Nobel de Física se demitiu do Google para falar do perigo da inteligência artificial: o que ele diz?


Britânico Geoffrey Hinton, de 76 anos, foi laureado por seu trabalho pioneiro no desenvolvimento do aprendizado de máquina

Por Roberta Jansen
Atualização:

Se várias vezes as escolhas do Comitê do Nobel costumam ser classificadas como desconectadas de seu tempo, o anúncio dos laureados com o prêmio de Física deste ano vai em direção oposta, jogando luz em um debate contemporâneo: os potenciais e riscos da inteligência artificial para a humanidade.

O prêmio foi concedido a John Hopfield, de 91 anos, da Universidade de Princeton (EUA), e Geoffrey Hinton, 76 anos, da Universidade de Toronto (Canadá), por seu trabalho pioneiro no campo das redes neurais artificiais e do ‘machine learning’.

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Em maio do ano passado, Hinton pediu demissão de um alto cargo no Google e, em entrevista ao jornal americano The New York Times, denunciou o perigo das novas tecnologias em desenvolvimento., que ele mesmo ajudou a criar.

Laureado com o Nobel de Física deste ano por seu trabalho pioneiro no desenvolvimento da inteligência artificial, o britânico Geoffrey Hinton alertou para os riscos da nova tecnologia (Chris Young/The Canadian Press via AP, File) Foto: Chris Young/AP

Em 2018, Hinton e outros dois colaboradores de longa data receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de “Nobel da computação”, por seu trabalho em redes neurais.

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Em entrevista na manhã desta terça-feira, 8, concedida logo após o anúncio do prêmio, Hinton afirmou que a transformação imposta pela IA nos próximos anos será comparável à da Revolução Industrial, no século 19. “Mas, em vez de superar as pessoas na força física, vai superar as pessoas na força intelectual”, afirmou.

“Não temos experiência de conviver com coisas mais inteligentes do que nós”, disse Hinton na entrevista. “E vai ser maravilhoso em muitos aspectos, vai nos dar um atendimento médico melhor; tornar quase todos os campos mais eficientes. Com um assistente de IA, as pessoas conseguirão executar o mesmo volume de trabalho em muito menos tempo”, acrescentou.

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“Isso vai trazer aumentos brutais na produtividade. Mas também temos de nos preocupar com uma série de possíveis consequências ruins, particularmente com a ameaça de que essas coisas saiam do controle”, continuou o pesquisador.

Um jornalista presente lembrou da entrevista de Hinton ao The New York Times, em que ele admitia se arrepender de certos aspectos de seus trabalhos diante dos riscos a médio e longo prazo.

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“Há dois tipos de arrependimento”, explicou. “Há o arrependimento que sentimos quando fazemos algo que sabíamos que não deveríamos fazer. E há aquele arrependimento de algo que fazemos em certas circunstâncias e que pode acabar não terminando bem. Meu arrependimento é desse segundo tipo. Nas mesmas circunstâncias, eu faria o mesmo de novo, mas estou preocupado com as consequências, possibilidade de termos sistemas mais inteligentes do que nós e que assumam o controle.”

Em 1972, ainda como estudante de pós-graduação na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, Hinton começou a trabalhar com redes neuronais – sistemas matemáticos que simulam o funcionamento do cérebro e são capazes de aprender a partir da análise de dados.

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Na década de 1980, Hinton dava aulas de ciência da computação na Universidade Carngie Mellon, na Pennsylvania, nos EUA, mas deixou a instituição e foi para o Canadá. Na época, a maioria das pesquisas em IA nos EUA era financiada pelo Departamento de Defesa e Hinton era contra o uso da tecnologia no campo de batalha. Em 2012, Hinton e dois de seus alunos na Universidade de Toronto, Ilya Sutskever e Alex Krishevsky desenvolveram uma rede neural capaz de analisar milhares de fotos e aprender a identificar determinados objetos nas imagens – trabalho que lhe valeu o Nobel anunciado hoje. Em 2018, Hinton e dois colaboradores receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de Nobel da computação, por seu trabalho em redes neurais.

O trabalho levou à criação de tecnologias cada vez mais poderosas, incluindo novos chatbots, como o ChatGPT e o Google Bard

Se várias vezes as escolhas do Comitê do Nobel costumam ser classificadas como desconectadas de seu tempo, o anúncio dos laureados com o prêmio de Física deste ano vai em direção oposta, jogando luz em um debate contemporâneo: os potenciais e riscos da inteligência artificial para a humanidade.

O prêmio foi concedido a John Hopfield, de 91 anos, da Universidade de Princeton (EUA), e Geoffrey Hinton, 76 anos, da Universidade de Toronto (Canadá), por seu trabalho pioneiro no campo das redes neurais artificiais e do ‘machine learning’.

Em maio do ano passado, Hinton pediu demissão de um alto cargo no Google e, em entrevista ao jornal americano The New York Times, denunciou o perigo das novas tecnologias em desenvolvimento., que ele mesmo ajudou a criar.

Laureado com o Nobel de Física deste ano por seu trabalho pioneiro no desenvolvimento da inteligência artificial, o britânico Geoffrey Hinton alertou para os riscos da nova tecnologia (Chris Young/The Canadian Press via AP, File) Foto: Chris Young/AP

Em 2018, Hinton e outros dois colaboradores de longa data receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de “Nobel da computação”, por seu trabalho em redes neurais.

Em entrevista na manhã desta terça-feira, 8, concedida logo após o anúncio do prêmio, Hinton afirmou que a transformação imposta pela IA nos próximos anos será comparável à da Revolução Industrial, no século 19. “Mas, em vez de superar as pessoas na força física, vai superar as pessoas na força intelectual”, afirmou.

“Não temos experiência de conviver com coisas mais inteligentes do que nós”, disse Hinton na entrevista. “E vai ser maravilhoso em muitos aspectos, vai nos dar um atendimento médico melhor; tornar quase todos os campos mais eficientes. Com um assistente de IA, as pessoas conseguirão executar o mesmo volume de trabalho em muito menos tempo”, acrescentou.

“Isso vai trazer aumentos brutais na produtividade. Mas também temos de nos preocupar com uma série de possíveis consequências ruins, particularmente com a ameaça de que essas coisas saiam do controle”, continuou o pesquisador.

Um jornalista presente lembrou da entrevista de Hinton ao The New York Times, em que ele admitia se arrepender de certos aspectos de seus trabalhos diante dos riscos a médio e longo prazo.

“Há dois tipos de arrependimento”, explicou. “Há o arrependimento que sentimos quando fazemos algo que sabíamos que não deveríamos fazer. E há aquele arrependimento de algo que fazemos em certas circunstâncias e que pode acabar não terminando bem. Meu arrependimento é desse segundo tipo. Nas mesmas circunstâncias, eu faria o mesmo de novo, mas estou preocupado com as consequências, possibilidade de termos sistemas mais inteligentes do que nós e que assumam o controle.”

Em 1972, ainda como estudante de pós-graduação na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, Hinton começou a trabalhar com redes neuronais – sistemas matemáticos que simulam o funcionamento do cérebro e são capazes de aprender a partir da análise de dados.

Na década de 1980, Hinton dava aulas de ciência da computação na Universidade Carngie Mellon, na Pennsylvania, nos EUA, mas deixou a instituição e foi para o Canadá. Na época, a maioria das pesquisas em IA nos EUA era financiada pelo Departamento de Defesa e Hinton era contra o uso da tecnologia no campo de batalha. Em 2012, Hinton e dois de seus alunos na Universidade de Toronto, Ilya Sutskever e Alex Krishevsky desenvolveram uma rede neural capaz de analisar milhares de fotos e aprender a identificar determinados objetos nas imagens – trabalho que lhe valeu o Nobel anunciado hoje. Em 2018, Hinton e dois colaboradores receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de Nobel da computação, por seu trabalho em redes neurais.

O trabalho levou à criação de tecnologias cada vez mais poderosas, incluindo novos chatbots, como o ChatGPT e o Google Bard

Se várias vezes as escolhas do Comitê do Nobel costumam ser classificadas como desconectadas de seu tempo, o anúncio dos laureados com o prêmio de Física deste ano vai em direção oposta, jogando luz em um debate contemporâneo: os potenciais e riscos da inteligência artificial para a humanidade.

O prêmio foi concedido a John Hopfield, de 91 anos, da Universidade de Princeton (EUA), e Geoffrey Hinton, 76 anos, da Universidade de Toronto (Canadá), por seu trabalho pioneiro no campo das redes neurais artificiais e do ‘machine learning’.

Em maio do ano passado, Hinton pediu demissão de um alto cargo no Google e, em entrevista ao jornal americano The New York Times, denunciou o perigo das novas tecnologias em desenvolvimento., que ele mesmo ajudou a criar.

Laureado com o Nobel de Física deste ano por seu trabalho pioneiro no desenvolvimento da inteligência artificial, o britânico Geoffrey Hinton alertou para os riscos da nova tecnologia (Chris Young/The Canadian Press via AP, File) Foto: Chris Young/AP

Em 2018, Hinton e outros dois colaboradores de longa data receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de “Nobel da computação”, por seu trabalho em redes neurais.

Em entrevista na manhã desta terça-feira, 8, concedida logo após o anúncio do prêmio, Hinton afirmou que a transformação imposta pela IA nos próximos anos será comparável à da Revolução Industrial, no século 19. “Mas, em vez de superar as pessoas na força física, vai superar as pessoas na força intelectual”, afirmou.

“Não temos experiência de conviver com coisas mais inteligentes do que nós”, disse Hinton na entrevista. “E vai ser maravilhoso em muitos aspectos, vai nos dar um atendimento médico melhor; tornar quase todos os campos mais eficientes. Com um assistente de IA, as pessoas conseguirão executar o mesmo volume de trabalho em muito menos tempo”, acrescentou.

“Isso vai trazer aumentos brutais na produtividade. Mas também temos de nos preocupar com uma série de possíveis consequências ruins, particularmente com a ameaça de que essas coisas saiam do controle”, continuou o pesquisador.

Um jornalista presente lembrou da entrevista de Hinton ao The New York Times, em que ele admitia se arrepender de certos aspectos de seus trabalhos diante dos riscos a médio e longo prazo.

“Há dois tipos de arrependimento”, explicou. “Há o arrependimento que sentimos quando fazemos algo que sabíamos que não deveríamos fazer. E há aquele arrependimento de algo que fazemos em certas circunstâncias e que pode acabar não terminando bem. Meu arrependimento é desse segundo tipo. Nas mesmas circunstâncias, eu faria o mesmo de novo, mas estou preocupado com as consequências, possibilidade de termos sistemas mais inteligentes do que nós e que assumam o controle.”

Em 1972, ainda como estudante de pós-graduação na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, Hinton começou a trabalhar com redes neuronais – sistemas matemáticos que simulam o funcionamento do cérebro e são capazes de aprender a partir da análise de dados.

Na década de 1980, Hinton dava aulas de ciência da computação na Universidade Carngie Mellon, na Pennsylvania, nos EUA, mas deixou a instituição e foi para o Canadá. Na época, a maioria das pesquisas em IA nos EUA era financiada pelo Departamento de Defesa e Hinton era contra o uso da tecnologia no campo de batalha. Em 2012, Hinton e dois de seus alunos na Universidade de Toronto, Ilya Sutskever e Alex Krishevsky desenvolveram uma rede neural capaz de analisar milhares de fotos e aprender a identificar determinados objetos nas imagens – trabalho que lhe valeu o Nobel anunciado hoje. Em 2018, Hinton e dois colaboradores receberam o prêmio Turing, frequentemente chamado de Nobel da computação, por seu trabalho em redes neurais.

O trabalho levou à criação de tecnologias cada vez mais poderosas, incluindo novos chatbots, como o ChatGPT e o Google Bard

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