Artemis I: Entenda a missão da Nasa que quer levar o homem de volta à Lua


Retomada do foco na Lua se deve à percepção de que ela é mais interessante do se que se pensava; missão vai testar viabilidade e segurança de nave tripulada fazer viagem

Por Leon Ferrari
Atualização:

A Nasa, agência espacial americana, lançou, com sucesso, o megafoguete Space Launch System (SLS), que carregava a espaçonave Orion da missão não tripulada Artemis I, rumo à Lua. Ao mesmo tempo em que é um salto histórico para a astronomia, é apenas um pequeno passo para levar o homem de volta ao satélite natural após meio século, e a destinos ainda mais distantes, como Marte.

Após tentativas frustradas e com atraso, o lançamento ocorreu oficialmente à 1h47 (3h47 no horário de Brasília) desta quarta-feira, 16, diretamente do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nos Estados Unidos. Segundo a Nasa, a espaçonave Orion vai viajar mais de 64 mil quilômetros além da Lua e retornar à Terra em pouco mais de 25 dias. A distância é 48 mil quilômetros maior do que recorde anterior, da Apollo 13.

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O pouso da espaçonave será acompanhado pelo navio de recuperação na costa de San Diego. Conforme a Nasa, a Orion entrará na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h. A atmosfera vai reduzir a velocidade para 480 km/h, o que vai gerar temperaturas de aproximadamente 2,8 mil ºC, colocando o escudo térmico da nave à prova.

Lançamento do megafoguete Space Launch System (SLS), em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) Foto: Joe Skipper/Reuters
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A missão é, sobretudo, um teste da viabilidade e segurança da viagem tripulada à Lua, na Artemis II, e da Artemis III, quando, pela primeira vez, uma mulher e uma pessoa não-branca pisarão no satélite natural - o que deve ocorrer provavelmente em 2025. O objetivo é mostrar a capacidade do foguete SLS em realizar a missão e do escudo térmico da Orion em trazer a tripulação de volta ao solo terrestre.

Nova era

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Entre os cientistas ouvidos pelo Estadão, a importância do programa Artemis é unanimidade. A própria Nasa defende que o programa inaugura uma nova era da exploração lunar, que, segundo a agência, proporcionará descobertas científicas e benefícios, além de inspirar uma nova geração de exploradores.

Os atrasos para o lançamento, de acordo com os especialistas, não é sinal para hesitação, mas sim demonstração de cuidado, uma vez que a missão que, no futuro, ser tripulada.

“A importância é muito grande, sem a menor dúvida, porque marca o começo da volta da exploração tripulada do sistema solar. Existe a iniciativa de voltarem as missões de exploração tripulada além da órbita da Terra”, comenta Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP).

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Costa lembra que, a partir dos anos 70, com o fim do programa Apollo, as missões com astronautas ficaram restritas à órbita terrestre. Para além disso, a exploração é feita de forma automática, com robôs e sondas, por exemplo. Ao contrário das máquinas, os seres humanos não são pré-programados, o que expande o leque de possibilidades de resultados das viagens, de acordo com o professor.

“Uma missão tripulada obviamente tem muito mais flexibilidade, em termos de resultados, de pesquisa e de tomada de decisões”, explica. Costa, porém, destaca que esse tipo de viagem é mais arriscada e cara. Segundo o jornal americano The New York Times, só para lançar a Artemis I, mesmo que sem astronautas, já foram gastos U$ 40 bilhões.

Brasileira e cientista-chefe de Ciências Planetárias do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, na Califórnia (EUA), Rosaly Lopes concorda: “É muito difícil você criar um robô com o conhecimento de um astronauta.”

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‘Colonização’

Conforme mostrou o Estadão, em abril, o movimento que a exploração espacial faz de olhar de novo para a Lua vem da percepção de que o satélite natural é mais interessante do que se pensava e que ele ainda não foi devidamente explorado.

Além dos Estados Unidos, com a Artemis, outros seis seis países têm planos de realizar missões de algum tipo na Lua. São eles: China, Rússia, Índia, Japão, Coreia do Sul e Emirados Árabes.

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“A gente não deveria ter parado de explorar a Lua nesse tempo todo”, avalia o doutor em Física e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Zabot. Ele fala isso destacando a importância da “colonização” do “sistema solar interno”, para obter recursos e desenvolver tecnologias.

“A gente vive um momento de uma ‘colonização’. Na primeira vez que o homem foi à Lua, a gente não tinha uma missão planejada para ‘colonizar’, era uma missão quase de reconhecimento, para dizer ‘olha, é possível’. Mas a estrutura da missão não permitia que a gente ‘colonizasse’ a Lua. Essa missão de agora é completamente diferente”, afirma.

Essa presença mais prolongada no satélite natural, de acordo com ele, se dará com a construção de uma estação espacial (gateway), que está nos planos do programa. A Nasa explicou que a estrutura servirá como um “posto avançado multifuncional” orbitando a Lua, que fornecerá suporte para o retorno humano de longo prazo à superfície lunar, além de servir como ponto de parada para a exploração do espaço profundo. A agência diz trabalhar com parceiros comerciais e internacionais para estabelecer o gateway.

Inovação

Cinquenta anos de inovações e novas descobertas separam a Artemis da Apollo, que, entre os anos 60 e 70, levou o homem à Lua pela primeira vez.

“Se você olhar pra pra SLS, que é o foguete lançador da Artemis, e olhar para o Saturno V, que foi o foguete lançador da missão Apollo, eles são parecidos em tamanho e estrutura. Mas o SLS é muito poderoso, porque ele pode levar cargas úteis grandes para o espaço, e é, tecnologicamente, muito mais avançado”, diz Zabot.

O SLS foi projetado para carregar muito mais carga do que foguetes anteriores. Para se ter uma ideia, um ônibus espacial é capaz de levar carga de 22 toneladas para a órbita terrestre baixa. O megafoguete, por sua vez, carregará mais de 27 toneladas até a Lua, segundo a Nasa.

O impulso de lançamento do SLS, que é de 4 milhões de quilogramas, também é 13% maior do que o de um ônibus espacial (3,5 milhões de quilogramas); e 15% maior do que o do Saturno V (3,4 milhões de quilogramas), que foi usado para lançar as missões da Apollo, conforme a agência espacial americana.

Expectativas

O lançamento bem sucedido da primeira fase da missão Artemis deixa os cientistas ansiosos por avanços. “Espero que dê tudo certo com a missão e que a gente possa é traçar passos seguros pra a ‘colonização’ do sistema solar interno”, fala Zabot.

“Acho que a possibilidade de que existam pessoas caminhando na Lua daqui uns três ou quatro anos é muito concreta”, destaca Costa.

“O foguete lançador, o SLS - e a própria nave (Orion) - deve evoluir ao longo da próxima década. Ele deve evoluir bastante para que em meados dos anos 2030, tenha se transformado em um foguete ainda mais potente, com maior performance, com maior confiabilidade, para levar a primeira tripulação humana até Marte.” /COLABOROU LETÍCIA FRANÇA

A Nasa, agência espacial americana, lançou, com sucesso, o megafoguete Space Launch System (SLS), que carregava a espaçonave Orion da missão não tripulada Artemis I, rumo à Lua. Ao mesmo tempo em que é um salto histórico para a astronomia, é apenas um pequeno passo para levar o homem de volta ao satélite natural após meio século, e a destinos ainda mais distantes, como Marte.

Após tentativas frustradas e com atraso, o lançamento ocorreu oficialmente à 1h47 (3h47 no horário de Brasília) desta quarta-feira, 16, diretamente do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nos Estados Unidos. Segundo a Nasa, a espaçonave Orion vai viajar mais de 64 mil quilômetros além da Lua e retornar à Terra em pouco mais de 25 dias. A distância é 48 mil quilômetros maior do que recorde anterior, da Apollo 13.

O pouso da espaçonave será acompanhado pelo navio de recuperação na costa de San Diego. Conforme a Nasa, a Orion entrará na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h. A atmosfera vai reduzir a velocidade para 480 km/h, o que vai gerar temperaturas de aproximadamente 2,8 mil ºC, colocando o escudo térmico da nave à prova.

Lançamento do megafoguete Space Launch System (SLS), em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) Foto: Joe Skipper/Reuters

A missão é, sobretudo, um teste da viabilidade e segurança da viagem tripulada à Lua, na Artemis II, e da Artemis III, quando, pela primeira vez, uma mulher e uma pessoa não-branca pisarão no satélite natural - o que deve ocorrer provavelmente em 2025. O objetivo é mostrar a capacidade do foguete SLS em realizar a missão e do escudo térmico da Orion em trazer a tripulação de volta ao solo terrestre.

Nova era

Entre os cientistas ouvidos pelo Estadão, a importância do programa Artemis é unanimidade. A própria Nasa defende que o programa inaugura uma nova era da exploração lunar, que, segundo a agência, proporcionará descobertas científicas e benefícios, além de inspirar uma nova geração de exploradores.

Os atrasos para o lançamento, de acordo com os especialistas, não é sinal para hesitação, mas sim demonstração de cuidado, uma vez que a missão que, no futuro, ser tripulada.

“A importância é muito grande, sem a menor dúvida, porque marca o começo da volta da exploração tripulada do sistema solar. Existe a iniciativa de voltarem as missões de exploração tripulada além da órbita da Terra”, comenta Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP).

Costa lembra que, a partir dos anos 70, com o fim do programa Apollo, as missões com astronautas ficaram restritas à órbita terrestre. Para além disso, a exploração é feita de forma automática, com robôs e sondas, por exemplo. Ao contrário das máquinas, os seres humanos não são pré-programados, o que expande o leque de possibilidades de resultados das viagens, de acordo com o professor.

“Uma missão tripulada obviamente tem muito mais flexibilidade, em termos de resultados, de pesquisa e de tomada de decisões”, explica. Costa, porém, destaca que esse tipo de viagem é mais arriscada e cara. Segundo o jornal americano The New York Times, só para lançar a Artemis I, mesmo que sem astronautas, já foram gastos U$ 40 bilhões.

Brasileira e cientista-chefe de Ciências Planetárias do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, na Califórnia (EUA), Rosaly Lopes concorda: “É muito difícil você criar um robô com o conhecimento de um astronauta.”

‘Colonização’

Conforme mostrou o Estadão, em abril, o movimento que a exploração espacial faz de olhar de novo para a Lua vem da percepção de que o satélite natural é mais interessante do que se pensava e que ele ainda não foi devidamente explorado.

Além dos Estados Unidos, com a Artemis, outros seis seis países têm planos de realizar missões de algum tipo na Lua. São eles: China, Rússia, Índia, Japão, Coreia do Sul e Emirados Árabes.

“A gente não deveria ter parado de explorar a Lua nesse tempo todo”, avalia o doutor em Física e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Zabot. Ele fala isso destacando a importância da “colonização” do “sistema solar interno”, para obter recursos e desenvolver tecnologias.

“A gente vive um momento de uma ‘colonização’. Na primeira vez que o homem foi à Lua, a gente não tinha uma missão planejada para ‘colonizar’, era uma missão quase de reconhecimento, para dizer ‘olha, é possível’. Mas a estrutura da missão não permitia que a gente ‘colonizasse’ a Lua. Essa missão de agora é completamente diferente”, afirma.

Essa presença mais prolongada no satélite natural, de acordo com ele, se dará com a construção de uma estação espacial (gateway), que está nos planos do programa. A Nasa explicou que a estrutura servirá como um “posto avançado multifuncional” orbitando a Lua, que fornecerá suporte para o retorno humano de longo prazo à superfície lunar, além de servir como ponto de parada para a exploração do espaço profundo. A agência diz trabalhar com parceiros comerciais e internacionais para estabelecer o gateway.

Inovação

Cinquenta anos de inovações e novas descobertas separam a Artemis da Apollo, que, entre os anos 60 e 70, levou o homem à Lua pela primeira vez.

“Se você olhar pra pra SLS, que é o foguete lançador da Artemis, e olhar para o Saturno V, que foi o foguete lançador da missão Apollo, eles são parecidos em tamanho e estrutura. Mas o SLS é muito poderoso, porque ele pode levar cargas úteis grandes para o espaço, e é, tecnologicamente, muito mais avançado”, diz Zabot.

O SLS foi projetado para carregar muito mais carga do que foguetes anteriores. Para se ter uma ideia, um ônibus espacial é capaz de levar carga de 22 toneladas para a órbita terrestre baixa. O megafoguete, por sua vez, carregará mais de 27 toneladas até a Lua, segundo a Nasa.

O impulso de lançamento do SLS, que é de 4 milhões de quilogramas, também é 13% maior do que o de um ônibus espacial (3,5 milhões de quilogramas); e 15% maior do que o do Saturno V (3,4 milhões de quilogramas), que foi usado para lançar as missões da Apollo, conforme a agência espacial americana.

Expectativas

O lançamento bem sucedido da primeira fase da missão Artemis deixa os cientistas ansiosos por avanços. “Espero que dê tudo certo com a missão e que a gente possa é traçar passos seguros pra a ‘colonização’ do sistema solar interno”, fala Zabot.

“Acho que a possibilidade de que existam pessoas caminhando na Lua daqui uns três ou quatro anos é muito concreta”, destaca Costa.

“O foguete lançador, o SLS - e a própria nave (Orion) - deve evoluir ao longo da próxima década. Ele deve evoluir bastante para que em meados dos anos 2030, tenha se transformado em um foguete ainda mais potente, com maior performance, com maior confiabilidade, para levar a primeira tripulação humana até Marte.” /COLABOROU LETÍCIA FRANÇA

A Nasa, agência espacial americana, lançou, com sucesso, o megafoguete Space Launch System (SLS), que carregava a espaçonave Orion da missão não tripulada Artemis I, rumo à Lua. Ao mesmo tempo em que é um salto histórico para a astronomia, é apenas um pequeno passo para levar o homem de volta ao satélite natural após meio século, e a destinos ainda mais distantes, como Marte.

Após tentativas frustradas e com atraso, o lançamento ocorreu oficialmente à 1h47 (3h47 no horário de Brasília) desta quarta-feira, 16, diretamente do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nos Estados Unidos. Segundo a Nasa, a espaçonave Orion vai viajar mais de 64 mil quilômetros além da Lua e retornar à Terra em pouco mais de 25 dias. A distância é 48 mil quilômetros maior do que recorde anterior, da Apollo 13.

O pouso da espaçonave será acompanhado pelo navio de recuperação na costa de San Diego. Conforme a Nasa, a Orion entrará na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h. A atmosfera vai reduzir a velocidade para 480 km/h, o que vai gerar temperaturas de aproximadamente 2,8 mil ºC, colocando o escudo térmico da nave à prova.

Lançamento do megafoguete Space Launch System (SLS), em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) Foto: Joe Skipper/Reuters

A missão é, sobretudo, um teste da viabilidade e segurança da viagem tripulada à Lua, na Artemis II, e da Artemis III, quando, pela primeira vez, uma mulher e uma pessoa não-branca pisarão no satélite natural - o que deve ocorrer provavelmente em 2025. O objetivo é mostrar a capacidade do foguete SLS em realizar a missão e do escudo térmico da Orion em trazer a tripulação de volta ao solo terrestre.

Nova era

Entre os cientistas ouvidos pelo Estadão, a importância do programa Artemis é unanimidade. A própria Nasa defende que o programa inaugura uma nova era da exploração lunar, que, segundo a agência, proporcionará descobertas científicas e benefícios, além de inspirar uma nova geração de exploradores.

Os atrasos para o lançamento, de acordo com os especialistas, não é sinal para hesitação, mas sim demonstração de cuidado, uma vez que a missão que, no futuro, ser tripulada.

“A importância é muito grande, sem a menor dúvida, porque marca o começo da volta da exploração tripulada do sistema solar. Existe a iniciativa de voltarem as missões de exploração tripulada além da órbita da Terra”, comenta Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP).

Costa lembra que, a partir dos anos 70, com o fim do programa Apollo, as missões com astronautas ficaram restritas à órbita terrestre. Para além disso, a exploração é feita de forma automática, com robôs e sondas, por exemplo. Ao contrário das máquinas, os seres humanos não são pré-programados, o que expande o leque de possibilidades de resultados das viagens, de acordo com o professor.

“Uma missão tripulada obviamente tem muito mais flexibilidade, em termos de resultados, de pesquisa e de tomada de decisões”, explica. Costa, porém, destaca que esse tipo de viagem é mais arriscada e cara. Segundo o jornal americano The New York Times, só para lançar a Artemis I, mesmo que sem astronautas, já foram gastos U$ 40 bilhões.

Brasileira e cientista-chefe de Ciências Planetárias do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, na Califórnia (EUA), Rosaly Lopes concorda: “É muito difícil você criar um robô com o conhecimento de um astronauta.”

‘Colonização’

Conforme mostrou o Estadão, em abril, o movimento que a exploração espacial faz de olhar de novo para a Lua vem da percepção de que o satélite natural é mais interessante do que se pensava e que ele ainda não foi devidamente explorado.

Além dos Estados Unidos, com a Artemis, outros seis seis países têm planos de realizar missões de algum tipo na Lua. São eles: China, Rússia, Índia, Japão, Coreia do Sul e Emirados Árabes.

“A gente não deveria ter parado de explorar a Lua nesse tempo todo”, avalia o doutor em Física e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Zabot. Ele fala isso destacando a importância da “colonização” do “sistema solar interno”, para obter recursos e desenvolver tecnologias.

“A gente vive um momento de uma ‘colonização’. Na primeira vez que o homem foi à Lua, a gente não tinha uma missão planejada para ‘colonizar’, era uma missão quase de reconhecimento, para dizer ‘olha, é possível’. Mas a estrutura da missão não permitia que a gente ‘colonizasse’ a Lua. Essa missão de agora é completamente diferente”, afirma.

Essa presença mais prolongada no satélite natural, de acordo com ele, se dará com a construção de uma estação espacial (gateway), que está nos planos do programa. A Nasa explicou que a estrutura servirá como um “posto avançado multifuncional” orbitando a Lua, que fornecerá suporte para o retorno humano de longo prazo à superfície lunar, além de servir como ponto de parada para a exploração do espaço profundo. A agência diz trabalhar com parceiros comerciais e internacionais para estabelecer o gateway.

Inovação

Cinquenta anos de inovações e novas descobertas separam a Artemis da Apollo, que, entre os anos 60 e 70, levou o homem à Lua pela primeira vez.

“Se você olhar pra pra SLS, que é o foguete lançador da Artemis, e olhar para o Saturno V, que foi o foguete lançador da missão Apollo, eles são parecidos em tamanho e estrutura. Mas o SLS é muito poderoso, porque ele pode levar cargas úteis grandes para o espaço, e é, tecnologicamente, muito mais avançado”, diz Zabot.

O SLS foi projetado para carregar muito mais carga do que foguetes anteriores. Para se ter uma ideia, um ônibus espacial é capaz de levar carga de 22 toneladas para a órbita terrestre baixa. O megafoguete, por sua vez, carregará mais de 27 toneladas até a Lua, segundo a Nasa.

O impulso de lançamento do SLS, que é de 4 milhões de quilogramas, também é 13% maior do que o de um ônibus espacial (3,5 milhões de quilogramas); e 15% maior do que o do Saturno V (3,4 milhões de quilogramas), que foi usado para lançar as missões da Apollo, conforme a agência espacial americana.

Expectativas

O lançamento bem sucedido da primeira fase da missão Artemis deixa os cientistas ansiosos por avanços. “Espero que dê tudo certo com a missão e que a gente possa é traçar passos seguros pra a ‘colonização’ do sistema solar interno”, fala Zabot.

“Acho que a possibilidade de que existam pessoas caminhando na Lua daqui uns três ou quatro anos é muito concreta”, destaca Costa.

“O foguete lançador, o SLS - e a própria nave (Orion) - deve evoluir ao longo da próxima década. Ele deve evoluir bastante para que em meados dos anos 2030, tenha se transformado em um foguete ainda mais potente, com maior performance, com maior confiabilidade, para levar a primeira tripulação humana até Marte.” /COLABOROU LETÍCIA FRANÇA

A Nasa, agência espacial americana, lançou, com sucesso, o megafoguete Space Launch System (SLS), que carregava a espaçonave Orion da missão não tripulada Artemis I, rumo à Lua. Ao mesmo tempo em que é um salto histórico para a astronomia, é apenas um pequeno passo para levar o homem de volta ao satélite natural após meio século, e a destinos ainda mais distantes, como Marte.

Após tentativas frustradas e com atraso, o lançamento ocorreu oficialmente à 1h47 (3h47 no horário de Brasília) desta quarta-feira, 16, diretamente do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nos Estados Unidos. Segundo a Nasa, a espaçonave Orion vai viajar mais de 64 mil quilômetros além da Lua e retornar à Terra em pouco mais de 25 dias. A distância é 48 mil quilômetros maior do que recorde anterior, da Apollo 13.

O pouso da espaçonave será acompanhado pelo navio de recuperação na costa de San Diego. Conforme a Nasa, a Orion entrará na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h. A atmosfera vai reduzir a velocidade para 480 km/h, o que vai gerar temperaturas de aproximadamente 2,8 mil ºC, colocando o escudo térmico da nave à prova.

Lançamento do megafoguete Space Launch System (SLS), em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) Foto: Joe Skipper/Reuters

A missão é, sobretudo, um teste da viabilidade e segurança da viagem tripulada à Lua, na Artemis II, e da Artemis III, quando, pela primeira vez, uma mulher e uma pessoa não-branca pisarão no satélite natural - o que deve ocorrer provavelmente em 2025. O objetivo é mostrar a capacidade do foguete SLS em realizar a missão e do escudo térmico da Orion em trazer a tripulação de volta ao solo terrestre.

Nova era

Entre os cientistas ouvidos pelo Estadão, a importância do programa Artemis é unanimidade. A própria Nasa defende que o programa inaugura uma nova era da exploração lunar, que, segundo a agência, proporcionará descobertas científicas e benefícios, além de inspirar uma nova geração de exploradores.

Os atrasos para o lançamento, de acordo com os especialistas, não é sinal para hesitação, mas sim demonstração de cuidado, uma vez que a missão que, no futuro, ser tripulada.

“A importância é muito grande, sem a menor dúvida, porque marca o começo da volta da exploração tripulada do sistema solar. Existe a iniciativa de voltarem as missões de exploração tripulada além da órbita da Terra”, comenta Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP).

Costa lembra que, a partir dos anos 70, com o fim do programa Apollo, as missões com astronautas ficaram restritas à órbita terrestre. Para além disso, a exploração é feita de forma automática, com robôs e sondas, por exemplo. Ao contrário das máquinas, os seres humanos não são pré-programados, o que expande o leque de possibilidades de resultados das viagens, de acordo com o professor.

“Uma missão tripulada obviamente tem muito mais flexibilidade, em termos de resultados, de pesquisa e de tomada de decisões”, explica. Costa, porém, destaca que esse tipo de viagem é mais arriscada e cara. Segundo o jornal americano The New York Times, só para lançar a Artemis I, mesmo que sem astronautas, já foram gastos U$ 40 bilhões.

Brasileira e cientista-chefe de Ciências Planetárias do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, na Califórnia (EUA), Rosaly Lopes concorda: “É muito difícil você criar um robô com o conhecimento de um astronauta.”

‘Colonização’

Conforme mostrou o Estadão, em abril, o movimento que a exploração espacial faz de olhar de novo para a Lua vem da percepção de que o satélite natural é mais interessante do que se pensava e que ele ainda não foi devidamente explorado.

Além dos Estados Unidos, com a Artemis, outros seis seis países têm planos de realizar missões de algum tipo na Lua. São eles: China, Rússia, Índia, Japão, Coreia do Sul e Emirados Árabes.

“A gente não deveria ter parado de explorar a Lua nesse tempo todo”, avalia o doutor em Física e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Zabot. Ele fala isso destacando a importância da “colonização” do “sistema solar interno”, para obter recursos e desenvolver tecnologias.

“A gente vive um momento de uma ‘colonização’. Na primeira vez que o homem foi à Lua, a gente não tinha uma missão planejada para ‘colonizar’, era uma missão quase de reconhecimento, para dizer ‘olha, é possível’. Mas a estrutura da missão não permitia que a gente ‘colonizasse’ a Lua. Essa missão de agora é completamente diferente”, afirma.

Essa presença mais prolongada no satélite natural, de acordo com ele, se dará com a construção de uma estação espacial (gateway), que está nos planos do programa. A Nasa explicou que a estrutura servirá como um “posto avançado multifuncional” orbitando a Lua, que fornecerá suporte para o retorno humano de longo prazo à superfície lunar, além de servir como ponto de parada para a exploração do espaço profundo. A agência diz trabalhar com parceiros comerciais e internacionais para estabelecer o gateway.

Inovação

Cinquenta anos de inovações e novas descobertas separam a Artemis da Apollo, que, entre os anos 60 e 70, levou o homem à Lua pela primeira vez.

“Se você olhar pra pra SLS, que é o foguete lançador da Artemis, e olhar para o Saturno V, que foi o foguete lançador da missão Apollo, eles são parecidos em tamanho e estrutura. Mas o SLS é muito poderoso, porque ele pode levar cargas úteis grandes para o espaço, e é, tecnologicamente, muito mais avançado”, diz Zabot.

O SLS foi projetado para carregar muito mais carga do que foguetes anteriores. Para se ter uma ideia, um ônibus espacial é capaz de levar carga de 22 toneladas para a órbita terrestre baixa. O megafoguete, por sua vez, carregará mais de 27 toneladas até a Lua, segundo a Nasa.

O impulso de lançamento do SLS, que é de 4 milhões de quilogramas, também é 13% maior do que o de um ônibus espacial (3,5 milhões de quilogramas); e 15% maior do que o do Saturno V (3,4 milhões de quilogramas), que foi usado para lançar as missões da Apollo, conforme a agência espacial americana.

Expectativas

O lançamento bem sucedido da primeira fase da missão Artemis deixa os cientistas ansiosos por avanços. “Espero que dê tudo certo com a missão e que a gente possa é traçar passos seguros pra a ‘colonização’ do sistema solar interno”, fala Zabot.

“Acho que a possibilidade de que existam pessoas caminhando na Lua daqui uns três ou quatro anos é muito concreta”, destaca Costa.

“O foguete lançador, o SLS - e a própria nave (Orion) - deve evoluir ao longo da próxima década. Ele deve evoluir bastante para que em meados dos anos 2030, tenha se transformado em um foguete ainda mais potente, com maior performance, com maior confiabilidade, para levar a primeira tripulação humana até Marte.” /COLABOROU LETÍCIA FRANÇA

A Nasa, agência espacial americana, lançou, com sucesso, o megafoguete Space Launch System (SLS), que carregava a espaçonave Orion da missão não tripulada Artemis I, rumo à Lua. Ao mesmo tempo em que é um salto histórico para a astronomia, é apenas um pequeno passo para levar o homem de volta ao satélite natural após meio século, e a destinos ainda mais distantes, como Marte.

Após tentativas frustradas e com atraso, o lançamento ocorreu oficialmente à 1h47 (3h47 no horário de Brasília) desta quarta-feira, 16, diretamente do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nos Estados Unidos. Segundo a Nasa, a espaçonave Orion vai viajar mais de 64 mil quilômetros além da Lua e retornar à Terra em pouco mais de 25 dias. A distância é 48 mil quilômetros maior do que recorde anterior, da Apollo 13.

O pouso da espaçonave será acompanhado pelo navio de recuperação na costa de San Diego. Conforme a Nasa, a Orion entrará na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h. A atmosfera vai reduzir a velocidade para 480 km/h, o que vai gerar temperaturas de aproximadamente 2,8 mil ºC, colocando o escudo térmico da nave à prova.

Lançamento do megafoguete Space Launch System (SLS), em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) Foto: Joe Skipper/Reuters

A missão é, sobretudo, um teste da viabilidade e segurança da viagem tripulada à Lua, na Artemis II, e da Artemis III, quando, pela primeira vez, uma mulher e uma pessoa não-branca pisarão no satélite natural - o que deve ocorrer provavelmente em 2025. O objetivo é mostrar a capacidade do foguete SLS em realizar a missão e do escudo térmico da Orion em trazer a tripulação de volta ao solo terrestre.

Nova era

Entre os cientistas ouvidos pelo Estadão, a importância do programa Artemis é unanimidade. A própria Nasa defende que o programa inaugura uma nova era da exploração lunar, que, segundo a agência, proporcionará descobertas científicas e benefícios, além de inspirar uma nova geração de exploradores.

Os atrasos para o lançamento, de acordo com os especialistas, não é sinal para hesitação, mas sim demonstração de cuidado, uma vez que a missão que, no futuro, ser tripulada.

“A importância é muito grande, sem a menor dúvida, porque marca o começo da volta da exploração tripulada do sistema solar. Existe a iniciativa de voltarem as missões de exploração tripulada além da órbita da Terra”, comenta Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP).

Costa lembra que, a partir dos anos 70, com o fim do programa Apollo, as missões com astronautas ficaram restritas à órbita terrestre. Para além disso, a exploração é feita de forma automática, com robôs e sondas, por exemplo. Ao contrário das máquinas, os seres humanos não são pré-programados, o que expande o leque de possibilidades de resultados das viagens, de acordo com o professor.

“Uma missão tripulada obviamente tem muito mais flexibilidade, em termos de resultados, de pesquisa e de tomada de decisões”, explica. Costa, porém, destaca que esse tipo de viagem é mais arriscada e cara. Segundo o jornal americano The New York Times, só para lançar a Artemis I, mesmo que sem astronautas, já foram gastos U$ 40 bilhões.

Brasileira e cientista-chefe de Ciências Planetárias do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, na Califórnia (EUA), Rosaly Lopes concorda: “É muito difícil você criar um robô com o conhecimento de um astronauta.”

‘Colonização’

Conforme mostrou o Estadão, em abril, o movimento que a exploração espacial faz de olhar de novo para a Lua vem da percepção de que o satélite natural é mais interessante do que se pensava e que ele ainda não foi devidamente explorado.

Além dos Estados Unidos, com a Artemis, outros seis seis países têm planos de realizar missões de algum tipo na Lua. São eles: China, Rússia, Índia, Japão, Coreia do Sul e Emirados Árabes.

“A gente não deveria ter parado de explorar a Lua nesse tempo todo”, avalia o doutor em Física e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Zabot. Ele fala isso destacando a importância da “colonização” do “sistema solar interno”, para obter recursos e desenvolver tecnologias.

“A gente vive um momento de uma ‘colonização’. Na primeira vez que o homem foi à Lua, a gente não tinha uma missão planejada para ‘colonizar’, era uma missão quase de reconhecimento, para dizer ‘olha, é possível’. Mas a estrutura da missão não permitia que a gente ‘colonizasse’ a Lua. Essa missão de agora é completamente diferente”, afirma.

Essa presença mais prolongada no satélite natural, de acordo com ele, se dará com a construção de uma estação espacial (gateway), que está nos planos do programa. A Nasa explicou que a estrutura servirá como um “posto avançado multifuncional” orbitando a Lua, que fornecerá suporte para o retorno humano de longo prazo à superfície lunar, além de servir como ponto de parada para a exploração do espaço profundo. A agência diz trabalhar com parceiros comerciais e internacionais para estabelecer o gateway.

Inovação

Cinquenta anos de inovações e novas descobertas separam a Artemis da Apollo, que, entre os anos 60 e 70, levou o homem à Lua pela primeira vez.

“Se você olhar pra pra SLS, que é o foguete lançador da Artemis, e olhar para o Saturno V, que foi o foguete lançador da missão Apollo, eles são parecidos em tamanho e estrutura. Mas o SLS é muito poderoso, porque ele pode levar cargas úteis grandes para o espaço, e é, tecnologicamente, muito mais avançado”, diz Zabot.

O SLS foi projetado para carregar muito mais carga do que foguetes anteriores. Para se ter uma ideia, um ônibus espacial é capaz de levar carga de 22 toneladas para a órbita terrestre baixa. O megafoguete, por sua vez, carregará mais de 27 toneladas até a Lua, segundo a Nasa.

O impulso de lançamento do SLS, que é de 4 milhões de quilogramas, também é 13% maior do que o de um ônibus espacial (3,5 milhões de quilogramas); e 15% maior do que o do Saturno V (3,4 milhões de quilogramas), que foi usado para lançar as missões da Apollo, conforme a agência espacial americana.

Expectativas

O lançamento bem sucedido da primeira fase da missão Artemis deixa os cientistas ansiosos por avanços. “Espero que dê tudo certo com a missão e que a gente possa é traçar passos seguros pra a ‘colonização’ do sistema solar interno”, fala Zabot.

“Acho que a possibilidade de que existam pessoas caminhando na Lua daqui uns três ou quatro anos é muito concreta”, destaca Costa.

“O foguete lançador, o SLS - e a própria nave (Orion) - deve evoluir ao longo da próxima década. Ele deve evoluir bastante para que em meados dos anos 2030, tenha se transformado em um foguete ainda mais potente, com maior performance, com maior confiabilidade, para levar a primeira tripulação humana até Marte.” /COLABOROU LETÍCIA FRANÇA

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