A Nasa, agência espacial americana, divulgou nesta terça-feira, 12, o conjunto completo das primeiras imagens coloridas e dados captados pelo telescópio espacial James Webb. O moderno equipamento, considerado sucessor do telescópio Hubble, foi lançado no espaço em dezembro do ano passado.
Os quatro novos retratos mostram a atmosfera úmida de um planeta gasoso, cinco galáxias fortemente agrupadas, além dos processos de "morte" e "nascimento" de estrelas. A primeira imagem do conjunto já havia sido revelada na segunda, 11.
O evento teve clima de festa de um projeto que envolveu mais de 20 mil profissionais e mais de 20 anos de trabalho para finalizar a parte de engenharia. “Fizemos o impossível possível”, disse Bill Nelson, administrador da Nasa. “E não vamos parar, porque esse telescópio vai continuar como o ‘Coelhinho Energizer’, por causa do Foguete Ariane que colocou-o em curso perfeitamente, e agora temos combustível para 20 anos.”
Nelson destacou que cada imagem divulgada era uma “nova descoberta” que dará à humanidade uma visão do universo que “nunca tivemos”. Já Günther Hasinger, diretor de ciência da agência de agência espacial europeia (ESA).
Joe Depasquale, desenvolvedor sênior de recursos visuais científicos da Nasa, explicou o processo de obtenção das imagens apresentadas. “Estamos basicamente traduzindo luz que não conseguimos ver”, contou. “Aplicando cores, como vermelho, azul e verde, a diferentes filtros que temos do Webb.” Eles colorem os retratos para melhor visualizar os detalhes capturados pelo observatório.
Espaço
Na segunda, 11, a primeira imagem desse conjunto foi divulgada em evento na Casa Branca, com a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da vice-presidente Kamala Harris.
Segundo a agência espacial, ela é o retrato mais profundo e nítido do universo distante capturada até hoje, e revela uma quantidade “ilimitada” de galáxias, além da possibilidade da existência de bilhões de estrelas e sistemas solares no espaço.
Os aglomerados espaciais fotografados são chamados de SMAC S 0723. Esse é um dos locais mais estudados pelo telescópio Hubble, que apesar de ainda estar funcionando, será substituído pelo Webb.
Conforme explicou o administrador da agência espacial Bill Nelson, na segunda,a imagem é "uma pequena porção do universo". "São galáxias que brilham ao redor de outras galáxias". Ele reforçou ainda que o documento é um registro do passado, que fez os humanos voltarem a mais de 13 bilhões de anos - o Big Bang ocorreu há 13,8 bilhões de anos. "Estamos quase chegando perto do começo".
Telescópio Espacial James Webb
Considerado o sucessor do histórico e revolucionário telescópio Hubble, o Telescópio Espacial Webb foi lançado pela Nasa em dezembro de 2021, partindo da Guiana Francesa - país que faz fronteira com o Brasil. O observatório foi projetado na década de 90, com previsão de lançamento inicial ainda em 2007.
Em janeiro, o aparelho atingiu o seu ponto de observação a 1,6 milhão de quilômetros da Terra - chamado, em inglês, de second lagrange point (L2). Uma espécie de guarda-sol, do tamanho de uma quadra de tênis, tem sido usado para proteger o telescópio e mantê-lo em temperaturas adequadas para o seu funcionamento, uma vez que o telescópio orbita o Sol. A missão do Webb é estudar todas as fases de 13,5 bilhões de anos da história cósmica. Ele buscará a luz das primeiras galáxias e explorará nosso próprio sistema solar, bem como planetas próximos que orbitam outras estrelas./COLABORARAM CAIO POSSATTI, ESPECIAL PARA O ESTADÃO, E ROBERTA JANSEN