Existem milhões de fungos no mundo. Apesar de 150 mil serem catalogados, cientistas acreditam que o número real pode variar entre 1 e 5 milhões de espécies diferentes. Porém, a minoria deles apresenta risco de infecção.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) listou apenas 19 fungos como ameaças à saúde humana. Um grupo de pesquisadores, no entanto, acredita que esse número pode ser maior.
Um estudo divulgado na revista científica Nature indica que alguns fungos estão criando resistência a altas temperaturas e, por isso, podem se tornar capazes de infectar o corpo humano. “A contínua emergência de patógenos fúngicos invasivos representa uma crescente ameaça à saúde pública”, diz o artigo.
O grupo de pesquisadores investigou 98 infecções causadas por fungos entre os anos de 2009 e 2019, registradas em hospitais chineses. Eles alegam ter descoberto uma nova espécie causadora de infecções. “Identificamos dois casos independentes de infecção humana por um patógeno fúngico invasivo previamente não descrito”, diz o estudo. Rhodosporidiobolus fluvialis foi a espécie identificada.
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De maneira geral, a alta temperatura do corpo impede a sobrevivência dos fungos. Os pesquisadores, então, realizaram testes em laboratórios com camundongos que foram induzidos a uma temperatura corporal de 37ºC e descobriram que essa espécie de fungo não só se manteve viva, como também registrou um aumento nas taxas de mutações, em comparação com temperaturas mais amenas.
Como resultado da mutação acelerada, os fungos podem se tornar ainda mais resistentes a medicamentos, o que dificultaria o tratamento de uma eventual doença. “A mutagênese induzida pela temperatura também pode desencadear o desenvolvimento de pan-resistência a três dos antifúngicos mais comumente usados (fluconazol, caspofungina e anfotericina B)”, afirmam os pesquisadores.
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O grupo ainda apresentou a tese de que o aumento da temperatura global, como consequência da crise climática, pode favorecer a proliferação de doenças infecciosas. “O aquecimento global pode promover a evolução de novos patógenos fúngicos”, afirma o artigo.
Por outro lado, Toni Gabaldón, biólogo do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona, afirma que é preciso ter cautela. “Faltam provas diretas de que essas duas observações estão relacionadas e são necessárias mais pesquisas”, disse à emissora alemã Deutsche Welle.
Leia aqui o estudo completo.