A Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) planeja fazer o primeiro pouso de astronautas em Marte em 2040. Embora desafiador, o prazo é visto pelo próprio órgão americano como “agressivo e audacioso” diante da quantidade de tecnologias que ainda precisam ser desenvolvidas para a missão.
“Fomos lá (na Lua) há 50 anos. Agora é aprender a viver, trabalhar, criar e inventar, para que possamos enviar humanos a Marte. Leva apenas três ou quatro dias para ir à Lua, mas ir a Marte leva sete, oito meses. E uma vez lá, você tem que ficar na superfície por um ou dois anos antes que o planeta volte a se alinhar com a Terra e você pode voltar”, disse Bill Nelson, administrador da Nasa, ao jornal espanhol El País. O gestor visitou Madri em maio para assinar os acordos aeroespaciais com o governo espanhol.
Segundo o site especializado Space.com, uma missão de pouso tripulada para Marte até 2040 exigiria que os humanos retornasse antes à Lua. Esse experimento serviria como preparação para a viagem tripulada, posteriormente, ao planeta vermelho. Ou seja, os astronautas podem até conseguir orbitar Marte em 2033, mas ‘colocar os pés’ no planeta vermelho antes de 2040, seria bem mais complicado.
“E eu diria que é uma meta audaciosa para atingirmos”, disse Jim Reuter, administrador associado da diretoria de Missão de Tecnologia Espacial da Nasa, durante a conferência ‘Human to Mars Summit’ , em Washington no fim de maio, segundo o Space.com. “Pode parecer muito, mas é pouco tempo para desenvolver as tecnologias que precisamos.”
Segundo Nelson, têm sido estudados novos sistemas de propulsão. “Para podermos fazer a viagem em três meses, ficar uma semana na superfície e voltar. Achamos que o mais cedo que podemos chegar a Marte é 2040. Parece muito, mas são apenas 17 anos”, disse à imprensa espanhola.
Ainda de acordo com o Space.com, a agência planeja usar sua futura estação espacial chamada Gateway, que orbitará a Lua e hospedará suprimentos e, ocasionalmente, até mesmo astronautas, para executar missões simuladas em Marte.
Conforme o Space.com, o mais próximo alcançado com missões de teste na Terra é o habitat HI-SEAS no Havaí, onde os astronautas fingem estar em Marte, inclusive lidando com um atraso de comunicação de 20 minutos. Mas, claro, o local não replica a gravidade marciana, 38% menor que a da Terra.
Uma das principais parcerias da agência espacial para as missões à Lua e a Marte é com a SpaceX, cuja combinação espaçonave-foguete totalmente reutilizável chamada Starship foi selecionada para a missão Artemis III à Lua.
No entanto, o veículo Starship de 100 passageiros, que foi escolhido para pousar astronautas perto do polo sul lunar em 2025, não conseguiu atingir a órbita durante seu lançamento espacial de estreia no início de abril e foi comandado para explodir pouco menos de quatro minutos após a decolagem.
Sobre as expectativas de pousar na Lua, Bill Nelson diz esperar que a SpaceX tenha a espaçonave pronta. “É verdade que eles tiveram uma explosão, mas esse é o modus operandi deles. Eles têm muitos foguetes. Este último que lançaram voou por vários minutos. Havia oito motores que não pegaram e depois explodiram. Eles agora aprenderam o porquê e o corrigiram para o próximo lançamento. Portanto, farão progresso”, afirmou o administrador da Nasa.
“A China também acaba de anunciar que enviará astronautas à Lua em 2030. Estamos em uma nova corrida espacial. Se tivermos sorte, seremos os primeiros a pousar na Lua em meio século, em 2025 ou 2026″, disse na entrevista.