and Middle Neolithic across Central and Southern Europe. Science Adv.

A máfia italiana costuma executar traidores com uma técnica cruel de estrangulamento chamada de incaprettamento. A novidade é que arqueólogos descobriram mais de 20 túmulos da época Neolítica, datados entre 5.500 e 3.500 anos antes do nascimento de Cristo, em que mulheres foram executadas em rituais religiosos usando a mesma técnica.

Para executar uma pessoa por incaprettamento você deita a vítima de bruços no chão e amarra suas mãos nas costas. Em seguida você dobra os joelhos da pessoa em direção às costas e amarra uma corda nos tornozelos. Essa corda é então passada pelos pulsos e em seguida em volta do pescoço. Ao esticar a corda a pessoa é forçada a levantar o tronco do chão e também as pernas, ficando arqueada, com a barriga no chão. Enquanto ela conseguir manter essa postura, ela evita o enforcamento, mas na medida que os músculos das pernas e das costas cedem ao peso do corpo, a corda aperta o pescoço interrompendo gradativamente o fluxo de sangue à cabeça, o que provoca a morte.

É uma morte lenta e cruel, pois o tempo que a pessoa sobrevive depende de sua resistência física. Ela é associada pela máfia a uma forma de suicídio que ocorre quando os músculos da vítima cedem ao peso do corpo. É como se a vítima determinasse o momento de sua morte.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta Foto: Science/Reprodução

A era Neolítica na Europa corresponde ao espalhamento da agricultura, vinda da Mesopotâmia, pelo continente. Aos poucos as populações deixaram sua vida nômade de caçadores coletores e se fixaram nas planícies férteis da Europa central, vales do Reno e do Danúbio, no norte da Itália, e no sul da atual França. Esse período durou aproximadamente 2.000 anos, entre 5.500 e 3.500 anos antes de Cristo.

No início não havia cidades com construções de pedras, mas somente aldeias. Nessas aldeias eram construídos longos fossos, provavelmente cobertos por estruturas de madeira. No interior desses fossos são encontradas estruturas circulares que serviam para estocar os grãos. Dezenas desses vilarejos foram escavados e estudados por toda a Europa e os mais antigos datam de 2.000 anos antes dos mais recentes.

Além das estruturas circulares usadas para estocar grãos havia outras estruturas circulares, semelhantes, que serviam de túmulos. No seu interior foram encontrados ossos humanos e de animais e, em muitos casos, as pedras usadas para moer grãos, geralmente partidas. Em parte desses locais é que são encontrados esses esqueletos colocados em posturas que indicam sua morte por incaprettamento. Mais de 20 exemplos foram estudados.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta, como braços e pernas quebradas ou fraturas cranianas. O que é típico é a postura do corpo, sempre de bruços, com as mãos nas costas e as pernas dobradas. Além disso, os corpos são sempre encontrados orientados no eixo que liga o nascente ao solstício de verão e o poente no solstício de inverno. Em muitos casos uma pedra pesada, desses de moer grãos, é encontrada nas costas do esqueleto (algo também usado pela máfia para dificultar a sobrevivência da vítima).

O fato desse padrão ter sido encontrado por toda a Europa durante um período de quase 2.000 anos sugere que essas mortes muito provavelmente estão relacionadas a sacrifícios de cunho religioso, talvez algo a ver a rituais de fertilidade do solo. A partir dos achados não é possível ter certeza se essas mulheres eram colocadas nessa posição após a morte ou eram sacrificadas usando o incaprettamento. E, claro, tampouco sabemos a razão dessas execuções.

Mas, o mais interessante, é que depois do ano 3.500 antes de Cristo, não são mais encontrados túmulos com esqueletos, indicando o incaprettamento. E ele só surge novamente muito recentemente, no século XX, associado às práticas de execução utilizadas pela máfia. Fica a dúvida se a humanidade esqueceu essa forma de execução por quase 5.000 anos e a redescobriu recentemente ou se ela sobreviveu de alguma forma, por milênios, oculta em alguma seita.

Mais informações: A ritual murder shaped the Early and Middle Neolithic across Central and Southern Europe. Science Adv.

A máfia italiana costuma executar traidores com uma técnica cruel de estrangulamento chamada de incaprettamento. A novidade é que arqueólogos descobriram mais de 20 túmulos da época Neolítica, datados entre 5.500 e 3.500 anos antes do nascimento de Cristo, em que mulheres foram executadas em rituais religiosos usando a mesma técnica.

Para executar uma pessoa por incaprettamento você deita a vítima de bruços no chão e amarra suas mãos nas costas. Em seguida você dobra os joelhos da pessoa em direção às costas e amarra uma corda nos tornozelos. Essa corda é então passada pelos pulsos e em seguida em volta do pescoço. Ao esticar a corda a pessoa é forçada a levantar o tronco do chão e também as pernas, ficando arqueada, com a barriga no chão. Enquanto ela conseguir manter essa postura, ela evita o enforcamento, mas na medida que os músculos das pernas e das costas cedem ao peso do corpo, a corda aperta o pescoço interrompendo gradativamente o fluxo de sangue à cabeça, o que provoca a morte.

É uma morte lenta e cruel, pois o tempo que a pessoa sobrevive depende de sua resistência física. Ela é associada pela máfia a uma forma de suicídio que ocorre quando os músculos da vítima cedem ao peso do corpo. É como se a vítima determinasse o momento de sua morte.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta Foto: Science/Reprodução

A era Neolítica na Europa corresponde ao espalhamento da agricultura, vinda da Mesopotâmia, pelo continente. Aos poucos as populações deixaram sua vida nômade de caçadores coletores e se fixaram nas planícies férteis da Europa central, vales do Reno e do Danúbio, no norte da Itália, e no sul da atual França. Esse período durou aproximadamente 2.000 anos, entre 5.500 e 3.500 anos antes de Cristo.

No início não havia cidades com construções de pedras, mas somente aldeias. Nessas aldeias eram construídos longos fossos, provavelmente cobertos por estruturas de madeira. No interior desses fossos são encontradas estruturas circulares que serviam para estocar os grãos. Dezenas desses vilarejos foram escavados e estudados por toda a Europa e os mais antigos datam de 2.000 anos antes dos mais recentes.

Além das estruturas circulares usadas para estocar grãos havia outras estruturas circulares, semelhantes, que serviam de túmulos. No seu interior foram encontrados ossos humanos e de animais e, em muitos casos, as pedras usadas para moer grãos, geralmente partidas. Em parte desses locais é que são encontrados esses esqueletos colocados em posturas que indicam sua morte por incaprettamento. Mais de 20 exemplos foram estudados.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta, como braços e pernas quebradas ou fraturas cranianas. O que é típico é a postura do corpo, sempre de bruços, com as mãos nas costas e as pernas dobradas. Além disso, os corpos são sempre encontrados orientados no eixo que liga o nascente ao solstício de verão e o poente no solstício de inverno. Em muitos casos uma pedra pesada, desses de moer grãos, é encontrada nas costas do esqueleto (algo também usado pela máfia para dificultar a sobrevivência da vítima).

O fato desse padrão ter sido encontrado por toda a Europa durante um período de quase 2.000 anos sugere que essas mortes muito provavelmente estão relacionadas a sacrifícios de cunho religioso, talvez algo a ver a rituais de fertilidade do solo. A partir dos achados não é possível ter certeza se essas mulheres eram colocadas nessa posição após a morte ou eram sacrificadas usando o incaprettamento. E, claro, tampouco sabemos a razão dessas execuções.

Mas, o mais interessante, é que depois do ano 3.500 antes de Cristo, não são mais encontrados túmulos com esqueletos, indicando o incaprettamento. E ele só surge novamente muito recentemente, no século XX, associado às práticas de execução utilizadas pela máfia. Fica a dúvida se a humanidade esqueceu essa forma de execução por quase 5.000 anos e a redescobriu recentemente ou se ela sobreviveu de alguma forma, por milênios, oculta em alguma seita.

Mais informações: A ritual murder shaped the Early and Middle Neolithic across Central and Southern Europe. Science Adv.

A máfia italiana costuma executar traidores com uma técnica cruel de estrangulamento chamada de incaprettamento. A novidade é que arqueólogos descobriram mais de 20 túmulos da época Neolítica, datados entre 5.500 e 3.500 anos antes do nascimento de Cristo, em que mulheres foram executadas em rituais religiosos usando a mesma técnica.

Para executar uma pessoa por incaprettamento você deita a vítima de bruços no chão e amarra suas mãos nas costas. Em seguida você dobra os joelhos da pessoa em direção às costas e amarra uma corda nos tornozelos. Essa corda é então passada pelos pulsos e em seguida em volta do pescoço. Ao esticar a corda a pessoa é forçada a levantar o tronco do chão e também as pernas, ficando arqueada, com a barriga no chão. Enquanto ela conseguir manter essa postura, ela evita o enforcamento, mas na medida que os músculos das pernas e das costas cedem ao peso do corpo, a corda aperta o pescoço interrompendo gradativamente o fluxo de sangue à cabeça, o que provoca a morte.

É uma morte lenta e cruel, pois o tempo que a pessoa sobrevive depende de sua resistência física. Ela é associada pela máfia a uma forma de suicídio que ocorre quando os músculos da vítima cedem ao peso do corpo. É como se a vítima determinasse o momento de sua morte.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta Foto: Science/Reprodução

A era Neolítica na Europa corresponde ao espalhamento da agricultura, vinda da Mesopotâmia, pelo continente. Aos poucos as populações deixaram sua vida nômade de caçadores coletores e se fixaram nas planícies férteis da Europa central, vales do Reno e do Danúbio, no norte da Itália, e no sul da atual França. Esse período durou aproximadamente 2.000 anos, entre 5.500 e 3.500 anos antes de Cristo.

No início não havia cidades com construções de pedras, mas somente aldeias. Nessas aldeias eram construídos longos fossos, provavelmente cobertos por estruturas de madeira. No interior desses fossos são encontradas estruturas circulares que serviam para estocar os grãos. Dezenas desses vilarejos foram escavados e estudados por toda a Europa e os mais antigos datam de 2.000 anos antes dos mais recentes.

Além das estruturas circulares usadas para estocar grãos havia outras estruturas circulares, semelhantes, que serviam de túmulos. No seu interior foram encontrados ossos humanos e de animais e, em muitos casos, as pedras usadas para moer grãos, geralmente partidas. Em parte desses locais é que são encontrados esses esqueletos colocados em posturas que indicam sua morte por incaprettamento. Mais de 20 exemplos foram estudados.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta, como braços e pernas quebradas ou fraturas cranianas. O que é típico é a postura do corpo, sempre de bruços, com as mãos nas costas e as pernas dobradas. Além disso, os corpos são sempre encontrados orientados no eixo que liga o nascente ao solstício de verão e o poente no solstício de inverno. Em muitos casos uma pedra pesada, desses de moer grãos, é encontrada nas costas do esqueleto (algo também usado pela máfia para dificultar a sobrevivência da vítima).

O fato desse padrão ter sido encontrado por toda a Europa durante um período de quase 2.000 anos sugere que essas mortes muito provavelmente estão relacionadas a sacrifícios de cunho religioso, talvez algo a ver a rituais de fertilidade do solo. A partir dos achados não é possível ter certeza se essas mulheres eram colocadas nessa posição após a morte ou eram sacrificadas usando o incaprettamento. E, claro, tampouco sabemos a razão dessas execuções.

Mas, o mais interessante, é que depois do ano 3.500 antes de Cristo, não são mais encontrados túmulos com esqueletos, indicando o incaprettamento. E ele só surge novamente muito recentemente, no século XX, associado às práticas de execução utilizadas pela máfia. Fica a dúvida se a humanidade esqueceu essa forma de execução por quase 5.000 anos e a redescobriu recentemente ou se ela sobreviveu de alguma forma, por milênios, oculta em alguma seita.

Mais informações: A ritual murder shaped the Early and Middle Neolithic across Central and Southern Europe. Science Adv.

A máfia italiana costuma executar traidores com uma técnica cruel de estrangulamento chamada de incaprettamento. A novidade é que arqueólogos descobriram mais de 20 túmulos da época Neolítica, datados entre 5.500 e 3.500 anos antes do nascimento de Cristo, em que mulheres foram executadas em rituais religiosos usando a mesma técnica.

Para executar uma pessoa por incaprettamento você deita a vítima de bruços no chão e amarra suas mãos nas costas. Em seguida você dobra os joelhos da pessoa em direção às costas e amarra uma corda nos tornozelos. Essa corda é então passada pelos pulsos e em seguida em volta do pescoço. Ao esticar a corda a pessoa é forçada a levantar o tronco do chão e também as pernas, ficando arqueada, com a barriga no chão. Enquanto ela conseguir manter essa postura, ela evita o enforcamento, mas na medida que os músculos das pernas e das costas cedem ao peso do corpo, a corda aperta o pescoço interrompendo gradativamente o fluxo de sangue à cabeça, o que provoca a morte.

É uma morte lenta e cruel, pois o tempo que a pessoa sobrevive depende de sua resistência física. Ela é associada pela máfia a uma forma de suicídio que ocorre quando os músculos da vítima cedem ao peso do corpo. É como se a vítima determinasse o momento de sua morte.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta Foto: Science/Reprodução

A era Neolítica na Europa corresponde ao espalhamento da agricultura, vinda da Mesopotâmia, pelo continente. Aos poucos as populações deixaram sua vida nômade de caçadores coletores e se fixaram nas planícies férteis da Europa central, vales do Reno e do Danúbio, no norte da Itália, e no sul da atual França. Esse período durou aproximadamente 2.000 anos, entre 5.500 e 3.500 anos antes de Cristo.

No início não havia cidades com construções de pedras, mas somente aldeias. Nessas aldeias eram construídos longos fossos, provavelmente cobertos por estruturas de madeira. No interior desses fossos são encontradas estruturas circulares que serviam para estocar os grãos. Dezenas desses vilarejos foram escavados e estudados por toda a Europa e os mais antigos datam de 2.000 anos antes dos mais recentes.

Além das estruturas circulares usadas para estocar grãos havia outras estruturas circulares, semelhantes, que serviam de túmulos. No seu interior foram encontrados ossos humanos e de animais e, em muitos casos, as pedras usadas para moer grãos, geralmente partidas. Em parte desses locais é que são encontrados esses esqueletos colocados em posturas que indicam sua morte por incaprettamento. Mais de 20 exemplos foram estudados.

Os esqueletos são na maioria de mulheres de meia idade e não apresentam sinais de morte violenta, como braços e pernas quebradas ou fraturas cranianas. O que é típico é a postura do corpo, sempre de bruços, com as mãos nas costas e as pernas dobradas. Além disso, os corpos são sempre encontrados orientados no eixo que liga o nascente ao solstício de verão e o poente no solstício de inverno. Em muitos casos uma pedra pesada, desses de moer grãos, é encontrada nas costas do esqueleto (algo também usado pela máfia para dificultar a sobrevivência da vítima).

O fato desse padrão ter sido encontrado por toda a Europa durante um período de quase 2.000 anos sugere que essas mortes muito provavelmente estão relacionadas a sacrifícios de cunho religioso, talvez algo a ver a rituais de fertilidade do solo. A partir dos achados não é possível ter certeza se essas mulheres eram colocadas nessa posição após a morte ou eram sacrificadas usando o incaprettamento. E, claro, tampouco sabemos a razão dessas execuções.

Mas, o mais interessante, é que depois do ano 3.500 antes de Cristo, não são mais encontrados túmulos com esqueletos, indicando o incaprettamento. E ele só surge novamente muito recentemente, no século XX, associado às práticas de execução utilizadas pela máfia. Fica a dúvida se a humanidade esqueceu essa forma de execução por quase 5.000 anos e a redescobriu recentemente ou se ela sobreviveu de alguma forma, por milênios, oculta em alguma seita.

Mais informações: A ritual murder shaped the Early and Middle Neolithic across Central and Southern Europe. Science Adv.

Opinião por Fernando Reinach

Biólogo, PHD em Biologia Celular e Molecular pela Cornell University e autor de "A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil"; "Folha de Lótus, Escorregador de Mosquito"; e "A Longa Marcha dos Grilos Canibais"

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