Opinião|Uma revolução tecnológica para as mulheres


Absorvente higiênico é biodegradável, não vaza nem pinga, não mancha a roupa e é facilmente trocado sem maiores acidentes

Por Fernando Reinach

Todos os meses o útero das mulheres se prepara para abrigar um embrião. Quando ele não chega, a parede interna do útero desmancha e se desprende. É a menstruação, um sangramento que dura de 3 a 7 dias.

Em média, as mulheres começam a menstruar aos 13,6 anos e menstruam até os 49,6 anos. São 451 ciclos, por mulher, ao longo da vida.

A administração do fluxo menstrual é um problema que dura uma em cada quatro semanas e não conheço mulheres que não se incomodam com esse aborrecimento. Nos países ricos, existem produtos como absorventes higiênicos, tampões e copos de coleta que ajudam na coleta do fluxo, mas pessoas mais pobres utilizam papel, pano ou outros materiais pouco adequados tanto do ponto de vista higiênico quanto do ponto de vista prático.

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Absorventes higiênicos, normalmente, absorverem o sangue em materiais esponjosos que saturam e vazam se espremidos. Foto: Kiattisak/adobe.stock

E que mulher não se preocupa com o aparecimento de uma mancha vermelha na calça? O fato é que o vazamento do fluxo menstrual é uma preocupação constante. E nesse campo o progresso tem sido lento. Mas, agora, um grupo de cientistas, de ambos os sexos, resolveu atacar o problema e encontraram uma solução.

Os absorventes higiênicos foram colocados no mercado em 1921, os tampões patenteados em 1933, e as copos de coleta em 1937. Se estima que cada mulher utiliza 15.000 desses dispositivos durante a vida. Eles não são biodegradáveis e contribuem de modo significativo para o lixo que se acumula no planeta (menos que 1% do peso de um absorvente higiênico é degradado em 10 anos).

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A maior queixa das mulheres é o vazamento durante o uso ou na troca. E esse problema se deve ao fato desses dispositivos simplesmente absorverem o sangue em materiais esponjosos que saturam e vazam se espremidos.

A ideia dos cientistas foi desenvolver um produto que aumentasse a viscosidade do fluxo menstrual de modo a transformá-lo em um gel, algo como a consistência de uma gelatina e que também fosse totalmente biodegradável. Já se sabia que polímeros longos de origem vegetal possuem essa propriedade.

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Numa primeira série de experimentos, várias concentrações de muitos polímeros foram misturadas ao sangue e sua viscosidade foi medida usando um tubo de vidro inclinado onde uma gota da mistura era colocada e o tempo que levava para ela escorrer era determinado. Dessa maneira, os cientistas descobriram que um alginato extraído de algas, misturado com um pouco de glicerol, formava um pó capaz de gelificar o fluído menstrual.

Num segundo estudo, essas misturas foram colocadas em tubos que eram invertidos. Os géis deveriam ficar no fundo do tubo sem escorrer. Em seguida, os cientistas mediram a quantidade de sangue que cada mistura era capaz de absorver e gelificar. Isso é importante para garantir que a menor quantidade do produto pudesse ser adicionada ao absorvente higiênico.

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Foi determinado que a melhor mistura de alginato e glicerol era capaz de absorver e gelificar 9 vezes seu peso em sangue (10 gramas do material gelificam 90 gramas de sangue). E, finalmente, era importante que a gelificação ocorresse o mais rápido possível de modo que o fluxo menstrual não tivesse tempo de escorrer antes de se transformar em gel. O produto escolhido no final das pesquisas gelifica o sangue em menos de 1 minuto, comparado com os quase 20 minutos do acrilato presente nos absorventes atuais.

Finalmente um agente bacteriostático foi adicionado a essa mistura de alginato e glicerol e colocado em um invólucro biodegradável. Esse novo absorvente higiênico foi distribuído a um grupo de mulheres que testou o produto e aprovou seu funcionamento. Ele é leve, absorve uma quantidade enorme de sangue, e gelifica o fluxo imediatamente impedindo o vazamento durante o uso ou na troca.

O produto é totalmente biodegradável, não vaza nem pinga, não mancha a roupa e é facilmente trocado sem maiores acidentes. E a melhor notícia: custa somente US$ 0,20, o equivalente a R$ 1. Não é fantástico quando os cientistas utilizam todo seu arsenal teórico e metodológico para resolver um problema prático? Minha neta vai ter uma vida mais confortável e sustentável.

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Mais informações: A naturally derived biomaterial formulation for improved menstrual care. Matter 2024

Todos os meses o útero das mulheres se prepara para abrigar um embrião. Quando ele não chega, a parede interna do útero desmancha e se desprende. É a menstruação, um sangramento que dura de 3 a 7 dias.

Em média, as mulheres começam a menstruar aos 13,6 anos e menstruam até os 49,6 anos. São 451 ciclos, por mulher, ao longo da vida.

A administração do fluxo menstrual é um problema que dura uma em cada quatro semanas e não conheço mulheres que não se incomodam com esse aborrecimento. Nos países ricos, existem produtos como absorventes higiênicos, tampões e copos de coleta que ajudam na coleta do fluxo, mas pessoas mais pobres utilizam papel, pano ou outros materiais pouco adequados tanto do ponto de vista higiênico quanto do ponto de vista prático.

Absorventes higiênicos, normalmente, absorverem o sangue em materiais esponjosos que saturam e vazam se espremidos. Foto: Kiattisak/adobe.stock

E que mulher não se preocupa com o aparecimento de uma mancha vermelha na calça? O fato é que o vazamento do fluxo menstrual é uma preocupação constante. E nesse campo o progresso tem sido lento. Mas, agora, um grupo de cientistas, de ambos os sexos, resolveu atacar o problema e encontraram uma solução.

Os absorventes higiênicos foram colocados no mercado em 1921, os tampões patenteados em 1933, e as copos de coleta em 1937. Se estima que cada mulher utiliza 15.000 desses dispositivos durante a vida. Eles não são biodegradáveis e contribuem de modo significativo para o lixo que se acumula no planeta (menos que 1% do peso de um absorvente higiênico é degradado em 10 anos).

A maior queixa das mulheres é o vazamento durante o uso ou na troca. E esse problema se deve ao fato desses dispositivos simplesmente absorverem o sangue em materiais esponjosos que saturam e vazam se espremidos.

A ideia dos cientistas foi desenvolver um produto que aumentasse a viscosidade do fluxo menstrual de modo a transformá-lo em um gel, algo como a consistência de uma gelatina e que também fosse totalmente biodegradável. Já se sabia que polímeros longos de origem vegetal possuem essa propriedade.

Numa primeira série de experimentos, várias concentrações de muitos polímeros foram misturadas ao sangue e sua viscosidade foi medida usando um tubo de vidro inclinado onde uma gota da mistura era colocada e o tempo que levava para ela escorrer era determinado. Dessa maneira, os cientistas descobriram que um alginato extraído de algas, misturado com um pouco de glicerol, formava um pó capaz de gelificar o fluído menstrual.

Num segundo estudo, essas misturas foram colocadas em tubos que eram invertidos. Os géis deveriam ficar no fundo do tubo sem escorrer. Em seguida, os cientistas mediram a quantidade de sangue que cada mistura era capaz de absorver e gelificar. Isso é importante para garantir que a menor quantidade do produto pudesse ser adicionada ao absorvente higiênico.

Foi determinado que a melhor mistura de alginato e glicerol era capaz de absorver e gelificar 9 vezes seu peso em sangue (10 gramas do material gelificam 90 gramas de sangue). E, finalmente, era importante que a gelificação ocorresse o mais rápido possível de modo que o fluxo menstrual não tivesse tempo de escorrer antes de se transformar em gel. O produto escolhido no final das pesquisas gelifica o sangue em menos de 1 minuto, comparado com os quase 20 minutos do acrilato presente nos absorventes atuais.

Finalmente um agente bacteriostático foi adicionado a essa mistura de alginato e glicerol e colocado em um invólucro biodegradável. Esse novo absorvente higiênico foi distribuído a um grupo de mulheres que testou o produto e aprovou seu funcionamento. Ele é leve, absorve uma quantidade enorme de sangue, e gelifica o fluxo imediatamente impedindo o vazamento durante o uso ou na troca.

O produto é totalmente biodegradável, não vaza nem pinga, não mancha a roupa e é facilmente trocado sem maiores acidentes. E a melhor notícia: custa somente US$ 0,20, o equivalente a R$ 1. Não é fantástico quando os cientistas utilizam todo seu arsenal teórico e metodológico para resolver um problema prático? Minha neta vai ter uma vida mais confortável e sustentável.

Mais informações: A naturally derived biomaterial formulation for improved menstrual care. Matter 2024

Todos os meses o útero das mulheres se prepara para abrigar um embrião. Quando ele não chega, a parede interna do útero desmancha e se desprende. É a menstruação, um sangramento que dura de 3 a 7 dias.

Em média, as mulheres começam a menstruar aos 13,6 anos e menstruam até os 49,6 anos. São 451 ciclos, por mulher, ao longo da vida.

A administração do fluxo menstrual é um problema que dura uma em cada quatro semanas e não conheço mulheres que não se incomodam com esse aborrecimento. Nos países ricos, existem produtos como absorventes higiênicos, tampões e copos de coleta que ajudam na coleta do fluxo, mas pessoas mais pobres utilizam papel, pano ou outros materiais pouco adequados tanto do ponto de vista higiênico quanto do ponto de vista prático.

Absorventes higiênicos, normalmente, absorverem o sangue em materiais esponjosos que saturam e vazam se espremidos. Foto: Kiattisak/adobe.stock

E que mulher não se preocupa com o aparecimento de uma mancha vermelha na calça? O fato é que o vazamento do fluxo menstrual é uma preocupação constante. E nesse campo o progresso tem sido lento. Mas, agora, um grupo de cientistas, de ambos os sexos, resolveu atacar o problema e encontraram uma solução.

Os absorventes higiênicos foram colocados no mercado em 1921, os tampões patenteados em 1933, e as copos de coleta em 1937. Se estima que cada mulher utiliza 15.000 desses dispositivos durante a vida. Eles não são biodegradáveis e contribuem de modo significativo para o lixo que se acumula no planeta (menos que 1% do peso de um absorvente higiênico é degradado em 10 anos).

A maior queixa das mulheres é o vazamento durante o uso ou na troca. E esse problema se deve ao fato desses dispositivos simplesmente absorverem o sangue em materiais esponjosos que saturam e vazam se espremidos.

A ideia dos cientistas foi desenvolver um produto que aumentasse a viscosidade do fluxo menstrual de modo a transformá-lo em um gel, algo como a consistência de uma gelatina e que também fosse totalmente biodegradável. Já se sabia que polímeros longos de origem vegetal possuem essa propriedade.

Numa primeira série de experimentos, várias concentrações de muitos polímeros foram misturadas ao sangue e sua viscosidade foi medida usando um tubo de vidro inclinado onde uma gota da mistura era colocada e o tempo que levava para ela escorrer era determinado. Dessa maneira, os cientistas descobriram que um alginato extraído de algas, misturado com um pouco de glicerol, formava um pó capaz de gelificar o fluído menstrual.

Num segundo estudo, essas misturas foram colocadas em tubos que eram invertidos. Os géis deveriam ficar no fundo do tubo sem escorrer. Em seguida, os cientistas mediram a quantidade de sangue que cada mistura era capaz de absorver e gelificar. Isso é importante para garantir que a menor quantidade do produto pudesse ser adicionada ao absorvente higiênico.

Foi determinado que a melhor mistura de alginato e glicerol era capaz de absorver e gelificar 9 vezes seu peso em sangue (10 gramas do material gelificam 90 gramas de sangue). E, finalmente, era importante que a gelificação ocorresse o mais rápido possível de modo que o fluxo menstrual não tivesse tempo de escorrer antes de se transformar em gel. O produto escolhido no final das pesquisas gelifica o sangue em menos de 1 minuto, comparado com os quase 20 minutos do acrilato presente nos absorventes atuais.

Finalmente um agente bacteriostático foi adicionado a essa mistura de alginato e glicerol e colocado em um invólucro biodegradável. Esse novo absorvente higiênico foi distribuído a um grupo de mulheres que testou o produto e aprovou seu funcionamento. Ele é leve, absorve uma quantidade enorme de sangue, e gelifica o fluxo imediatamente impedindo o vazamento durante o uso ou na troca.

O produto é totalmente biodegradável, não vaza nem pinga, não mancha a roupa e é facilmente trocado sem maiores acidentes. E a melhor notícia: custa somente US$ 0,20, o equivalente a R$ 1. Não é fantástico quando os cientistas utilizam todo seu arsenal teórico e metodológico para resolver um problema prático? Minha neta vai ter uma vida mais confortável e sustentável.

Mais informações: A naturally derived biomaterial formulation for improved menstrual care. Matter 2024

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Opinião por Fernando Reinach

Biólogo, PHD em Biologia Celular e Molecular pela Cornell University e autor de "A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil"; "Folha de Lótus, Escorregador de Mosquito"; e "A Longa Marcha dos Grilos Canibais"

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