Moradores de São Paulo e várias outras regiões do Centro-Sul do Brasil precisaram reforçar os cobertores e agasalhos desde o fim da semana passada. Por trás dessa frente fria, está uma alta de temperatura na Antártida, que causa movimentação de ar frio para o Hemisfério Sul.
As temperaturas mais baixas se concentram na Argentina, no Uruguai e no Sul do Brasil. Mas a cidade de São Paulo registrou 7ªC, a menor temperatura para agosto desde 2011. As consequências do fenômeno chegam até a região Norte, com diminuição nas mínimas em todo o País.
As mudanças no clima se devem a um fenômeno raro de alta nas temperaturas no Polo Sul, o que costuma acontecer com mais frequência no Polo Norte, chamado aquecimento súbito atmosférico.
Na Antártida, as máximas devem ficar até 30ºC acima da média esperada para o período. É inverno no continente gelado, então as temperaturas ainda ficam perto de -20ºC. É a segunda onda de calor na região em apenas dois anos.
Com isso, a meteorologista Estael Sias explica que uma espécie de “cinturão” de ar — o vórtice polar — fica mais fraco, permitindo que o vento frio escape da região mais facilmente e se espalhe pelo globo.
Segundo Estael, da empresa de meteorologia Metsul, nesta semana há “reforço do ar polar, então a temperatura deverá se manter baixa por vários dias”. Toda essa mudança de temperatura brusca, porém, causa grande impacto.
“Quando esse ar frio sai do Polo Sul na direção do continente, ele gera contraste porque, por exemplo, o Centro-Oeste e o Sudeste vêm de um período prolongado de seca, que é normal nessa época do ano.”
Entre as causas que podem explicar o fenômeno do aquecimento súbito atmosférico estão o derretimento da camada de gelo nos polos, e o aquecimento das águas dos oceanos — ambos intensificados pelas mudanças climáticas. Esse problema é agravado por gases de efeito estufa na atmosfera, originados na queima de combustíveis fósseis e no desmatamento, de áreas como a Amazônia.
A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Andrea Ramos diz que o aquecimento global vai se refletir em eventos climáticos extremos com mais “intensidade e frequência”.
A maior onda de calor no Polo Sul — e em qualquer lugar do planeta — foi registrada em março de 2022, quando a costa da Antártida Oriental subiu pelo menos 39ºC acima do normal.