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Estudo propõe novo limite para 'zona habitável' do sistema solar


Por Herton Escobar

Herton Escobar / O Estado de S. Paulo

Em termos astronômicos, a vida na Terra aparentemente existe por um triz. Segundo um estudo publicado na edição de hoje da revista Nature, se o nosso planeta estivesse apenas um pouco mais próximo do Sol, ele já seria uma sauna infernal, mais parecida com Vênus, em vez dessa estufa agradável e repleta de vida que habitamos hoje.

O estudo, liderado por pesquisadores do Laboratório de Meteorologia Dinâmica do Instituto Pierre Simon Laplace, em Paris, apresenta um novo modelo climático de efeito estufa que tem implicações diretas para a definição da "zona habitável" - ou seja, da distância mínima e máxima que um planeta pode estar de sua estrela para ter água líquida na superfície, que é um pré-requisito para a existência de vida como a conhecemos na Terra. A definição desses limites, por sua vez, tem implicações diretas para a busca de outros planetas habitáveis no universo.

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Cientistas sabem que a Terra está dentro dessa zona habitável - obviamente, ou eles nem existiriam para pensar sobre isso -, mas as certezas acabam por aí. Há quem diga que a faixa de habitabilidade começa a 50% da distância entre o Sol e a Terra, enquanto outros dizem que ela começa muito próximo da nossa órbita, dependendo dos critérios usados para defini-la. (Na linguagem científica, essas distâncias são normalmente medidas em "unidades astronômicas", ou AU em inglês; sendo que 1 AU corresponde à distância média entre o Sol e a Terra, que é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros.)

O novo estudo diz que ela começa a 95% da distância entre o Sol e a Terra (0,95 AU), o que nos daria uma certa "folga" em relação à atual estimativa de 99%, proposta por um outro grupo em março deste ano, no periódico The Astrophysical Journal. Mas não muita.

O parâmetro usado para definir o limite nesses dois casos é o efeito estufa, fenômeno que, nas condições atuais, é o que mantém a temperatura média da superfície terrestre em amenos 15 °C, mais ou menos. O efeito estufa é modulado em grande parte pela quantidade de vapor d'água na atmosfera; o que, por sua vez, é modulado pela evaporação de água dos oceanos, que é modulada pela incidência de radiação solar sobre o planeta, que está diretamente relacionada à distância da Terra em relação ao Sol.

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Resumindo a história: Mais perto do que esses 95% e o aumento da incidência de radiação solar desencadearia um processo irreversível de intensificação do efeito estufa, em que todos os oceanos evaporariam, a atmosfera ficaria totalmente "encharcada" de vapor d'água, e o planeta se tornaria um inferno quente, úmido e inabitável.

Isso tudo deve ocorrer de qualquer maneira no prazo de alguns bilhões de anos, à medida que o Sol envelhecer e aumentar de tamanho; mas isso é uma outra história. As implicações mais diretas do estudo são mesmo para a busca de condições favoráveis à vida em outros planetas, fora do nosso sistema solar.

Um estudo publicado no mês passado na revista PNAS estimou, com base em dados de observação do telescópio espacial Kepler, da Nasa, que 22% das estrelas parecidas com o Sol tenham pelo menos um planeta pequeno e rochoso dentro de sua zona habitável. "Considerando que há cerca de 100 bilhões de estrelas na Via-Láctea, isso significa pode haver até 22 bilhões de outros planetas do tipo da Terra (somente na nossa galáxia). Essa estimativa, porém, depende crucialmente de como os limites da zona habitável são definidos", escreve o especialista James Kasting, em um artigo publicado junto com o novo estudo na Nature.

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No estudo da PNAS, os autores consideram que a zona habitável começa em 0,5 AU e se estende até2 AU, ou 2 vezes a distância entre o Sol e a Terra. Se o limite interno de 0,95 AU proposto pelos autores de Paris (que, segundo Kasting, batem com estimativas bem mais antigas, publicadas em 1978 e 1993), isso significa que a estimativa do número de planetas potencialmente habitáveis na Via-Láctea precisa ser reduzida pela metade -- o que ainda nos deixaria com cerca de 11 bilhões de outras Terras orbitando estrelas amarelas por aí, o que não é nada mal.

"Mais cálculos poderão ser necessários para determinar se esse resultado é robusto", conclui Kasting.

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INFOGRÁFICO: Ainda que a Terra continue na sua órbita atual, o aumento do fluxo de radiação solar causado ao longo do tempo pelo aumento de tamanho do Sol tornará o planeta inabitável.  Foto: Estadão

Herton Escobar / O Estado de S. Paulo

Em termos astronômicos, a vida na Terra aparentemente existe por um triz. Segundo um estudo publicado na edição de hoje da revista Nature, se o nosso planeta estivesse apenas um pouco mais próximo do Sol, ele já seria uma sauna infernal, mais parecida com Vênus, em vez dessa estufa agradável e repleta de vida que habitamos hoje.

O estudo, liderado por pesquisadores do Laboratório de Meteorologia Dinâmica do Instituto Pierre Simon Laplace, em Paris, apresenta um novo modelo climático de efeito estufa que tem implicações diretas para a definição da "zona habitável" - ou seja, da distância mínima e máxima que um planeta pode estar de sua estrela para ter água líquida na superfície, que é um pré-requisito para a existência de vida como a conhecemos na Terra. A definição desses limites, por sua vez, tem implicações diretas para a busca de outros planetas habitáveis no universo.

Cientistas sabem que a Terra está dentro dessa zona habitável - obviamente, ou eles nem existiriam para pensar sobre isso -, mas as certezas acabam por aí. Há quem diga que a faixa de habitabilidade começa a 50% da distância entre o Sol e a Terra, enquanto outros dizem que ela começa muito próximo da nossa órbita, dependendo dos critérios usados para defini-la. (Na linguagem científica, essas distâncias são normalmente medidas em "unidades astronômicas", ou AU em inglês; sendo que 1 AU corresponde à distância média entre o Sol e a Terra, que é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros.)

O novo estudo diz que ela começa a 95% da distância entre o Sol e a Terra (0,95 AU), o que nos daria uma certa "folga" em relação à atual estimativa de 99%, proposta por um outro grupo em março deste ano, no periódico The Astrophysical Journal. Mas não muita.

O parâmetro usado para definir o limite nesses dois casos é o efeito estufa, fenômeno que, nas condições atuais, é o que mantém a temperatura média da superfície terrestre em amenos 15 °C, mais ou menos. O efeito estufa é modulado em grande parte pela quantidade de vapor d'água na atmosfera; o que, por sua vez, é modulado pela evaporação de água dos oceanos, que é modulada pela incidência de radiação solar sobre o planeta, que está diretamente relacionada à distância da Terra em relação ao Sol.

Resumindo a história: Mais perto do que esses 95% e o aumento da incidência de radiação solar desencadearia um processo irreversível de intensificação do efeito estufa, em que todos os oceanos evaporariam, a atmosfera ficaria totalmente "encharcada" de vapor d'água, e o planeta se tornaria um inferno quente, úmido e inabitável.

Isso tudo deve ocorrer de qualquer maneira no prazo de alguns bilhões de anos, à medida que o Sol envelhecer e aumentar de tamanho; mas isso é uma outra história. As implicações mais diretas do estudo são mesmo para a busca de condições favoráveis à vida em outros planetas, fora do nosso sistema solar.

Um estudo publicado no mês passado na revista PNAS estimou, com base em dados de observação do telescópio espacial Kepler, da Nasa, que 22% das estrelas parecidas com o Sol tenham pelo menos um planeta pequeno e rochoso dentro de sua zona habitável. "Considerando que há cerca de 100 bilhões de estrelas na Via-Láctea, isso significa pode haver até 22 bilhões de outros planetas do tipo da Terra (somente na nossa galáxia). Essa estimativa, porém, depende crucialmente de como os limites da zona habitável são definidos", escreve o especialista James Kasting, em um artigo publicado junto com o novo estudo na Nature.

No estudo da PNAS, os autores consideram que a zona habitável começa em 0,5 AU e se estende até2 AU, ou 2 vezes a distância entre o Sol e a Terra. Se o limite interno de 0,95 AU proposto pelos autores de Paris (que, segundo Kasting, batem com estimativas bem mais antigas, publicadas em 1978 e 1993), isso significa que a estimativa do número de planetas potencialmente habitáveis na Via-Láctea precisa ser reduzida pela metade -- o que ainda nos deixaria com cerca de 11 bilhões de outras Terras orbitando estrelas amarelas por aí, o que não é nada mal.

"Mais cálculos poderão ser necessários para determinar se esse resultado é robusto", conclui Kasting.

INFOGRÁFICO: Ainda que a Terra continue na sua órbita atual, o aumento do fluxo de radiação solar causado ao longo do tempo pelo aumento de tamanho do Sol tornará o planeta inabitável.  Foto: Estadão

Herton Escobar / O Estado de S. Paulo

Em termos astronômicos, a vida na Terra aparentemente existe por um triz. Segundo um estudo publicado na edição de hoje da revista Nature, se o nosso planeta estivesse apenas um pouco mais próximo do Sol, ele já seria uma sauna infernal, mais parecida com Vênus, em vez dessa estufa agradável e repleta de vida que habitamos hoje.

O estudo, liderado por pesquisadores do Laboratório de Meteorologia Dinâmica do Instituto Pierre Simon Laplace, em Paris, apresenta um novo modelo climático de efeito estufa que tem implicações diretas para a definição da "zona habitável" - ou seja, da distância mínima e máxima que um planeta pode estar de sua estrela para ter água líquida na superfície, que é um pré-requisito para a existência de vida como a conhecemos na Terra. A definição desses limites, por sua vez, tem implicações diretas para a busca de outros planetas habitáveis no universo.

Cientistas sabem que a Terra está dentro dessa zona habitável - obviamente, ou eles nem existiriam para pensar sobre isso -, mas as certezas acabam por aí. Há quem diga que a faixa de habitabilidade começa a 50% da distância entre o Sol e a Terra, enquanto outros dizem que ela começa muito próximo da nossa órbita, dependendo dos critérios usados para defini-la. (Na linguagem científica, essas distâncias são normalmente medidas em "unidades astronômicas", ou AU em inglês; sendo que 1 AU corresponde à distância média entre o Sol e a Terra, que é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros.)

O novo estudo diz que ela começa a 95% da distância entre o Sol e a Terra (0,95 AU), o que nos daria uma certa "folga" em relação à atual estimativa de 99%, proposta por um outro grupo em março deste ano, no periódico The Astrophysical Journal. Mas não muita.

O parâmetro usado para definir o limite nesses dois casos é o efeito estufa, fenômeno que, nas condições atuais, é o que mantém a temperatura média da superfície terrestre em amenos 15 °C, mais ou menos. O efeito estufa é modulado em grande parte pela quantidade de vapor d'água na atmosfera; o que, por sua vez, é modulado pela evaporação de água dos oceanos, que é modulada pela incidência de radiação solar sobre o planeta, que está diretamente relacionada à distância da Terra em relação ao Sol.

Resumindo a história: Mais perto do que esses 95% e o aumento da incidência de radiação solar desencadearia um processo irreversível de intensificação do efeito estufa, em que todos os oceanos evaporariam, a atmosfera ficaria totalmente "encharcada" de vapor d'água, e o planeta se tornaria um inferno quente, úmido e inabitável.

Isso tudo deve ocorrer de qualquer maneira no prazo de alguns bilhões de anos, à medida que o Sol envelhecer e aumentar de tamanho; mas isso é uma outra história. As implicações mais diretas do estudo são mesmo para a busca de condições favoráveis à vida em outros planetas, fora do nosso sistema solar.

Um estudo publicado no mês passado na revista PNAS estimou, com base em dados de observação do telescópio espacial Kepler, da Nasa, que 22% das estrelas parecidas com o Sol tenham pelo menos um planeta pequeno e rochoso dentro de sua zona habitável. "Considerando que há cerca de 100 bilhões de estrelas na Via-Láctea, isso significa pode haver até 22 bilhões de outros planetas do tipo da Terra (somente na nossa galáxia). Essa estimativa, porém, depende crucialmente de como os limites da zona habitável são definidos", escreve o especialista James Kasting, em um artigo publicado junto com o novo estudo na Nature.

No estudo da PNAS, os autores consideram que a zona habitável começa em 0,5 AU e se estende até2 AU, ou 2 vezes a distância entre o Sol e a Terra. Se o limite interno de 0,95 AU proposto pelos autores de Paris (que, segundo Kasting, batem com estimativas bem mais antigas, publicadas em 1978 e 1993), isso significa que a estimativa do número de planetas potencialmente habitáveis na Via-Láctea precisa ser reduzida pela metade -- o que ainda nos deixaria com cerca de 11 bilhões de outras Terras orbitando estrelas amarelas por aí, o que não é nada mal.

"Mais cálculos poderão ser necessários para determinar se esse resultado é robusto", conclui Kasting.

INFOGRÁFICO: Ainda que a Terra continue na sua órbita atual, o aumento do fluxo de radiação solar causado ao longo do tempo pelo aumento de tamanho do Sol tornará o planeta inabitável.  Foto: Estadão

Herton Escobar / O Estado de S. Paulo

Em termos astronômicos, a vida na Terra aparentemente existe por um triz. Segundo um estudo publicado na edição de hoje da revista Nature, se o nosso planeta estivesse apenas um pouco mais próximo do Sol, ele já seria uma sauna infernal, mais parecida com Vênus, em vez dessa estufa agradável e repleta de vida que habitamos hoje.

O estudo, liderado por pesquisadores do Laboratório de Meteorologia Dinâmica do Instituto Pierre Simon Laplace, em Paris, apresenta um novo modelo climático de efeito estufa que tem implicações diretas para a definição da "zona habitável" - ou seja, da distância mínima e máxima que um planeta pode estar de sua estrela para ter água líquida na superfície, que é um pré-requisito para a existência de vida como a conhecemos na Terra. A definição desses limites, por sua vez, tem implicações diretas para a busca de outros planetas habitáveis no universo.

Cientistas sabem que a Terra está dentro dessa zona habitável - obviamente, ou eles nem existiriam para pensar sobre isso -, mas as certezas acabam por aí. Há quem diga que a faixa de habitabilidade começa a 50% da distância entre o Sol e a Terra, enquanto outros dizem que ela começa muito próximo da nossa órbita, dependendo dos critérios usados para defini-la. (Na linguagem científica, essas distâncias são normalmente medidas em "unidades astronômicas", ou AU em inglês; sendo que 1 AU corresponde à distância média entre o Sol e a Terra, que é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros.)

O novo estudo diz que ela começa a 95% da distância entre o Sol e a Terra (0,95 AU), o que nos daria uma certa "folga" em relação à atual estimativa de 99%, proposta por um outro grupo em março deste ano, no periódico The Astrophysical Journal. Mas não muita.

O parâmetro usado para definir o limite nesses dois casos é o efeito estufa, fenômeno que, nas condições atuais, é o que mantém a temperatura média da superfície terrestre em amenos 15 °C, mais ou menos. O efeito estufa é modulado em grande parte pela quantidade de vapor d'água na atmosfera; o que, por sua vez, é modulado pela evaporação de água dos oceanos, que é modulada pela incidência de radiação solar sobre o planeta, que está diretamente relacionada à distância da Terra em relação ao Sol.

Resumindo a história: Mais perto do que esses 95% e o aumento da incidência de radiação solar desencadearia um processo irreversível de intensificação do efeito estufa, em que todos os oceanos evaporariam, a atmosfera ficaria totalmente "encharcada" de vapor d'água, e o planeta se tornaria um inferno quente, úmido e inabitável.

Isso tudo deve ocorrer de qualquer maneira no prazo de alguns bilhões de anos, à medida que o Sol envelhecer e aumentar de tamanho; mas isso é uma outra história. As implicações mais diretas do estudo são mesmo para a busca de condições favoráveis à vida em outros planetas, fora do nosso sistema solar.

Um estudo publicado no mês passado na revista PNAS estimou, com base em dados de observação do telescópio espacial Kepler, da Nasa, que 22% das estrelas parecidas com o Sol tenham pelo menos um planeta pequeno e rochoso dentro de sua zona habitável. "Considerando que há cerca de 100 bilhões de estrelas na Via-Láctea, isso significa pode haver até 22 bilhões de outros planetas do tipo da Terra (somente na nossa galáxia). Essa estimativa, porém, depende crucialmente de como os limites da zona habitável são definidos", escreve o especialista James Kasting, em um artigo publicado junto com o novo estudo na Nature.

No estudo da PNAS, os autores consideram que a zona habitável começa em 0,5 AU e se estende até2 AU, ou 2 vezes a distância entre o Sol e a Terra. Se o limite interno de 0,95 AU proposto pelos autores de Paris (que, segundo Kasting, batem com estimativas bem mais antigas, publicadas em 1978 e 1993), isso significa que a estimativa do número de planetas potencialmente habitáveis na Via-Láctea precisa ser reduzida pela metade -- o que ainda nos deixaria com cerca de 11 bilhões de outras Terras orbitando estrelas amarelas por aí, o que não é nada mal.

"Mais cálculos poderão ser necessários para determinar se esse resultado é robusto", conclui Kasting.

INFOGRÁFICO: Ainda que a Terra continue na sua órbita atual, o aumento do fluxo de radiação solar causado ao longo do tempo pelo aumento de tamanho do Sol tornará o planeta inabitável.  Foto: Estadão

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