Mapa do IBGE causou polêmica: veja outras representações ‘diferentonas’ do globo terrestre


Ao longo da história, diversos mapas-múndi surgiram com a intenção de suprir as lacunas e representar com fidedignidade a superfície do globo terrestre

Por Ramana Rech
Atualização: Correção:

A divulgação do novo Atlas Geográfico Escolar pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês foi alvo de polêmica nas redes sociais por mostrar o Brasil no centro do mapa-múndi.

Embora coloque o Brasil no centro - e não Europa e África, como nas representações cartográficas mais recorrentes -, o novo mapa do instituto mantém as coordenadas geográficas estabelecidas em 1884.

O IBGE diz, em seu site, que a inovação está em consonância com a atual presidência brasileira do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). “A emergência do Sul Global acompanha o reposicionamento do Brasil no mapa-múndi”, afirmou Márcio Pochmann, presidente do órgão federal

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Ao transformar o formato do globo em um plano, como em um mapa-múndi, sempre haverá alguma distorção. Ao longo da história, cartógrafos e outros especialistas têm pesquisado como desenvolver novos mapas no sentido de suprir as falhas e lacunas deixadas pelas representações cartográficas mais tradicionais.

Veja alguns exemplos de representações que trazem uma imagem do globo diferentes do usual:

Mapa-múndi AuthaGraph

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O mapa venceu um prêmio de design ao ser bem sucedido em evitar distorções nos tamanhos das representações Foto: CREATIVE COMMONS/Hajime Narukawa

De autoria do arquiteto japonês Hajime Narukawa, o mapa angula os continentes para mostrar sua área e distância real um do outro e tenta refletir a perspectiva infinita do mundo. Em 2016, o trabalho foi premiado pelo Good Design Award, que avalia projetos de design no Japão (mas Narukawa havia desenvolvido o modelo em 1999).

Para preservar a distância entre os continentes, não bastou esticar o globo em um plano, cujo processo traz distorções. O mapa dividiu a superfície do planeta em 96 triângulos

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Em seguida, o juntaram em um tetraedro – forma espacial constitutída por quatro triângulos com todos os lados iguais. Finalmente, o que era sólido foi planificado em um retângulo. Essa representação é utilizada em livros didáticos oficiais de ensino médio no Japão.

Mapa em formato de borboleta

O método desenvolvido por Cahill buscava diminuir distorções ao colocar Foto: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO)/Bernard Cahill
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Patenteado pelo arquiteto e cartógrafo Bernard Cahill em 1913 no Escritório Americano de Marcas e Patentes (USPTO, na sigla em inglês), a projeção foi dividida em oito partes com o intuito de diminuir distorções de áreas, ângulos e distâncias. É possível, inclusive, colar esses pedaços sobre uma esfera do isopor.

Mas Ivanilton José de Oliveira, professor de Cartografia da Universidade Federal de Goiás (UFG), destaca que essa representação cartográfica tem como desvantagem criar uma imagem do mundo com muitas descontinuidades, o que dificulta a visualização.

Mapa Dymaxion

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Cartografia feita por Buckminster composta por diversos triângulos e quadrados. Foto: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO)/Richard Buckminster Fuller

Desenvolvido pelo engenheiro, matemático e arquiteto Richard Buckminster Fuller, o mapa foi construído com seções quadradas e triangulares. De Oliveira, professor da Federal de Goiás, explica que a cartografia de Buckminster tem o mesmo propósito que a pensada por Cahill com formato de borboleta.

Embora minimizem as distorções típicas contidas em um mapa mais tradicional, “só conseguem isso em parcelas vistas separadamente”.

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Uma das diferenças entre as duas é que Buckminster representou os paralelos e meridianos (as linhas horizontais e verticais que se cruzam no mapa) como retas.

O Instituto Buckminster Fuller classifica a projeção como a única que representa em um plano o planeta como se fosse uma ilha em um oceano

Mapa de 1787

Mapa feito por Dunn Samuel em 1787 Foto: THE NEW YORK PUBLIC LIBRARY/Samuel Dunn

Modelo data de 1787 e foi feito pelo matemático Samuel Dunn. A produção divide o globo em duas partes entre leste e oeste.

O mapa conta com digramas e tabelas sobre o universo. Segundo o Centro de Educação e de Mapa, de Boston (EUA), a cartografia segue a projeção de Geradus Mercartor, que revolucionou cartografia em 1569 ao conseguir representar a Terra em um retângulo.

Na projeção de Mercartor, o tamanho das áreas são distorcidos enquanto o formato e as bordas dos continentes têm maior fidelidade. Isso os torna úteis para navegação, mas tende a aumentar as áreas das porções continentais no extremo norte e diminuí-las perto da Linha do Equador.

Mapa de 1546

Mapa produzido em 1546 Foto: Wikicommons/Re

Ivanilton José de Oliveira, da UFG, explica que os mapas-múndi da forma que conhecemos hoje e com uma presença mais completa dos continentes que conhecemos hoje foi possível no século 16, com as Grandes Navegações, momento histórico que resultou na chegada de europeus à América.

O mapa acima foi publicado em 1546 pelo cartógrafo, humanista e pastor evangélico da Romênia Johannes Honter no livro Rudimenta cosmographie.

Até então, os mapas europeus e de outras povos do mundo registravam as áreas mais próximas que eram conhecidas por aquela população. No caso da Europa, os mapas costumavam representar apenas o próprio continente, parte da Ásia e o norte da África.

A divulgação do novo Atlas Geográfico Escolar pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês foi alvo de polêmica nas redes sociais por mostrar o Brasil no centro do mapa-múndi.

Embora coloque o Brasil no centro - e não Europa e África, como nas representações cartográficas mais recorrentes -, o novo mapa do instituto mantém as coordenadas geográficas estabelecidas em 1884.

O IBGE diz, em seu site, que a inovação está em consonância com a atual presidência brasileira do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). “A emergência do Sul Global acompanha o reposicionamento do Brasil no mapa-múndi”, afirmou Márcio Pochmann, presidente do órgão federal

Ao transformar o formato do globo em um plano, como em um mapa-múndi, sempre haverá alguma distorção. Ao longo da história, cartógrafos e outros especialistas têm pesquisado como desenvolver novos mapas no sentido de suprir as falhas e lacunas deixadas pelas representações cartográficas mais tradicionais.

Veja alguns exemplos de representações que trazem uma imagem do globo diferentes do usual:

Mapa-múndi AuthaGraph

O mapa venceu um prêmio de design ao ser bem sucedido em evitar distorções nos tamanhos das representações Foto: CREATIVE COMMONS/Hajime Narukawa

De autoria do arquiteto japonês Hajime Narukawa, o mapa angula os continentes para mostrar sua área e distância real um do outro e tenta refletir a perspectiva infinita do mundo. Em 2016, o trabalho foi premiado pelo Good Design Award, que avalia projetos de design no Japão (mas Narukawa havia desenvolvido o modelo em 1999).

Para preservar a distância entre os continentes, não bastou esticar o globo em um plano, cujo processo traz distorções. O mapa dividiu a superfície do planeta em 96 triângulos

Em seguida, o juntaram em um tetraedro – forma espacial constitutída por quatro triângulos com todos os lados iguais. Finalmente, o que era sólido foi planificado em um retângulo. Essa representação é utilizada em livros didáticos oficiais de ensino médio no Japão.

Mapa em formato de borboleta

O método desenvolvido por Cahill buscava diminuir distorções ao colocar Foto: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO)/Bernard Cahill

Patenteado pelo arquiteto e cartógrafo Bernard Cahill em 1913 no Escritório Americano de Marcas e Patentes (USPTO, na sigla em inglês), a projeção foi dividida em oito partes com o intuito de diminuir distorções de áreas, ângulos e distâncias. É possível, inclusive, colar esses pedaços sobre uma esfera do isopor.

Mas Ivanilton José de Oliveira, professor de Cartografia da Universidade Federal de Goiás (UFG), destaca que essa representação cartográfica tem como desvantagem criar uma imagem do mundo com muitas descontinuidades, o que dificulta a visualização.

Mapa Dymaxion

Cartografia feita por Buckminster composta por diversos triângulos e quadrados. Foto: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO)/Richard Buckminster Fuller

Desenvolvido pelo engenheiro, matemático e arquiteto Richard Buckminster Fuller, o mapa foi construído com seções quadradas e triangulares. De Oliveira, professor da Federal de Goiás, explica que a cartografia de Buckminster tem o mesmo propósito que a pensada por Cahill com formato de borboleta.

Embora minimizem as distorções típicas contidas em um mapa mais tradicional, “só conseguem isso em parcelas vistas separadamente”.

Uma das diferenças entre as duas é que Buckminster representou os paralelos e meridianos (as linhas horizontais e verticais que se cruzam no mapa) como retas.

O Instituto Buckminster Fuller classifica a projeção como a única que representa em um plano o planeta como se fosse uma ilha em um oceano

Mapa de 1787

Mapa feito por Dunn Samuel em 1787 Foto: THE NEW YORK PUBLIC LIBRARY/Samuel Dunn

Modelo data de 1787 e foi feito pelo matemático Samuel Dunn. A produção divide o globo em duas partes entre leste e oeste.

O mapa conta com digramas e tabelas sobre o universo. Segundo o Centro de Educação e de Mapa, de Boston (EUA), a cartografia segue a projeção de Geradus Mercartor, que revolucionou cartografia em 1569 ao conseguir representar a Terra em um retângulo.

Na projeção de Mercartor, o tamanho das áreas são distorcidos enquanto o formato e as bordas dos continentes têm maior fidelidade. Isso os torna úteis para navegação, mas tende a aumentar as áreas das porções continentais no extremo norte e diminuí-las perto da Linha do Equador.

Mapa de 1546

Mapa produzido em 1546 Foto: Wikicommons/Re

Ivanilton José de Oliveira, da UFG, explica que os mapas-múndi da forma que conhecemos hoje e com uma presença mais completa dos continentes que conhecemos hoje foi possível no século 16, com as Grandes Navegações, momento histórico que resultou na chegada de europeus à América.

O mapa acima foi publicado em 1546 pelo cartógrafo, humanista e pastor evangélico da Romênia Johannes Honter no livro Rudimenta cosmographie.

Até então, os mapas europeus e de outras povos do mundo registravam as áreas mais próximas que eram conhecidas por aquela população. No caso da Europa, os mapas costumavam representar apenas o próprio continente, parte da Ásia e o norte da África.

A divulgação do novo Atlas Geográfico Escolar pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês foi alvo de polêmica nas redes sociais por mostrar o Brasil no centro do mapa-múndi.

Embora coloque o Brasil no centro - e não Europa e África, como nas representações cartográficas mais recorrentes -, o novo mapa do instituto mantém as coordenadas geográficas estabelecidas em 1884.

O IBGE diz, em seu site, que a inovação está em consonância com a atual presidência brasileira do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). “A emergência do Sul Global acompanha o reposicionamento do Brasil no mapa-múndi”, afirmou Márcio Pochmann, presidente do órgão federal

Ao transformar o formato do globo em um plano, como em um mapa-múndi, sempre haverá alguma distorção. Ao longo da história, cartógrafos e outros especialistas têm pesquisado como desenvolver novos mapas no sentido de suprir as falhas e lacunas deixadas pelas representações cartográficas mais tradicionais.

Veja alguns exemplos de representações que trazem uma imagem do globo diferentes do usual:

Mapa-múndi AuthaGraph

O mapa venceu um prêmio de design ao ser bem sucedido em evitar distorções nos tamanhos das representações Foto: CREATIVE COMMONS/Hajime Narukawa

De autoria do arquiteto japonês Hajime Narukawa, o mapa angula os continentes para mostrar sua área e distância real um do outro e tenta refletir a perspectiva infinita do mundo. Em 2016, o trabalho foi premiado pelo Good Design Award, que avalia projetos de design no Japão (mas Narukawa havia desenvolvido o modelo em 1999).

Para preservar a distância entre os continentes, não bastou esticar o globo em um plano, cujo processo traz distorções. O mapa dividiu a superfície do planeta em 96 triângulos

Em seguida, o juntaram em um tetraedro – forma espacial constitutída por quatro triângulos com todos os lados iguais. Finalmente, o que era sólido foi planificado em um retângulo. Essa representação é utilizada em livros didáticos oficiais de ensino médio no Japão.

Mapa em formato de borboleta

O método desenvolvido por Cahill buscava diminuir distorções ao colocar Foto: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO)/Bernard Cahill

Patenteado pelo arquiteto e cartógrafo Bernard Cahill em 1913 no Escritório Americano de Marcas e Patentes (USPTO, na sigla em inglês), a projeção foi dividida em oito partes com o intuito de diminuir distorções de áreas, ângulos e distâncias. É possível, inclusive, colar esses pedaços sobre uma esfera do isopor.

Mas Ivanilton José de Oliveira, professor de Cartografia da Universidade Federal de Goiás (UFG), destaca que essa representação cartográfica tem como desvantagem criar uma imagem do mundo com muitas descontinuidades, o que dificulta a visualização.

Mapa Dymaxion

Cartografia feita por Buckminster composta por diversos triângulos e quadrados. Foto: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO)/Richard Buckminster Fuller

Desenvolvido pelo engenheiro, matemático e arquiteto Richard Buckminster Fuller, o mapa foi construído com seções quadradas e triangulares. De Oliveira, professor da Federal de Goiás, explica que a cartografia de Buckminster tem o mesmo propósito que a pensada por Cahill com formato de borboleta.

Embora minimizem as distorções típicas contidas em um mapa mais tradicional, “só conseguem isso em parcelas vistas separadamente”.

Uma das diferenças entre as duas é que Buckminster representou os paralelos e meridianos (as linhas horizontais e verticais que se cruzam no mapa) como retas.

O Instituto Buckminster Fuller classifica a projeção como a única que representa em um plano o planeta como se fosse uma ilha em um oceano

Mapa de 1787

Mapa feito por Dunn Samuel em 1787 Foto: THE NEW YORK PUBLIC LIBRARY/Samuel Dunn

Modelo data de 1787 e foi feito pelo matemático Samuel Dunn. A produção divide o globo em duas partes entre leste e oeste.

O mapa conta com digramas e tabelas sobre o universo. Segundo o Centro de Educação e de Mapa, de Boston (EUA), a cartografia segue a projeção de Geradus Mercartor, que revolucionou cartografia em 1569 ao conseguir representar a Terra em um retângulo.

Na projeção de Mercartor, o tamanho das áreas são distorcidos enquanto o formato e as bordas dos continentes têm maior fidelidade. Isso os torna úteis para navegação, mas tende a aumentar as áreas das porções continentais no extremo norte e diminuí-las perto da Linha do Equador.

Mapa de 1546

Mapa produzido em 1546 Foto: Wikicommons/Re

Ivanilton José de Oliveira, da UFG, explica que os mapas-múndi da forma que conhecemos hoje e com uma presença mais completa dos continentes que conhecemos hoje foi possível no século 16, com as Grandes Navegações, momento histórico que resultou na chegada de europeus à América.

O mapa acima foi publicado em 1546 pelo cartógrafo, humanista e pastor evangélico da Romênia Johannes Honter no livro Rudimenta cosmographie.

Até então, os mapas europeus e de outras povos do mundo registravam as áreas mais próximas que eram conhecidas por aquela população. No caso da Europa, os mapas costumavam representar apenas o próprio continente, parte da Ásia e o norte da África.

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